Embora a inflamação seja um mecanismo de defesa do corpo, ao se dar de forma exacerbada, acaba resultando em diversos malefícios para a saúde. Assim, uma dieta desinflamatória desempenha um importante papel em frear a progressão da inflamação, o que pode ter relação com uma variedade de condições de saúde.
O que é a dieta desinflamatória?
A alimentação desempenha um papel fundamental tanto no sistema imunológico, quanto no início e no curso do processo inflamatório. Mas, o que é uma dieta desinflamatória, afinal? Como podemos fazer uma dieta nesse modelo? Existe uma dieta nesse estilo que pode ser usada para emagrecer? Abaixo, entenderemos melhor sobre essas e outras perguntas:
A dieta é um fator de grande influência na diversidade do microbioma intestinal, o qual, está diretamente envolvido na regulação das respostas pró-inflamatórias e anti-inflamatórias. Alguns padrões alimentares já conhecidos, demonstraram-se benéficos durante o processo de modulação da inflamação. Diferentes alimentos e nutrientes são sugeridos positivamente e, de todos os padrões alimentares, a dieta mediterrânea tem o maior destaque, demonstrando ter um dos maiores potenciais anti-inflamatórios, com redução dos níveis de biomarcadores inflamatórios circulantes. Esses achados se dão devido à alta quantidade de alimentos ricos em fitonutrientes, polifenóis, fibras e a qualidade da gordura da dieta.
Ainda falando sobre dieta e estilo de vida, um fator de risco modificável é a obesidade, pois ela aumenta a carga de doenças crônicas não transmissíveis e os níveis de inflamação no organismo. Essa inflamação pode induzir à resistência à insulina e a hiperglicemia. Dessa forma, a regulação do ganho de peso e da inflamação também são vitais para o controle da obesidade e de suas complicações. Logo, uma dieta com potencial anti-inflamatório traz benefícios não só na redução da inflamação, mas também para o ajuste de peso e na promoção da saúde de modo geral.
Quais são os alimentos permitidos na dieta desinflamatória?
Alguns alimentos têm sido associados a um perfil desinflamatório, devido aos seus nutrientes e compostos bioativos que favorecem o bom desempenho das células imunológicas e previnem a inflamação crônica. Dentre eles, alguns exemplos incluem:
- Frutas e vegetais: Essas estão associadas a menores concentrações de indicadores inflamatórios, pois são ricas em vitaminas antioxidantes, polifenóis, minerais e fibras.
- Nozes e sementes: Devido a quantidade de fibras alimentares, fitonutrientes, vitaminas, minerais e ácidos graxos essenciais, são de grande auxílio nos efeitos anti-inflamatórios da dieta, principalmente por seu alto teor de antioxidante. Algumas das principais opções são: semente de abóbora, pistache, nozes e amêndoas.
- Peixes: Excelente fonte de ômega-3, possuem ações anti-inflamatória, anti-hipertensiva e antiagregante. Além disso, auxiliam na redução nos níveis de triglicerídeos no sangue.
- Óleos vegetais ricos em ácido graxos insaturados: Os ácidos graxos mono insaturados possuem capacidade de modificar as vias anti-inflamatórias levando a redução da inflamação. Opções como azeite, ainda possuem uma relação ácido linoleico/ácido alfa-linolêico favorável, além de possuir nutrientes que o tornam resistente às alterações oxidativas do corpo.
- Ervas e especiarias: Seus efeitos foram atribuídos a três categorias: terpenos, ácidos fenólicos e flavonoides, podendo aumentar a atividade de enzimas e proteínas anti-inflamatórias ou interromper essas vias no processo inflamatório. Algumas opções como, a curcumina, o alho e o gengibre são algumas das opções com essas potentes propriedades anti-inflamatórias.
Quais alimentos devem ser evitados nesta dieta anti-inflamatória?
Alguns alimentos podem piorar a inflamação. Sendo assim, destacam-se algumas opções que devem ser evitadas ou consumidos com moderação:
- Carboidratos refinados: Seu alto consumo está correlacionado com níveis séricos mais elevados de marcadores inflamatórios.
- Alimentos ultraprocessados: Contêm grandes quantidades de aditivos, conservantes e outros ingredientes artificiais que podem levar a inflamação crônica no corpo. Além de serem ricos em açúcares adicionados e gorduras saturadas.
- Gorduras saturadas: Aumentam a inflamação, promovendo a produção de citocinas pró-inflamatórias, como IL-1,IL-6 e TNF-alfa.
Quais são os principais benefícios da dieta desinflamatória?
Uma dieta desinflamatória desempenha um papel fundamental na progressão da inflamação e suas consequências. Quando há uma dieta pobre em nutrientes-chave e com alimentos ricos em gordura e carboidratos refinados, isso pode levar à disbiose e piorar a inflamação, estando associada ao aumento dos níveis de estresse oxidativo, afetando assim a saúde global. Além disso, alguns estudos demonstram bons desempenhos de uma dieta para desinflamação, como modelo de dieta que pode ser associada à farmacoterapia voltados a melhora da depressão, devido aos seus potenciais efeitos antidepressivos e no aumento da eficácia dos medicamentos antidepressivos. Além disso, essa dieta melhora a função cognitiva, reduz o risco de obesidade e de suas complicações.
Existe alguma contraindicação para essa dieta?
Não há estudos que demonstrem contraindicações para a dieta anti-inflamatória, porém é importante prezar por um acompanhamento dietético com um nutricionista, para saber como fazer uma dieta desinflamatória, de forma a evitar possíveis restrições desnecessárias e potencializar os benefícios à saúde.
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e exclusivamente, para seu conhecimento.
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