sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Dia Mundial da Psoríase



A psoríase é uma doença que se manifesta por meio de lesões róseas ou avermelhadas recobertas por escamas esbranquiçadas que podem aparecer em várias localizações, como cotovelos, joelhos ou couro cabeludo; unhas; palma das mãos e plantas dos pés; por toda a pele e articulações. Ela pode causar coceira, dores ou até mesmo artrite.

A doença imuneinflamatória crônica da pele afeta aproximadamente 3% da população mundial. Atinge pessoas de todas as idades e de ambos os sexos e é frequente principalmente na faixa etária entre 20 e 40 anos. Até hoje não se sabem os motivos causadores da doença, mas pesquisas científicas demonstram que, em 30% dos casos, o fator genético está envolvido. No entanto, estresse emocional, traumas ou irritações na pele, infecções na garganta, baixa umidade do ar ou alguns medicamentos podem aumentar ou iniciar a doença.

Uma dieta vegetariana pode favorecer os pacientes com psoríase, devido à ingestão diminuída de ácido araquidônico (um ácido graxo poli-insaturado da família ômega-6), com consequente redução na formação de seus mediadores inflamatórios. Esse ácido graxo pode ser substituído por outro, o ácido eicosapentanoico (EPA – ácido graxo poli-insaturado da família ômega-3), que utiliza as mesmas vias de metabolização.

Segundo estudos científicos, a suplementação oral ou parenteral com o ácido graxo ômega-3, em pacientes hospitalizados, foi benéfica em relação à diminuição das lesões cutâneas causadas pela psoríase. A quantidade a ser suplementada ainda não foi estabelecida, mas algumas pesquisas mostraram resultados positivos com o uso de 4 a 6g de ômega-3/dia em apenas quatro semanas. Este ácido graxo também reduziu os efeitos colaterais da doença, como a hiperlipidemia e a nefrotoxicidade das drogas comumente utilizadas no tratamento da psoríase.
 
A ingestão de alimentos ricos em betacaroteno (como cenoura, manga, abóbora), alfa-tocoferol (como nozes, sementes e óleos vegetais) e selênio (como a castanha do Pará) deve ser incentivada, visto que tais nutrientes encontram-se diminuídos nestes pacientes.

A suplementação oral de vitamina D e de ácido fólico também pode ser opção terapêutica aos pacientes com psoríase, embora ainda não se tenham quantidades estabelecidas. A vitamina D possui propriedades imunorregulatórias e antiproliferativas; e o ácido fólico reduz os efeitos tóxicos dos medicamentos utilizados no tratamento e, ainda, diminui os níveis de homocisteína (um aminoácido sintetizado pelo organismo que, se não for corretamente metabolizado, contribui para o desenvolvimento de aterosclerose), que muitas vezes encontra-se elevado nestes pacientes.

Reduzir o estresse, a ansiedade e a tristeza também podem auxiliar no controle das lesões. O fator emocional influencia consideravelmente no quadro clínico da psoríase, seja positiva ou negativamente. Além disso, outras fontes de estresse ao organismo, como as infecções, podem causar aumento e/ou piora das lesões.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

Akkerhuis, GW; Nolen, WA. Lithium Associated Psoriasis and Omega-3 Fatty Acids. Am J Psychiatry 2003; v.160, n.7, p: 1355.

Araújo, MLD; Burgos, MGPA; Moura, ISC. Influências nutricionais na psoríase. An Bras Dermatol 2009; v.84, n.1, p: 90-92.

Lewinski, IW. Existe tratamento nutricional para psoríase? Disponível em: www.nutritotal.com.br Acessado em: 25/10/2016.

Psoríase: a doença da pele é cercada de preconceitos. Ministério da Saúde. Disponível em: www.blog.saude.gov.br Acessado em: 28/08/2016.

Simopoulos, AP. Omega-3 Fatty Acids in Inflammation and Autoimune Diseases. J Am Coll Nutr 2002; v.21, n.6, p: 495-505

Soyland, E. et al. Lithium Associated Psoriasis and Omega-3 Fatty Acids. N Engl J Med 1993; v.328, n.25, p: 1812-1816.

