Dormir é
uma necessidade fisiológica, porém o estilo de vida atual promove uma falta
crônica de sono causando uma variedade de problemas de saúde. Pessoas privadas
de sono podem sofrer distúrbios mentais, incluindo ataques de pânico, ansiedade
e depressão. A insônia causa a deterioração das funções cerebrais, bem como um
aumento do risco de desenvolver diabetes, doenças
cardiovasculares e outras desordens metabólicas.
Mecânica do sono
O sono é um
processo biológico regulado por uma interação dinâmica de neurotransmissores e
neuromoduladores no cérebro, como cortisol, adrenalina, serotonina, melatonina.
Uma das principais fontes dessas moléculas poderosas reside no intestino - a
fabulosa microbiota intestinal. Pesquisas sugerem que uma interação entre o
ecossistema microbiano (no intestino) e as vias de regulação do sono (no
cérebro) está no centro da associação entre distúrbios do sono e síndrome
metabólica, conhecido como eixo microbiota-intestino-cérebro.
Doenças metabólicas
Obesidade central, pressão arterial, glicose, colesterol
e triglicerídeos altos são prevalentes na população a partir da meia-idade. A
síndrome metabólica é definida pela presença de três destes cinco componentes,
e ela aumenta drasticamente o risco de desenvolvimento de doenças
cardiovasculares (principal causa de mortalidade no mundo), diabetes, demências
e câncer. Assim, é importante identificar os fatores de risco causais para
prevenção e tratamento. Nas últimas duas décadas, estudos observacionais descobriram
que o sono de curta duração está associado à síndrome metabólica.
Pesquisa
Um estudo analisou dados de 335.727
participantes com idade média de 57 anos do UK Biobank (centro britânico de
dados de saúde), visando determinar a associação causal de síndrome metabólica
e seus componentes com o tempo de sono geneticamente previsto, entre curtas (≤
6 h) e longas (≥ 9 h) durações de sono. Os cientistas demonstraram que dormir 1
h a mais do que o geneticamente previsto, chegando a 7 ou 8 h, foi associado a
um risco 13% menor de síndrome metabólica, um risco 30% menor de obesidade
central e um risco 26% menor de hiperglicemia. A duração do sono geneticamente
longa não foi associada à síndrome metabólica e a nenhum de seus componentes.
Nem muito
nem pouco
Quem dorme pouco vai ter mais chances de desenvolver
problemas de saúde do que quem tem um bom tempo de sono. Por outro lado, dormir
mais de 9 horas todas as noites pode ser um sinal de alerta. Dormir demais pode
afetar negativamente o sistema imunológico, saúde mental, saúde do coração e
levar a doenças crônicas.
De
quantas horas de sono precisamos?
Considerando a enorme importância do sono para
prevenir síndromes metabólicas, obesidade, diabetes, doenças cardíacas, câncer,
doenças mentais como depressão e dificuldade cognitiva, quantas horas de sono
são necessárias para se obter os benefícios e proteção à saúde? De acordo com
revisões científicas de mais de 300 estudos publicados entre 2004 e 2014, um
painel de especialistas chegou às recomendações a seguir, lembrando que pessoas
doentes, feridas, convalescentes e mulheres grávidas
podem precisar de mais tempo de sono.
Recém-nascidos (0 a 3 meses) - 14 a 17 horas
Bebês (4 a 11 meses) - 12 a 15 horas
Crianças (1 a 2 anos) - 11 a 14 horas
Pré-escolares (3 a 5) - 10 a 13 horas
Crianças em idade escolar (6 a 13 anos) - 9 a 11
horas
Adolescentes (14 a 17 anos) - 8 a 10 horas
Adultos (18 a 64 anos) - 7 a 9 horas
Idosos (65 anos ou mais) - 7 a 8 horas
Quantidade
e qualidade
Embora a quantidade de horas de sono seja
importante, outros aspectos do sono também contribuem para a saúde e bem-estar.
Uma boa qualidade de sono é essencial. O sono tem má qualidade quando você não
se sente descansado mesmo depois de dormir o suficiente, acorda repetidamente
durante a noite e experimenta sintomas de distúrbios do sono (como ronco,
respiração ofegante, síndrome das pernas inquietas).
Bons
hábitos
Há diversos fatores que podem ser alterados para
melhorar a quantidade e qualidade do sono: evitar estimulantes (café, álcool,
nicotina) e luz azul (telas), ter um ambiente escuro, silencioso e com
temperatura agradável, não comer demais à noite, tomar chás e suplementos com
ação relaxante. E se nada disso funcionar, considere avaliar a sua saúde
intestinal: o problema pode estar aí.
Texto elaborado por: Dra. Tamara
Mazaracki.
Título de Especialista em Nutrologia –
Associação Brasileira de Nutrologia;
Membro Titular da ABRAN – Associação Brasileira de
Nutrologia;
Pós-graduação em Medicina Ortomolecular, Nutrição
Celular e Longevidade – FACIS-IBEHE – Faculdade de Ciências da Saúde de São
Paulo e Centro de Ensino Superior de Homeopatia;
Pós-graduação em Medicina Estética – Instituto
Brasileiro de Pesquisa e Ensino – IBRAPE.
As informações contidas neste blog,
não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área
de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e
sim, utilizada única e exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências Bibliográficas:
*J
Translational Medicine 2023. Association between sleep duration & metabolic
syndrome.
*Sleep 2023. Mental & physical health pathways
linking insomnia symptoms to cognitive performance 14 years later.
*CDC
– Centers for Disease Control & Prevention 2022. How Much Sleep Do I
Need?
*Sleep
Health 2015.
The National Sleep Foundation’s sleep time duration recommendations:
methodology & results summary.