Alimentos de origem
animal são as únicas fontes naturais de vitamina B12, como produtos lácteos, carne, fígado, peixes e ovos, que adquirem a
vitamina indiretamente das bactérias.
Quadro 1. Conteúdo
de vitamina B12 em alimentos.
Alimentos
|
Peso (g)
|
Vitamina B12 (mcg)
|
Bife de fígado cozido
|
100
|
112
|
Mariscos no vapor
|
100
|
99
|
Ostras cozidas
|
100
|
27
|
Fígado de frango cozido
|
100
|
19
|
Arenque cozido
|
100
|
10
|
Salmão cozido
|
100
|
2,8
|
Iogurte com pouca gordura
|
245
|
1,4
|
Leite desnatado
|
245
|
0,93
|
Queijo cottage
|
28,4
|
0,80
|
Ovo cozido
|
50
|
0,49
|
Fonte: Cozzolino, 2005.
A vitamina B12 é absorvida por dois mecanismos: transporte ativo, envolvendo uma
proteína específica chamada fator intrínseco (FI), e por difusão simples, sendo
este último bastante ineficiente (menos de 1% da vitamina B12).
Esta vitamina é
estocada em pequenas quantidades no corpo, principalmente no fígado (em torno
de 60% do estoque corporal) e músculos (em torno de 30% do total). Os estoques
corporais variam muito com a ingestão da vitamina, mas tendem a ser mais
elevados em pessoas mais velhas. A média total de estoques corporais da
vitamina B12 em humanos varia de 2 a 5mg. Uma pequena reserva
da vitamina em bebês (em torno de 25µg) é suficiente para garantir as
necessidades fisiológicas por aproximadamente um ano. A forma predominante no
plasma humano é a metilcobalamina (60-80% do total), devido a presença da
proteína R que seletivamente se liga a este composto. A concentração de
vitamina B12 no leite humano varia (320-330pg/mL) e é
particularmente maior (10 vezes mais do que no leite normal) no colostro. O
leite humano contém transcobalaminas, sendo a maioria da vitamina,
principalmente metilcobalamina, ligada à proteína R. No entanto, o leite de
vaca que não contém a proteína R apresenta menores concentrações da vitamina,
principalmente adenosilcobalamina.
A biodisponibilidade da
vitamina B12 varia de acordo com a quantidade da vitamina na
dieta, mas normalmente a média está em torno de 50%. Ao contrário de outras
vitaminas hidrossolúveis, a vitamina B12 é estocada
ligada a proteínas no sangue e outros tecidos, principalmente no fígado. Existe
também um ciclo entero-hepático, por meio do qual a vitamina B12 secretada pode ser reabsorvida. O conteúdo da vitamina B12 de carnes cozidos parece ser prontamente disponível, assim como a
vitamina contida em fígado, frango e carneiro é absorvida tão eficientemente
quanto uma quantidade similar de cianocobalamina administrada em solução
aquosa. Em ovos a vitamina é relativamente pouco absorvida. A maior quantidade
da vitamina B12 que pode ser fisiologicamente absorvida de uma
refeição está limitada aproximadamente 1,5 a 3,5µg. A saturação do sistema
mediado pelo fator intrínseco em uma refeição não impede a absorção normal da
vitamina algumas horas mais tarde. Quando a ingestão é menor que 3µg, 60-80% da
vitamina é fisiologicamente absorvida. Esta porcentagem decresce quando o
conteúdo intestinal da vitamina aumenta.
A vitamina B12 é necessária na formação de glóbulos vermelhos, nervos e várias
proteínas. Está envolvida no metabolismo dos carboidratos e lipídios, sendo
essencial para o crescimento.
Quadro 2. Ingestão
de referência de vitamina B12.
Idade
|
EAR (µg/dia)
|
RDA (µg/dia)
|
0-6 meses
|
-
|
0,4 AI
|
7-12 meses
|
-
|
0,5 AI
|
1-3 anos
|
0,7
|
0,9
|
4-8 anos
|
1,0
|
1,2
|
9-13 anos
|
1,5
|
1,8
|
> 14 anos
|
2,0
|
2,4
|
Gestantes
|
2,2
|
2,6
|
Lactantes
|
2,4
|
2,8
|
EAR: necessidade média estimada. / RDA: ingestão dietética recomendada. / AI: ingestão adequada.
Fonte: Cozzolino, 2005.
A
deficiência de B12 ocasiona prejuízo na divisão celular,
especialmente nas células de rápida divisão, como as da medula óssea e da
mucosa intestinal, interrompendo a síntese de DNA (ácido desoxirribonucléico),
dentre outros. A diminuição da taxa mitótica resulta em células anormalmente
grandes, levando a uma anemia característica, a anemia megaloblástica. As
manifestações clínicas são alterações neurológicas, hematológicas, epidérmicas,
fraqueza, e outras. Por isso, o diagnóstico precoce da deficiência de vitamina
B12 é fundamental para evitar danos patológicos
irreversíveis. Entretanto, a deficiência de ácido fólico também resulta na
anemia megaloblástica, dificultando o diagnóstico de qual deficiência
vitamínica seria a responsável por essa anemia.
Uma das
maneiras mais comuns de examinar a deficiência de vitamina B12, além da avaliação de sintomas, é a medida da concentração dessa
vitamina no plasma ou no soro, refletindo os níveis de ingestão e estoque. A
deficiência fica evidente quando os níveis estão abaixo de 200 pg/ml ou 148
pmol/l para adultos, mas podem variar de acordo com a metodologia de análise
utilizada nos laboratórios. Porém, esse não é um teste seguro, pois sofre
influência direta das concentrações de proteínas que estão ligadas à vitamina B12, não fornecendo a concentração real da vitamina disponível para a
célula. Por isso, os níveis de B12 podem ser
normais mesmo em pacientes com deficiência desta vitamina.
Devido a esses aspectos, essa deficiência deve ser
considerada um importante problema de saúde pública, principalmente entre pessoas
idosas e indivíduos que adotam uma dieta estritamente vegetariana (vegans).
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas
por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos,
nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e
exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências Bibliográficas:
Cozzolino, SMF; Mafra, D. Vitamina B12 (Cobalamina). Biodisponibilidade
de Nutrientes. 1 ed. São Paulo: Manole, 2005, p. 395-403.
Marques, CG. Deficiência de Vitamina B12. Disponível em: www.nutritotal.com.br Acessado em:
21/08/2014.
Paniz, C. et al. Fisiopatologia da deficiência de vitamina B12 e seu diagnóstico
laboratorial. J Bras Patol Med Lab 2005; v.41, n.5: p.323-334.
Penteado,
MVC. Vitaminas: aspectos nutricionais, bioquímicos, clínicos e analíticos. 1.
ed. São Paulo: Manole, 2003, p. 527-550.
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