domingo, 30 de agosto de 2020

COVID-19: A Importância do Estado Nutricional na Imunocompetência

 


Todos os dias nós temos contato com milhões de microrganismos. Há cerca de 200 espécies de vírus respiratórios: vírus da gripe (influenza), rinovírus, coronavírus, adenovírus, vírus parainfluenza, vírus sincicial respiratório e outros. Muitos desses vírus podem causar doenças graves e até mesmo a morte em certas pessoas. Em outras, as infecções são leves ou assintomáticas. Se o vírus é o mesmo, então por que o resultado é desigual? Terrenos biológicos diferentes.

 

Terreno biológico

 

‘Terreno’ é o perfil biológico de um indivíduo e refere-se ao corpo e ao sistema imunológico, representando a nossa resistência ou suscetibilidade a doenças. Duas pessoas podem ser expostas ao mesmo vírus e à mesma carga viral: uma adoece e a outra não. É por isso que o COVID-19 atinge certos grupos de seres humanos com mais força, com risco muito maior de complicações graves e morte.

 

Grupos de risco

 

Neles estão incluídos idosos, obesos, pessoas com comorbidades como diabetes, doenças cardiovasculares, pressão alta, câncer, doenças imunológicas, respiratórias, renais e autoimunes, os que tomam certos medicamentos, os malnutridos consumindo alimentos deficientes em vitaminas e minerais, e grupos minoritários com polimorfismos genéticos.

 

Condições adversas

 

Este fato não é exclusivo do novo coronavírus, o mesmo ocorre com qualquer outro germe. Ao longo da história, as doenças infecciosas apresentam níveis de mortalidade mais elevados em áreas com saneamento precário e água contaminada, em idosos, obesos, doentes e desnutridos. Essas condições enfraquecem o terreno biológico. Há mudanças fisiológicas e bioquímicas na função saudável de órgãos e células para um estado de estresse oxidativo, inflamação e redução da resistência imunológica, proporcionando assim o terreno propício para a replicação viral.

 

Capacidade imunológica ignorada

 

Muito se fala de distanciamento social, uso de máscaras, higiene das mãos, medicamentos e vacinas, e nenhuma importância é dada à nossa capacidade imunológica de reagir a um ataque viral. Há uma verdadeira batalha contra hidroxicloroquina e ivermectina, remédios antigos com alto grau de segurança, em favor de novidades como o Remdesivir, que tem fracassado nos ensaios clínicos, apresentando resultados pífios. Medicamentos baratos e alternativas naturais, como fitoterápicos e vitaminas, não rendem à indústria farmacêutica o grande lucro que as novidades prometem.

 

Ciência nutricional e imunocompetência

 

A ciência nutricional está completamente ausente da conversa sobre possíveis soluções para combater o SARS-CoV-2, o que é lamentável. No entanto, há muitas pesquisas mostrando a diferença que diversos ativos fazem na imunocompetência, dando armas ao organismo para lutar contra os invasores. Alguns exemplos: vitamina D, zinco, quercetina, própolis, vitamina C, vitamina A, probióticos, melatonina, lactoferrina, curcumina, ashwagandha, glutationa, N-acetilcisteína, canabidiol. Uma alimentação balanceada, rica em nutrientes e fibras vegetais, fortalece o sistema imunológico e reduz a inflamação do corpo.

 

Opções de tratamento

 

Dentre os medicamentos sendo testados para tratar a COVID-19 estão antimaláricos, antiparasitários, antivirais, antibióticos, corticoides, anticoagulantes, plasma de convalescentes, e também vitaminas, minerais, extratos fitoterápicos ricos em polifenóis. Ainda não temos a resposta definitiva. Vacinas estão sendo desenvolvidas, mas pode levar muito tempo até se obter um produto eficaz e seguro. Cuidar da imunidade inata e adaptativa parece um caminho sensato. Boa alimentação e hidratação são essenciais.

Texto elaborado por: Dra. Tamara Mazaracki. 

 

Título de Especialista em Nutrologia –  Associação Brasileira de Nutrologia;

 

Membro Titular da ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia;

 

Pós-graduação em Medicina Ortomolecular, Nutrição Celular e Longevidade – FACIS-IBEHE – Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo e Centro de Ensino Superior de Homeopatia;

 

Pós-graduação em Medicina Estética – Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino – IBRAPE.

 

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e exclusivamente, para seu conhecimento.

