domingo, 7 de junho de 2015

O Hábito de Consumir Desjejum ou Café da Manhã Está em Declínio – Quais as Implicações Para Saúde?




A vida corrida e atribulada, mudanças no padrão alimentar da população brasileira, a falta de tempo, a falta de fome pela manhã e até a preocupação com a perda de peso, são descritos como principais motivos para o declínio do habito de consumir Desjejum ou Café da manhã. Entretanto, segundo a recomendação brasileira esta refeição deve garantir em média 25% do total energético consumido durante o dia1.

A ausência do desjejum inativa a elevação da glicemia necessária para as atividades matinais, logo após um longo período de jejum2. Práticas regulares, como o café da manhã tem um impacto positivo na saúde mental, com o benefício da reposição da energia consumida em uma noite de sono. Com isso pode melhorar o humor, memória e desempenho escolar3.

O cérebro, assim como todos os outros órgãos, é construído a partir de proteínas, carboidratos, lipídios, vitaminas e minerais fornecidos pela dieta. Metabolicamente ativo e com reservas limitadas de energia necessita de um aporte continuo de glicose, da mesma forma que requer um fornecimento adequado de micronutrientes4.

O cérebro de uma criança é relativamente maior, e metabolicamente mais ativo do que o cérebro de um adulto, modificando suas necessidades de glicose com o desenvolvimento até a idade adulta. Sendo assim, a composição da refeição e frequência pode afetar crianças, adolescentes e adultos de forma diferente5.

Crianças e adolescentes são mais suscetíveis à desequilíbrios nutricionais em função do acelerado desenvolvimento físico6. Também são mais expostos à padrões impostos pela mídia, ideais corporais, amizades, rituais e hábitos familiares. Portanto, os maiores prejudicados com essas mudanças de padrões alimentares.

Hábitos alimentares inadequados na infância e adolescência podem ser fatores de risco para desenvolvimento de doenças crônicas e obesidade7, visto que na infância se originam 20% da obesidade do adulto. Sendo assim, crianças e adolescentes obesos serão potenciais adultos obesos com o avançar da idade8, e estão mais expostos a riscos pelas alterações metabólicas sofridas durante o desenvolvimento e a doenças como hipertensão arterial, hiperlipidêmia e síndrome metabólica, associadas à doença cardiovascular na vida adulta9.

Observa-se que um padrão integro de refeições sem longos jejuns, contribui para melhores escolhas alimentares no decorrer do dia10, de modo que mais energia é consumida no café da manhã e menos energia é consumida no final do dia, podendo ajudar a reduzir o ganho de peso11.

            Tomar café da manhã todos os dias está associado a ter um peso corporal adequado, sugerindo também melhora na função cognitiva relacionada com a memória12.

Além disso, no Desjejum é consumida parte importante do cálcio da dieta, obtido através de leite e derivados. Sabe-se que 99% do cálcio do organismo é encontrado na massa óssea e a omissão ou má qualidade do desjejum torna-se preocupante13, principalmente em relação à saúde de crianças e adolescentes14.

O Cálcio é um nutriente importante para o bom funcionamento do organismo, atuando na contração muscular, coagulação sanguínea, transmissão do impulso nervoso, divisão celular, suporte do esqueleto e o transporte da vitamina B12 pelo trato gastrointestinal15. Este também descrito como agente no controle da obesidade, por alterar a absorção de gordura pelo organismo e afetar o metabolismo dos adipócitos (células que armazenam gordura)16.

Tornam-se cada dia mais importante promover ações de informação e esclarecimento, pois com o passar dos anos e as intensas mudanças sofridas nos padrões de consumo, observa-se baixa qualidade da dieta17 e omissão de refeições.


“A fonte disponível de cálcio é dietética, e a recomendação mínima deste nutriente pela Dietary Reference Intakes (DRI) é que o consumo médio diário deva ser de 1.300 mg (o que equivale a 3 a 5 porções de derivados lácteos, sendo 1 porção de leite ou iogurte igual a 240 ml e 1 porção de queijo igual a 2 fatias, ou 40 g), que garantem a manutenção, para completo crescimento e maturação ossea17.”

