quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Alimentos, Enzimas e Digestão

 

O processo de digestão dos alimentos começa na boca e termina quando os resíduos não aproveitados saem do corpo. Nutrientes, minerais, vitaminas e fluidos entram no organismo através do sistema gastrointestinal. A função digestiva é fascinante e complexa, envolvendo inúmeros componentes, e as enzimas digestivas são de importância vital. Um corpo saudável produz as enzimas necessárias, no entanto há fatores que podem afetar a sua secreção: envelhecimento, má alimentação, estilo de vida, medicamentos, doenças.

 

Enzimas digestivas

Enzimas ajudam a fragmentar a comida em pedaços cada vez menores para que o organismo possa absorver e usar os nutrientes: amilases quebram carboidratos em maltose e glicose, proteases quebram as proteínas em aminoácidos, lipases quebram gorduras em ácidos graxos. A maioria das enzimas digestivas é ativada no ambiente ácido do estômago, outras trabalham no intestino delgado e no intestino grosso, com a ajuda de enzimas pancreáticas e ácidos biliares.

 

Saúde do cérebro, imunidade, energia

A saúde digestiva impacta diretamente a saúde do cérebro e do sistema imunológico, e se o intestino está em desordem certamente haverá reflexos na saúde geral. Sintomas como falta de energia, inchaço e dor abdominal, gases, prisão de ventre, diarreia, azia ou refluxo, indicam que pode haver uma insuficiência de enzimas digestivas. Pessoas com intolerância à lactose, doença celíaca, síndrome do intestino irritável e outros distúrbios que afetam a produção de enzimas, podem se beneficiar de uma dieta com alimentos ricos em enzimas, e pode ser necessária a reposição enzimática por meio de suplementos.

 

Alimentos contêm enzimas

Enzimas quebram os alimentos em nutrientes utilizáveis no processo de digestão - estômago, intestino e pâncreas criam muitos tipos de enzimas. Por outro lado, diversos alimentos também contêm enzimas ou bactérias que as produzem. A dieta moderna é composta principalmente por alimentos cozidos e ultraprocessados, e assim se perdem os benefícios potenciais das enzimas dietéticas. Ao cozinhar, processar e pasteurizar alimentos, suas enzimas naturais são destruídas. Adicionar alimentos crus e fermentados, com alto teor enzimático, contribui para a boa saúde.

 

Crus e fermentados

Muitas frutas, legumes, folhas, temperos e produtos fermentados ofertam boas quantidades de enzimas digestivas. Kefir, kombucha e iogurte possuem um alto teor de enzimas digestivas, incluindo lipase, protease e lactase, juntamente com bilhões de probióticos. Enquanto muitos alimentos são ricos em enzimas que afetam o bolo alimentar no processo de digestão, outros apresentam as enzimas necessárias para a ação digestiva sobre si mesmo. Assim, a carne crua contém uma enzima chamada catepsina para digerir a sua proteína e o óleo da semente de abacate contém lipase para digerir a gordura do fruto.

 

Vitaminas e minerais precisam de um estômago ácido    

Deficiências de micronutrientes podem levar a sérias consequências clínicas quando não são prontamente reconhecidas e tratadas, especialmente em pacientes idosos. O estômago desempenha um papel importante na assimilação de micronutrientes como vitaminas e minerais. A mucosa do corpo do estômago (parte central) é composta de células parietais, cuja principal função é a secreção de ácido gástrico para a digestão e absorção de ferro, zinco, vitamina C, cálcio e magnésio, e a produção de fator intrínseco, essencial para a absorção de vitamina B12.

 

Doenças e medicamentos

Várias condições patológicas, como gastrite, presença de H. pylori, gastrite atrófica, bem como medicamentos antiácidos e inibidores de ácidos podem interferir no funcionamento normal da mucosa do estômago e na absorção de micronutrientes e eletrólitos, causando anemia e deficiências diversas. Uma supressão crônica de ácido gástrico por remédios pode levar a infecções e problemas no trato intestinal, respiratório e urinário. A hipocloremia (redução do íon cloreto que faz parte do ácido clorídrico) pelo uso contínuo destes medicamentos pode induzir o crescimento de pólipos gástricos e até câncer de estômago.

 

Bloqueadores de ácido gástrico

A redução de ácido clorídrico (hipocloridria gástrica) pelo uso prolongado de antissecretores de ácido (inibidores da bomba de próton), como omeprazol e outros ‘prazóis’, impacta diretamente na absorção de cálcio.  Ao afetar a assimilação do mineral pode haver um risco aumentado de osteoporose e fraturas ósseas. Além do cálcio, a baixa acidez e/ou uso prolongado de inibidores de ácido clorídrico pode interferir nos níveis adequados de magnésio, vitamina C, B12, zinco e ferro, pois eles precisam do ambiente ácido do estômago para ser absorvidos.

 

Texto elaborado por: Dra. Tamara Mazaracki. 

 

Título de Especialista em Nutrologia –  Associação Brasileira de Nutrologia;

 

Membro Titular da ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia;  

 

Pós-graduação em Medicina Ortomolecular, Nutrição Celular e Longevidade – FACIS-IBEHE – Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo e Centro de Ensino Superior de Homeopatia;

 

Pós-graduação em Medicina Estética – Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino – IBRAPE.

