Alumínio é o terceiro elemento mais encontrado na crosta terrestre, no
entanto, apesar de sua prevalência ele não possui qualquer função em organismos
humanos ou animais, e também não é essencial para plantas. O alumínio é
onipresente no meio ambiente. Como consequência, água e alimentos são a
principal fonte de ingestão do metal. Ele também é um componente de centenas de
itens usados diariamente, incluindo produtos de higiene pessoal e medicamentos. São muitos os caminhos que levam à
bioacumulação de alumínio.
Muitos
usos
Alumínio é usado em diversos setores da indústria, na produção de
espelhos, telescópios, tecnologia aeroespacial, linhas de transmissão elétrica,
fogos de artifício, explosivos, embalagens diversas, latas, papel alumínio,
panelas e utensílios de cozinha. Compostos de alumínio são empregados em
produtos farmacêuticos, como conservante de vacinas, fluido de diálise renal,
antiácidos, aspirina, antidiarreicos; em cosméticos, pasta de dentes,
desodorantes e antitranspirantes; em aditivos alimentares como corantes,
antiaglomerantes e conservantes.
Fontes
principais
As principais fontes de alumínio no corpo humano são a água e os
alimentos. Alumínio está presente de forma ‘natural’ em quase todos os
alimentos não processados, incluindo folhas, legumes, frutas, carnes, leite e
queijos, café, cacau e chá, especiarias, e é adicionado a produtos processados
e ultraprocessados. A presença generalizada de alumínio, tanto no meio ambiente
como nos gêneros alimentícios, torna praticamente impossível evitar a exposição
a este íon metálico.
Nível
seguro
Um comitê de peritos em aditivos alimentares (FAO/OMS) emitiu
recentemente um parecer científico sobre o nível seguro de alumínio ingerido,
entre 60-120 mg por semana em uma pessoa com 60 kg. Levando em conta a exposição geral ao alumínio,
proveniente de alimentos, água, cosméticos, produtos farmacêuticos, panelas e
embalagens de alumínio não revestido que entram em contato com os alimentos, pode
haver um excesso significativo na população adulta, e em especial, em crianças
e adolescentes, cuja ingestão alimentar é relativamente mais elevada do que em
adultos.
Alimentos
A presença de alumínio nos alimentos é
comum, não há como evitar. Sua concentração é extremamente variável, dependendo
do conteúdo original e da interação dos alimentos com o material usado no
armazenamento e no preparo. Para minimizar a exposição prefira panelas de inox,
recipientes de vidro, e evite embalar com papel alumínio. Por exemplo, o teor
do metal de uma bebida contida em lata de alumínio é 5 a 7 vezes maior em
comparação com o mesmo tipo de bebida em garrafa de vidro.
Vegetais
A maioria dos alimentos vegetais tem
baixo teor de alumínio (< 25 μg/g de peso seco). Nos extremos, estão os tomates, com níveis ínfimos
(0,2 a 1,1 μg/g), e manjerona e tomilho, com concentrações elevadas (500 a 1000
μg/g). A contaminação dos alimentos durante o processamento, cozimento e
armazenamento pode resultar em maior ingestão de alumínio pelos consumidores.
Isto é mais preocupante quando alimentos ácidos como o tomate, e em diferentes
graus outros vegetais, são cozidos em panelas de alumínio, nas quais a acidez
estimula a liberação de quantidades relevantes do metal.
Medicamentos
Medicamentos representam uma fonte
relevante de ingestão de alumínio, com destaque para os antiácidos contendo
alumínio, alguns antidiarreicos e aspirinas tamponadas. O hidróxido de
alumínio, presente em numerosos antiácidos, é geralmente considerado a causa
mais comum de toxicidade medicamentosa por alumínio. Um tratamento com
antiácidos pode conter alumínio em uma dosagem centenas de vezes superior à
quantidade ingerida nos alimentos. Medicamentos tingidos de azul, vermelho ou
amarelo podem conter corantes à base de laca alumínio.
Fórmulas infantis e cremes dentais
Fórmulas infantis à base de soja são
uma fonte de alumínio potencialmente elevada - o teor de alumínio nas fórmulas
para lactentes varia de 100 a 900 μg/l,
em contraste com o teor de alumínio no leite humano, que varia de 4 a 65 μg/l. Outra fonte de ingestão diária de alumínio
é representada por cremes dentais, que contribuem de forma mais intensa que a
água potável na sobrecarga de alumínio em seres humanos. A alumina calcinada, um produto da cadeia do
alumínio, é utilizada em dentifrícios - por sua alta capacidade de
polimento, promove a limpeza dos dentes gerando o efeito branqueador do
produto. O problema é que você engole uma parte disso.
