domingo, 4 de abril de 2021

PARKINSON

 


A Doença de Parkinson (DP)  é uma doença crônica, neurodegenerativa e progressiva. As manifestações motoras incluem tremor de repouso, bradicinesia (lentidão de movimentos), rigidez muscular e alterações do equilíbrio. Essas manifestações são responsáveis por incapacidades física e psíquica, havendo também manifestações não motoras, como psicose, transtornos cognitivos e depressão. Devido à dificuldade em realizar movimentos repetitivos, tremor e/ou rigidez de mandíbula, a mastigação pode ser prejudicada, gerando fadiga, que podem levar a interrupção da alimentação e ingestão inadequada de alimentos. Além disso, os sintomas não motores associados com a disfagia podem ser responsáveis pelo comprometimento do estado nutricional e balanço hídrico. 


Outros sintomas como o refluxo gastroesofágico, constipação e gastroparesia  também contribuem para os distúrbios nutricionais e afetam significativamente a qualidade de vida destes indivíduos. As alterações na motilidade gástrica e intestinal podem levar à distensão abdominal, náuseas, desconforto e saciedade precoce, reduzindo ainda mais a ingestão de alimentos. 


Outro aspecto importante da DP é o tratamento com o medicamento levodopa (principal droga utilizada no tratamento da DP, que alivia os sintomas por aumentar as concentrações de dopamina), em que alguns aminoácidos dietéticos podem competir com esta droga em relação a absorção intestinal e transporte desse medicamento através da barreira sangue-cérebro, limitando assim a sua eficácia e sendo responsável pela ocorrência de flutuações motoras. Assim, diretrizes recomendam dieta com baixo teor de proteínas à medida que a doença progride, pois nesses casos são necessárias doses mais elevadas de levodopa. 

 

A doença de Parkinson pode interferir na alimentação?

 
Sim. Dependendo da fase que se encontra o tratamento e dosagem da medicação, podem surgir alguns sintomas que dificultam uma alimentação adequada. Alterações nutricionais, interações dos medicamentos com os nutrientes, problemas com o apetite, deglutição, mastigação, podem ocorrer e podemos melhorar estas condições. 

 

Que fatores podem prejudicar minha alimentação?

 
Alguns fatores, geralmente presentes em pacientes com Doença de Parkinson, podem ser considerados fatores de risco para falta de apetite, perda de peso e consequentemente má nutrição. São eles:

 
Problemas de dentição e dificuldades de mastigação e deglutição (ato de engolir os alimentos líquidos e/ou sólidos).


Pouca atividade física e imobilidade.


Medicamentos usados na fase inicial da doença (como Artane e Akineton), que interferem na absorção intestinal, dificultam o seu funcionamento, provocam náuseas, vômitos, intestino preso e boca seca, dificultando a formação normal do "bolo alimentar", reduzindo a sensibilidade do paladar e do olfato.


Aumento do metabolismo e consequentemente das necessidades energéticas, facilitando a perda de peso.


Falta de equilíbrio para preparar a própria alimentação ou a inexistência de outra pessoa que possa fazê-lo.


Problemas com a postura e dificuldade em se manter ereto à mesa.


O Tremor e a rigidez podem trazer dificuldades motoras para manusear os talheres. E especialmente nos músculos da face, dificultam a mastigação e deglutinação.


Os movimentos do esôfago que ajudam a "empurrar" os alimentos para o estômago, podem estar prejudicados, provocando engasgos e dificultando a deglutição.


Hábitos alimentares inadequados.

Como obter uma alimentação saudável?
 
A alimentação é um fator essencial para a promoção, manutenção ou recuperação da saúde. Tanto a qualidade quanto a quantidade dos alimentos ingeridos devem ser avaliadas, pois, a combinação dos dois fatores pode nos trazer benefícios específicos.

