Existem dois tipos de inflamação: aguda e
crônica. Inflamação é o mecanismo de defesa natural do organismo. Quando o
corpo é infectado ou sofre um trauma, as células imunológicas reconhecem as
moléculas impróprias e produzem fatores pró-inflamatórios, chamados de
citocinas, para coordenar a luta contra a infecção ou para reparar o tecido
celular avariado. Já a inflamação sistêmica subclínica ou subaguda pode ser
definida como a produção crônica, em baixo grau, de fatores inflamatórios. Ela
é silenciosa e frequentemente ignorada como uma causa de problemas de saúde. Vários
fatores podem contribuir para a inflamação crônica de baixo grau, incluindo
alimentos inflamatórios, toxinas ambientais, excesso de peso e estresse
contínuo.
Inflamação aguda
A inflamação aguda é
temporária e projetada para ajudar o corpo a curar ou combater um agressor. O
início é rápido, desencadeado por uma lesão (como um corte, hematoma, cirurgia,
queimadura ou entorse), ou quando o corpo é infectado por bactérias ou vírus. O
sistema imunológico desencadeia uma resposta inflamatória aguda, e assim o
fluxo sanguíneo e os glóbulos brancos e células imunes são direcionados para a
área ferida ou sob ataque.
Sinais e sintomas agudos
Os sinais de inflamação
aguda incluem inchaço, vermelhidão, dor, febre e pus. Embora incômodos, estes
sintomas indicam que o sistema imune está funcionando como deveria. A maioria
das inflamações agudas se dissipa e desaparece dentro de alguns dias ou semanas.
Quando o problema é resolvido a inflamação termina, permitindo que o sistema
imunológico descanse.
Inflamação crônica
A inflamação crônica é
uma inflamação sistêmica, que pode durar meses, anos ou até mesmo décadas. Ela
é silenciosa, não dói, não dá febre, não incha e pode ser de difícil detecção.
Também é conhecida como inflamação subclínica ou de baixo grau. Neste caso, o
sistema imune fica trabalhando de forma constante, produzindo citocinas
pró-inflamatórias em baixas quantidades. A resposta inflamatória contínua
leva lentamente a um sistema imunológico sobrecarregado.
Doenças degenerativas, metabólicas e autoimunes
Ao longo dos anos, estas
moléculas de inflamação vão corroendo silenciosamente diversos tecidos através
do corpo: articulações, coração, vasos sanguíneos, intestino, tireoide, cérebro
e muitos outros. Isto resulta em doenças degenerativas, metabólicas e autoimunes
não transmissíveis, como obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares,
hipertensão arterial, problemas neurológicos, osteoartrite, tireoidite, câncer.
Sobrecarga crônica no sistema imune
Como
vimos, a inflamação aguda é um processo essencial que defende contra bactérias
nocivas e também desempenha um papel fundamental na manutenção e reparação de
tecidos avariados por traumas. Em certas condições, há uma linha cruzada entre
a regulação imunológica (a partir de macrófagos) e um metabolismo defeituoso,
resultando em inflamação persistente na ausência de infecção ou ferimento. A
sobrecarga crônica no sistema imune afeta sua capacidade de curar e proteger o
corpo, e também começa a afetar o bom funcionamento dentro de outros sistemas
com os quais o sistema imune interage regularmente, como os sistemas endócrino,
cardiovascular e nervoso.
Causas principais
A
inflamação crônica subaguda geralmente é desencadeada por irritantes e
compostos estranhos, como produtos químicos, aditivos e alérgenos encontrados
nos alimentos e no ambiente, e também fatores de estilo de vida, como estresse
contínuo, sono de má qualidade, alimentação desregrada, disbiose (microbiota
intestinal desequilibrada), sedentarismo e excesso de gordura corporal. Fatores
adicionais são idade e genética. Essas condições podem estimular uma resposta
inflamatória sistêmica de baixo nível que, ao contrário da inflamação aguda,
não desaparece espontaneamente, a menos que mudanças no estilo de vida, dieta
ou ambiente sejam feitas.
Sinais e sintomas crônicos
Identificar
a inflamação crônica de baixo grau é difícil porque os sinais tendem a ser
vagos e sutis. Sintomas suspeitos podem ser gases em excesso, inchaço no corpo,
mudanças nos hábitos digestivos, rigidez e dor nas articulações, colesterol LDL
alto e HDL baixo, glicose elevada, resistência à insulina, gordura no fígado,
ganho de peso ou incapacidade de perder peso, falta de energia. Pode também
haver um aumento de sensibilidade a outros irritantes, intensificando a
inflamação crônica dentro do corpo.
Texto elaborado por: Dra. Tamara
Mazaracki.
Título de Especialista em Nutrologia –
Associação Brasileira de Nutrologia;
Membro Titular da ABRAN – Associação Brasileira de
Nutrologia;
Pós-graduação em Medicina Ortomolecular, Nutrição
Celular e Longevidade – FACIS-IBEHE – Faculdade de Ciências da Saúde de São
Paulo e Centro de Ensino Superior de Homeopatia;
Pós-graduação em Medicina Estética – Instituto
Brasileiro de Pesquisa e Ensino – IBRAPE.
As informações contidas neste blog,
não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área
de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e
sim, utilizada única e exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências Bibliográficas:
*Stat Pearls 2023. Chronic Inflammation.
*Journal
of Endocrinology 2023. Immunology of
chronic low-grade inflammation: relationship with metabolic function.
*Cells 2022. Macrophages,
Chronic Inflammation & Insulin Resistance.
*Natural Reviews in Immunology 2020. The intestinal microbiota fuelling metabolic
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*Lipids in Health & Disease 2023. Free fatty acids & peripheral
blood mononuclear cells are correlated with chronic inflammation in obesity.