Água
Alumínio está presente na água
municipal, pois vários sais de alumínio são amplamente utilizados no seu
tratamento. Este processo consiste na adição de um sal de alumínio para obter a
floculação, sedimentação e filtração da água.
O alumínio gelatinoso envolve as partículas sólidas presentes, como
poeira e bactérias, purifica e clarifica a água, só que esta água se torna uma
solução saturada de hidróxido de alumínio.
Bioacumulação - sinais e sintomas
Após a absorção de alumínio, por
ingestão, inalação ou contato, ele se liga irreversivelmente aos componentes do
núcleo celular, e aos poucos vai bioacumulando no corpo. Os principais sintomas
de toxicidade do alumínio são: diminuição da função intelectual, esquecimento,
incapacidade de concentração, inquietação, comprometimento da fala e da
linguagem, alterações de personalidade e humor, depressão, demências
(Alzheimer, Parkinson), alucinações visuais e auditivas, osteomalácia e
fraturas ósseas, danos no sistema nervoso central, distúrbios motores,
tremores, crises epilépticas, fraqueza, fadiga, anemia microcítica, leucocitose,
disfunção renal e hepática,
colite, dano pulmonar e fibrose.
Como detectar
Alumínio pode ser dosado em urina de 24
h, fezes e sangue. O nível
sanguíneo aceitável de alumínio é inferior a 10 µg/L. Pacientes em diálise
renal crônica podem apresentar níveis de até 50 µg/L. Níveis acima de 100 µg/L
são potencialmente tóxicos, e acima de 200 µg/L geralmente estão associados a
sinais e sintomas de toxicidade aguda.
Clorofila e antioxidantes
Vegetais folhosos são fontes de
clorofila e poderosos alimentos de ‘limpeza’ de metais pesados, toxinas
ambientais e pesticidas. A clorofila ajuda o fígado a desintoxicar e aumenta os
níveis de oxigênio no sangue. Chlorella, também rica em clorofila, é uma alga
conhecida por seu efeito desintoxicante e quelante de metais. A desintoxicação
de alumínio exige um grande número de antioxidantes, e adicionar uma boa porção
de folhas e sucos verdes à dieta ajuda no processo. Bons exemplos são brócolis,
couve, espinafre, aipo, rúcula, coentro.
Polifenois e fibras
Ácido clorogênico, um importante
composto polifenólico presente em muitas plantas, principalmente no café e chá,
tem propriedades antioxidantes e neuroprotetoras contra a toxicidade induzida
pelo alumínio. Fibras insolúveis, presentes em farelos de grãos e frutas, atuam
como uma alternativa ou adjuvante à terapia de quelação. Outros ativos
quelantes de alumínio são EDTA, DMSA, monometilsilanetriol (SilanoX®), curcumina, NAC (precursor
de glutationa). De modo geral, eles funcionam interagindo com o alumínio,
formando compostos insolúveis, tornando impossível a sua absorção pelo
organismo e favorecendo a excreção.
Texto elaborado por: Dra. Tamara
Mazaracki.
Título de Especialista em Nutrologia –
Associação Brasileira de Nutrologia;
Membro Titular da ABRAN – Associação Brasileira de
Nutrologia;
Pós-graduação em Medicina Ortomolecular, Nutrição
Celular e Longevidade – FACIS-IBEHE – Faculdade de Ciências da Saúde de São
Paulo e Centro de Ensino Superior de Homeopatia;
Pós-graduação em Medicina Estética – Instituto
Brasileiro de Pesquisa e Ensino – IBRAPE.
As informações contidas neste blog,
não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área
de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e
sim, utilizada única e exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências Bibliográficas:
*Environmental Science
& Pollution Research 2021. Aluminum environmental pollution: the silent killer.
*Archives in
Toxicology 2019. Aggregated aluminium
exposure: risk assessment for the general population.
*Environmental
Sciences Europe 2017. Migration of aluminum from contact materials to
food—a health risk for consumers?
*Heliyon 2020. Heavy metal pollution in the environment and their
toxicological effects on humans.
*Int Journal of Molecular Science 2023. Aluminium in the Human Brain:
Routes of Penetration, Toxicity & Resulting Complications.
*Clinical Toxicology 2022. Dose-response relationships in aluminium
toxicity in humans.
*Emergency Medicine Intl 2022. Aluminum Poisoning with Emphasis on
Its Mechanism & Treatment of Intoxication.