segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Alimentação No Carnaval

 


O ano mal começou e vem aí uma das festas mais esperadas por muitos brasileiros: o CARNAVAL! Normalmente, esses dias de festa equivalem a movimento, suor, exposição ao sol e poucas horas de sono. Então, antes de festejar, seguem algumas dicas para curtir essa época de uma forma mais saudável:

Hidratação: Beba de 2 a 3 litros de água, para manter a hidratação e repor os eletrólitos perdidos com o suor;

Alimentação fora de casa: Tome cuidado ao escolher os estabelecimentos em que vai se alimentar. Observe as condições de higiene do local e dos manipuladores e se os alimentos estão acondicionados em temperaturas adequadas;

Bebidas alcoólicas: Não exagere no consumo de álcool e intercale sempre com água;

Refeições: Faça refeições completas antes de sair de casa. Dê preferência a alimentos leves, que não sejam ricos em gorduras, mas garantam os nutrientes necessários para curtir a folia com bastante energia. Frutas, cereais integrais, ovos, carnes magras, verduras e legumes são ótimas opções;

Descanso: Recarregar a energia é muito importante para proteger a imunidade e garantir a curtição do início ao fim. Tenha horas de sono de qualidade diariamente;

Proteção da pele: Não esqueça de usar protetor solar com alto fator de proteção. Além disso, consuma alimentos como cenoura, melancia, tomate, mamão, pois uma dieta rica em componentes como o betacaroteno e o licopeno pode contribuir para a saúde da pele.

Siga essas recomendações e curta com muita alegria, saúde e equilíbrio. Bom carnaval!!!

 

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

 

Santos, SR. Alimentação no Carnaval. Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Disponível em: www.codeagro.agricultura.sp.gov.br Acessado em 28/02/2022.


quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Frutose: Criaram Uma Nova Vilã?

 


A frutose é um carboidrato simples, cujas principais fontes in natura são as frutas e o mel. Algumas pessoas têm evitado comer frutas pela quantidade de frutose que elas têm, mas esta é uma decisão sem consistência.

A frutose que pode não ser benéfica é aquele adicionada artificialmente pela indústria - e, muitas vezes, em grande quantidade, normalmente na forma de xarope de milho - em alimentos processados, como biscoitos, sucos em pó, massas prontas, barra de cereais, refrigerantes, molhos e doces.

O consumo frequente e excessivo da frutose usada para enriquecer alimentos industrializados pode provocar acúmulo de gordura no fígado, prejuízo na sensibilidade à insulina, ganho de peso e desenvolvimento de doenças como a diabetes, hipertensão arterial, síndrome metabólica, entre outros.

Já as frutas podem e devem ser consumidas, como qualquer outro alimento, com moderação e equilíbrio. Evite, por exemplo, o consumo excessivo de sucos, pela concentração de frutas que possuem e pela falta de fibras. Um copo de 300 ml de suco de laranja, por exemplo, contém cerca de 3 laranjas - e, por isso, também muitas calorias!

Em vez do suco, prefira sempre a fruta in natura, que aumenta a sensação de saciedade e diminui o consumo total de calorias, em comparação aos sucos.

A recomendação geral para adultos saudáveis é de 3 porções de frutas por dia. A porção é uma medida, uma referência para que você não considere, por exemplo, um abacaxi inteiro como sendo uma única porção - que é, na verdade, a fatia do abacaxi, não a fruta toda.



 

Procure sempre a orientação de um nutricionista, pois cada pessoa deve consumir quantidades diferentes de frutas, dependendo de suas necessidades individuais.

A frutose em si não é nenhuma vilã! Vilões são os excessos, que normalmente são encontrados em alimentos industrializados e, dificilmente, nas frutas. Aprecie-as com prazer e moderação para uma vida mais saudável e cheia de energia!

#frutose #nutricaointegrativa #frutaesaude #alimentacaosaudavel #beneficiodasfrutas

 

 As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e exclusivamente, para seu conhecimento.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Bebidas Açucaradas

 


A American Heart Association, a Academia Americana de Pediatria e a Organização Mundial da Saúde recomendam limitar a ingestão de açúcar adicionado a menos de 10% do consumo total de energia para adultos e crianças, ou seja, 50 gramas de açúcar em uma dieta de 2000 calorias, equivalente a cinco colheres de sopa. Uma única lata de refrigerante de 350 ml pode conter até 40 g de açúcar, o que quase estoura a meta. Aqui no Brasil os órgãos governamentais pensam em sobretaxar estes produtos, no entanto, sem uma campanha de conscientização da população o resultado será pequeno.

