quarta-feira, 6 de julho de 2022

Café e Inflamação

 


O café é uma excelente bebida que faz mais do que energizar o corpo: apenas uma xícara por dia já ajuda a manter as artérias saudáveis, tem efeitos benéficos no aparelho cardiovascular e no diabetes, estimula a função cognitiva, protege o cérebro contra danos relacionados à idade, entre outras coisas. Pesquisas recentes também sugerem que o café pode impulsionar a saúde intestinal. No entanto, os caminhos biológicos que intermedeiam estas associações ainda são mal compreendidos.

 

Café

Um estudo gigantesco, feito com profissionais de saúde americanos (15.551 mulheres e 7.397 homens), avaliou a relação entre o consumo de café e a presença de biomarcadores plasmáticos nas principais vias metabólicas e inflamatórias que acompanham doenças crônicas comuns. Comparados com os não bebedores, os participantes que bebiam quatro xícaras ou mais de café por dia apresentaram menores concentrações de marcadores metabólicos e inflamatórios como peptídeo C (-8,7%), IGFBP-3 (-2,2%), estradiol livre (-8,1%), leptina (-6,4%), proteína C reativa (- 16,6%), interleucina-6 (-8,1%) e maiores concentrações de marcadores positivos como SHBG (5,0%), testosterona total (7,3% em mulheres e 5,3% em homens), adiponectina total (9,3%), e outros. Os resultados foram muito semelhantes para café com cafeína e descafeinado, e mostraram uma melhor saúde metabólica em quem consome a bebida.

 

Cafeína

Outro estudo, apresentado pelo American College of Gastroenterology, relacionou o consumo de café a níveis mais elevados de bactérias intestinais anti-inflamatórias e melhor composição do microbioma. Os pesquisadores analisaram a ligação entre o consumo de cafeína e a estrutura da flora intestinal, com 34 participantes saudáveis separados em dois grupos, os de alto consumo que ingerem pelo menos 82,9 miligramas de cafeína por dia, e os de baixo consumo tomando abaixo de 82,9 mg. Para situar, o café expresso tem 63 mg de cafeína em 30 ml (uma dose), e o café coado tem de 12 a 16 mg em cada 30 ml, assim uma xícara com 240 ml tem em média 120 mg de cafeína.

 

Bactérias anti-inflamatórias

Após coletar amostras de diversos segmentos do intestino dos participantes através de colonoscopia, foi extraído o DNA microbiano. Os cientistas descobriram que os altos consumidores de café tinham níveis mais elevados de bactérias anti-inflamatórias (Faecalibacterium e Roseburia) e baixos níveis de Erisipelatoclostridium, um gênero potencialmente prejudicial de bactérias ligadas à síndrome metabólica e fatores de regulação da glicose intestinal e de gordura, que aumentam a obesidade induzida pela dieta. Além disso, os fãs de café tinham maior diversidade e níveis mais elevados de outras bactérias benéficas que povoam o microbioma intestinal.

 


Compostos bioativos

Os grãos de café torrado apresentam uma mistura complexa de milhares de compostos bioativos, com inúmeras propriedades potenciais de promoção da saúde.  O café é rico em antioxidantes (ácidos clorogênicos, melanoidinas, terpenos, ácido cafeico e outros polifenóis). Ele também contém aminoácidos como triptofano, e neurotransmissores como GABA, melatonina e serotonina. As análises mostram que quem toma café vive mais. Os bebedores de café têm risco menor de depressão, Alzheimer e Parkinson, de acordo com as pesquisas. Há uma significativa associação inversa do consumo de café com mortes por todas as causas, e especificamente com mortes devidas a doenças cardíacas, doenças respiratórias, acidente vascular cerebral, lesões e acidentes, diabetes e infecções.

 

 

Texto elaborado por: Dra. Tamara Mazaracki. 

 

Título de Especialista em Nutrologia –  Associação Brasileira de Nutrologia;

 

Membro Titular da ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia;

 

Pós-graduação em Medicina Ortomolecular, Nutrição Celular e Longevidade – FACIS-IBEHE – Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo e Centro de Ensino Superior de Homeopatia;

 

Pós-graduação em Medicina Estética – Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino – IBRAPE.

 

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e exclusivamente, para seu conhecimento.

 

Referências Bibliográficas:

*Nutrients 2022. Effects of Coffee on the Gastro-Intestinal Tract: A Narrative Review & Literature Update.

*Nutrition Research 2020. Caffeine effects on systemic metabolism, oxidative-inflammatory pathways & exercise performance.

*American Journal of Clinical Nutrition 2019. Coffee consumption and plasma biomarkers of metabolic & inflammatory pathways in US health professionals.

*American College of Gastroenterology’s 2019 Annual Scientific Meeting.

*Nutrients 2021. Effects of Coffee and Its Components on the Gastrointestinal Tract & the Brain–Gut Axis.

*International Journal of Molecular Sciences 2020. Neuroprotective Effects of Coffee Bioactive Compounds: A Review.

*Annals of Internal Medicine 2017. Association of Coffee Consumption With Total & Cause-Specific Mortality.

 

 

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