segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Cores dos Alimentos

O segredo para uma alimentação saudável está na regularidade das refeições, comer de 3 em 3 horas, consumir dois litros de água por dia, e compor o prato de alimentos variados e coloridos. Pesquisas comprovam que quanto mais colorida a refeição mais nutrientes. As cores que os alimentos naturais ou in natura contém são pigmentos e não podem ser confundidas com corantes presentes em alimentos artificiais.

Alimentos Brancos

Regula o intestino: Batata com casca, couve-flor, cogumelo, banana e feijão branco contém mais fibras que outros alimentos. Em função disso, evitam a prisão de ventre e fortalecem o intestino. O alho e a cebola melhoram a resistência imunológica e são antioxidantes.


Os alimentos de coloração branca são ricos em um grupo específico de compostos fenólicos denominados flavonoides. Um destaque entre eles é a maçã. O aspecto mais positivo da maçã é o de ser um alimento que oferece poucas calorias, muitas fibras e substâncias antioxidantes, que atuam beneficamente reduzindo o risco de doenças. Mas é importante dizer que os benefícios multiplicam-se quando a casca da fruta é ingerida, pois é nela que se concentram em maior quantidade as substâncias ativas.

Alimentos Vermelhos

O licopeno é uma substância que age como antioxidante e é responsável pela cor vermelha do morango, tomate, melancia, caqui, goiaba vermelha, framboesa, cereja. A principal atividade funcional do licopeno é a prevenção do câncer de próstata. E interessantemente, com o aquecimento o licopeno se torna mais biodisponível para o organismo humano. Vale a pena investir nos molhos concentrados de tomate.

Alimentos Verdes

Os alimentos de cor verde como os vegetais folhosos, o pimentão, o salsão e as ervas contêm: cálcio, clorofila, vitamina C e vitamina A, substâncias com os seguintes efeitos:

Desintoxicam as células;
Inibem radicais livres (que danificam as células e causam doenças);
Tem efeito anticancerígeno e ajudam a proteger o coração;
Protegem o cabelo e a pele;
Melhoram o sistema imunológico;
Importante para os ossos e contração muscular.

Alimentos Arroxeados

As frutas e vegetais de cor roxa, preta e azul contêm os pigmentos chamados antocianinas. As antocianinas são antioxidantes capazes de retardar os sinais de envelhecimento e atuar na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis como o câncer. Além disso, auxiliam a função cognitiva, sendo interessante para a prevenção de doenças neurodegenerativas como Alzheimer. Neste grupo temos o mirtilo, açaí, jabuticaba, ameixas, entre outros.

Alimentos Amarelo-Alaranjados

As xantofilas, luteína e zeaxantina, são responsáveis pela cor amarela da mácula da retina humana. Deste modo, a principal atividade deste composto é sua ação contra a degeneração macular. Fontes desses carotenoides que possuem esse efeito protetor são agrião, milho, espinafre e ovo.


No grupo dos carotenos, temos o beta caroteno. O beta caroteno é responsável pela cor alaranjada dos alimentos e tem recebido atenção especial na luta contra o câncer. O consumo de frutas alaranjadas e amarelo-escuras é um aliado na prevenção do câncer de colo uterino, segunda maior causa de morte por câncer entre as mulheres. Outra atividade importante do beta Caroteno é sua atividade como provitamina A. Os carotenoides provitamina A são: beta caroteno, alfa caroteno e beta criptoxantina.

Alimentos Marrons

As fibras e vitaminas do complexo B e E são, principalmente, encontradas nas nozes, aveia, castanhas e cereais integrais como arroz, trigo e centeio. Consuma alimentos integrais, que tem uma cor marrom (pães, biscoitos, macarrão, etc.).

Melhoram o funcionamento do intestino;
Combatem a ansiedade e a depressão;
Previnem o câncer e as doenças cardiovasculares.

