Você sabia que o sangue carrega
muito mais do que nutrientes e oxigênio? Ele também transporta substâncias
essenciais que moldam a formação de novos neurônios e influenciam diretamente a
capacidade cognitiva, ajudando a manter
o cérebro jovem e ativo. Estes fatores podem ser proteínas, hormônios e
tantas outras pequenas moléculas liberadas no sangue, que atingem o cérebro
atravessando a barreira hematoencefálica.
Fatores positivos e negativos
Eles podem ser positivos, como os fatores de
crescimento (fatores plaquetários), hormônios, citocinas anti-inflamatórias,
exossomos; ou negativos, como citocinas pró-inflamatórias, cortisol,
proteínas beta-amiloide e tau, homocisteína.
A idade pesa
Há uma forte conexão com a idade: estudos mostram que a composição dos
fatores sanguíneos muda com o passar dos anos. Por exemplo, proteínas
associadas ao envelhecimento, como a β2-microglobulina,
podem prejudicar a função cognitiva ao reduzir a plasticidade sináptica e
a neurogênese. Por outro lado, estudos em cobaias mostram que fatores presentes
no sangue jovem, como o FP4 (fator plaquetário 4), têm efeitos restauradores no
cérebro envelhecido.
Doenças metabólicas e estilo
de vida
Desequilíbrios metabólicos, como diabetes e obesidade, podem alterar os
fatores sanguíneos prejudicando a função cognitiva e a neurogênese. Assim, a
resistência à insulina pode diminuir a disponibilidade de IGF-1 no cérebro, e a
gordura corporal em excesso produz uma grande quantidade de fatores
pró-inflamatórios, contribuindo para a neuroinflamação. Atividade física
regular e alimentação saudável aumentam a liberação de fatores benéficos no
sangue, como o BDNF (fator neurotrófico derivado do
cérebro), melhorando a cognição e promovendo a neurogênese.
Agentes
potencializadores
Entre os agentes que
potencializam os processos neuronais, destacam-se os fatores de crescimento
(BDNF, IGF-1, VEGF, FP4) hormônios (eritropoietina, DHEA, estradiol, testosterona,
serotonina, dopamina), citocinas anti-inflamatórias (IL-4, TGF-β) e exossomos
(microRNAs). Cada um deles desempenha funções específicas e complementares na
promoção de um cérebro saudável.
BDNF
– peça-chave na memória
Fatores de crescimento alimentam o cérebro
para a formação de novas conexões nervosas. O fator neurotrófico derivado do
cérebro (BDNF) é como um arquiteto neural, promovendo
a sobrevivência, crescimento e diferenciação dos neurônios. Além disso, o BDNF
é uma molécula essencial na memória e no aprendizado.
Outros
fatores
Da mesma forma, o fator de crescimento
insulínico-1 (IGF-1) atua como um catalisador para a neurogênese e plasticidade
sináptica, fortalecendo as bases para uma cognição aprimorada. Outro
elemento notável é o fator de crescimento do endotélio vascular (VEGF), que,
além de estimular a neurogênese, melhora o suprimento sanguíneo cerebral ao
promover a formação de novos vasos. Já o fator plaquetário 4 (FP4), liberado
pelas plaquetas, oferece moléculas bioativas capazes de interagir diretamente
com o sistema nervoso central.
Hormônios
Os fatores citados acima, em conjunto, criam
um ambiente propício para a regeneração e o fortalecimento das conexões
neurais. Mas eles não agem sozinhos — outros agentes
biologicamente ativos complementam esse cenário. O estradiol,
associado à saúde hormonal feminina, também desempenha um papel importante na
neurogênese, na formação de sinapses e na proteção dos neurônios. O mesmo é
válido para a testosterona e DHEA, hormônios androgênicos, com forte ação na
cognição.
Neurotransmissores
A eritropoietina é
conhecida por estimular a produção de hemácias na medula óssea, e é um exemplo
marcante de como um hormônio pode ir além de suas funções tradicionais,
promovendo a neuroproteção, a neurogênese e a plasticidade sináptica. Neurotransmissores
como serotonina e dopamina, armazenados nas plaquetas, ampliam ainda mais esse
impacto ao regular o humor, a memória e outros aspectos da cognição.
Novos neurônios
Como vimos, além de nutrientes e oxigênio, o
sangue carrega moléculas especiais que estimulam a formação de novos neurônios e afetam diretamente a capacidade de
pensar e aprender. Esses fatores sanguíneos desempenham papéis variados,
podendo tanto estimular quanto inibir processos como a neurogênese e a
cognição, impactando diretamente a nossa saúde cerebral. Manter um estilo de
vida saudável contribui para a produção de fatores positivos, com impacto
direto na memória.
Texto elaborado por: Dra. Tamara
Mazaracki.
Título de Especialista em Nutrologia –
Associação Brasileira de Nutrologia;
Membro Titular da ABRAN – Associação Brasileira de
Nutrologia;
Pós-graduação em Medicina Ortomolecular, Nutrição
Celular e Longevidade – FACIS-IBEHE – Faculdade de Ciências da Saúde de São
Paulo e Centro de Ensino Superior de Homeopatia;
Pós-graduação em Medicina Estética – Instituto
Brasileiro de Pesquisa e Ensino – IBRAPE.
As informações contidas neste blog,
não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área
de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e
sim, utilizada única e exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências Bibliográficas:
*Immunity
2023. "Bloody" good factors
for keeping the brain young.
*Cytokine
2024. Regulatory role of BDNF in
neuroimmune axis function & neuroinflammation induced by chronic stress.
*Neuroscience 2025. The Role of Androgens & Estrogens in Social Interactions and Social Cognition.
*Biomolecules 2020. Testosterone and Adult Neurogenesis.
*Nature 2023. Erythropoietin
re-wires cognition-associated transcriptional networks.
*Cells 2024. Knocking Out
TAAR5: A Pathway to Enhanced Neurogenesis & Dopamine Signaling
in the Striatum.