sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Saiba Quais Hormônios Interferem na Perda de Peso e como Controlá-los


Quando pensamos em emagrecer, dieta e atividade física são as duas coisas que logo vêm a cabeça. Mas o processo de perda de peso depende de muitos fatores, entre eles o bom funcionamento do nosso metabolismo, que é regulado por hormônios. 

Sim, as substâncias produzidas por nosso corpo são essenciais para que o organismo trabalhe bem e os quilos na balança diminuam. A seguir, mostramos como algumas delas interferem na perda de peso e o que fazer para mantê-las equilibradas naturalmente. Mas atenção: se você desconfiar de algum problema hormonal, procure um médico. E, em hipótese alguma, faça suplementação por conta própria. 

Cortisol

O que é

Produzido pelas glândulas adrenais (ou suprarrenais), tem como função ajudar o organismo a controlar o estresse --físico, emocional ou ambiental --, estimular os batimentos cardíacos e manter o nível de açúcar no sangue constante. Basicamente, ele é liberado sempre que o cérebro identifica uma situação de perigo. 

Como afeta a perda de peso 

O nível elevado de cortisol pode aumentar seu desejo por doces ou carboidratos refinados, já que seu corpo entende que precisa de energia rápida para encarar a situação de perigo que está enfrentando (mas muitas vezes não está). Ele ainda estimula o fígado a produzir glicose (açúcar) para aumentar o nível dessa substância no sangue, que por não ser usada depois é acumulada como gordura - especialmente na barriga. 

Como controlar naturalmente 

Para diminuir o nível do hormônio do estresse, a principal recomendação é relaxar. É possível conseguir isso com um hobby, momentos de lazer na rotina e atividade física. No entanto, o treino deve ter até uma hora de duração, pois exercícios longos geram grande estresse no organismo e estimulam a produção de cortisol. Também é importante cuidar do sono e da alimentação. 

GH

O que é 

Hormônio do crescimento, produzido pela hipófise, glândula localizada na parte inferior do cérebro, em picos no período noturno. Ele promove tanto o crescimento longitudinal ou linear (altura) quanto o das células --inclusive a dos músculos. Também estimula a transformação de gordura em energia. 

Como afeta a perda de peso 

Ele é importante para o aumento do tecido muscular. E quanto mais músculos você tem, maior o seu gasto calórico em repouso. 

Como controlar naturalmente 

É preciso fazer exercício físico, dando preferência aos treinos rápidos e intensos, e dormir bem, já que o GH é secretado de madrugada, por volta das 2h. 

Grelina

O que é 

Hormônio do apetite, liberado momentos antes das refeições, para avisar ao cérebro que está na hora de comer. Também desempenha papel no controle energético (equilíbrio entre consumo e gasto calórico). 

Como afeta a perda de peso 

No funcionamento normal, a grelina começa a subir quando o estômago está vazio e se estabiliza cerca de uma hora depois que a pessoa se alimenta. Quando ela está desregulada, seu apetite aumenta e você tende a comer muito mais do que precisa. 

Como controlar naturalmente 

Não dá para atuar diretamente nesse hormônio, mas o que sempre ajuda é comer quando se tem fome e parar quando estiver saciado; cuidar do sono; praticar atividade física e ter uma alimentação equilibrada, evitando os regimes restritivos. 

Insulina

O que é 

Hormônio fabricado pelo pâncreas, cujas principais funções são controlar a glicose (açúcar) na corrente sanguínea e transportá-la para dentro das células, para que seja usada como combustível ou, quando há sobra, armazenada como gordura. 

Como afeta a perda de peso 

Existem várias razões para o aumento da insulina no organismo, sendo que as principais são estresse e má alimentação (consumo exagerado de carboidratos simples). O seu "mau funcionamento" pode estimular o estoque de gordura, em especial na barriga, e provocar o ganho de peso. 

Como controlar naturalmente 

Praticar atividade física com frequência, consumir carboidratos complexos (grãos integrais, batata-doce) e evitar doces, pães e carboidratos refinados. Também é indicado em toda refeição ter uma fonte de proteína (carnes, ovo, leite) e gorduras boas (azeite, castanhas). 

Leptina

O que é 

Hormônio da saciedade, secretado pelo tecido adiposo branco (células de gordura). É o principal sinalizador do estoque de gordura corporal. Ele avisa o centro de saciedade do cérebro, o hipotálamo, quando há bastante gordura armazenada, evitando, assim, que se coma além da conta. A leptina ainda ajuda a potencializar o metabolismo da glicose e das gorduras. 

