quarta-feira, 20 de junho de 2018

Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDHA)


De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDHA) é um transtorno neurobiológico de causa genética e que é passível de ser tratado com o uso de medicamentos. Entretanto, alguns estudiosos do assunto negam a existência do distúrbio, alegando que até o presente momento não se conseguiu determinar a área do cérebro comprometida pelo problema e nem os genes diretamente envolvidos com o seu surgimento. Creem esses estudiosos que crianças e adolescentes saudáveis que apresentam dificuldades no processo de escolarização estão sendo rotuladas indevidamente como portadoras de supostas doenças neurológicas, sobretudo o TDHA, numa clara medicalização dos processos de aprendizagem e desenvolvimento.

O TDHA consiste em um distúrbio neurocomportamental caracterizado por desatenção e hiperatividade/impulsividade, mais comum em crianças e adolescentes, com prevalência de 6%. Suas manifestações incluem problemas de cognição, comportamentais, afetivos e sociais.

Dentro do conceito da OMS, há de se pensar no TDHA em crianças impulsivas, exageradamente ativas e que apresentem déficit de concentração, além de serem incapazes de planejar e organizar tarefas e atividades rotineiras.

As crianças hiperativas na faixa de 3 a 4 anos seriam como “rabo de lagartixa”: em contínuo movimento, incapazes de permanecer quietas por um só instante. Elas pulam, saltam, correm, se machucam e, quando sentadas, balançam as pernas ou batucam com os dedos na mesa. Também são desorganizadas, não terminam o que começaram, são loquazes, barulhentas, falam rápido e em voz alta e seus pais vivem ralhando com elas.

Já as impulsivas ou com déficit de inibição (entre 5 e 7 anos) agem e falam de supetão, ofendem e agridem as pessoas ao seu redor – se arrependendo em seguida -, cometem erros frequentes nas lições, já que não leem todo o enunciado dos exercícios, e se machucam com facilidade por serem descuidadas e ignorarem perigos como atravessar a rua sem olhar os carros.

Estudos relacionam também a deficiência de zinco, ferro e magnésio com o desenvolvimento do TDAH. A ingestão adequada desses micronutrientes pode reduzir o comportamento hiperativo. Além disso, trabalhos recentes sugerem que dietas com baixos níveis de ácidos graxos ômega-3 e altos níveis de ácidos graxos ômegas-6 podem predispor ao desenvolvimento do TDAH, e que o uso de suplementos que contenham ômega-3 pode melhorar os sintomas de hiperatividade em algumas crianças. 


Outro fator importante relacionado com o desenvolvimento do TDAH é o possível papel de aditivos/corantes alimentares. As preocupações sobre os efeitos negativos dos aditivos e corantes artificiais se iniciaram em 1970 com o médico Benjamin Feingold. Ele partiu da hipótese de que o aumento na prevalência do TDAH estava relacionado com o aumento do uso de edulcorantes e corantes artificiais na dieta americana. Para testar sua hipótese, Feingold eliminou esses compostos da dieta, bem como frutas e vegetais contendo salicilatos (maçãs, damascos, passas, pepino, pimentão verde e tomate), devido à reação alérgica dessas crianças ao ácido acetilsalicílico. Os estudos de Feingold reportaram que mais de 50% das crianças responderam positivamente à sua dieta de eliminação.

A partir de então, os resultados do trabalho Feingold foram amplamente divulgados e estudos mais recentes continuam apontando que dietas de eliminação com o uso de alimentos hipoalergênicos, bem como a adição de suplementos nutricionais contendo os micronutrientes deficientes, têm demonstrado alguma eficácia na melhora dos sintomas do TDAH. No entanto, a abordagem dietética para o tratamento do TDAH ainda é considerada controversa, necessitando de evidências científicas mais abrangentes.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

Goldenstein, E. TDHA: há uma epidemia por aí? Sociedade Brasileira de Pediatria. Disponível em: www.pediatria.org.br Acessado em: 18/06/2018.

Howard AL, Robinson M, Smith GJ, Ambrosini GL, Piek JP, Oddy WH.
ADHD is associated with a "Western" dietary pattern in adolescents. J Atten Disord. 2011;15(5):403-11.

Kanarek RB. Artificial food dyes and attention deficit hyperactivity disorder. Nutr Rev. 2011;69(7):385-91.

Nigg JT, Lewis K, Edinger T, Falk M. Meta-analysis of attention-deficit/hyperactivity disorder or attention-deficit/hyperactivity disorder symptoms, restriction diet, and synthetic food color additives. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2012;51(1):86-97.e8.

Millichap JG, Yee MM. The diet factor in attention-deficit/hyperactivity disorder. Pediatrics. 2012;129(2):330-7.


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