Texto elaborado por: Sonaly Petronilho Heidelmann
Graduada em Nutrição- UNIGRANRIO.
Pós-graduada em Nutrição e Pediatria - Gama Filho.
Pós Graduanda em Nutrição Clinica e Fitoterapia – UBM.
Nutricionista voluntária no Grupo de Pesquisa em Saúde Materno Infantil - GPSMI – UFRJ.
Atuação em consultório particular com ênfase em Nutrição Clínica Adulta e Infantil – RJ.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

1 PHILIPPI, Sonia Tucunduva. "Pirâmide dos alimentos: fundamentos básicos da nutrição." Editora Manole, Barueri, São Paulo, 2008.

2 YANG, Rea-Jeng Irregular breakfast eating and health status among adolescents in Taiwan. BMC Public Health, v.6, p.295, 2006.

3CHAPLIN, Katherine ; SMITH Andrew P. Breakfast and Snacks: Associations with Cognitive Failures, Minor Injuries, Accidents and Stress.www.mdpi.com/journal/nutrients Nutrients, v.3, p.515-528, 2011. Acesso, 22/08/2012.

4 BENTON, David. The influence of dietary status on the cognitive performance of children. Mol. Nutr. Food Res, n.54, p.457–470, Wales, UK, 2010.

5 WIDENHORN-MÜLLER, Katharina et al. Influence of Having Breakfast on Cognitive Performance and Mood in 13- to 20-Year-Old High School Students: Results of a Crossover Trial. Pediatrics v.122, n. 2, August, 2008.

6 CONCEIÇÃO, Suely Ismael Oliveira da et al. Consumo alimentar de escolares das redes públicas e privada de ensino em São Luís, Maranhão Revista de Nutrição de Campinas, v.23, n.6, p.993-1004, São Luís, MA, Nov./dez., 2010.

7 PINHEIRO, Jenifer Kelly et al. Percepção da imagem corporal e o estado nutricional em escolares do sexo feminino de uma escola pública da Cidade de Crato – CE. Coleção Pesquisa em Educação Física, v.10, n.5, 2011.

8 SIMÕES, Patrícia Angélica; NAVARRO, Antonio Coppi. Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, v.2, n. 7, p. 01-10, São Paulo, 2008.

9 RICCO, Rafaela Cristina et al. Estudo comparativo de fatores de risco em crianças e adolescentes com diagnóstico antropométrico de sobrepeso ou obesidade. Revista Paulista de Pediatria, v.28, n.4, p.320-5, 2010.

10 BRANCO, Lúcia Maria et al. A Percepção Corporal Influencia no Consumo do Café da Manhã de Adolescentes? Saúde em Revista, Piracicaba, v.9, n.22, p.15-21, 2007.

11 PURSLOW, Lisa R. et al. Energy Intake at Breakfast and Weight Change: Prospective Study of 6,764 Middle-aged Men and Women. Am. J. Epidemiol.  v.167, n.2, p. 188-192 2008. 

12 TRANCOSO, Suelen Caroline; CAVALLI, Suzi Barletto; PROENCA, Rossana Pacheco da Costa. Café da manhã: caracterização, consumo e importância para a saúde. Revista de Nutrição [online]. v. 23, n.5, p. 859-869. Campinas, 2010.

13 SBP - Sociedade Brasileira de Pediatria. Obesidade na infância e adolescência – Manual de Orientação / Departamento Científico de Nutrologia. 2ª. Ed., p.142, São Paulo, 2012.

14 SOARES, Jonatas Dutra et al. Adequação da ingestão de micronutrientes em crianças anêmicas em Município do Alto Vale do Jequitinhonha. Revista Mineira de Enfermagem, v.1 n1, p.17-32, Minas Gerais, 2012.

15 ESTEVES, Elizabethe Adriana; RODRIGUES, Chrystiellen Ayana Aparecida and PAULINO, Érika Júnia. Ingestão dietética de cálcio e adiposidade em mulheres adultas. Revista de Nutrição, v.23, n.4, p. 543-552, Campinas, 2010.

16 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de AtençãoBásica. Política Nacional de Alimentação e Nutrição. Departamento de Atenção Básica. Brasília, 2012.

17 ALMEIDA, Simone Gonçalves; MONTE, Lanuzza Meireles; GARCIA, Paloma Popov Custódio. Biodisponibilidade de cálcio numa dieta isenta de leite de vaca e derivados.Ciencias Biológicas, Agrárias e da Saúde, v.15, n.3, São Paulo, 2011.



Nenhum comentário: