Um número significativo de
pesquisadores têm sugerido que a vitamina D (calciferol) não deveria ser
considerada uma vitamina, mas sim um pró-hormônio. A vitamina D é sintetizada
na pele por via não-enzimática por ação dos raios UV – radiação B, porém, se a
exposição do indivíduo à luz não for adequada, é essencial que a vitamina seja
fornecida pela fonte alimentar.
As formas da vitamina D disponíveis na
natureza são a vitamina D2 (ergosterol, de origem vegetal,
presente nos fungos comestíveis) e a vitamina D3
(colecalciferol, de origem animal, presente nos peixes gordurosos de água fria
e profunda como atum e salmão). Entretanto, quando não se especifica a fonte
para a vitamina D, se entende que esta possa representar uma mistura das duas.
A principal função biológica da
vitamina D em humanos é a manutenção das concentrações de cálcio e fósforo no
soro em uma variação normal. Essa regulação se dá pela maior eficiência de
absorção desses minerais no intestino delgado e pela regulação das atividades
osteoblástica (síntese de matriz óssea, com impregnação de íons cálcio e
fosfato na mesma) e osteoclástica (responsável pela reabsorção e remodelação
óssea) do osso. Portanto, o calcitriol age aumentando a absorção intestinal de
cálcio, reduzindo a excreção de cálcio pelo aumento da reabsorção nos túbulos
distais do rim, e mobilizando o mineral do osso.
Porém, evidências recentes sugerem o
envolvimento dessa vitamina em diversos processos celulares vitais, como:
diferenciação e proliferação celular, secreção hormonal (por exemplo:
insulina), assim como no sistema imune e em diversas doenças crônicas não
transmissíveis.
Fontes Alimentares de
Vitamina D
Podemos encontrar a vitamina D em
grande quantidade no óleo de peixe e em menor teor nas carnes e alimentos
derivados da carne. Também podemos encontrá-la em alimentos fortificados
(leite, derivados do leite, margarinas e cereais matinais) e suplementos
alimentares.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgP5uGcJRpipiRqqx6ClwTzqTzgrReZ2YmgZ6ZLPyAqSGBPJjy7cRxy-CiLqcDD0E4fekayuLNRKv1dobopjCYIjuBcwyYrQxHqeoyAzufilJna51_EiMioLvd6_PmnDYXowhNLmyJ7CA0B/s200/Fontes+alimentares+de+Vit+D.jpg)
Ambas, vitamina D3 (colecalciferol) ou vitamina D2 (ergocalciferol) são transportadas
pela linfa como constituinte de quilomícrons (vide post lipídios), os quais são
metabolizados em partículas remanescentes que, por sua vez, transportam a
vitamina D para o fígado. No fígado, a vitamina D é convertida em 25(OH)D e em
seguida à sua forma ativa, [1,25(OH)2D].
Há evidências de que o consumo de
alimentos fortificados e suplementos alimentares de vitamina D aumentam as
concentrações de 25(OH)D. Contudo, esta resposta depende das concentrações
basais de 25(OH)D no organismo. A relação entre a ingestão de vitamina D e a
concentração de 25(OH)D é de difícil interpretação, pois a avaliação do consumo
de vitamina D é limitada e há variação da produção endógena de 25(OH)D.
Recomendações de
ingestão de vitamina D
As recomendações de vitamina D podem
ser expressas em microgramas (µg) ou em Unidade Internacional (IU). As Ingestões
Dietéticas de Referência –IDRs (Dietary Reference Intakes – DRIs) incluem
quatro conceitos (sendo três destes apresentados no quadro abaixo) de
referência para consumo de nutrientes : EAR (Necessidade Média Estimada); RDA
(Quota Diária Recomendada) e UL (Nível de Ingestão Máxima Tolerável).
Quadro 1: Recomendações dietéticas de vitamina
D.