É importante que todos saibam que esses alimentos somente funcionam quando fazem parte de uma alimentação equilibrada, balanceada.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:
Alimentos Funcionais. Ministério da Saúde. Disponível em: www.bvsms.saude.gov.brAcessado em: 16/08/2013.
Alimentos Funcionais. Universidade Federal de Santa Catarina. Jornal Eletrônico 2008; n.5. Disponível em: www.nutrijr.ufsc.br Acessado em: 16/08/2013.
Alimentos Funcionais. Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. Disponível em: www.esalq.usp.brAcessado em: 17/08/2013.
Arabbi, PR. Alimentos Funcionais – Aspectos Gerais. Rev Soc Bras Alim Nutr 2001; v.21: p.87-102.
Gonsalvez, CR. Nutrição e Hipertensão. Disponível em: www.socesp.org.br Acessado em: 16/09/2014.
Morzelle, MC. De olho nas Cores. Disponível em: www.grupoalimentosfuncionais.blogspot.com Acessado em: 16/09/2014.

Saúde à mesa: Conheça os benefícios dos alimentos funcionais. Rev Hospital Sírio Libanês, 2012: p.16-18. 

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Alimentos Termogênicos na Obesidade


 
A obesidade é caracterizada como um distúrbio do equilíbrio energético que resulta do desequilíbrio entre a ingestão e o gasto energético e influenciado por fatores biológicos e ambientais.

Devido aos problemas que ela traz à saúde, a perda de peso é necessária. Essa terapia envolve diversos fatores tais como: aumento de atividade física e diminuição da ingestão energética através de plano e reeducação alimentar, assim, ocorre um balanço energético negativo; intervenção psicológica (quando necessário), cirurgia (em casos graves).

Entretanto, há agentes que ajudam a estimular o gasto energético e estes são os alimentos termogênicos. São compostos à base de plantas, tais como chás. Esses ingredientes não possuem calorias, o que têm atraído interesse da população.

Os alimentos termogênicos possuem um certo nível de dificuldade em serem digeridos, fazendo com que o organismo consuma mais energia para realizar a digestão e, também, aumentam a temperatura corporal, assim, facilitando a queima de gordura. Entretanto, não devem ser consumidos em excesso. Recomenda-se aliar uma alimentação adequada e exercícios físicos.

A termogênese leva ao aumento no gasto energético relacionado à digestão, absorção e metabolismo do alimento. É responsável por cerca de 10% do gasto energético total (GET) e pode ser classificada por dois subcomponentes: termogênese obrigatória, é o que fornece energia para digerir, absorver e metabolizar nutrientes; e termogênese facultativa, que corresponde ao gasto energético em excesso, e pode ocorrer devido à falha metabólica do sistema nervoso simpático.

Esses ingredientes funcionais possuem o potencial de produzir efeitos eficazes para o metabolismo, saciedade, termogênese e oxidação de gorduras. Embora esses alimentos possuam efeitos positivos, devemos considerar que devem ser consumidos moderadamente, já que possuem efeito estimulante.

Há diversos exemplos desses alimentos, porém os mais citados são: pimenta-vermelha, pimenta-preta; em relação às ervas são: chá verde, chá preto.

Chá verde (Camelia sinensis): O chá verde é derivado de folhas da Camellia sinensis e, por não ser fermentado durante seu processamento, mantém a cor original de suas folhas. Possui componentes polifenólicos, tais como flavanois, flavandiois, flavonoides e ácidos fenólicos, mas a maioria de seus polifenois é composta de flavonois, que possui as catequinas como componente predominante.

Há diversos efeitos benéficos do chá verde, mas o que tem mais destaque é o efeito na redução da gordura corporal. As doses indicadas para reduzir o apetite e aumentar o catabolismo de gorduras não são precisas, mas usualmente ficam em torno de 3 copos por dia, que corresponde, aproximadamente, 240 a 320mg de polifenóis.

Segundo a American Dietetic Association (ADA Reports, 2004) o consumo de chá verde ao dia é de 4 a 6 xícaras, para haver os efeitos benéficos do chá verde à saúde. Sua forma de preparo é algo relevante para redução de sua oxidação, esquentar a água até pouco antes de ferver e despejá-la nas folhas de chá bem devagar e do alto. Deve ficar infusão durante 2 a 3 minutos. Armazená-lo por um longo período não é recomendado, o que faz com que haja perda dos compostos fenólicos. A recomendação para preparação é a seguinte: para cada litro de água, quatro colheres de sopa de erva fresca ou duas colheres de sopa de erva seca. E deve ser consumido entre as principais refeições a fim de não interferir na biodisponibilidade de nutrientes provenientes das grandes refeições.