 

Obesidade e diabetes

Bebidas adoçadas contribuem para o ganho de peso e diversas doenças metabólicas. As calorias vazias do açúcar adicionado (açúcar comum e xarope de milho com alto teor de frutose) dificultam o desenvolvimento infantil e produzem modificações precoces na saúde metabólica. O exagero de açúcar está associado ao aumento do risco de cáries, obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, síndrome metabólica, gordura no fígado, distúrbios respiratórios do sono pelo aumento do peso e adiposidade corporal, resistência à insulina, hiperglicemia, e outros fatores de risco como inflamação subclínica e redução da capacidade imunológica.

 

O começo de tudo

Há muito tempo atrás os ingleses perceberam que o açúcar poderia melhorar o sabor de bebidas, e a partir do século XVI bares e cafés começaram a servir vinhos licorosos, chá, chocolate quente e café adoçados. Na década de 1830 surgiram as limonadas carbonadas (gaseificadas). No entanto, o grande avanço no consumo de açúcares líquidos ocorreu em 1886, quando um farmacêutico americano inventou a Coca-Cola.

 

Foi um Big Bang!

Durante os 100 anos seguintes, o aumento da ingestão global de refrigerantes foi enorme. Pesquisas americanas mostraram um aumento significativo no consumo calórico diário de bebidas adoçadas entre 1965 e 2001 (de 236 para 458 kcal/dia). Na primeira metade do século XX, os refrigerantes eram vendidos em garrafinhas de 180 ml, já em 1955 elas tinham 295 ml, em 1960 vieram as latas com 350 ml, e mais tarde, na década de 1990, surgiram as garrafas de 1 litro. Atualmente temos embalagens de 2 e 3 litros!

 

Outras bebidas doces

A partir de 2005 houve uma diminuição da ingestão de refrigerantes, mas esse declínio foi compensado pelo aumento no consumo de outras bebidas com altos níveis de açúcar, como sucos e néctares, bebidas esportivas e energéticas, mate, chás e cafés adoçados, leites saborizados, iogurtes líquidos, achocolatados. A média diária de consumo de bebidas açucaradas por pessoa é de 460 ml, e usando o teor de açúcar da Coca-Cola (0,108 g/ml) como medida, isso significa uma ingestão média de 50 g de açúcar líquido, fora o açúcar presente em guloseimas diversas.

 


Sucos de fruta são inocentes?                         

Sucos de fruta (com as palavrinhas mágicas ‘integral’ e ‘sem adição de açúcar’ no rótulo), como os de uva e de maçã, contêm um teor de açúcar muito alto. No caso do puro suco de maçã, o nível de açúcar é de 25 g por 240 ml (equivalente a 2 colheres de sopa), semelhante à quantidade de açúcar presente na Coca-Cola (26 g por 240 ml). Já o puro suco de uva integral perfaz 36 g por 240 ml. Isto equivale a quase 3 colheres de sopa cheias, o que faz dele um campeão: suco de uva contém mais açúcar do que qualquer outro suco ou refrigerante.

 

Açúcar livre, leve e solto

É fácil consumir enormes quantidades de açúcar líquido tomando um ‘inocente’ suco de fruta. É verdade que o suco de uva fornece antioxidantes poderosos como resveratrol e antocianina, mas carece de fibras e é carregado de açúcar livre, leve e solto, sendo metade frutose e metade glicose. Este açúcar é absorvido em alta velocidade alterando o metabolismo. Caloria por caloria, sucos são nutricionalmente inferiores se comparados com as frutas, ou seja, muito melhor é comer um cacho de uvas ou uma maçã.

 

Suco X Fruta

O fato é que mesmo os sucos não adoçados contêm muito açúcar (frutose + glicose). Ao comer uma fruta no lugar do suco vai se ingerir mais antioxidantes e fibras, com menos açúcar. O açúcar das frutas está dentro de estruturas fibrosas que são quebradas lentamente durante a digestão, evitando assim uma elevação brusca da glicemia. Embora a redução do consumo de açúcares adicionados (sacarose e xarope de milho de alta frutose) seja uma recomendação geral, as bebidas ricas em açúcares líquidos proporcionam maiores riscos à saúde do que alimentos sólidos que contêm açúcar.