Como afeta a perda de peso 

Os níveis de leptina são mais baixos em pessoas magras e mais alto nas obesas. Porém, muitos que estão acima do peso têm um mecanismo de resistência ao efeito supressor do apetite deste hormônio. O que também desregula a sua produção é ficar longos períodos em jejum e comer menos do que o necessário. 

Como controlar naturalmente 

Assim como acontece com a grelina, não dá par atuar diretamente neste hormônio. Porém, manter hábitos saudáveis --o que significa praticar atividade física regularmente e ter uma alimentação equilibrada, evitando dietas restritivas -- é benéfico para manter o nível adequado dessa substância. 

Melatonina

O que é 

Conhecida como o hormônio do sono, tem como funções regular o momento de dormir e participar da reparação das células. A melatonina é liberada no período noturno --está relacionada com a ausência de luz -- e importantíssima para o bom funcionamento do metabolismo. 

Como afeta a perda de peso 

Não dormir bem interfere em diversas funções do organismo, entre elas a produção de hormônios importante para o emagrecimento como GH, testosterona e grelina. A falta de horas adequadas de descanso também aumenta o estresse no organismo, o que estimula a produção de cortisol - que você já viu que atrapalha a perda de peso. 

Como controlar naturalmente 

Dormir sempre no mesmo horário e manter o quarto tranquilo e totalmente escuro são maneiras de estimular a produção de melatonina. Procure desligar os aparelhos eletrônicos cerca de uma a duas horas antes de ir para a cama. 

T3 e T4

O que são 

Hormônios produzido pela tireoide, glândula localizada no pescoço. O T3 (tri-iodotironina) e o T4 (tetra-iodotironina) são uma espécie de combustível para o corpo e responsáveis por regular todo o organismo, desde os batimentos cardíacos e a temperatura corporal até o raciocínio e a fertilidade. 

Como afetam a perda de peso 

Quando estão baixos, o metabolismo fica mais lento, o que diminui o gasto calórico em repouso e pode levar ao ganho de peso. O descontrole do T3 e do T4 é causado por predisposição genética e doenças (Hashimoto e Graves). 

Como controlar naturalmente 

Com o consumo de nutrientes que favorecem a sua produção, como magnésio (cereais de trigo), aminoácidos (presentes na carne, no leite e no ovo) e selênio (oleoginosas, salmão e ostra). Fora isso, é importante não fumar e evitar a ingestão sem orientação de remédios para emagrecer que tenham compostos com ação na tireoide. 

Testosterona

O que é 

Hormônio masculino, produzido nos testículos e, em menor quantidade, nas glândulas suprarrenais. Atua na formação da massa muscular e na queima de gordura, oferece energia, melhora a memória e é responsável por promover as características físicas dos homens. 

Como afeta a perda de peso 

É essencial para a construção e manutenção dos músculos, que elevam seu gasto calórico em repouso. Além disso, a testosterona ajuda a manter a disposição em alta para treinar.
Como controlar naturalmente 

Treinos mais curtos e intensos, principalmente os que levantam peso, e exercícios que recrutam grande volume de massa muscular (agachamento, levantamento terra, supino) estimulam a síntese de testosterona. Uma dieta rica em proteína magra, carboidratos complexos e gordura saudável também é importante. O estresse prejudica a produção de testosterona, por isso procure controlar a tensão. 

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referência Bibliográfica:

Melo, ME; Zilli, R; Di Rienzo, RT. Saiba quais hormônios interferem na perda de peso e como controlá-los. Hospital Sírio-Libanês. Disponível em: www.hospitalsiriolibanes.org.br Acessado em: 29/08/2019.


quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Alimentos Indicados Para Períodos de Estresse – Parte 2


O re-equlíbrio corporal após o estresse é realizado através da ativação do eixo hipotalâmico-pituitário-adrenal (HPA), que libera a secreção de catecolaminas e cortisol. 

O cortisol é considerado o hormônio do estresse, antagonista da serotonina, conhecido como o hormônio do bem estar e prazer, o chamado o hormônio da felicidade.

