A
síndrome do Intestino Irritável (SII) é uma doença funcional crônica do
intestino, também conhecida por doença do cólon irritável. Por que é uma doença
funcional? Porque não se consegue detectar nenhum problema de origem orgânica
(física), uma vez que a mucosa intestinal permanece intacta, sem alterações, e
não há nenhuma alteração nos exames de sangue!
Mas os sintomas existem, e os mais comuns são: alteração dos movimentos intestinais (chamado de peristaltismo) para mais ou para menos, e alterações na secreção de enzimas digestivas, causando desconforto e dor abdominal, formação excessiva de gases e distensão do abdômen.
Ainda não se sabe exatamente qual alteração ocorre
primeiro, uma vez que varia de uma pessoa à outra, sendo influenciada
principalmente pelo estilo de vida, como a alimentação inadequada, baixa em
fibras e rica em alimentos industrializados, baixa ingestão de água,
sedentarismo e alterações psicológicas, principalmente depressão. Pode talvez
ser associada à causas genéticas, mas não há nada conclusivo até o momento.
Normalmente atinge mais mulheres, aparecendo geralmente no final da
adolescência até os 30 anos, e sua prevalência na população pode chegar de 10
até 20%, sendo um número bem alarmante e de grande impacto na saúde pública.
Sintomas MAIS COMUNS são: dor abdominal, distensão
abdominal, excesso de gases (flatulência), obstipação ou diarréia – neste caso,
normalmente um é predominante e pode ocorrer oscilações entre intestino solto e
intestino preso no mesmo indivíduo.
Confirmação do diagnóstico é importante consultar
um médico! Apesar da SII não ser diagnosticado por exames de imagem, fezes ou
de sangue, sempre são solicitados para poder descartar qualquer outro tipo de
doença.
Tratamento:
1. Medicamentoso
Existe medicamento para o controle da doença, tanto
na fase aguda (ou seja, quando há muita presença de dor, gases e alteração
muito significativa na consistência das fezes), cujo objetivo será de aliviar a
dor e restabelecer o trânsito intestinal, quanto na fase de manutenção (ou
seja, na doença controlada), com o objetivo de evitar que novas crises possam
ocorrer.
2. Dieta
A dieta é peça fundamental e de extrema importância
para o tratamento e controle da SII.
Os sintomas ocorrem logo após as refeições, sendo
que, em média de 50% dos pacientes com SII não toleram alguns tipos de
alimentos. O nutricionista, através de sua anamnese, consegue direcionar o
tratamento de acordo com o hábito alimentar e sintomas, relacionando possíveis
alergias alimentares, hipersensibilidade alimentar.
Diversos alimentos podem causar desconforto
intestinal, agravando os sintomas e, de forma crônica, pode levar o indivíduo à
quadro de desnutrição, pela dificuldade de digestão e absorção.
O trabalho da nutricionista será de identificar: -
estado nutricional do paciente em que o paciente se encontra; - analisar
funcionamento do trato gastrointestinal em relação à digestão; - observar qual
o hábito alimentar, número de refeições e ingestão de líquidos; - verificar se
há associação com outras doenças, como obesidade, dificuldade de aumento de
peso, desnutrição, anemia, alteração hormonal, pois são fatores que deverão ser
cuidados também; - suspeita de possíveis alimentos que possam estar causando o
desconforto, sendo exemplos clássicos: frituras, refrigerantes, doces,
alimentos muito gordurosos, alguns cereais refinados, excesso de fibras, alguns
vegetais como brócolis, leguminosas, couve-flor, pois são alimentos propensos à
formação de gases e intensificam a distensão e dor abdominal.
Desta forma, o profissional Nutricionista irá
detalhar com o paciente a alimentação mais adequada, tanto na escolha dos
alimentos, como na sua forma de preparos.
Conduta nutricional geral:
- Dieta rica em fibras (frutas, vegetais, leguminosas) e alta ingestão de água estão indicados para os casos de SII com prevalência de obstipação.
- Agentes que aumentam o bolo fecal, como fibras solúveis prebióticas podem ser utilizados para pacientes com quadros de mais diarréia
- psyllium: derivada da semente da platango ovata – erva nativa da Ásia
- pectina: presente nas frutas, sementes e vegetais, sendo as mais ricas a maçã e as frutas cítrica
- inulina: chicória, alcachofra, batata yacon
- FOS (frutooligossacarídeos): aspargos, cebola, alho poró, chicória, tomate, banana
- Amido resistente: biomassa de banana verde.
Estudo de revisão científica demonstrou que o uso
de prebióticos em pacientes com SII reduziu a inflamação local (do intestino) e
a inflamação sistêmica (sangue), com redução do número de bactérias nocivas, e
com melhora significativa na resposta imunológica.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvVU2ACn6mZBJtlFboQUSg0NLx02-aj6cnhUK1jTvBXJiy9EHHbGhygO3LyMWuI4oHzGWPcBnbkmEIA03W2EsdyvIKJqoeYJDPpELSUFQTyNZG5f5mGtTHhLtumTiLnxZ2P98zzOBLMM8/s280/Blog-S%25C3%25ADndrome+4.jpg)
O estudo sugere que uma dieta pobre
nestes carboidratos pode ajudar a aliviar esses sintomas em até 70% e cita como
principais alimentos com alta carga de fermentação: trigo, lactose,
oleaginosas, centeio, xarope de milho, mel, grãos. Por ser uma dieta
restrita, é muito importante o acompanhamento de um nutricionista o qual direcionará
sua avaliação na necessidade ou não da retirada de alguns alimentos, como
também, a orientação do que comer. - Se houver intolerâncias alimentares OU
ALERGIAS, retirar o alimento alvo DA DIETA.
Lembre-se sempre da importância de cuidar
da saúde de seu intestino! Consulte sempre um Nutricionista para adequar a sua
alimentação!
Texto
elaborado pela nutricionista: Dra. Christiane Bergamasco
Formada
em Nutrição, há mais de 10 anos, com cursos de pós-graduação em Nutrição
Clínica , Funcional e Fisiologia do Exercício. Autora de publicações
científicas em livros e revistas, atuou em hospitais de primeira linha e também
como professora universitária e consultora em programas de TV e revistas.
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por
atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos,
nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e
exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências Bibliográficas:
Taibi A1, Comelli EM.[Epub
ahead of print] Practical approaches to probiotics use. Appl Physiol Nutr
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Gibson PR1, Barrett JS,
Muir JG. Functional bowel symptoms and diet. Intern Med J. 2013
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Ribeiro LM, et al. Influência
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do intestino irritável. Rev Psiq Clín.
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KIVIT, S. et al. Regulation
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