Capsaicina: A capsaicina é o princípio ativo picante das pimentas, suas espécies contendo capsaicina são utilizadas em diversos produtos alimentícios e também em especiarias. O consumo desse aditivo das pimentas leva a um aumento da salivação, estimulação da secreção gástrica e também da mobilidade gastrintestinal. Nos últimos dez anos, a capsaicina é estudada por seus efeitos termogênico e saciante.

       Esta substância tem sido descrita no aumento da termogênese por ter um efeito potencializador na secreção de catecolaminas da medula adrenal nos ratos, isso, principalmente, devido à ativação do sistema nervoso central.

      A pimenta vermelha levou a uma redução na vontade excessiva de ingestão de alimentos e a um aumento da oxidação de lipídeos em estudos com seres humanos.

A capsaicina é apresentada como sendo eficaz, mas quando é clinicamente utilizada exige uma forte observação para uma determinada dosagem, e isso não foi mostrado ser possível ainda.

Texto elaborado por: Dra. Juliana Gonçalves


Nutricionista. Mestre e Doutora em Ciências da Saúde pelo Instituto de Cardiologia, RS.
 Especialista em Nutrição Clínica pela ASBRAN.
Especialização em Fitoterapia pela Universidade de Léon (Espanha).
Especialização em Nutrição Clínica pela Faculdade CBES.
Autora do Manual de Atendimento em Nutrição Estética, 2ª edição, editora IPGS (2011).
Coautora do livro Atendimento Nutricional em Cirurgia Plástica - Uma Abordagem Multidisciplinar, editora Rúbio (2013).

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas

Cheng T.O. All teas are not created equal. The Chinese green tea and cardiovascular health. Int J Cardiol., v.108, n.3, p.301-308, 2006.

Hursel R., Westerterp-Plantenga M.S. Thermogenic ingredients and body weight regulation. International Journal of Obesity, v.34, p.659-669, 2010.

Kleiser C. et al. Potential determinants of obesity among children and adolescents in Germany: results from the cross-sectional KiGGS study. BMC Public Health, v.9, p.46, 2009.

Lamarão R.C., Fialho E. Aspectos funcionais das catequinas do chá verde no metabolismo celular e sua relação com a redução da gordura corporal. Rev. Nutr., v.22, n.2, p.257-269, 2009.

Melo C.M., Tirapegui J., Ribeiro S.M.L. Gasto energético corporal: conceitos, formas de avaliação e sua relação com a obesidade. Arq Bras Endrocrinol Metab, v.52, n.3, p.452-464, 2008.


Vera-Cruz M. et al. Efeito do chá verde (Camelia sinensis) em ratos com obesidade induzida por dieta hipercalórica. J Bras Patol Med Lab, v.46, n.5, p.407-413, 2010.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Morango

        O morangueiro pertence à família das rosáceas, originário das Américas. O morango é um pseudofruto de coloração vermelho-brilhante, odor envolvente, textura e sabor levemente acidificado. A coloração do morango é devido às antocianinas, e o seu sabor característico é devido aos ácidos cítrico e málico, e aos açúcares.

         Uma quantidade de 100g de morango fornece cerca de 2g de fibras. As fibras contribuem significativamente no controle da absorção de carboidratos pelo organismo, regulando os níveis de açúcares no sangue, e também conferem efeito de saciedade, controlando a ingestão de calorias. Em adição, a mesma quantidade dessa fruta fornece nada mais do que 32 kcal, sendo estes os principais motivos do morango ser aliado em dietas de emagrecimento.

       Dentre as propriedades do morango, destacam-se a sua ação antioxidante, a capacidade de reduzir a suscetibilidade a infecções, o seu efeito diurético e sua atividade anti-inflamatória em reumatismo e gota.

Grande interesse tem-se desenvolvido quanto ao elevado teor de vitamina C do morango (58,8 mg/100g), que faz com que o mesmo seja uma importante fonte dessa vitamina na nutrição humana. Em média a FAO/OMS recomenda que adultos ingiram 45 mg dessa vitamina por dia, e apenas uma porção de 100g de morango, já supre essa necessidade. Além da vitamina C, em comparação com outras frutas, é uma das maiores fontes naturais de ácido fólico, variando de 20 a 25 µg/100g. Em menor extensão, também é considerado boa fonte de outras vitaminas como tiamina (0,024 mg/100g), riboflavina (0,022 mg/100g), niacina (0,386 mg/100g), vitamina B6 (0,047 mg/100g), vitamina K (2,2 µg/100g) e vitamina E (0,29mg/100g).