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Ômega 6



O ômega-6 vem sendo muito estudado, devido ao interesse da população em geral em adquirir uma alimentação mais saudável, que exerça benefícios à saúde e à estética. 

A dieta consumida atualmente pela população ocidental, é rica em ácido linoleico (ômega-6), presente nos óleos de milho, girassol, soja, entre outros alimentos. O alto consumo do ômega-6 implica no aumento da relação ômega 6:ômega-3, principalmente quando a ingestão de alimentos como peixes (ricos em ômega-3), por exemplo, é baixa.

Cientistas concordam que o ácido linoleico é precursor da síntese de eicosanoides da série par, com características pró-inflamatórias, de onde vem a importância de manter adequada a relação dos ácidos graxos essenciais (ômega-6/pró-inflamatório : ômega-3/anti-inflamatório).

O Canadá recomenda uma proporção de 4:1 e os EUA recomendam a proporção de 10:1 em relação à proporção de ácidos graxos ômega-6 e ômega-3, respectivamente.

Baseado na ingestão média da população americana, por meio das DRI’s (Dietary Reference Intakes) foi preconizada a ingestão adequada dos ácidos graxos essenciais. Esses valores de consumo recomendados são de 17g/dia para homens e 12g/dia para mulheres do ômega-6 e 1,6g/dia para homens e 1,1g/dia para mulheres do ômega-3.

A substituição dos ácidos graxos saturados por ácidos graxos poli-insaturados reduz o Colesterol Total e o LDL-C plasmáticos, porém os ácidos graxos poli-insaturados possuem o inconveniente de induzir maior oxidação lipídica e diminuir o HDL-C quando utilizados em grande quantidade.

Recentemente, foi descoberto o ácido linoleico conjugado (CLA) que, por sua vez, é encontrado naturalmente nos alimentos gerados á partir de ruminantes, como carnes, leites e derivados, devido ao processo de biohidrogenação bacteriana que ocorre com o rúmen. 

Esse ácido graxo demonstra efeitos anticarcinogênico, redução na deposição de gordura corporal, redução no desenvolvimento de aterosclerose, estimulação da função imune e redução da glicose sanguínea. 



O ácido linoleico conjugado é encontrado em vários produtos alimentícios, em maiores proporções nos lácteos, carne bovina, e em quantidades menores na suína e aves.

As únicas maneiras de garantir uma ingestão benéfica de ácido linoleico conjugado é por volta de 3000 a 6000 mg/dia, o que parece ser o nível em que os benefícios para a saúde possam ser esperados.

Diante da observação da importância do ômega-6, é importante ressaltar que: o excesso de ômega 6 pode levar ao desenvolvimento de tumor de próstata e doses acima da recomendação de CLA pode causar aumento dos processos inflamatórios.

Texto elaborado por: Dra. Caroline de Salve – CRN3. 28964

Nutricionista formada pelo Centro Universitário São Camilo 
Especialista em Nutrição Humana pelo Instituto Metabolismo e Nutrição (IMEN)
Especialista em Nutrição e Pediatria pelo HCMUSP
Nutricionista Responsável pelo Colégio Piaget
Nutricionista Responsável por unidade Salutem Nutrição e Bem Estar em São Caetano do Sul e atendimentos na Unidade Salutem de São Caetano do Sul. 

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

FUKE, Gitane et al. EFICÁCIA DO ÁCIDO LINOLÉICO CONJUGADO (CLA) NA SAÚDE HUMANA. Revista do Centro do Ciências Naturais e Exatas, Santa Maria, v. 18, p.36-46, maio 2014.

GARÓFOLO, Adriana; PETRILLI, Antônio Sérgio. Balanço entre ácidos graxos ômega-3 e 6 na resposta inflamatória em pacientes com câncer e caquexia. Revista de Nutrição, Campinas, v. 19, n. 5, p.611-621, 2006.

