A gordura no fígado, chamada na medicina de esteatose hepática, ocorre quando o índice de gordura no fígado chega a 5% ou mais, tornando-se capaz de provocar inflamações e problemas mais sérios, como cirrose e câncer. A doença pode ser causada por consumo excessivo de álcool (classificada como esteatose hepática alcoólica) ou por outros fatores como obesidade, pressão alta descontrolada e colesterol elevado. Mas outro grupo tem chamado a atenção dos pesquisadores: os diabéticos. De acordo com a ciência, esses pacientes também se encaixam na lista de mais propensos a ter gordura no fígado. Entenda melhor essa relação a seguir.
A gordura no fígado e o diabetes
Um dos estudos que chegou a essa conclusão foi conduzido por pesquisadores da Universidade de Jimma, na Etiópia. Foram analisados 96 pacientes de diabetes tipo 2 – por meio de amostras de sangue, ultrassonografias e cálculo de IMC – e a avaliação mostrou que 76% deles tinham doença hepática gordurosa não-alcóolica.
De acordo com os resultados, dos pacientes documentados com a doença, 35,4% apresentavam doenças do fígado leves, 31,3% em estado moderado e 6,3% eram graves. Mais uma conclusão foi que a prevalência da doença foi maior entre as mulheres.
Como o diabetes é uma doença metabólica e se associa à obesidade, ele acaba sendo considerado um fator de risco para o desenvolvimento de gordura no fígado. Ela explica que as moléculas que promovem resistência à insulina – produzidas em maior quantidade pelos diabéticos – também induzem ao aumento de infiltração de gordura no fígado.
Os principais gatilhos relacionados com a infiltração de gordura no parênquima hepático [conjunto de células responsáveis pelas funções do fígado] são a resistência à insulina, lipotoxicidade [toxidade causada pelo aumento dos níveis de gorduras (lipídeos)], estresse oxidativo e inflamação.
Com isso, também pode ocorrer o efeito contrário: a esteatose hepática pode levar ao diabetes. Sabe-se que 100% dos pacientes com obesidade ‘grave’ e diabetes tipo 2 podem apresentar esteatose hepática leve, sendo que 50% deles podem evoluir para esteato-hepatite e 19% podem chegar a ter cirrose hepática.
Como eliminar gordura no fígado
Para tratar a gordura no fígado é necessária uma mudança importante no estilo de vida. A adoção de hábitos saudáveis, incluindo a prática regular de atividade física e alimentação equilibrada é o pilar do tratamento. O plano alimentar deve conter alimentos, nutrientes e princípios bioativos com comprovados efeitos anti-inflamatório e antioxidante. Além disso, recomenda-se a redução do consumo de produtos ultraprocessados.
De olho no cardápio
Entre os alimentos que oferecem essas propriedades, a nutricionista aponta as frutas vermelhas – como morango, maçã, melancia e as chamadas berries, como framboesa, cranberry e mirtilo – e os vegetais verdes, amarelos e vermelhos, caso do brócolis, couve-flor, pimentão, tomate, beterraba, cenoura e abóbora. Folhas de coloração verde-escura também contribuem, assim como gergelim, linhaça, chia, amêndoas, castanhas, nozes e macadâmia.
Para cozinhar, prefira azeite de oliva e óleo de gergelim e, para temperar os pratos, opte pelos temperos naturais e especiarias, como alho, cebola, cúrcuma e canela. Esses temperos contêm fitoquímicos como quercetina, gingeróis e curcumina, que neutralizam as espécies reativas de oxigênio e reduzem o estresse oxidativo no intestino e fígado.
Alimentos que atuam como prebióticos também são benéficos na redução da gordura no fígado. Aqui entram as leguminosas, como feijão verde, lentilha, grão-de-bico e ervilha fresca.
Já em relação às carnes, dê preferência às brancas. Frango e peixes magros contêm proteína de boa qualidade com menor teor de gordura saturada em relação à carne bovina e suína.
Como saber se estou com gordura no fígado?
O diagnóstico é feito por meio de exames, laboratoriais ou de imagem, que indicam o índice de gordura no fígado. Se o quadro é leve, o paciente geralmente não apresenta sintomas específicos. Agora, quando é intermediário, ele pode sentir dores no abdômen e de cabeça (esta de forma constante), barriga inchada, cansaço e perda de apetite. Caso desconfie, consulte um gastroenterologista ou hepatologista.
Referências Bibliográficas:
Zawdie B, Tadesse S, Wolide AD, Nigatu TA, Bobasa EM. Non-Alcoholic Fatty Liver Disease and Associated Factors among Type 2 Diabetic Patients in Southwest Ethiopia. Ethiop J Health Sci. 2018.
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