Após a cirurgia bariátrica as
deficiências nutricionais podem ocorrer pela menor ingestão de alimentos,
devido à redução do estômago, e/ou pela diminuição da absorção dos nutrientes –
as quais podem variar conforme o tipo de cirurgia.
A dieta individualizada e bem orientada é
a maneira mais adequada de manter os nutrientes em níveis desejáveis. No
entanto, em pacientes submetidos à cirurgia bariátrica, a restrição do tamanho
do estômago, o desvio intestinal e algumas intolerâncias alimentares justificam
a utilização da suplementação nutricional. Portanto, a utilização de uma
dosagens diárias adequadas de polivitamínicos/minerais é a forma de garantir
esse aporte.
Essa reposição é realizada nos meses
iniciais, na maioria dos casos, por suplementos em forma de pastilhas e/ou em
pó solúveis devido à restrição inicial à comprimidos e cápsulas, existindo
também a possibilidade de diluição do comprimido em liquidos; em geral, após
60-90 dias de cirurgia o uso de comprimidos e cápsulas é permitido. Esse
suplemento deve conter 100% ou ao menos 2/3 das necessidades diárias, com a
finalidade da prevenção das deficiências nutricionais. Através do
acompanhamento de rotina com equipe multidisciplinar será avaliado a
necessidade de uma suplementação específica de algum nutriente isolado, caso
seja necessário.
De uma forma geral, as deficiências
nutricionais mais comuns na cirurgia bariátrica são: proteína, ferro, zinco,
cálcio, vitamina D e vitaminas do complexo B.
Os sinais e sintomas que geralmente podem
ocorrer destas deficiências são: queda de cabelo, unhas quebradiças, anemia,
fraqueza, cansaço, pele ressecada, “formigamento” das extremidades (braço/mãos
e pernas/pés), e algumas vezes déficit de memória.
Para manter um bom estado nutricional
após a cirurgia bariátrica, deve-se dar atenção a alguns nutrientes:
- Proteínas: As proteínas são necessárias para a
formação dos tecidos corporais, enzimas, hormônios e transporte de
substâncias pelo sangue. Sua deficiência está relacionada à grande perda
de massa muscular, anemia, queda de imunidade e queda de cabelo. Em casos
mais avançados, quando há falta de proteína no sangue, existe a presença
de edema (inchaço) generalizado, porém em especial em pernas, e necessidade
de reposição com urgência. Nas refeições, deve-se dar preferência aos
alimentos fontes de proteína que estão presentes principalmente nas:
carnes em geral, ovos, leites e derivados, soja, feijões, grão de bico. A
deficiência de proteína muitas vezes pode ocorrer no pós operatório devido
a dificuldade que alguns pacientes apresentam em consumir carnes em geral.
Em pacientes vegetarianos que não seguem a suplementação a deficiência
também é comum. A necessidade diária de proteína varia em torno de 60 a
120 g ao dia, sendo que a reposição é realizada individualmente conforme
sexo e peso do paciente. Além da orientação nutricional para ingestão
diária de proteína através da alimentação, é muito importante a
suplementação, que deverá ser feita com suplementos proteicos sob a forma
líquida ou em pó, indicados pelo nutricionista.
- Ferro: Mineral necessário para a formação
das hemácias (células vermelhas do sangue). Sua deficiência está associada
à anemia. Alimentos como carnes, vegetais verdes escuros e feijões são
fontes de ferro e devem fazer parte da alimentação diariamente. Na
deficiência deve ser suplementado. Atenção especial à suplementação deve
ser dada a mulheres em idade fértil, devido à perda menstrual.
- Vitamina
B12: no
pós-operatório há uma produção mínima de uma substância chamada fator
intrínseco no estômago, que é necessária para a absorção da vitamina B12,
levando à diminuição da sua absorção. As manifestações clínicas podem
ocorrer logo após os primeiros meses da cirurgia. No pós-operatório
deve-se fazer uso de aplicação intramuscular de vitamina B12 ou reposição
sublingual.
- Tiamina
(Vitamina B1): É
uma vitamina necessária para o metabolismo dos carboidratos. Os alimentos
que a possuem são carnes magras e grãos integrais. Os fatores de risco
para sua deficiência são: a quantidade de perda de peso, a persistência de
vômitos, a não aderência ao acompanhamento nutricional, e a presença de
complicações pós-operatórias. Na deficiência deve ser suplementada.
