A
grande diferença entre a diabetes tipo 1 e 2 é que no caso da Diabetes tipo 1,
o pâncreas deixa subitamente de produzir insulina. Isso faz com que a subida do
açúcar no sangue seja súbita e muito exagerada. Para além disso, a falta
absoluta de insulina dá origem à produção de substâncias tóxicas no organismo,
os chamados “corpos cetônicos”, que dão mal-estar e náuseas. Como não há
qualquer produção de insulina, a única forma de tratar consiste em administrar
insulina.
Após
a conclusão do maior estudo envolvendo diabéticos tipo 1, o DCCT (Diabetes
Control and Complications Trial) determinou que o tratamento disciplinado no
diabetes mellitus tipo 1 permite prevenir ou retardar as complicações agudas e
crônicas da doença. O controle metabólico adequado permite a redução da
morbimortalidade no DM1.
O
comprometimento significante da qualidade de vida é frequentemente relacionado
ao diabetes, incluindo limitações funcionais, estresse social e financeiro,
desconforto emocional e até depressão maior. Estima-se que a redução da
qualidade de vida no diabético seja decorrente de múltiplas complicações a
longo prazo e do controle glicêmico inadequado. O perfil psicológico e o grau
de aceitação do DM1 parecem exercer influência direta nos níveis glicêmicos do
paciente.
O
diabetes tipo 1 é uma doença autoimune e geralmente surge ainda na infância ou
adolescência.
A
hemoglobina glicada (HbA1c) é o teste mais indicado na quantificação do risco
de complicações crônicas em pacientes diabéticos. E trabalhos já concluíram que
o risco de complicações em pacientes diabéticos é diretamente proporcional ao
controle glicêmico, determinado através dos níveis de HbA1c. Alguns estudos vem
mostrando que o acompanhamento nutricional com profissional especializado reduz
a HbA1c - tanto de pacientes com DM1 quanto com DM2 - após 3 a 6 meses de
tratamento.
Na
gravidez, o acompanhamento da paciente pela dosagem de HbA1c não está indicado.
Nessa situação é muito mais eficiente um controle rigoroso dos níveis das
glicemias de jejum e duas horas após as refeições e a frutosamina. O
acompanhamento pré-natal é fundamental para minimizar os riscos de complicações
como macrossomia e, principalmente, aborto espontâneo.
Nas
crianças, durante a fase pré-puberal, o nível aceitável de A1c é de até 8% e,
na fase puberal, inferior a 8,5%. Nos pacientes idosos, um nível de A1c de até
8% é apropriado. A tentativa de um controle rígido da glicemia nessa faixa
etária, assim como nas fases pré-puberal e puberal, pode induzir a efeitos
colaterais indesejados, como, por exemplo, episódios importantes de
hipoglicemia.
Conduta Nutricional
A
conduta nutricional preconizada atualmente para pessoas com DM1 baseia-se em
alimentação variada e equilibrada que atenda ás necessidades nutricionais,
considerando todas as fases da vida do paciente. Em diabéticos tipo 1, a
abordagem mais efetiva no controle da glicemia pós-prandial é o ajuste das
doses de insulina antes das refeições com base na quantidade de carboidratos
consumida. Pode-se fixar as doses de insulina e as quantidades de carboidratos
na dieta. Quando houver variação em ambas, entretanto, é possível estimar a
quantidade de carboidratos para se determinar a dose de insulina a ser
empregada.
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Os
carboidratos continuam fazendo parte da dieta do paciente diabético tipo 1. Mas
quando o paciente usa a terapia de Contagem de Carboidratos ele sabe a
quantidade certa de carboidratos a ser consumida em cada horário, bem como
fazer suas substituições e, principalmente entender os rótulos dos
industrializados. A quantidade de lipídios deve ser individualizada, sendo que
a qualidade do ácido graxo é mais importante do que a gordura.