 

Água pura

E o que aconteceu com a boa e simples água pura? Muitas pessoas esqueceram que ela existe, muitos parecem não mais suportar o seu sabor. Como opção, pode ser água com gás, com um pouco de limão ou uma pingada de algum suco de fruta. Ao se acostumar com o sabor ultradoce, perdeu-se o paladar e a capacidade de apreciar o mate puro, o café ao natural, o leite sem toneladas de açúcar – a solução é a reeducação alimentar. Para as crianças prefira sempre os alimentos naturais, feitos na hora: esqueça os ultraprocessados, que a indústria encharca de açúcar.

 

 

Texto elaborado por: Dra. Tamara Mazaracki. 

 

Título de Especialista em Nutrologia –  Associação Brasileira de Nutrologia;

 

Membro Titular da ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia;

 

Pós-graduação em Medicina Ortomolecular, Nutrição Celular e Longevidade – FACIS-IBEHE – Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo e Centro de Ensino Superior de Homeopatia;

 

Pós-graduação em Medicina Estética – Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino – IBRAPE.

 

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Referências Bibliográficas:

*Public Health Nutrition 2021. Taxing sugar-sweetened beverages as a policy to reduce overweight and obesity in countries of different income classifications: a systematic review.

*J Pediatric Gastroenterology and Nutrition 2017.  Sugar in Infants, Children and Adolescents: A Position Paper of the European Society for Paediatric Gastroenterology, Hepatology and Nutrition Committee on Nutrition.

*J Nutrition 2021. Associations of Intake of Free & Naturally Occurring Sugars from Solid Foods & Drinks with Cardiometabolic Risk Factors.

*Int J Environmental Research & Public Health 2020. Sugary Liquids in the Baby Bottle: Risk for Child Undernutrition and Severe Tooth Decay in Rural El Salvador.

*Obesity 2019. Are Liquid Sugars Different from Solid Sugar in Their Ability to Cause Metabolic Syndrome?

*Nutrients 2017. Sugar- and Intense-Sweetened Drinks in Australia: A Systematic Review on Cardiometabolic Risk.

*BMC Medicine 2022. Ultra-processed food and incident type 2 diabetes: studying the underlying consumption patterns to unravel the health effects of this heterogeneous food category in the prospective Lifelines cohort.

 

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

O que Comer Para Evitar Melanomas?

 


O melanoma é considerado o tipo mais grave de câncer de pele e costuma surgir quando as células que são responsáveis por dar a pigmentação cutânea acabam se tornando cancerígenas.

O tratamento costuma ser feito à base de imunoterapia e por meio de acompanhamento médico. Porém, ao longo deste processo, uma alimentação saudável pode ser importante para evitar que os melanomas voltem a aparecer.

Um estudo feito pelo National Cancer Institute, dos EUA, em parceria com a Universidade do Texas, apontou que uma dieta rica em fibras pode ajudar algumas pessoas que estão passando pelo tratamento de melanoma a terem uma melhor resposta da imunoterapia, influenciando a chamada microbiota intestinal. 

 

Comer para evitar melanomas: o que há por trás?

 

Ao analisarem pacientes com melanoma avançado, os cientistas observaram que aqueles que consumiram, pelo menos, 20 gramas por dia de fibra alimentar, sobreviveram mais tempo sem progressão da doença.

Segundo os pesquisadores, consumir uma dieta rica em fontes de fibras, como frutas, vegetais e legumes, que também tem funções prebióticas, pode melhorar sua capacidade de responder à imunoterapia.

Além dessa inclusão, foi avaliado ainda que o uso de suplementos probióticos demonstrou afetar a composição das bactérias intestinais. Porém, os médicos explicam que faltam mais estudos para entender o papel deles no tratamento imunoterápico, e que apenas as fibras se mostraram aliadas.

 

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Referências Bibliográficas:

Giorgio T. et al. A high-fiber diet may improve the response of melanoma patients to immunotherapy. National Cancer Institute, NIH, 2021.
 