A fruta também é rica em manganês, e uma porção de morango – oito morangos médios, correspondendo a 144g – fornece mais de 20% da ingestão diária adequada para esse mineral. A mesma porção confere cerca de 5% da ingestão adequada para potássio e tem sido considerada fonte de iodo, magnésio, cobre, ferro e fósforo. Além do seu alto valor nutritivo, o morango contém uma variedade de compostos antioxidantes, com destaque em base quantitativa para os compostos fenólicos antocianinas e elagitaninos. Há evidências de uma série de benefícios devido ao consumo da fruta, incluindo prevenção de inflamações, estresse oxidativo, doenças cardiovasculares, canceres, obesidade e doenças neurodegenerativas. Vale ressaltar que a maioria dos estudos limita-se em ensaios com animais e in vitro, no entanto, resultados provindos de estudos epidemiológicos e intervencionais estão crescendo.

O morango é rico em pectina e outras fibras solúveis que ajudam a baixar o colesterol. Contém bioflavonoides, como a antocianina (de coloração avermelhada) e o ácido elágico, substâncias que podem ajudar a evitar alguns tipos de câncer. Como o ácido elágico não é destruído pelo cozimento, até uma torta e uma geléia de morango são nutritivas.

Morangos Romanof

2 xícaras de morangos frescos e limpos;
1 xícara de chá de sorvete dietético de baunilha;
1 colher de chá de rum;

Para o creme:

2 colheres de sopa de água;
1 colher de chá de gelatina em pó sem sabor;
½ xícara de leite em pó desnatado;
1 colher de chá de essência de baunilha;
1 xícara de chá de água gelada;
½ colher de chá de adoçante líquido de sua preferência.

Modo de Preparo: Divida os morangos em 4 taças em que serão servidos e deixo-os no refrigerador. Aproveite para fazer o creme: em uma panela pequena, dissolva a gelatina com as 2 colheres de água. Espere que esfrie e acrescente o leite em pó. Depois leve ao fogo baixo para que se derreta de vez. Acrescente a essência de baunilha, a água gelada e o adoçante. Misture bem com uma colher ou mesmo com a ajuda da batedeira, até ela ficar leve e macia. Um pouco ante de a sobremesa ir à mesa, misture em uma tigela o sorvete, o rum e o creme. Distribua sobre as porções de morango retiradas do refrigerador e está pronto.

Dicas: Procure não cortar muito o morango, pois quanto mais picado, maior o contato com o oxigênio, maior será a perda dos antioxidantes.

     O morango muitas vezes carrega resíduos de agrotóxico. Na hora da compra, prefira o produto com selo de certificação que garante a origem e os cuidados no cultivo. Quanto mais vermelho, melhor. Isso indica que está maduro e os pesticidas já perderam parte do efeito.

     Lave bem os morangos, principalmente o cabinho cheio de folhas, pois é ali que podem se esconder micróbios capazes de causar desarranjos. Esse cuidado também deve ser tido com os orgânicos, que merecem igualmente uma boa lavada. Afinal, não têm pesticidas, mas podem conter restos de adubo.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

Giampieri, F.; Tulipani, S.; Alvarez-Suarez, J.M.; Quiles, J.L.; Mezzetti, B.; Battino, M. The strawberry: Composition, nutritional quality, and impact on human health. Nutrition, vol.28, p. 9-19, 2012.

Guia Completo de Nutrição. 2 ed. São Paulo: Editora Abril, 2005.

Mello, NA. Época de morango: Aproveite os seus benefícios. Disponível em: www.grupoalimentosfuncionais.blogspot.com Acessado em: 14/09/2014.

Philippi, ST. Nutrição e Técnica Dietética. 1 ed. São Paulo: Manole, 2003; p. 75-93.

Quinato, EE; Degáspari, CH; Vilela, RM. Aspectos nutricionais e funcionais do morango. Rev Visão Acadêmica 2007; v.8, n.1: p. 11-17.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Envelhecimento

        Para que se possa compreender o que ocorre com os idosos, é necessário saber que, com o passar do tempo, o organismo apresenta uma série de modificações anatômicas e funcionais, relevantes aos aspectos nutricionais.