LIMA, Flávia Emília Leite de et al. ÁCIDOS GRAXOS E DOENÇAS CARDIOVASCULARES: UMA REVISÃO. Revista de Nutrição, Campinas, v. 13, n. 2, p.73-80, maio/ago. 2000.

domingo, 23 de outubro de 2016

Intestino Preso



A constipação intestinal também conhecida popularmente como “prisão de ventre” é um problema frequente na população. A constipação intestinal popularmente é associada à frequência de evacuação, mas pode ser definida nas seguintes situações:

● Esforço para defecar em mais de 25% das evacuações;
● Fezes endurecidas ou em sibilos em mais de 25% das evacuações;
● Sensação de evacuação incompleta em mais de 25% das evacuações;
● Sensação de obstrução/bloqueio fecal em mais de 25% das evacuações;
● Realização de manobras para facilitar a evacuação em mais de 25% das evacuações;
● Menos de 3 evacuações por semana.

A constipação pode ser classificada em funcional, quando não existe uma patologia no intestino que justifique a constipação, ou orgânica, quando existe uma patologia no intestino que justifique a constipação.

A etiologia (origem) da constipação funcional está relacionada à dieta pobre em fibras ou líquidos, falta de atividade física, uso de laxantes, estresse, envelhecimento, gravidez e inibição do reflexo defecatório, não estando associada a nenhum processo patológico instalado.

Já a etiologia da constipação orgânica está relacionada a doenças endócrinas, como o diabetes melito e o hipotireoidismo; doenças neurológicas, como o mal de Parkinson; doenças vasculares do intestino; doenças intestinais, como colite; doença celíaca; úlcera duodenal, câncer; distúrbios psicológicos, como a depressão; ansiedade e uso de medicamentos, como os anti-hipertensivos. Ao longo dos anos, a constipação pode levar a patologias como hemorroida e doença diverticular.

É prevalente entre as mulheres, 3 vezes mais comum do que em homens, sem que haja explicação para isso. A população idosa também é mais suscetível, podendo estar associado a menor ingestão alimentar, menor motilidade e prática de atividades físicas, fraqueza nos músculos da região pélvica e abdominal, bem como o uso de medicações como os antagonistas do cálcio de ação cardiovascular ou uso de antiácidos contendo alumínio. É também mais comum em famílias de baixa renda e baixo nível educacional.

Os índices em crianças e adolescentes também vêm crescendo. Alguns estudos apontam que os distúrbios intestinais são os mais frequentes e persistentes na infância. Na grande maioria das crianças, cerca de 90 a 95% a origem da constipação intestinal é funcional, iniciando-se no desmame. Em geral nesta etapa da infância há a introdução de alimentos com baixo teor de fibras aliado ao pequeno consumo de líquidos.

Quanto aos adolescentes os maus hábitos alimentares aliados ao sedentarismo são as principais razões para os sintomas de constipação, os quais persistem na vida adulta e podem inclusive induzirem ao câncer de cólon.

O tratamento para a constipação intestinal envolve a mudança de hábitos alimentares e a realização de atividade física. O tratamento dietoterápico visa restabelecer o trânsito intestinal e promover a educação nutricional, com uma dieta rica em fibras alimentares e líquidos, principalmente na forma de água.

Papel da Alimentação na Constipação

Um dos primeiros estudos a respeito do papel das fibras na alimentação, realizado em 1972, demonstrou que o maior consumo de fibras ocasiona um aumento do fluxo intestinal, bem como, no volume das fezes. Isto porque, as fibras ao não serem digeridas e nem absorvidas pelo organismo, aumentam a quantidade de resíduos no intestino, e consequentemente o volume do bolo fecal; e como essas fibras têm a capacidade de absorver água, as fezes ficam mais macias e a movimentação intestinal fica facilitada.

Além do efeito direto, fibras também exercem efeitos prebióticos, isto é, mantêm a saúde do intestino através do bom funcionamento da flora intestinal. Através da fermentação ocorrida no cólon (parte superior do intestino), as fibras selecionam e promovem o crescimento das bactérias benéficas que habitam a microbiota intestinal humana, em retorno as bactérias produzem metabólitos que auxiliam o funcionamento intestinal.