Faixa
etária
|
EAR
(IU/dia)
|
RDA
(IU/dia)
|
ULI
(IU/dia)
|
Bebê
de 0 a 6 meses
|
**
|
**
|
1.000
|
Bebê
de 6 a 12 meses
|
**
|
**
|
1.500
|
1-3
anos
|
400
|
600
|
2.500
|
4-8
anos
|
400
|
600
|
3.000
|
9-13
anos
|
400
|
600
|
4.000
|
14-18
anos
|
400
|
600
|
4.000
|
19-30
anos
|
400
|
600
|
4.000
|
31-50
anos
|
400
|
600
|
4.000
|
51-
70 anos para homens
|
400
|
600
|
4.000
|
51-70
anos para mulheres
|
400
|
600
|
4.000
|
>
70 anos
|
400
|
800
|
4.000
|
14-18
anos para grávidas e lactantes
|
400
|
600
|
4.000
|
19-50
anos para grávidas e lactantes
|
400
|
600
|
4.000
|
**
Para bebês,
a ingestão adequada é de 400 IU/dia, durante 0 a 6 meses de idade e 400 IU/dia,
durante 6 a 12 meses de idade.
Fonte: IOM,2011.
Além das fontes alimentares, a
vitamina D também pode ser obtida por meio da síntese endógena de vitamina D3
(colecalciferol), que ocorre na pele na presença de luz solar. Contudo, poucas
evidências sugerem que a exposição à luz solar aumenta as concentrações de
25(OH)D. É importante ressaltar que a exposição à radiação ultravioleta A (UVA)
e B (UVB) aumenta o risco de câncer de pele.
A produção endógena de vitamina D
depende apenas dos raios UVB. A intensidade dos raios UVB varia conforme
latitude, altitude, período do dia e do ano, entre outros, em contraste com a
intensidade dos raios UVA, que é predominante e relativamente constante. Cabe
lembrar que a mesma radiação UVB que induz à produção endógena de vitamina D na
pele também é responsável pelo aparecimento do câncer.
Vários fatores podem influenciar o
risco-benefício da exposição solar. Por exemplo, a melanina presente na
epiderme de negros, que os protege de danos no DNA, limita a síntese de
vitamina D. Em contrapartida, indivíduos de pele mais clara, com menos
melanina, sintetizam a vitamina D mais efetivamente, porém apresentam maior
risco de desenvolver câncer de pele. Idosos são menos capazes de sintetizar
vitamina D por terem epiderme mais fina e menor concentração de
7-dehidrocolesterol, constituinte de membrana celular que a UVB converte em
pré-vitamina D.
A recomendação de uma quantidade de
exposição solar pode ser impraticável considerando os numerosos fatores que
influenciam a formação de vitamina através da radiação ultravioleta. É difícil
definir uma dose que represente um risco mínimo de câncer de pele. Portanto, a
obtenção de vitamina D por meio de alimentos como substitutos da exposição
solar pode ser uma forma de abster o risco de câncer de pele.
Deficiência em
vitamina D
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisBEW0IqoTbgt979kkyyblhMXHkc7CAHL25-jbYlCNsNg27Nr4ZxKjP3nNfIxz9CI5VoE7oVJKPHphqjAmD24d-B8STH5wGJeHo0MLKTAEzKu-GFmNWpYKfvK2WhQRWpet9EUlIb3pLKBl/s200/osteoporose.jpg)
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas
por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos,
nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e
exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Brannon PM,
Yetley EA, Bailey RL, Picciano MF. Overview of
the conference "Vitamin D and Health in the 21st Century: an Update".
Am J Clin Nutr. 2008;88(2): p.483S-490S.
Brannon PM,
Yetley EA, Bailey RL, Picciano MF. Summary of
roundtable discussion on vitamin D research needs. Am J Clin Nutr.
2008;88(2): p.587S-592S.
Castro, LCG de. O sistema endocrinológico
vitamina D. Arq Brasil Endocrinol Metab 2011, v.55, n.8, p. 566-575.
Cozzolino, SMF. Biodisponibilidade dos
nutrientes. 1ed. Manole: São Paulo, 2005. p. 258-271.
Cranney A. et al. Effectiveness and safety of vitamin D in relation to
bone health. Evid Rep Technol Assess (Full Rep). 2007;(158): p.1-235.
Dietary Reference Intakes for Calcium and Vitamina D. Institue of
Medicine (IOM), 2011.
Hollis BW. Measuring 25-hydroxyvitamin D in a clinical environment:
challenges and needs. Am
J Clin Nutr. 2008;88(2): p.507S-510S.
Schuch, NJ;
Garcia, VC; Martini, LA. Vitamina
D e doenças endocrinometabólicas. Arq Bras Endocrinol Metabol 2009, v.53, n.5,
p. 625-633.
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