 

 

Referências Bibliográficas:

 

*Clinical Microbiology & Infection 2020. Characteristics and predictors of death among 4,035 hospitalized patients with COVID-19 in Spain.

 

*Nutrients 2020. Optimal Nutritional Status for a Well-Functioning Immune System Is an Important Factor to Protect against Viral Infections.

 

*Internatonal Journal of Molecular Science 2020. Functional Role of Dietary Intervention to Improve the Outcome of COVID-19.

 

*Nutrients 2020. COVID-19: The Inflammation Link & the Role of Nutrition in Potential Mitigation.

 

 

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Jejum Intermitente no Tratamento da Obesidade

 


O tratamento da obesidade é uma prioridade de saúde pública em todo o mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, em 2014, 39% dos adultos vivendo nos países desenvolvidos estavam acima do peso e destes 19% eram obesos. Há evidência de que atualmente as mulheres adultas acrescentam anualmente, involuntariamente, entre 240- 450 gramas ao seu peso corpóreo enquanto que os homens ganham entre 250- 580 gramas por ano.

Este ganho de peso excessivo tem impacto negativo na saúde com aumento no risco de desenvolver doenças cardiovasculares, diabetes e alguns tipos de câncer. Esta epidemia de obesidade afeta de modo adverso não só os indivíduos, mas toda a sociedade pelo enorme gasto que provoca nos orçamentos da saúde pública.

Deste modo, o tratamento do sobrepeso e da obesidade tem grande importância médica e social. Este consiste numa gama de mudanças no estilo de vida que incluem a dieta, atividade física e eventualmente psicoterapia para a mudança de comportamentos não saudáveis.

Restrição calórica intermitente

A dieta clássica do tratamento da obesidade consiste numa redução contínua de 25% do gasto calórico estimado até que o peso desejado seja atingido. Porém, nos últimos dois anos, dietas que preconizam uma restrição calórica intermitente (RCI) tem ganhado popularidade.

Há várias modalidades de RCI: o chamado jejum intermitente que apesar do nome, significa alternar dias com ingestão menor que 800 Kcal/dia com dias de alimentação habitual, numa frequência que pode variar de 2 a 4 dias por semana. Apesar da recente popularidade há poucas evidências de que sua prática tenha vantagens em relação ao tratamento habitual com dietas de restrição continua (RCC).

Eficiência do jejum intermitente

Por este motivo, pesquisadores da Universidade de Glasgow fizeram uma revisão sistemática comparando as duas modalidades de dieta. Comparando seis estudos bem conduzidos com RCI e com RCC, por um período variável de 3 -12 meses com um total de 287 pacientes, os pesquisadores concluíram que ambas as dietas eram igualmente eficientes com uma perda média de 7 Kg. A diferença média de perda de peso entre as duas dietas foi de 1.03 Kg (não significativa) favorecendo o jejum intermitente.

A conclusão do estudo foi que pelo menos para o tratamento em curto prazo do excesso de peso, o jejum intermitente é uma estratégia tão eficiente quanto o tratamento conduzido com as dietas clássicas. Pode ser que o jejum intermitente não apresente vantagem real em relação ao tratamento clássico, a não ser talvez, a maior facilidade de aderência para muitos pacientes, mas a sua eficácia é um desafio ao paradigma de que a melhor dieta hipocalórica é aquela em que o paciente tem que se alimentar de 3/3 horas.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

 

Referência Bibliográfica:

Jejum intermitente no tratamento da obesidade. Hospital Sírio-Libanês. Disponível em: www.hospitalsiriolibanes.org.br Acessado em: 26/08/2020.

 

terça-feira, 25 de agosto de 2020

Hipotireoidismo

 

Glândula Tireoide

A Glândula Tireoide é responsável pela produção dos hormônios T3 (tri-iodotironina) e T4 (tiroxina), que regulam o metabolismo, processos químicos e físicos no organismo. O distúrbio desta glândula pode causar duas doenças, dentre elas o hipotireoidismo.

Hipotireoidismo

Essa doença é caracterizada pela baixa ou falta da produção dos hormônios tireoidianos, gerando assim alguns sintomas e complicações.

Como a doença se desenvolve?

O hipotireoidismo pode se desenvolver tanto em recém nascidos, como em adultos. A doença pode afetar o primeiro grupo quando não ocorre a formação da glândula tireoide, devido a defeitos embrionários, defeitos hereditários das enzimas que sintetizam os hormônios ou até quando a mãe, durante a gravidez, faz uso de medicamentos que interferem na glândula do filho. Já o segundo grupo, desenvolve essa doença devido ao uso de medicamentos que interferem na produção e/ou liberação dos hormônios, pela aparição de uma doença auto imune (tireoidite de Hashimoto), pela retirada da glândula, por esta apresentar algum problema ou até mesmo pela falta e/ou excesso de iodo na alimentação, o que é raro de acontecer.