Seguem algumas dicas:

Na medida certa: De acordo com o National Cancer Institute, dos Estados Unidos, a quantidade ideal de fibras fica entre 20 a 35g por dia, ou o equivalente a até 2,5g a cada 100 calorias. Além disso, para equilibrar o consumo e garantir os benefícios, deve-se prestar atenção a certas peculiaridades das fibras:

Existem dois tipos: As solúveis absorvem mais água e atuam no controle do colesterol; as insolúveis são eficazes para fazer o intestino funcionar. Frutas, vegetais, cereais e leguminosas concentram mais as fibras solúveis. Já arroz, oleaginosas, pão e biscoitos integrais são boas fontes de insolúveis. 



Precisam de água para agir: Como as fibras não são digeridas e nem absorvidas pelo organismo, elas aumentam a quantidade de resíduos no intestino e precisam de mais água para tornar as fezes macias e facilitar a movimentação intestinal. Portanto, se aumentar o consumo de fibras, é imprescindível beber mais água.

São melhores cruas: O cozimento de verduras e legumes, por exemplo, faz com que os alimentos percam boa quantidade das fibras. Pelo mesmo motivo, o mais recomendado é ingerir os vegetais com a casca.

Não têm efeito cumulativo: O único modo de garantir a presença de fibras na dieta é consumi-las em todas as refeições, todo santo dia.

Alimentos com maior concentração de fibras:

½ xícara (chá) de feijão = 7,5g;
1 xícara (chá) de couve-de-bruxelas = 6,5g;
1 xícara (chá) de berinjela cozida = 6,2g;
1 manga = 6,0g;
½ xícara (chá) de grão-de-bico cozido = 5,5g;
1 cenoura cozida = 5,5g;
1 xícara (chá) de abóbora cozida = 5,5g;
1 laranja = 4,5g;
1 batata doce assada = 4,5g;
1 xícara (chá) de brócolis cozido = 4,5g;
1 xícara (chá) de espinafre = 4,2g;
1 espiga de milho verde = 4,0g;
1 xícara (chá) de morango = 4,0g;
1 xícara (chá) de arroz integral cozido = 3,5g;
1 xícara (chá) de couve-flor cozida = 3,5g;
1 beterraba cozida = 2,5g;
1 xícara (chá) de agrião cozido = 2,5g;
1 fatia de pão de trigo integral = 2,0g;
1 banana = 2,0g;
1 batata média = 1,5g

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

Biazotto, FO. Intestino preso: aprenda a lidar com essa casa de máquinas. Grupo de Estudos em Alimentos Funcionais – GEAF, ESALQ/USP. Disponível em: www.grupoalimentosfuncionais.blogspot.com.br

Martins, BT; Basílio, MC; Silva, MA. Nutrição aplicada e alimentação saudável. 1. ed. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2014.


sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Alergia x Intolerância Alimentar



Alergia alimentar é diferente de intolerância alimentar. Equivocadamente tem se considerado alergias e as intolerâncias alimentares como sinônimos, e grande parte desses efeitos adversos são responsabilizados por promoverem processos alérgicos. As reações alérgicas envolvem mecanismos imunológicos que podem ou não ser mediados pela IgE (Imunoglobulina E), que normalmente se encontra associada a alergias alimentares e reações de hipersensibilidade, tendo como característica a rápida liberação de mediadores como a histamina. A clássica reação alérgica a um nutriente ocorre rapidamente, geralmente dentro de 1 hora após estímulo. Todavia, também pode existir na reação dependente de IgE uma fase tardia já amplamente demonstrada em modelos de “desafio” cutâneo, nasal e bronquial, quase sempre precedidos pela reação imediata.

