quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Conduta Nutricional Para o Tratamento da Celulite

 


Muito comum na prática clinica a queixa (principalmente das mulheres) da celulite na pele. Saiba que a Nutrição pode ajudar demais na busca da melhora do aspecto da pele, na diminuição da retenção de líquidos e no controle de estresse oxidativo de dentro para fora.

Dieta anti-inflamatória

O consumo de uma dieta anti-inflamatória é capaz de reduzir os níveis dos marcadores inflamatórios, favorecendo a produção de citocinas anti-inflamatórias e contribuindo ou prevenindo o controle da resistência à insulina, das dislipidemias e outras condições metabólicas.

Dieta desintoxicante

As toxinas geram danos ao organismo de maneira cumulativa e podem alterar o funcionamento metabólico normal; as fontes comuns de metais tóxicos, além das fontes industriais (corantes, conservantes, edulcorantes, aditivos alimentares), incluem chumbo das soldas das latas, canos de cobre, utensílios de cozinha, peixes contaminados, tintas à óleo e cosméticos, materiais de limpeza, medicamentos, álcool, herbicidas.

Uma dieta equilibrada, rica em frutas e verduras, com baixo teor de gordura saturada e trans, moderado consumo de sal e açúcar, garante um organismo mais equilibrado, e com melhor capacidade de eliminar as toxinas, principalmente com adequado consumo de água.

Dieta normo ou hipossódica

Indivíduos com presença de celulite possui acúmulo de sódio (sal) no tecido, implicando em uma compressão dos vasos importantes, que se tornam incapazes de desempenhar sua função normal, sendo obrigados a se dilatar perante a dificuldade. Essa dilatação e distensão das paredes celulares da rede venosa aumentam sua permeabilidade, o que resulta no aumento da pressão local, a congestão e bloqueio, diminuindo o fluxo de sangue e dor.

Dieta de baixo índice glicêmico (IG) e baixa carga glicêmica (CG)

O IG avalia o efeito dos carboidratos sobre a glicose sanguínea, uma vez que o organismo não digere nem absorve todos os carboidratos com a mesma velocidade. As dietas de alto IG apresentam menor capacidade sacietógena (de levar à saciedade), resultando em maior consumo alimentar, aumento dos níveis de açúcar no sangue, secreção elevada de insulina, favorecendo o aumento de peso corporal por aumentar o acúmulo de gordura no organismo.

 A presença de níveis de açúcar elevados no sangue e, a secreção elevada e constante faz com que a microcirculação dos vasos periféricos se “inflamem”, prejudicando o fluxo sanguíneo, proporcionando aos tecidos baixo acesso ao oxigênio e nutrientes.

Essa situação é a causa de várias doenças crônicas como diabetes, obesidade, doenças cardiovasculares, como também, alterações na pele como a presença d a celulite, por exemplo. O tecido adiposo: o aumento do tecido adiposo ocorre tanto pelo número de células, quanto o tamanho, uma vez que estas apresentam vários vacúolos onde tem a capacidade de acumular mais gordura e consequente, aumentar o tamanho da célula. Esse processo de armazenamento vai aumentando e se expande em direção à pele.

Esse processo explica o porquê as mulheres desenvolvem celulite e os homens não: nas mulheres, o tecido adiposo das mulheres é duas vezes maior do que dos homens e, as fibras musculares próximas à pele são muito finas. Com o aumento do tecido adiposo (gordura), este se expande em direção à pele, fazendo com que haja retração das fibras musculares e depressão na pele (famosa casca de laranja). Já os homens, a fibra é resistente à extensão, sendo mais grossas, e ligam-se em direção obliqua à pele, dirigindo o tecido gorduroso para zonas mais profundas, não aparecendo irregularidades e depressões na pele.

Dieta Alcalina

O pH de uma substância qualquer é medido em uma escala de 0 a 14, sendo que de 0 a 6 é chamado de ácido; 7 à 14, alcalino. O nosso corpo trabalha com o pH em torno de 7,3 a 7,4 (levemente alcalino), evitando o máximo, alterações, uma vez que, a não manutenção do pH sanguíneo é muito prejudicial, podendo levar o indivíduo ao hospital e até à morte.