       Uma das maiores alterações relacionadas ao envelhecimento é a mudança na composição corporal. O tecido adiposo aumenta, depositando-se principalmente no tronco, há uma diminuição da massa magra, que se exacerba após os 60 anos e ocorre em todos os órgãos, sendo mais acentuada nos rins e no fígado, porém, proporcionalmente, muito mais intensa na massa muscular, influenciando negativamente a força e a mobilidade e favorecendo a suscetibilidade para quedas.

            As funções orgânicas decaem como um todo, variando em intensidade segundo o órgão ou sistema em questão. A habilidade para responder aos hormônios está reduzida, assim como a capacidade para sintetizar ou degradar proteínas. O colágeno se torna mais fibroso e menos elástico. O coração apresenta uma progressiva queda do débito cardíaco e da capacidade aeróbica o que compromete sua reserva funcional. Quanto ao sistema renal, o fluxo plasmático renal está reduzido à metade sendo que, aos 70 anos, os rins possuem 50% da sua reserva funcional prévia. O olfato, o paladar e a visão diminuem influenciando negativamente a ingestão de alimentos, assim como a coordenação motora fina está comprometida e tende a piorar com as doenças neurológicas, o que pode levar o idoso a evitar alimentos que possam causar dificuldades de manipulação durante a refeição e assim contribuir para a inadequação alimentar.

Estudos têm demonstrado que o declínio cognitivo em idosos pode estar relacionado com deficiências nutricionais graves, principalmente pela deficiência das vitaminas B1 (tiamina), B3 (niacina), B12 (cobalamina) e ácido fólico. Da mesma maneira, pesquisas também demonstram que a desnutrição energético-proteica em idosos está associada com o declínio cognitivo.

Os ácidos graxos ômega-3 possuem efeitos benéficos na proteção ao declínio cognitivo, por ser um dos principais componentes das membranas neuronais e tem um papel biologicamente ativo na manutenção da estrutura e fluidez da membrana celular. A vitamina D também tem sido associada com os efeitos neuroprotetores e antiinflamatórios.

Os idosos sofrem com mais frequência que os jovens efeitos adversos dos medicamentos. Isto é consequência da queda de suas funções vitais, da múltipla e simultânea medicação e de seu estado nutricional, muitas vezes deficiente nesta fase da vida. Os efeitos metabólicos e digestivos adversos, que alguns medicamentos de uso habitual em geriatria produzem, devem ser considerados na análise da ingestão de alimentos. Os mais frequentes são:

- Tranquilizantes e psicofármacos: favorecem o relaxamento e diminuem a absorção intestinal;

- Diuréticos e laxantes: ocasionam desidratação e depleção de eletrólitos como magnésio, potássio e zinco;

- Antibióticos: alteram a absorção intestinal por destruição da flora. Provocam má absorção de carboidratos, vitamina B12, cálcio, ferro, magnésio e cobre e inibem a síntese proteica;

- Glicocorticóides: predispõem à gastrite, osteoporose (interferem na absorção do cálcio) e hiperglicemia,

- Analgésicos: favorecem as gastrites e úlceras.

A terceira idade, em geral, apresenta multiplicidade de doenças, e portanto, consome maior número de medicamentos. O uso de diferentes medicamentos, nesta época da vida, tem deixado de ser esporádico para converter em habitual. A polifarmácia em idosos aumenta a incidência de efeitos colaterais e interações medicamentosas e o seu uso inadequado, freqüentemente, provoca complicações graves. Nesse sentido, a utilização, a longo prazo, de drogas terapêuticas que interferem na digestão, na absorção e no metabolismo de nutrientes pode, também, ocasionar desnutrição nos idosos, além de desenvolver anorexia.