O que comer para evitar melanomas. Nutritotal. Disponível em: www.nutritotal.com.br Acessado em: 21/02/2022.
 
 

 

sábado, 19 de fevereiro de 2022

Pão Verde Natural

 


O pão é um alimento que surgiu na Mesopotâmia, há 12 mil anos, em consequência do cultivo do trigo. Em 7000 a.C. foi assado o primeiro pão em forno de barro, no Egito.

A chegada à Europa ocorreu muitos séculos depois, em 250 a.C. Hoje, é um dos alimentos mais versáteis e apreciados no mundo.

Que tal experimentar uma versão de pão saudável e nutritiva, sem açúcar ou aditivos químicos? É o caso do Pão Verde, feito com a farinha Teff - originária da Etiópia -, um cereal sem glúten, que tem sua moagem a partir dos grãos inteiros, com sementes e casca. Como não é refinada, é mais saudável do que a farinha comum.

A farinha de coco clara, também usada na receita, é feita a partir da desidratação da polpa do coco, com baixo teor de carboidratos e gorduras. Favorece o funcionamento do intestino e ajuda no controle dos níveis de colesterol ruim e de açúcar no sangue.

Vamos colocar a mão na massa e preparar nosso pão verde?

Ingredientes:

10 folhas de manjericão (ou espinafre)
3 azeitonas cortadas em rodelas
4 ovos
1/3 de xícara de leite de coco light
1/3 de xícara de água
250g de ricota fresca
½ xícara de farinha Teff (ou de fécula de batata)
½ xícara de farinha de coco clara
Sal e temperos a gosto
2 colheres (café) de fermento químico

Modo de preparo:

Adicione o leite de coco, a água, as gemas e a ricota no liquidificador. Misture adicionando o manjericão e os temperos. Reserve.

Em seguida, bata as claras em neve até ficarem firmes. Reserve.

Em outro recipiente, misture as duas farinhas e o fermento. Coloque o creme verde e as azeitonas em cima e misture até ficar uniforme. Adicione as claras em neve delicadamente, até incorporar tudo.

Coloque em uma forma de pão untada com azeite. Leve ao forno preaquecido a 230 graus, por 40 minutos.

Conserve em geladeira e aqueça antes de consumir, para que o pão verde volte a ficar fofinho.

O pão verde é saboroso, saudável e pode ser servido com pastas de ricota ou soja, ou em saladas.

Mesmo quem está controlando as calorias pode consumir pão, desde que o faça com moderação e escolhas inteligentes. Bom apetite!

#receitinhasaudavel #paoverde #paonatural #paocaseiro #nutricaointeligente

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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Benefícios de Alimentos Funcionais em Portadores de TDHA

 


O transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é um transtorno do desenvolvimento, de forte influência neurobiológica, mais comum na infância, afetando 3 a 7% das crianças, e sendo caracterizado por distração, déficit de atenção, ansiedade, comportamentos impulsivos e excesso de atividade motora, possui um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade e impulsividade, que se manifestam em, no mínimo, dois ambientes como a casa e a escola. Várias crianças acometidas deste transtorno desenvolvem problemas emocionais, sociais e familiares como consequência das suas dificuldades primárias. Estas são ainda associadas ao insucesso escolar, dificuldades de inserção social, bem como a baixa autoestima e ainda problemas intrafamiliares.

De acordo com o Diagnostic and Statistical Maual of Mental Disorders (DSM-V), os sintomas são subdivididos em duas categorias ou critérios: (1) desatenção e (2) impulsividade e hiperatividade; eles incluem sintomas relacionados ao comportamento como: incapacidade de prestar muita atenção a detalhes, dificuldade em organizar tarefas e atividades, fala excessiva, inquietação, ou incapacidade de permanecer sentado em situações apropriadas e dificuldade em concluir pensamentos. Ainda pelo DSM-V, as crianças devem exibir pelo menos seis sintomas de cada grupo de critérios (ou de ambos), enquanto os adolescentes mais velhos e adultos (com idade acima de 17 anos) devem apresentar ao menos cinco sintomas para permitir o diagnóstico de TDAH. O manual ainda classifica o TDAH em três formas de apresentação, que foram descritos como subtipos no DSM-IV, e são elas: desatenta, hiperativa/impulsiva e combinados (envolvendo domínios desatento e hiperativo e hiperativo/impulsivo).