Na presença de alergias alimentares, a ingestão do alimento alergênico em si promove uma situação de estresse orgânico, estimulando o hipotálamo a liberar endorfina, que promove alivio físico e mental. Esta sensação de prazer faz com que o indivíduo consuma novamente o alimento alergênico, promovendo um processo inflamatório, e maior liberação de cortisol, adrenalina e noradrenalina mediante resposta inflamatória. As reações alimentares inadequadas levam a uma redução no aporte da glicose para o interior das células, reduzindo a formação de ATP (molécula de energia), favorecendo o surgimento de sintomas de fadiga e baixa concentração, aumentando o desejo por alimentos ricos em carboidratos, o que promove o aumento do peso corporal.

As catecolaminas liberadas ligam-se aos seus receptores distribuídos por diversos tecidos do organismo, e promovem eventos cardiovasculares, metabólicos, nervosos e imunológicos. Além disso, a liberação crônica de cortisol dificulta a liberação dos triglicerídeos pelos adipócitos, dificultando, por isso a perda de peso.

Efeitos do aumento do cortisol a longo prazo:
  • Aumento de gordura visceral;
  • Resistência à insulina;
  • Aterosclerose;
  • Osteoporose;
  • Mudança de Humor;
  • Distúrbios do sono, fadiga e doenças autoimunes.
Em relação à Nutrição Funcional e o estresse, saiba que há diversos estudos que indicam que a nutrição adequada é essencial para uma resposta efetiva a esse mal. Pacientes em uso de fluoxetina apresentam níveis baixos de folato sérico, respondendo de forma menos efetivo ao tratamento.

Além disso, estudos verificam que a ansiedade e o estresse psicológico estão relacionados à redução parcial de magnésio, associado ao aumento da excreção urinária deste mineral, indicando a necessidade de reposição do mesmo pela alimentação ou por suplementação.
A deficiência de Ômega 3 contribui para o aumento da liberação de catecolaminas e cortisol. O consumo de linhaça, rica em lignanas e ácido linoleico, reduz pressão arterial durante estados de estresse mental, e promove redução no cortisol plasmático em mulheres pós-menopausa.

Alimentos indicados para períodos de estresse:

Chá verde e matchá: Contém teanina, aminoácido com propriedades psicoativas, que reduz estresse físico e mental pelo controle do cortisol. Porém, seu consumo deve ser controlado de acordo com a indicação de sua nutricionista, a cafeína presente no chá verde pode interferir na qualidade do sono.

Peixes, Vegetais Folhosos verde escuro, soja e arroz integral: Ricos no fosfolipídio fosfatidilserina, fundamental para o funcionamento adequado das células neuronais. Estudos têm demonstrado que a fosfatidilserina é capaz de reduzir os níveis de cortisol elevados induzidos pelo estresse físico e mental.

Abacate e oleaginosas: Rico em beta-sitosterol que modula os efeitos do cortisol. O beta-sitosterol é um fitoesterol encontrado em frutas, sementes e oleaginosas e também na forma isolada, que pode ser manipulado em farmácias magistrais, de acordo com a prescrição de sua nutricionista. 



Frutas Cítricas: Ricas em Vitamina C, que tem importante ação antioxidante com efeitos na modulação do cortisol. Em um estudo com ultramaratonistas, um grupo recebeu 500mg/dia de vitamina C, outro grupo recebeu 1500mg/dia e outro recebeu placebo sete dias antes da maratona, na corrida e dois dias após a corrida. Os pesquisadores descobriram que os atletas que tomaram 1500mg/dia de vitamina C tinham níveis de cortisol pós corrida significativamente mais baixos, seguido por aqueles que tomaram 500mg/dia.

Plantas Adaptógenas: 

● Rhodiola rósea, esta erva na medicina asiática tem sido usada a séculos para aumentar a resistência física e a longevidade, bem como para gerir a fadiga, depressão e impotência. Efeito positivos da Rhodiola são exercidos através das ações das rosavinas e salidrosídeos, compostos químicos encontrados na raiz da planta.

● Ginseng: Usado na Ásia desde a antiguidade, o Panax ginseng ou ginseng coreano contém compostos (ginsenosídeos) que melhoram a sensibilidade do eixo HPA para o cortisol.


● Ginkgo Biloba: Usado há mais de 5000 anos para tratar várias condições médicas. Atualmente muito utilizado para ajudar no declínio da memória e demência. Evidências sugerem que pode ser útil no tratamento do impacto do estresse e nos níveis de cortisol.

Texto elaborado por: Ana Paula Martins

Especialista em Nutrição Clínica e Esportiva Funcional e em Fitoterapia. Com mais de 14 anos de experiência em nutrição e atendimento clínico. Membro da Sociedade Brasileira de Nutrição Funcional.

 As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.