Sexo, altura, atividade física, estado nutricional, existência ou não de outras doenças e dificuldades físicas ou mentais influenciam direta ou indiretamente nossa dieta. Uma alimentação variada deve fornecer todos os nutrientes de maneira adequada.

Orientações para obter uma alimentação adequada:
 
Procure variar ao máximo a sua alimentação, para receber todos os nutrientes e evitar possíveis carências.
 
Coma diariamente frutas (pelo menos 3 unidades), verduras cruas (2 porções), verduras cozidas (2 porções), pães, bolachas e cereais (4 porções à sua escolha), feijão, lentilha, grão de bico, ervilha seca (1 ou 2 porções à sua escolha), carnes (1 a 2 porções. A carne vermelha deve ser ingerida pelo paciente, no máximo, 2 vezes na semana. Sua digestão é muito lenta e, pela grande quantidade de proteínas, atrapalha a absorção dos medicamentos diminuindo o efeito dos remédios. A carne vermelha por si só também piora a constipação.O peito de frango é uma boa opção de proteína para os pacientes com doença de Parkinson. Ele apresenta digestão e absorção mais rápida e fácil do que as carnes vermelhas.), leite, queijo, iogurte (3 a 6 porções).
 
Faça de 5 a 6 pequenas refeições ao dia, evitando comer grandes quantidades de alimentos de uma só vez.
 
Não deixe de fazer nenhuma refeição durante o dia.
 
Procure ingerir uma média de 8 copos de água por dia (pode ser em forma de sucos não muito açucarados ou chás, exceto o mate e o preto).
 
Se estiver perdendo peso, procure a nutricionista e avise ao seu médico.
 
Se o intestino estiver preso, observe as orientações para melhorar seu funcionamento. Não desista e procure seguir todas as indicações diariamente.
 


Pratique atividade física regularmente, de preferência com acompanhamento de um profissional fisioterapeuta ou de educação física.
 
Não use laxantes sem prescrição médica.
 
Evite o uso de doces, frituras e gorduras em excesso. Opte por alimentos mais saudáveis como frutas, pães, leites, iogurtes, queijos magros. Dê preferência às carnes assadas, grelhadas ou cozidas com pequena quantidade de óleo.
 
Substitua gorduras animais como banha, toucinho e manteiga e cozinhe com óleos vegetais à base de soja, milho, canola, girassol, que não possuem colesterol ou margarina vegetal, de preferência light.
 
Evite o uso excessivo de sal no processamento dos alimentos, bem como o consumo de alimentos industrializados como salgadinhos, salames, embutidos, enlatados, carnes salgadas, macarrão instantâneo e sopas prontas. Substitua o sal por temperos naturais como salsa, cebolinha, coentro, hortelã, manjericão e orégano.
 
Após o almoço e o jantar (ou refeição com algum tipo de carne) coma alguma fruta rica em vitamina C (laranja, mexerica, acerola, morango, goiaba, abacaxi) para facilitar a absorção do ferro (Lembra que as carnes brancas ou vermelhas são ricas em ferro?).
 
Evite uso de alimentos ricos em cafeína (café, Coca cola, chás mate e preto), especialmente no fim de tarde e à noite, para não atrapalhar o sono.
 
Você é o responsável por sua saúde. Seja independente de acordo com as suas limitações, aceitando ajuda de amigos, familiares, profissionais de saúde.
 
 
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:
 
 

Barichella M, Cereda E, Pezzoli G. Major nutritional issues in the management of Parkinson’s disease. Mov Disord. 2009;24(13):1881-92.

Sheard JM, Ash S, Silburn PA, Kerr GK. Prevalence of malnutrition in Parkinson’s disease: a systematic review. Nutr Rev. 2011;69(9):520-32.

Cereda E, Barichella M, Pezzoli G. Controlled-protein dietary regimens for Parkinson’s disease. Nutr Neurosci. 2010;13(1):29-32.

Associação Brasil Parkinson. Disponível em: www.parkinson.org.br Acessado em 04/04/2021.

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