Existem diversas pesquisas que abordam o TDAH como um todo, analisando possíveis deficiências de alguns nutrientes como ferro, em razão da sua função como cofator da tirosina hidroxilase, enzima limitante envolvida na síntese da dopamina. Portanto, deficiências nutricionais (Ferro, magnésio, zinco, ácidos graxos essenciais) podem interferir no crescimento e desenvolvimento inicial e função do cérebro, muitas vezes por restringir a mielinização, arborização dendrítica e a conectividade sináptica que ocorrem no início da vida. Os níveis dos neurotransmissores (por exemplo: serotonina, dopamina, norepinefrina, acetilcolina) podem ser alterados, resultando em alterações neuroanatômicas, neuroquímicas ou neurometabólicas. As consequências funcionais dessas alterações variam, dependendo da deficiência nutricional específica e o momento da deficiência relativa para os processos de desenvolvimento neurológicos.

Devido a isso, cresce a cada dia os estudos na área da nutrição, relacionando-se às deficiências nutricionais com doenças neurológicas, como o TDAH. As carências e desequilíbrios nutricionais são comuns no TDAH, porém, ainda há controvérsias sobre suas causas, como a hipótese, onde a própria doença aumenta as necessidades nutricionais ou de que este papel é exercido pela medicação empregada no tratamento desses indivíduos. Particular atenção tem sido dada no papel das hipersensibilidades alimentares e metabolismo de ácidos graxos na sintomatologia de TDAH.

Além disso, foi observado também que os fármacos aplicados na terapia desencadeiam vários resultados indesejados, por conta disso, a dietoterapia se apresenta como meio alternativo. A nutrição tem um papel de grande importância nesse processo de tratamento da patologia, logo, deve existir um equilíbrio nutricional com o propósito de utilizar alimentos benéficos e evitar aqueles que são prejudiciais como industrializados, mostrando a necessidade do acompanhamento profissional na área de nutrição, quanto a qualidade e benefícios dos alimentos devem ser priorizados do DTAH, em especial os alimentos funcionais. Este artigo tem como principal objetivo realizar uma revisão de literatura para reunir informações referentes aos benefícios dos alimentos funcionais em portadores com TDAH.

No Brasil, a prática alimentar de adolescentes tem sido caracterizada pelo elevado consumo de refeições prontas, de fácil preparo e de alimentos ultraprocessados (ricos em gorduras, açúcares e sódio), paralelamente à ingestão insuficiente de alimentos in natura, tradicionais na dieta, a exemplo de feijão e hortaliças. Tal padrão de alimentação é influenciado, entre outros, pela adoção crescente de comportamentos alimentares não saudáveis, tais como o hábito de se alimentar em frente à TV ou de não realizar refeições em família. A alimentação inadequada é um grande fator de risco para o agravamento dos sintomas de TDAH, pois o organismo não receberá os nutrientes que precisa para a estimulação de neurotransmissores como a dopamina e noradrenalina.

Recentemente, associações entre padrões alimentares e TDAH foram examinadas em vários estudos transversais. Um estudo, que incluiu uma coorte populacional de adolescentes, relatou que um padrão alimentar de estilo ocidental, caracterizado por alta ingestão de gordura, açúcares refinados e sódio e baixa ingestão de fibras, folato e ácidos graxos ômega-3, foi associado a maiores chances de um diagnóstico de TDAH, enquanto um padrão alimentar saudável, com alta ingestão de fibras, folato e ácidos graxos ômega-3, não houve correlação com o diagnóstico de TDAH.

O consumo excessivo de carboidratos e de açúcar refinado pode afetar negativamente a capacidade de aprendizado e comportamento agressivo e agitado em crianças em geral e de forma mais intensa em crianças com TDAH. Os pais de crianças com TDAH frequentemente relatam um agravamento da hiperatividade após uma ingestão excessiva de doces e refrigerantes, mas a maioria dos estudos controlados não demonstraram um efeito adverso significativo de sacarose e aspartame. Um estudo realizado com pré-escolares hiperativos, com idade entre 2 e 6 anos, submetidos ao consumo de aspartame e refeições ricas em carboidratos, revelou que a carga aumentada de açúcar e aspartame não aumentaram o nível de atividade ou agressão, mas o déficit de atenção foi correlacionado com a ingestão de açúcar.