- Ácido
fólico: Sua
deficiência pode causar anemia megaloblástica. Em pacientes submetidos à
cirurgia de desvio intestinal a deficiência tem sido relatada entre 6 –
65% dos pacientes. Alimentos fontes: carnes em geral, vegetais verde
escuros e leguminosas- feijões. A suplementação de rotina normalmente é
suficiente para cobrir sua necessidade.
- Vitamina
D: é uma vitamina
que freqüentemente está deficiente em pacientes obesos, devido ao
“sequestro” pelo tecido gorduroso. A principal fonte é a produção pelo
próprio corpo a partir da exposição aos raios solares. Esta deve ser
suplementada de rotina e em maiores quantidades em casos de deficiência.
- Cálcio: Outro nutriente que também é
consumido e absorvido em menor quantidade. Encontrado em alimentos como
leites e derivados, folhas verdes escuras, gergelim e amaranto. Também
necessita de suplementação na maioria dos casos, e nas mulheres deve ser
de rotina.
- Zinco: mineral necessário em diversas
funções no organismo e sua deficiência está relacionada a queda de cabelo
e queda da imunidade. Encontrado em carnes, grãos integrais, castanhas e
sementes. Nos casos de deficiência deve ser suplementado.
Sequelas
irreparáveis podem ser ocasionadas pelas deficiências nutricionais e devem ser
evitadas com o uso de polivitamínico/mineral de forma preventiva por
medicamentos orais ou injetáveis continuamente. Deve fazer parte do protocolo
de atendimento de todos os pacientes submetidos à cirurgia bariátrica, por
algumas vezes desde o pré-operatório e dependendo do tipo de cirurgia por toda
a vida do paciente.
§ Enzimas digestivas.
§ Ômega
3.
§ Probióticos
e prebióticos.
SUPLEMENTOS
NUTRICIONAIS
O uso
de suplementos nutricionais é obrigatório e exige controle metabólico periódico
para se analisar a necessidade de cada nutriente específico. O uso do Whey
Protein pode melhorar a composição corporal, além de prevenir a recidiva de
peso. O ideal de proteínas é de até 30 g por refeição no primeiro ano após a
operação. Como a ingestão alimentar está
aquém do esperado, incentiva-se o uso de Whey Protein, um a dois scoops por
dia, com média de 25 g de proteínas; a vitamina B12 na dose intramuscular
mensal 5000 mcg ou via oral 350 mcg por dia, há orientação também para se usar
a levedura proteica; ferro em 18 mg via oral para homens, 50-100 mg via oral
para mulheres em idade reprodutiva. Em alguns casos específicos pode haver a
necessidade de uso de ferro endovenoso (ferritina abaixo de 30 mg/dl); cálcio
em 2000 mg por dia; polivitamínico suficiente para atingir 200% da RDA para
micronutrientes.
CONSUMO
DE ÁGUA
A água
é combustível para várias reações do organismo e faz papel fundamental para o
funcionamento intestinal, cerebral, pulmonar, renal e cardiológico. Com um
consumo de 30 ml/kg de peso ideal por dia se pode evitar a formação de cálculos
biliares e renais. Atividade física A prática de atividade física diária é
encorajada a partir do 30º dia após a cirurgia bariátrica. Educador físico deve
planejar e orientar o exercício adequado para cada paciente. O objetivo maior
deve ser a preservação e recuperação de massa magra e eliminação da massa
gorda. Com isso haverá um emagrecimento e manutenção de peso mais saudável.
Texto
elaborado por: Dra. Roseli Lomele Rossi - CRN 2084
Nutricionista
formada pelas Faculdades Integradas São Camilo (CRN 2084 /1983), com título de
Especialista em Nutrição Clínica concedido pela ASBRAN - Associação Brasileira
de Nutrição.
Pós
Graduada nos cursos de especialização de Planejamento, Organização e
Administração de Serviços de Alimentação; Fitoterapia Aplicada à Nutrição
Funcional e Nutrição Ortomolecular com Extensão em Nutrigenômica.
É
Diretora da Clínica Equilíbrio Nutricional e autora dos Livros: "Saúde
& Sabor com Equilíbrio" - Receitas Infantis, “Saúde & Sabor com
Equilíbrio” – Receitas Diet e Light Volumes I e II, Colaboradora do livro
Nutrição Esportiva – Aspectos relacionados à suplementação nutricional e autora
do Livro “As Melhores Receitas Light da Clínica Personal Diet”.
As informações contidas neste blog,
não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área
de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e
sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.