 

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e exclusivamente, para seu conhecimento.

 

Referências Bibliográficas:


*Heliyon 2024. In vitro simulated study of macronutrient digestion in complex food using digestive enzyme supplement.

*StatPearls 2023. Physiology, Nutrient Absorption.

*Microorganisms 2024. Biological Significance of Probiotic Microorganisms from Kefir & Kombucha: A Review.

*Plants (Basel) 2023. Enzymatic, Antioxidant & Antimicrobial Activities of Bioactive Compounds from Avocado (Persea americana L.) Seeds.

*Joint Bone Spine 2024. Proton pump inhibitors, bone & phosphocalcic metabolism.

*Clinical Nephrology 2024. Multiple electrolyte disorders triggered by proton pump inhibitor-induced hypomagnesemia.

 

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Água de Coco: Posso Incorporar À Minha Dieta?

 

Muito apreciada em todo o Brasil, a água de coco é uma bebida natural e com baixo índice calórico: são apenas 22 calorias a cada 100 ml, com zero gordura. Ela é predominantemente composta por água - cerca de 95% - sendo rica em potássio, cálcio, vitaminas, carboidratos, aminoácidos e antioxidantes.

Sim, ela é uma bebida refrescante, suave ao paladar e que pode, de forma geral, ser incorporada tranquilamente às dietas. Funciona como um "soro natural", com muitos benefícios à saúde.

Além de ajudar na hidratação, a água de coco repõe minerais perdidos pelo suor. Por isso, é bastante indicada para quem pratica atividades físicas ou em casos de diarreias, vômitos ou até desidratação.

Por ser rica em vitaminas, minerais e aminoácidos, a água de coco tem também função antioxidante e fortalece o sistema imunológico, ajudando na prevenção de resfriados ou infecções.

A água de coco também contém fibras, o que favorece a digestão e diminui os riscos de enjoos e refluxos. Essas fibras também oferecem a sensação de saciedade, deixando a fome afastada por mais tempo e facilitando o emagrecimento.

Embora a versão mais saudável seja a natural, nem sempre a água do coco poderá ser desfrutada direto do fruto. Nesse caso, existem as versões industrializadas, que costumam ter o seu valor nutricional mantido.

Mesmo com a adição de conservantes e estabilizantes, para que permaneça íntegra e dure por mais tempo, e, em algumas versões, sejam adicionados açúcares e sódio para tornar o sabor mais agradável, ainda assim a água de coco é uma ótima opção.

Consulte seu nutricionista para saber a recomendação específica para você, pois, como qualquer outro alimento, água de coco em excesso pode ser contraindicada, especialmente para pacientes pacientes hipertensos, diabéticos ou com problemas renais, que precisam controlar o consumo de potássio, sódio magnésio ou frutose.

Não havendo restrições, mantendo bom senso - e em qualquer estação do ano - "reabasteça" o seu corpo com todos os benefícios que essa delícia tropical tem a oferecer! Saúde!

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sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Alimentos Hidropônicos: Quais As Principais Vantagens?

 

Provavelmente você já tenha ouvido falar em alimentos hidropônicos, e que eles são muito saudáveis. Mas você sabe exatamente o que eles são?

Alimentos Hidropônicos são verduras, legumes e frutas cultivados sem a utilização de terra, com suas raízes inseridas diretamente na água.

Esse cultivo costuma ser feito em estufas climatizadas, com estruturas suspensas, feitas com canos e tubos, que mantêm as raízes submersas em uma mistura de água com outros nutrientes essenciais para o bom desenvolvimento do alimento. Como o ambiente é totalmente controlado e limpo, é possível produzir vegetais de excelente qualidade.

A estufa protege os alimentos da maioria das pragas, da chuva, geadas, ventos e do excesso de sol. O cultivo costuma ser bastante sustentável, com pouco uso de agrotóxicos ou produtos químicos para o controle de pragas e doenças.

Outra vantagem é que, devido ao controle rigoroso de temperatura, os alimentos não dependem de épocas de plantio específicas para crescer, podendo ser plantados ininterruptamente, se desenvolvendo durante todo o ano.

Além disso, diferente do que se imagina, os alimentos hidropônicos economizam água no processo de produção, já que dispensam a irrigação. Há também menor degradação do solo, o que diminui o impacto ambiental.

Pelo processo hidropônico, o crescimento das plantas costuma ser mais rápido do que no cultivo na terra, e quantidades maiores podem ser plantadas, já que os canos onde crescem são distribuídos em diferentes alturas, possibilitando uma área maior de cultivo.

A alface e os vegetais folhosos, como a rúcula e o agrião, são os mais cultivados na hidroponia, mas praticamente todos os vegetais podem ser plantados desta forma. Frutas, vegetais subterrâneos, mudas de árvores e plantas ornamentais também são cultiváveis com esse processo.

A hidroponia é uma forma inteligente de cultivar alimentos, com uso racional de água e respeito ao meio ambiente. É uma ótima forma de oferecer alimentos saudáveis e, ao mesmo tempo, cuidar da saúde do planeta.

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