Na nutrição, existem alimentos funcionais que possuem benefícios decorrentes de vários efeitos metabólicos e fisiológicos que contribuem para um melhor desempenho do organismo do indivíduo que os ingere. Isso ocorre quando uma substância especifica entra em contato com componentes celulares e/ou teciduais gerando um efeito biológico por vias bioquímicas, fisiológicas ou farmacológicas. No caso de pacientes portadores de TDAH, alimentos funcionais (berinjela, mirtilo, kiwi, cereja, tomate, pêra, maçã) que possuem ácidos clorogênicos e melanoidinas possuiriam efeito antidepressivo e de inibição do desejo de consumir álcool e drogas ilícitas, que são alguns fatores preocupantes para o portador na sua fase adulta.

Portanto, alimentos como o abacate, banana, espinafre e amêndoas devem ser incluídos também na dieta de um paciente portador de TDAH, pois são ricos em magnésio, mineral fundamental para a formação de serotonina, neurotransmissor representado quimicamente como 5-hidroxitriptamina (5-HTP), sintetizado no organismo pela conversão do triptofano por meio da enzima hidroxilase que é dependente, principalmente, deste mineral. Sendo assim, alimentos como aveia, peixes, arroz integral e cacau estimulam a produção de serotonina, neurotransmissor conhecido como hormônio do “bem-estar”, sendo suas concentrações baixas implicadas em alterações de humor, ansiedade, irritabilidade, nervosismo e hiperatividade. Além disso o magnésio, o ferro e o cobre servem como cofatores na síntese dos neurotransmissores do cérebro, como dopamina, norepinefrina e serotonina, além de proteger as membranas celulares neuronais por suas capacidades antioxidantes. Ainda assim, a deficiência desses minerais nos primeiros anos de vida pode afetar negativamente o desenvolvimento neural e comportamental de crianças.

De maneira análoga, alimentos como beterraba, feijão, fígado bovino são uma boa escolha quando o portador de TDAH possui deficiência de ferro, um cofator para a tirosina hidroxilase, a enzima limitante da taxa de síntese de monoamina e, portanto, é crítica para a produção de dopamina e norepinefrina. Em uma metanálise recente de estudos do caso-controle, os pacientes com TDAH demonstraram ter níveis mais baixos de ferritina do soro comparados com controles saudáveis. Um pequeno ensaio, piloto, randomizado, controlado por placebo em 23 crianças com TDAH e níveis anormalmente baixos de ferritina sérica demonstrou uma melhoria significativa nos sintomas de TDAH em crianças randomizadas para sulfato ferroso (80 mg/d) em comparação com placebo. Contudo, ensaios adicionais são necessários para estabelecer se a suplementação de ferro tem eficácia clínica não somente aos pacientes com TDAH com evidência da deficiência de ferro.

Uma disfunção nos transportadores dopaminérgicos podem estar envolvidos com a deficiência de zinco. Este neurotransmissor, importante para o funcionamento cerebral, tem sua ação reduzida em pacientes com TDAH que apresentam níveis reduzidos de zinco. Sendo assim, alimentos com vasta quantidade de zinco como oleaginosas e proteína animal são bem-vindos na dietoterapia de um portador de TDAH, já que é um importante componente para o organismo, sendo essencial para o crescimento, função imunológica e desenvolvimento neurológico. É também um cofator essencial para o metabolismo de neurotransmissores, na conversão de vitamina B6 para a sua forma ativa, sendo necessário para a conversão também do triptofano em serotonina, participa do metabolismo de prostaglandinas e melatonina, e ainda afeta indiretamente o metabolismo da dopamina.
Voltando a atenção para os ácidos graxos essenciais (AGE), o ômega-3 é possivelmente o suplemento mais estudado para crianças com TDAH e o que reúne maior nível de evidência favorável à suplementação, porém a dieta ocidental é sabidamente pobre em fontes alimentares de ômega-3, de atividade anti-inflamatória, em relação às fontes de ômega-6, de ação pró-inflamatória. Os ácidos graxos ômega-3 considerados importantes para o ser humano são o ácido alfa-linolênico, o ácido eicosapentaenoico (EPA) e o ácido docosahexaenoico (DHA). O ácido alfa-linolênico está presente em fontes vegetais como o óleo de linhaça, óleo de canola, nozes e vegetais de folhas verdes. As fontes alimentares de EPA e DHA incluem algas e peixes de águas frias, como o salmão, a cavala e a sardinha. O EPA e o DHA podem ser convertidos a partir do ácido alfa-linolênico, através do alongamento e dessaturação da molécula, e por isso são chamados de ácidos graxos polinsaturados de cadeia longa (Long Chain Polyunsaturated Fatty Acids – LCPUFAs); sabe-se, no entanto, que esta taxa de conversão é muito baixa, da ordem de 5% para o EPA e 0,5% para o DHA.




Foi reportado baixos níveis de DHA antes da pesquisa, em crianças portadores de TDAH e dificuldade de aprendizagem, após a administração do DHA as crianças portadoras de TDAH apresentaram melhora significativa na aprendizagem, em especial quanto a compreensão na leitura, como também referem a necessidade de mais estudos associando a administração de DHA e EPA.

Outros aminoácidos são estudados na diminuição dos sintomas de hiperatividade e déficit de atenção como GABA (Ácido gama – aminobutírico) e glicina que possuem efeito tranquilizante reduzindo hiperatividade e ansiedade; L- teanina que acalma e melhora atenção por aumentar ondas alfa no cérebro; L- tirosina que é precursor de dopamina e norepinefrina; taurina por seus efeitos tranquilizantes e redutores de ansiedade; 5- hidroxitriptofano (5-HTP) que aumenta a síntese de serotonina; e S-adenosil-L-metionina (SAMe) que possui ação anti depressiva por ser essencial para a síntese de neurotransmissores.

As vitaminas piridoxina (B6), cobalamina (B12) e ácido fólico (B9) são indispensáveis para a conversão do triptofano em serotonina. Outros nutrientes também possuem notada função neuronal, como a tiamina (B1), que atua na manutenção e transmissão de impulsos nervosos; riboflavina (B2) que é necessária à conversão de piridoxina em suas formas ativas piridoxal 5-fosfato (PLP) e piridoxamina 5-fosfato (PMP); niacina (B3) que em baixos níveis no organismo modifica a transformação do triptofano em serotonina, sendo este utilizado por outra via metabólica para formação de niacina; e ácido ascórbico (vitamina C) que participa do metabolismo da serotonina ativando e protegendo o ácido fólico por sua ação antioxidante.

A TDAH é um transtorno neurobiológico, que torna o indivíduo mais ativo, impulsivo, com déficit de atenção, e a nutrição deve ser uma aliada para suporte aos portadores, pois os portadores de TDHA que utilizam uma alimentação inadequada e rica em carboidratos simples (açúcar, por exemplo) compreendendo alimentos que geram energia, esses portadores que já são hiperativos, podem agravar a situação comportamental deles, além de prejudicar a saúde, já que a maioria dos produtos utilizados muitas vezes são industrializados.

Em suma, de acordo com todos os estudos realizados, é possível identificar o quanto a alimentação é imprescindível para portadores de TDAH, pois está relacionada com todo o funcionamento do organismo, principalmente que muitos deles, podem ter com as deficiências nutricionais, também afetam o comportamento humano, e podem interferir no desenvolvimento do indivíduo.

Portanto, devido aos fatores problemáticos apresentados por portadores de TDAH, é necessário tomar medidas para auxiliar esses pacientes, em sua alimentação e consequentemente no tratamento da patologia, com a implementação de uma alimentação saudável, se indicado for, a suplementação, visando sempre à implementação de alimentos funcionais ricos em ácidos graxos essenciais, vitaminas (B6, B1, B2, B3, B12, B9) e minerais (ferro, zinco, magnésio, cobre), como já citados antes, com o objetivo de auxiliar no tratamento e melhorar a qualidade de vida dos portadores. Ressalta-se, porém, que haja um acompanhamento com profissional habilitado, no caso nutricionista, para prover adequadamente uma alimentação que favoreça a redução da sintomatologia nos portadores de TDAH.
 
 
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:
 
Landim, LASP; Souza, SLV et al. Benefícios dos alimentos funcionais em portadores de TDHA. Nutrição em Pauta. Disponível em: www.nutricaoempauta.com.br Acessado em: 17/02/2022.