terça-feira, 2 de junho de 2020

Coronavírus: Zinco e Quercetina Possuem Ação Antiviral


Presente em frutos do mar, carnes, cacau, sementes oleaginosas e outros alimentos, o zinco é fundamental para a função imunológica. Sua ação atinge todos os órgãos e tipos de células, compondo centenas de enzimas-chave. A deficiência de zinco é comum, afetando principalmente idosos e crianças. Além da idade, o estilo de vida, má alimentação e doenças crônicas também podem reduzir o status de zinco, um fator crítico que influencia a imunidade antiviral. Pessoas deficientes no mineral têm maior risco de adquirir infecções por vírus. A quercetina ajuda na ação antiviral do zinco e tem potente ação anti-inflamatória ajudando a prevenir uma “tempestade de citocinas”.

Zinco

Zinco é o segundo mineral-traço mais abundante no corpo humano, sendo um componente essencial da estrutura e função das proteínas, participando de aproximadamente 750 fatores de transcrição genética, e é um catalisador da ação de cerca de 2.000 enzimas. As evidências clínicas mostram que o zinco atua como antiviral direto contra uma ampla variedade de vírus, e como estimulante da imunidade antiviral, através de mecanismos indiretos. O uso terapêutico de zinco para infecções virais como o herpes simplex e o resfriado comum decorreu desses achados, e estudos mostraram a sua ação contra o coronavírus SARS-CoV-1, que surgiu em 2002.

Deficiência

Indivíduos idosos são significativamente mais suscetíveis à deficiência de zinco, aumentando suas probabilidades de adquirir infecções virais com risco de vida. A suplementação é indicada sempre que houver carência, e também no tratamento de viroses. A dose varia de 30 a 50 mg, e as formas usuais são citrato, sulfato e quelato de zinco. Zinco potencializa a ação da hidroxicloroquina e tem sido associado no tratamento da COVID-19.

Quercetina

As evidências sugerem que a razão pela qual a hidroxicloroquina funciona para o COVID-19 é porque age como um ionóforo de zinco, e o mesmo efeito ocorre com a quercetina, um polifenol presente em frutas, legumes e ervas. Ionóforo pode ser definido como um transportador, ou seja, é uma molécula lipossolúvel que facilita a passagem de íons através da camada lipídica da membrana celular. Tanto hidroxicloroquina como quercetina atuam levando moléculas de zinco presentes no compartimento extracelular para dentro das células. Porque isso é importante? O zinco inibe a replicação viral, tanto do coronavírus como de outros vírus.

Inflamação e citocinas

Além de ampla ação antiviral, a quercetina regula as propriedades funcionais de células imunes, inibe a liberação de citocinas inflamatórias e histamina, e modula ou suprime muitas vias da inflamação. Quercetina limita o NLRP3 inflamassoma, um componente do sistema imunológico envolvido na liberação descontrolada de citocinas pró-inflamatórias, que ocorre durante uma “tempestade de citocinas”, situação de alta gravidade na COVID-19 que produz uma hiperinflamação de difícil reversão, destruindo o tecido pulmonar e podendo levar a óbito.

SARS-CoV-2

Estudos in vitro mostraram que a quercetina exerce atividade antiviral contra o SARS-CoV-1, e os achados preliminares sugerem que pode ter ação direta no SARS-CoV-2, responsável pela atual pandemia. Órgãos de saúde aprovaram a quercetina como segura para consumo humano, e as doses indicadas nos estudos variam entre 500 a 1000 mg por dia. Como ela é um ionóforo de zinco, é importante suplementar o mineral em conjunto, durante o tratamento. Nunca se automedique, procure o seu médico de confiança.

Texto elaborado por: Dra. Tamara Mazaracki. 

Título de Especialista em Nutrologia –  Associação Brasileira de Nutrologia;

Membro Titular da ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia;

Pós-graduação em Medicina Ortomolecular, Nutrição Celular e Longevidade – FACIS-IBEHE – Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo e Centro de Ensino Superior de Homeopatia;

Pós-graduação em Medicina Estética – Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino – IBRAPE.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e exclusivamente, para seu conhecimento.


Referências Bibliográficas:

*Medscape 2020. Chloroquine & Zinc Trials Underway for COVID-19 Prophylaxis.

*Advances in Nutrition 2019. The Role of Zinc in Antiviral Immunity.

*Plos Pathogens 2010. Zinc Inhibits Coronavirus & Arterivirus RNA Polymerase Activity In Vitro & Zinc Ionophores Block the Replication of These Viruses in Cell Culture.

*Preprint 2020. Potential Inhibitor of COVID-19 Main Protease From Several Medicinal Plant Compounds.

*Nutrients 2016. Quercetin, Inflammation &Immunity.

*Journal of Medical Virology 2020. Potential interventions for novel coronavirus in China: A systematic review.

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