Já na intolerância alimentar o que ocorre é uma reação adversa a alimentos incluindo reações tóxicas, farmacológicas e metabólicas. Estas podem causar alterações digestivas inespecíficas, distúrbios cutâneos e respiratórios, cujos sintomas seriam devido à participação de anticorpos da classe IgG (Imunoglobulina G). A intolerância alimentar manifesta-se após horas e até mesmos dias depois da ingestão do alimento. Portanto, deve ser considerada no diagnóstico diferencial da alergia alimentar e, embora possa ocorrer similitude de sintomas, o tratamento difere dependendo do mecanismo envolvido na reação.

Os mecanismos imunológicos envolvidos na alergia às proteínas alimentares podem ser categorizados em Tipo I, Tipo II, Tipo III e Tipo IV. Sendo a Tipo I, a reação anafilática ou de hipersensibilidade imediata, sinônimo de alergia. Envolve anticorpos reagínicos tipo IgE que têm a propriedade de se unirem aos mastócitos e basófilos, constituindo o mecanismo essencial no desenvolvimento da anafilaxia. Os órgãos afetados incluem primariamente a pele e mucosas, o sistema respiratório e o trato gastrointestinal. Assim, os sintomas deste distúrbio podem ser expressos como eczema, urticária, angioedema, rinite, asma, dor abdominal, vômito, diarreia e outros.

            A do Tipo II - Hipersensibilidade citotóxica dependente de anticorpo - envolve anticorpos IgG e IgM que reagem contra componentes antigênicos inseridos na superfície celular. Não existem, no momento, evidências que impliquem esse tipo de reação na alergia alimentar. A presença desses anticorpos provavelmente representa uma resposta imunológica normal a uma proteína estranha que não foi excluída ao nível da mucosa. Estes anticorpos são prevalentes em lactentes, em pacientes com doença inflamatória ou na doença celíaca.

O Tipo IV - Hipersensibilidade mediada por células ou Hipersensibilidade Tardia - é mediado por linfócitos T e macrófagos e manifesta-se pela infiltração de linfócitos e macrófagos no lugar onde o antígeno está presente com a liberação de linfoquinas. Existem evidências que atribuem este evento a uma tolerância oral ao antígeno agressor. No homem estão presentes cinco classes moleculares de imunoglobulinas, designadas IgG, IgA, IgM, IgD e IgE. Não mediados por IgE – respostas alérgicas do tipo tardio (IgM, IgA, IgG).

Pacientes com sintomatologia variada como gastrite, enxaqueca, artrites e nefrites constituem a população de interesse para a investigação de eventual patologia alérgica. Os sintomas podem estar “mascarados” simulando o quadro clínico de outras doenças, pois estas reações (dependentes da resposta do sistema imunológico) são de natureza inflamatória. Assim, fica claro que as reações adversas aos alimentos podem provocar um amplo leque de manifestações clínicas mediadas por IgE (alergia clássica) ou por IgG.

As manifestações clínicas da reação alérgica podem variar de moderadas a graves, podendo mesmo, em alguns casos, ser fatais. Os sintomas surgem rapidamente, entre alguns minutos até duas horas após a ingestão do alérgeno, e podem incluir manifestações cutâneas (pele e mucosas), respiratórias, gastrointestinais e cardiovasculares, de forma isolada ou combinada:

Manifestações muco-cutâneas: 

- Erupções cutâneas;
- Eczema Urticária;
- Edema da glote e da língua;
- Sensação de formigueiro na boca.

Manifestações gastrointestinais:

- Vômito;
- Dores abdominais;
- Diarreia.

Manifestações respiratórias:

- Pieira;
- Dificuldades respiratórias.

Manifestações cardiovasculares:

- Diminuição da pressão arterial;
- Perda de consciência
.
Os testes cutâneos avaliam a sensibilização aos alérgenos. É teste simples, rápido e pode ser realizado no próprio consultório de médico capacitado e requer cuidados em sua realização e interpretação.

O diagnóstico laboratorial pode ser feito através da determinação de IgE e IgG total ou específica.

IgE total - alergias imediatas.
IgE específico (rastreamento para grupo de alimentos) - mais de 50 diferentes tipos de alimentos.
IgG e IgG4 específicos - alergias tardias.

Em suma a reação alérgica a um alimento em particular são dependentes de um mecanismo imunológico: mediados por IgE; Ou não mediados por IgE – respostas alérgicas do tipo tardio (IgM, IgA, IgG).

A importância da alergia alimentar no contexto da alimentação atual é crescente na medida em que os hábitos alimentares e a disponibilidade de nutrientes tem se transformado rapidamente em função das inovações tecnológicas acessíveis.  A predisposição genética, a potência antigênica de alguns alimentos e alterações a nível do intestino parecem ter importante papel. Existem mecanismos de defesa principalmente a nível do trato gastrintestinal que impedem a penetração do alérgeno alimentar e consequente sensibilização. Estudos indicam que de 50 a 70% dos pacientes com Alergia Alimentar possuem história familiar de alergia. Se o pai e a mãe apresentam alergia, a probabilidade de terem filhos alérgicos é de 75%.

Um estudo publicado na revista Nutrients, 2015, avaliou a modulação imune pela vitamina D e sua relevância para Alergia Alimentar.  Para além da sua função clássica no metabolismo ósseo e do cálcio, a vitamina D também está envolvida na regulação imune.

Dentro dos sistemas imunes inatos e adaptativos, o receptor da vitamina D e enzimas em monócitos, células dendríticas, células epiteliais, linfócitos T e linfócitos B medeiam as ações imunomoduladoras da vitamina D. A insuficiência / deficiência de vitamina D cedo na vida, tem sido identificada como um dos fatores de risco para alergia alimentar.

Vários estudos têm observado uma associação entre o aumento da latitude e da prevalência de alergia alimentar, plausivelmente vinculada à exposição inferior a radiação ultravioleta (UVR) e síntese de vitamina D na pele. Junto com evidências epidemiológicas de uma ligação entre o status da vitamina D e alergia alimentar e sensibilização alimentar mediada por IgE.

Estudos sugerem que baixos níveis de vitamina D resultam em um aumento da susceptibilidade a infecções gastrointestinais e barreira de defesas comprometidas. Na presença de uma microbiota alterada do trato gastrointestinal e uma tolerância imunológica reduzida, isto pode predispor um indivíduo a respostas alérgicas a antígenos alimentares.

Há um interesse significativo do papel da vitamina D para a saúde do sistema imunológico ideal. Evidências epidemiológicas recentes sugerem que tanto a insuficiência e/ou excesso de vitamina D podem contribuir para a insuficiência de tolerância oral e alergia alimentar subsequente em lactentes. É evidente que a vitamina D tem efeitos alargados sobre o sistema imunológico, mas como ele modula a função imunológica na alergia alimentar não é clara.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

Chan, K. A.; Pereira, F. P.; Junior, J. C. Alergia alimentar na infância: análise de sua distribuição geográfica. Pediatria Moderna Set 13 V 49 N 9 págs.: 369-376.

Krogulska, A et al. Prevalence and Clinical Impact of IgE-Mediated Food Allergy in School Children With Asthma: A Double-Blind Placebo Controlled Food Challenge Study. Allergy Asthma Immunol Res. 2015 Nov;7(6):547-56.

Pujol, AP. Alergia x Intolerância Alimentar. Instituto Ana Paula Pujol. Disponível em: www.institutoanapaulapujol.com.br

Suaini, N. H. A. Immune Modulation by Vitamin D and Its Relevance to Food Allergy. Nutrients. 2015 Aug; 7(8): 6088–6108.

Vassallo, M. F.; Camargo, C. A JR. Potential mechanisms for the hypothesized link between sunshine, vitamin D, and food allergy in children. J Allergy Clin Immunol. 2010 Aug;126(2):217-22.

Zanin, C. M.; Marchini, J. S.; Carvalho, I. F.; Reações adversas a alimentos e imunidade humoral: subclasses de IgG a antígenos alimentares. Nutrire; rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP. , v.24, p.125-134, dez., 2002.