Acetilcolina
tem papel crítico na memória, aprendizado e atenção. Sinais típicos de baixos
níveis de acetilcolina são lapsos de memória e falta de concentração. A
acetilcolina circula por todo o corpo realizando uma ampla gama de funções, e
pode afetar diversas áreas da fisiologia humana. No cérebro ela funciona como
neurotransmissor e neuromodulador, e aumenta a plasticidade cerebral e
flexibilidade cognitiva. Além disso, a acetilcolina está envolvida em funções
diversas como vigília, sono REM, controle motor, atenção, raiva, agressão,
sexualidade e sede.
O peso da idade
Os
seus níveis tendem a diminuir à medida que se envelhece, e os primeiros sinais
de baixa acetilcolina são declínios na memória visual, memória verbal,
velocidade de processamento de pensamentos e orientação espacial. Quando a
memória visual começa a decrescer, é mais difícil fixar o que se acabou de ler,
formar imagens na mente, recordar rostos ou lembrar onde estão as chaves ou
outros objetos. Quando a memória verbal é reduzida, é comum esquecer palavras,
nomes ou perder a linha de pensamento no meio de uma conversa.
Sintomas de deficiência
Não há como dosar os níveis de
acetilcolina no sangue, mas alguns sintomas podem ser sugestivos de deficiência
deste importante neurotransmissor: sensação de névoa no cérebro, falhas de
memória, dificuldade de concentração, fadiga, tontura ao se levantar, rubor
facial súbito, instabilidade emocional, inflamação crônica, taquicardia, olhos
secos, pupilas dilatadas, constipação, disbiose (desequilíbrio da flora
intestinal).
Causas de deficiência
Existem
algumas razões médicas para uma pessoa apresentar baixos níveis de
acetilcolina. É possível ter anticorpos contra receptores de acetilcolina, como
no caso da miastenia grave, e isto também pode ocorrer na esquizofrenia e na
síndrome da fadiga crônica. Resistência à insulina e diabetes podem interferir
na síntese de acetilcolina. No entanto, as duas causas mais comuns de
deficiência de acetilcolina são uma dieta inadequada e o uso de certos
medicamentos, como os anticolinérgicos.
Dieta rica em colina
A
acetilcolina é sintetizada principalmente a partir de colina, um nutriente
relacionado ao complexo B. Os seres humanos podem produzir colina no fígado,
porém a quantidade que o corpo sintetiza naturalmente não é suficiente para
atender às necessidades fisiológicas. A produção de acetilcolina é limitada
pela quantidade de colina disponível na dieta, e a estimativa é que muitas
pessoas não ingerem o suficiente deste nutriente. As melhores fontes de colina
são gemas de ovo e vísceras, carnes e pescados ricos em gordura, laticínios.
Dentre as fontes vegetais estão os crucíferos (brócolis, repolho, couve-flor),
feijões, cereais integrais, nozes e sementes.
Quantificando a colina
A ingestão diária recomendada de colina é de
425 mg para mulheres, e de 550 mg para homens, gestantes e lactantes. Alguns
exemplos da quantidade de colina nos alimentos: 2 ovos - 296 mg, 100 g
de fígado - 356 mg, 100 g de peixe - 70 mg, 1 xícara de leite - 43 mg, 1 xícara
de brócolis - 62 mg, 1 batata grande - 57 mg, 1 xícara de quinoa - 43 mg, ½
xícara de amendoim - 48 mg.
Outros alimentos
Por
rotas indiretas, atuando através de receptores específicos, outros alimentos
estimulam a ação de neurotransmissores. Polifenóis vegetais, como curcumina,
antocianinas, resveratrol e catequinas, exercem impacto positivo na função
neurológica pela modulação de acetilcolina. Cafeína, presente no café, chá e
chocolate, é objeto de inúmeros estudos, que evidenciam a sua ação positiva no
sistema colinérgico.
Ações da colina
Colina tem impacto na saúde cardiovascular,
hepática e cognitiva, e no desenvolvimento do tubo neural. A colina interage
com folato (ácido fólico): quanto menos folato na dieta, mais colina é
necessária, porque ambos têm a mesma função em várias vias metabólicas. Tanto
folato como colina pertencem à grande família do complexo B. Deficiência de
colina pode causar danos musculares, danos no fígado, esteatose hepática,
desordens neurológicas e defeitos na formação do tubo neural.
Grupos de risco
Apesar de seu notável papel na saúde, a
maioria da população não atinge um aporte adequado, e pesquisadores estimam que
até 90% da população pode estar ingerindo colina insuficiente. Grupos com maior risco para deficiência de
colina incluem grávidas, lactantes, mulheres na menopausa, atletas de
resistência, veganos, idosos e pessoas que bebem muito álcool.
Texto elaborado por: Dra. Tamara
Mazaracki.
Título de Especialista em Nutrologia –
Associação Brasileira de Nutrologia;
Membro Titular da ABRAN – Associação Brasileira de
Nutrologia;
Pós-graduação em Medicina Ortomolecular, Nutrição
Celular e Longevidade – FACIS-IBEHE – Faculdade de Ciências da Saúde de São
Paulo e Centro de Ensino Superior de Homeopatia;
Pós-graduação em Medicina Estética – Instituto
Brasileiro de Pesquisa e Ensino – IBRAPE.
As informações contidas neste blog,
não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área
de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e
sim, utilizada única e exclusivamente, para seu conhecimento.
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