O equilíbrio desse pH é necessário para que nossas células mantenham o funcionamento adequado, conseguindo armazenar nutrientes e oxigênio para preservação de tecidos, órgãos, músculos e ossos. Uma pequena alteração do pH, tornando o sangue mais ácido (abaixo de 7,0), o mecanismo de trabalho celular fica comprometido, induzindo à processos inflamatórios, dificuldade de eliminar toxinas, aumento no ganho de peso, cansaço, fadiga, doenças cardíacas, osteoporose, envelhecimento precoce e até mesmo, o câncer.

E como ocorre a acidez em nosso organismo?

Situações como estresse, alimentação inadequada (principalmente o consumo de farinha branca, sal, açúcar, aditivos alimentares), falta de sono, poluição, uso de medicamentos, ansiedade podem induzir o organismo à acidez metabólica.

E qual a melhor maneira de manter nosso organismo mais alcalino?

Uma das principais formas é através da alimentação, adequando alimentos mais alcalinos e diminuindo o consumo de alimentos ácidos. A recomendação é que, pelo menos 70% da dieta sejam com alimentos alcalinos e, no máximo, 30% composta por ácidos. É preciso entender que não é a avaliação do teor de acidez do alimento antes da ingestão e sim, como ele se comporta após a absorção no corpo. Por exemplo: as frutas cítricas (sabor ácido) possuem efeito alcalino no organismo após sua ingestão.

Abaixo, segue uma indicação dos alimentos e seu pH:

● muito alcalinos: ameixa umeboshi, missô, sal marinho, semente de abóbora sem sal, lentilha, brócolis, alga marinha, cebola, rabanete, inhame, batata, doce, laranja lima, nectarina, framboesa, melão, tangerina, abacaxi;

moderadamente alcalinos: canela, pimenta, alho, shoyo, castanha caju, salsa, couve, endívia, rúcula, mostarda (folha), laranja pera, amora, manga, limão; 


pouco alcalinos: chá verde, vinagre de maçã, ovo codorna, amêndoa, gergelim, pimentão, nabo, couve-flor, repolho, berinjela, abóbora, batata, abacate, pera, maçã, papaya, pêssego;

 

muito pouco alcalinos: manteiga clarificada (ghee), quinoa, arroz selvagem, aveia, óleo de coco, azeite extravirgem, beterraba, alho poró, quiabo, alface, banana, damasco, mirtilo;

 

muito pouco ácidos: figo, tâmara, coco, goiaba, abobrinha, espinafre, vagem, feijão, óleo girassol, arroz integral, peixes, ovo, queijo de cabra, iogurte, manteiga, mel, curry;

 

pouco ácidos: ameixa seca, ameixa vermelha, tomate, ervilha, acelga, feijão preto, tapioca, arroz branco, peru, carneiro, leite vaca, vinagre balsâmico, chá preto;

 

moderadamente ácidos: cenoura, grão de bico, amendoim, pecã, farelo aveia, milho, frango, porco, lula, queijo cottage, café, aspartame, sacarina, soja;

 

muito ácidos: farinha branca trigo, lagosta, carne vermelha, sorvete, queijos processados, vinagre branco, açúcar, cerveja, refrigerantes, sal refinado;

 

Alimentos detoxificantes, anti-inflamatórios, antioxidantes:

 

Água: hidratação e eliminação de substâncias tóxicas do organismo;

 

Brássicas (couve, brócolis, repolho): elimina toxinas do organismo;

 

Umeboshi: é uma ameixa em conserva, muito utilizada na culinária japonesa, devido aos seus efeitos terapêuticos. É um dos alimentos com alta propriedade alcalina. O gosto é salgado, parecido com azeitona, e a sugestão de consumo é picá-la e acrescentar na salada ou no arroz integral, por exemplo. Uma unidade por dia,associada à uma dieta saudável, revigora o organismo!  



