Porque sentimos sono à noite e porque acordamos cheios de energia? Ritmo circadiano define o ciclo de um dia (24 horas) e sua ação nos processos bioquímicos, fisiológicos e comportamentais. Este ciclo é controlado por uma estrutura localizada no hipotálamo, o núcleo supraquiasmático, que funciona como um ‘relógio mestre’. O núcleo supraquiasmático usa sinais como luz e escuridão para liberar hormônios e neurotransmissores, que dizem quando acordar e ser ativo, ou relaxar e ir dormir.
Dia e cortisol
Somos geneticamente programados para operar assim: energia durante o dia e sono à noite. Conforme o amanhecer se aproxima, nosso relógio biológico reage à luz, produzindo cortisol, adrenalina e serotonina. Quando o nível de cortisol começa a subir acordamos. Serotonina e adrenalina nos mantêm energizados e ativos à medida que o nível de cortisol vai baixando com o passar das horas.
Temperatura, digestão e metabolismo
No decorrer do dia a temperatura corporal, que começa baixa, vai subindo, e também o metabolismo. O relógio mestre sinaliza a fome e ativa o sistema digestivo para processar nutrientes. Ao meio-dia o metabolismo atinge o auge. À tarde o cortisol cai mais, a temperatura do corpo volta a baixar e o metabolismo desacelera.
Noite e melatonina
Conforme a luz reduz e a noite avança, o relógio mestre comanda a glândula pineal na conversão de serotonina em melatonina, preparando o corpo para o descanso. A temperatura continua a cair com a melatonina liberada na circulação sanguínea, e ela reina até o final da madrugada. Com o amanhecer a produção de melatonina é desligada, o cortisol volta a subir, e o ciclo recomeça.
Ciclo diário
Diversos ritmos circadianos, além do orquestrado por cortisol/melatonina, desempenham um papel vital na saúde e alterações nestes ritmos, causadas por estresse, doenças e hábitos de vida, estão associadas com consequências negativas para a saúde, com elevado risco de problemas metabólicos. Avaliando trabalhadores de turnos noturnos, os pesquisadores concluíram que 65 de 132 metabólitos circulantes analisados apresentaram alterações rítmicas que podem levar a desordens do metabolismo, como diabetes, ganho de peso, problemas cardíacos, renais e digestivos.
Texto elaborado por: Dra. Tamara Mazaracki.
Título de Especialista em Nutrologia – Associação Brasileira de Nutrologia;
Membro Titular da ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia;
Pós-graduação em Medicina Ortomolecular, Nutrição Celular e Longevidade – FACIS-IBEHE – Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo e Centro de Ensino Superior de Homeopatia;
Pós-graduação em Medicina Estética – Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino – IBRAPE.
Referências Bibliográficas:
*StatPearls 2022. Physiology, Circadian Rhythm.
*J Biological Rhythms 2022. Disturbance of the Circadian System in Shift Work and Its Health Impact.
*PLoS Biology 2019. Individual metabolomic signatures of circadian misalignment during simulated night shifts in humans.
*PNAS 2018. Separation of circadian- and behavior-driven metabolite rhythms in humans provides a window on peripheral oscillators and metabolism.
*Genome Medicine 2019. Genomics of circadian rhythms in health and disease.
*Annals of Nutrition & Metabolism 2019. Effect of Circadian Rhythm on Metabolic Processes and the Regulation of Energy Balance.
*J Clinical Investigation 2018. Role of the circadian system in cardiovascular disease.
Nenhum comentário:
Postar um comentário