Quadro 1. Medicamentos e seus efeitos no estado nutricional ou absorção de nutrientes.
Classe
Medicamento
Deficiência de
Agentes antibacterianos
Ácido bórico
Trimetoprim
Isoniazida
Riboflavina
Folatos
Vitamina B6, niacina, vitamina D
Agentes anti-hipertensivos
Hidralazina
Vitamina B6
Agentes antiinflamatórios
Sulfasalazina
Colchicina
Folatos
Gordura, vitamina B12
Agentes redutores de colesterol
Colestiramina
Colestipol
Gorduras
Vitamina K, vitamina A, folatos, vitamina B12
Antagonistas H2
Cimetidina
Ranitidina
Vitamina B12
Antiácidos
Bicarbonato de sódio, hidróxido de alumínio
Folato, fosfato, cálcio, cobre
Antibióticos
Tetraciclina
Gentamicina
Neomicina
Cálcio
Potássio, magnésio
Gordura, nitrogênio
Anticoagulantes
Warfarin
Vitamina K
Anticoncepcionais orais
Estrogênios, progestínicos
Vitamina B6, folatos, vitamina C
Anticonvulsivantes
Fenitoína, fenobarbital, primidona
Ácido valpróico
Vitaminas D e K
Carnitina
Antimaláricos
Pirimetamina
Folatos
Diuréticos
Tiazidas
Furosemide
Triamtereno
Potássio, magnésio
Potássio, cálcio, magnésio
Folatos
Drogas anticâncer
Metotrexate
Cisplatina
Folatos, cálcio
Magnésio
Laxativos
Óleo mineral
Fenolftaleína
Sene
Caroteno, retinol, vitamina D e K
Potássio, gordura, cálcio
Tranqüilizantes
Clorpromazina
Riboflavina
Fonte: Nutritotal.                                                                                                        
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:


Campos, MTFS; Monteiro, JBR; Ornelas, APRC. Fatores que afetam o consumo alimentar do idoso. Rev Nutr 2000; v.13, n.3: p. 157-165.

Castro, RCB. Deficiências nutricionais relacionadas com o declínio cognitivo em idosos. Disponível em: www.nutritotal.com.br Acessado em: 06/09/2014.

Logullo, P. Quais medicamentos podem causar depleção ou deficiência nutricional em idosos? Disponível em: www.nutritotal.com.br Acessado em: 06/09/2014.

Oliveira, JED; Marchini, JS. Ciências Nutricionais. 1 ed. São Paulo: Sarvier, 2003.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Atendimento Nutricional Ambulatorial em Pediatria


      A Resolução 8.234 do Conselho Federal de Nutricionista (CFN) garante ao nutricionista a atribuição privativa da prescrição dietoterápica e de suplementos e complementos nutricionais e a solicitação de exames necessários ao diagnóstico nutricional.

       Procedimentos básicos em uma consulta de nutrição:

● Leitura do prontuário a fim de conhecer a razão do encaminhamento da criança ao setor de nutrição, a história social e a história pregressa da criança;

● Avaliação antropométrica da criança: deve-se proceder ao preenchimento dos gráficos de crescimento presentes no prontuário, bem como à realização de cálculos antropométricos pertinentes à situação;

● Conhecimento de intercorrências no momento da consulta e evolução da criança desde a última consulta no serviço;

● Anamnese alimentar: deve-se detalhar horário, refeição, alimentos, forma de preparo, quantidade e frequência da utilização dos alimentos. Conhecer tipo de água consumida, bem como presença de filtro e geladeira no domicílio. Este momento destina-se a ouvir o relato da mãe, devendo qualquer orientação ser feita no final da consulta;

● Verificação da utilização de suplementos vitamínico-minerais (tipo e dosagem);

● Preenchimento do Cartão da Criança (gráfico de crescimento segundo o índice peso/idade) e explicação de sua interpretação ao responsável pela criança;

● Avaliação do calendário de vacinação no Cartão da Criança, registrando se o mesmo encontra-se atualizado ou não;

● Função intestinal (frequência das evacuações e consistência das fezes);

● Verificação dos resultados de exames e dados complementares;

● Impressão diagnóstica: descrever avaliação antropométrica, avaliação da ingestão alimentar e presença de intercorrências ou situações relevantes;

● Conduta: descrever a orientação alimentar realizada, fornecendo detalhes relevantes para modificações dietéticas futuras, e descrever a prescrição de suplementos nutricionais quando for o caso. A conduta deverá ser explicada à mãe e sua compreensão deverá ser avaliada através de perguntas;

● Registro de atendimento: a criação e manutenção de uma rotina de registro de atendimentos realizados permite, minimamente, conhecimento da demanda do setor; a partir do qual podem-se definir estratégias de atendimento, rotinas de condutas e delineamento de pesquisas.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:


Lacerda, EMA; Accioly, E; Faria, IG; Costa, VM. Práticas de Nutrição Pediátrica. 1. ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2002.