De
acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o transtorno de déficit de
atenção e hiperatividade (TDHA) é um transtorno neurobiológico de causa
genética e que é passível de ser tratado com o uso de medicamentos. Entretanto,
alguns estudiosos do assunto negam a existência do distúrbio, alegando que até
o presente momento não se conseguiu determinar a área do cérebro comprometida
pelo problema e nem os genes diretamente envolvidos com o seu surgimento. Creem
esses estudiosos que crianças e adolescentes saudáveis que apresentam
dificuldades no processo de escolarização estão sendo rotuladas indevidamente
como portadoras de supostas doenças neurológicas, sobretudo o TDHA, numa clara
medicalização dos processos de aprendizagem e desenvolvimento.
O TDHA
consiste em um distúrbio neurocomportamental caracterizado por desatenção e
hiperatividade/impulsividade, mais comum em crianças e adolescentes, com
prevalência de 6%. Suas manifestações incluem problemas de cognição,
comportamentais, afetivos e sociais.
Dentro
do conceito da OMS, há de se pensar no TDHA em crianças impulsivas,
exageradamente ativas e que apresentem déficit de concentração, além de serem
incapazes de planejar e organizar tarefas e atividades rotineiras.
As
crianças hiperativas na faixa de 3 a 4 anos seriam como “rabo de lagartixa”: em
contínuo movimento, incapazes de permanecer quietas por um só instante. Elas
pulam, saltam, correm, se machucam e, quando sentadas, balançam as pernas ou batucam
com os dedos na mesa. Também são desorganizadas, não terminam o que começaram,
são loquazes, barulhentas, falam rápido e em voz alta e seus pais vivem
ralhando com elas.
Já as
impulsivas ou com déficit de inibição (entre 5 e 7 anos) agem e falam de
supetão, ofendem e agridem as pessoas ao seu redor – se arrependendo em seguida
-, cometem erros frequentes nas lições, já que não leem todo o enunciado dos
exercícios, e se machucam com facilidade por serem descuidadas e ignorarem
perigos como atravessar a rua sem olhar os carros.
Estudos
relacionam também a deficiência de zinco, ferro e magnésio com o
desenvolvimento do TDAH. A ingestão adequada desses micronutrientes pode
reduzir o comportamento hiperativo. Além disso, trabalhos recentes sugerem que
dietas com baixos níveis de ácidos graxos ômega-3 e altos níveis de ácidos
graxos ômegas-6 podem predispor ao desenvolvimento do TDAH, e que o uso de
suplementos que contenham ômega-3 pode melhorar os sintomas de hiperatividade
em algumas crianças.
Outro
fator importante relacionado com o desenvolvimento do TDAH é o possível papel
de aditivos/corantes alimentares. As preocupações sobre os efeitos negativos
dos aditivos e corantes artificiais se iniciaram em 1970 com o médico Benjamin
Feingold. Ele partiu da hipótese de que o aumento na prevalência do TDAH estava
relacionado com o aumento do uso de edulcorantes e corantes artificiais na
dieta americana. Para testar sua hipótese, Feingold eliminou esses compostos da
dieta, bem como frutas e vegetais contendo salicilatos (maçãs, damascos,
passas, pepino, pimentão verde e tomate), devido à reação alérgica dessas
crianças ao ácido acetilsalicílico. Os estudos de Feingold reportaram que mais
de 50% das crianças responderam positivamente à sua dieta de eliminação.
A
partir de então, os resultados do trabalho Feingold foram amplamente divulgados
e estudos mais recentes continuam apontando que dietas de eliminação com o uso
de alimentos hipoalergênicos, bem como a adição de suplementos nutricionais
contendo os micronutrientes deficientes, têm demonstrado alguma eficácia na
melhora dos sintomas do TDAH. No entanto, a abordagem dietética para o
tratamento do TDAH ainda é considerada controversa, necessitando de evidências
científicas mais abrangentes.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referências Bibliográficas:
Goldenstein,
E. TDHA: há uma epidemia por aí? Sociedade Brasileira de Pediatria. Disponível
em: www.pediatria.org.br Acessado em:
18/06/2018.
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