Gengibre, cúrcuma, azeite extra-virgem: ação anti-inflamatória;

 

Cereais integrais: fonte de antioxidantes, silício, rico em fibras melhoram a resistência à insulina e saciedade;

 

Leguminosas: alimentos ricos em fibras e de baixo IG;

 

Peixes, linhaça, chia: ricos em ômega 3 (anti-inflamatório); 



Alimentos diuréticos e anti-inflamatórias: mamão, melancia, melão, limão, abacaxi, agrião, alface, pepino, salsa, salsão, hortelã, hibiscos;

 

Flavonoides melhoram a circulação e são anti-inflamatórios:

 

● quercetina: maçã, cebola, uva, morango, couve, brócolis, chá preto, grãos, nozes;

 

● rutina: cebola, uva, maçã, tomate, feijão;

 

● resveratrol: uva roxa, vinho tinto;

 

Alimentos que modulam a secreção de estrógeno: brócolis, couve-flor, repolho, couve (possuem substância indol, que ajuda na modulação do metabolismo do estrogênio), amêndoas, nozes (ricos em AG insaturados que ajudam na formação de progesterona), linhaça, peixes e óleos linhaça (fonte de w-3 que auxilia a neutralizar o hormônio); alho, cebola, açafrão;

 

Silício: auxilia na síntese de colágeno e elastina, melhorando a elasticidade da pele e a permeabilidade capilar venosa e linfática, melhorando a lipólise no tecido adiposo, possui efeito antienvelhecimento (após os 30 anos, a quantidade de silício no organismo diminui), firmeza e sustentação. Alimentos que contem silício: aveia, arroz integral, cogumelo, cavalinha, algas;

 

Frutas vermelhas: melhoram a circulação sanguínea (antocianidinas) aumentam a permeabilidade linfática e microvascular por serem ricos em taninos e antioxidantes, os quais diminuem a peroxidação lipídica;

 

Fibras alimentares: reduzem o IG dos alimentos, estimula queima de gordura, melhora constipação intestinal (situação aumenta permeabilidade capilar);

 

Vitaminas E, C, A, betacaroteno, selênio, CoQ10: são antioxidantes que atuam protegendo a pele do envelhecimento;

 

Ácido lipoico, cromo, biotina: melhoram a resistência à insulina.

 

Uma das formas de inserir alguns fitoterápicos na dieta para combater à celulite é usá-los na forma de chás / infusões:

 

Castanha da Índia: contem propriedades anti-inflamatórias e antiedema;

 

Hibiscus, Cavalinha: ação diurética;

 

Centella Asiática: anti-inflamatório e estimula formação de colágeno;

 

Chá verde / branco: propriedade de queima de gordura (lipólise) e antienvelhecimento; 



Ainda há muito poucos trabalhos científicos publicados e desenvolvidos no Brasil que abordem uma metodologia de diagnóstico que não seja somente visual e sensorial (avaliação subjetiva).

 

Os pesquisadores Hexel et al, de Curitiba, propuseram em 2009, um novo critério de avaliação por Escala Fotonumérica, a qual sugere um novo método de diagnóstico dos aspectos morfológicos da celulite (número de depressões, profundidade, aparência clínica das lesões e classificação da gravidade), a qual foi validada (segura de reprodução) após estudos estatísticos.

 

Por ser uma doença de múltiplas etiologias, sugere o tratamento composto por dieta equilibrada, atividade física, tratamentos estéticos e manutenção e/ou redução de peso.

 

Texto elaborado pela nutricionista: Dra. Christiane Bergamasco

 

Formada em Nutrição, há mais de 10 anos, com cursos de pós-graduação em Nutrição Clínica , Funcional e Fisiologia do Exercício. Autora de publicações científicas em livros e revistas, atuou em hospitais de primeira linha e também como professora universitária e consultora em programas de TV e revistas.

 

 As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

 

 Referências Bibliográficas:  

  1. DM Hexsel et al. A validated photonumeric cellulite severity scale. European Academy of Dermatology and Venereology, 2009.
  2. Pujol, AP. Fibroedema geloide. In: ____ Nutrição Aplicada à Estética. Cap. 8, p. 91-104, Rio de Janeiro: Ed. Rúbio, 2011.
  3. Schneider AP, Pessoa, JSM. Lipodistrofia Ginoide (Celulite). In: _____ Nutrição Estética. Cap. 13, p. 167-189, São Paulo: Ed Atheneu, 2009.
  4. David, RB et al. Lipodistrofia ginoide: conceito, etiopatogenia e manejo nutricional. Rev Bras Nutr Clin 2011; 26 (3): 202-6.
  5. Brown, SE, Jaffe, R. Acid-Alkaline balance and its effect on boné health. International Journal of Integrative Medicine, v.2, n.6, nov/dec, 2000.
  6. http://www.acidalkalinediet.net/acid-alkaline-food-chart.php

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