Quais são os sintomas do hipotireoidismo?

Com a diminuição da produção dos hormônios tireoidianos, todos os processos realizados pelo corpo ficam lentos, assim gerando uma série de sintomas como: cansaço, sonolências, depressão, falta de iniciativa, pele seca e fria, prisão de ventre, baixa atividade cerebral, diminuição do apetite, intolerância ao frio e alterações menstruais, assim como mudanças na ereção e libido dos homens.


Recém nascidos podem apresentar sintomas diferentes dos citados à cima, como dificuldade no desenvolvimento, choro rouco, apatia, diminuição dos reflexos e constipação.

Todos esses sintomas podem ser muito semelhantes a outras doenças, mais com exames clínicos e laboratoriais essa doença pode ser muito bem diagnosticada pelos médicos.

Tratamento

Já que o hipotireoidismo é a falta do hormônio tireoidiano, o tratamento baseia-se na reposição hormonal, onde o fármaco deve ser administrado, pro resto da vida, já que dificilmente a glândula volta a funcionar, os efeitos gerados serão muito bons, mas costumam aparecer só depois de 2 semanas de uso. O remédio, por se tratar de um hormônio deve ser tomado assim que o paciente acorda, em jejum, pois a ingestão deste com alimentos fazem com que sua absorção seja prejudicada.

As doses de hormônios contidas nas drogas devem ser cuidadosamente calculadas, já que a falta pode gerar um agravo nos sintomas do hipotireoidismo e o excesso pode gerar o hipertireoidismo.

Dicas Nutricionais

● Consuma sal iodado, mas sem exageros.

● As algas típicas da alimentação oriental também são boas fontes de iodo.

● Coloque no cardápio peixes e frutos do mar ricos em iodo e proteínas “magras”.

● Aumente o consumo de alimentos integrais, são ricos em magnésio e auxiliam na perda de peso, pois aumentam a saciedade após a ingestão.

● Evite alimentos ricos em carboidrato refinado (alimentos feitos com farinha branca ou açúcar), pois os pacientes tem mais chance de apresentar resistência a insulina.

● Sementes de linhaça e abóbora possuem cálcio e tirosina, importante para o metabolismo de T3 e T4.

● Consuma castanha do Brasil, pois o selênio é um mineral importante que participa do processo de conversão de T4 em T3. 

● Como um dos sintomas do hipotireoidismo é a constipação aumente o consumo de fibras insolúveis (milho, soja, ameixa, grão de bico), pois estas aceleram os movimentos peristálticos, facilitando a evacuação.

● As fibras solúveis (aveia) diminuem a absorção de colesterol, melhorando os níveis de LDL / HDL.

● Pacientes com hipotireoidismo devem fracionar as refeições, fazendo no mínimo 6 refeições /dia, pois apresentam um metabolismo mais lento.

● Alimentos que contém cianetos (brócolis, couve de bruxelas, mandioca, rabanete) não devem ser consumidos em excesso, pois esta substância diminui a absorção de iodo. Para consumi-los estes devem ser cozidos. E por lado, não se deve deixar de consumi-los, pois esses alimentos também atuam na diminuição do risco de outras doenças. As brássicas (brócolis e couve de Bruxelas, por exemplo, atuam na prevenção de alguns tipos de câncer, inclusive no da tireoide).

● Evite o excesso de cloro, pois ele é relacionado com o bloqueio de iodo na tireóide. Utilize água filtrada ou mineral e evite o uso de adoçante sucralose.

● Evite alimentos que contenham soja por pelo menos 4 horas após a ingestão do hormônio sintético para não prejudicar sua absorção. Além do grão de soja e derivados como leite de soja e tofu, muitos alimentos industrializados contém proteína de soja na composição como peito de peru, salsicha ou são feitos com farinha de soja. Fique sempre atento às embalagens.

 

Texto elaborado por: Patrícia Bertolucci

 

Nutricionista pela Universidade Federal de Goiás – UFG.

 

Assessoria a Clubes e Empresas ligadas ao esporte ou com interesse em qualidade de vida.

 

Responsável pela empresa Patrícia Bertolucci Consultoria em Nutrição.

 

 As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.