Quanto
a prescrição de proteínas, devem estar entre 15 e 20% do valor energético total
para pacientes que não têm nenhum comprometimento da função renal. Vitaminas e
minerais devem seguir as recomendações normais ou serem suplementadas quando
necessário. Alguns pacientes ficam com deficiências por terem muita perda na
urina, quando descompensados, por exemplo.
A
contagem de carboidratos é um instrumento de controle que deve ser inserido
dentro de uma alimentação saudável e deve ser adequada ao uso da insulina, para
que seja feita a aplicação de acordo com a alimentação que será ingerida.
As
gorduras também tem seu papel na dieta e precisa ser balanceada como todos os
macronutrientes. Assim como todas as pessoas, os portadores de diabetes são
desencorajados a consumir qualquer alimento que contenha gordura trans (gordura
vegetal hidrogenada) já que, além de elevar o colesterol sanguíneo, reduz a
concentração do “colesterol bom”, o HDL-c. Já os ácidos graxos monoinsaturados,
presentes no azeite de oliva e no óleo de canola, não elevam a concentração
plasmática de colesterol e LDL. Os ácidos graxos monoinsaturados não elevam a
glicemia quando comparados com a dieta rica em carboidratos (> 55% das
calorias).
O uso de adoçantes
artificiais
Os
edulcorantes são produtos comumente utilizados na alimentação de indivíduos
diabéticos e obesos. São indicados em substituição ao açúcar comum, sacarose,
com a finalidade de, respectivamente, evitar a ocorrência de picos
hiperglicêmicos e reduzir o teor calórico das dietas. Diferem quanto às suas
propriedades químicas, poder adoçante e estabilidade na cocção e possuem
finalidades e aplicações distintas. Os adoçantes reproduzem, na maioria das
vezes, algumas características do açúcar, mas não todas. A solução empregada
com a finalidade de aproximar o seu sabor ao do açúcar é a utilização de
misturas (blends) com dois ou mais tipos de adoçantes. O uso do aspartame com
ciclamato é o exemplo mais encontrado em bebidas e preparações de alimentos.
Dessa forma, com a associação das duas substâncias, potencializam-se as
vantagens de cada um dos edulcorantes e são neutralizadas as desvantagens, com
o sabor residual.
Os
adoçantes são classificados em duas categorias: calóricos e não calóricos. Os
adoçantes calóricos não são contraindicados para diabéticos quando utilizados
em pequenas quantidades nas preparações e em combinação com outros adoçantes.
Porém, quando utilizados na forma livre, como é o caso da frutose, deve-se
considerar o seu valor calórico e as possíveis alterações glicêmicas que possa
provocar. Entre os adoçantes nutritivos encontram-se a frutose e o sorbitol. Os
não nutritivos são: o aspartame (fenilalanina + ácido aspártico), a sacarina e
o ciclamato, os três produtos sintéticos; o acessulfame-k, um sal de potássio;
e a sucralose, derivada da cana de açúcar.
Consulte
sempre seu médico e nutricionista (familiarizado com terapia de insulinas).
Texto elaborado por: Priscila Di Ciero
Nutricionista formada em 2001, sou
pós-graduada em Nutrição
Esportiva Funcional e estou em formação para obtenção da
certificação do Functional Medicine Institute (USA). Sou self e professional
Coach formada pelo IBC e certificada pelo Internacional Society of
Sports Nutrition (USA). Atualmente curso pós-graduação em Fitoterapia e atendo
em consultório particular na zona sul de São Paulo (SP).
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referência
Bibliográfica:
The Diabetes Control and Complications Trial Research
Group: The effect of intensive treatment of diabetes on the development and
progression of long-term complications in insulin-dependent diabetes mellitus. N Engl
J Med 1993;329:977-85.
Lottenberg, Ana Maria Pita.
Características da dieta nas diferentes fases da evolução do diabetes melito
tipo 1. Arq Bras Endocrinol Metab vol.52 no.2 São Paulo Mar. 2008
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