O Dia Mundial da Alimentação é celebrado em 16 de outubro para
comemorar a criação da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a
Alimentação (FAO – Food and Agriculture Organization), cujo objetivo é
trabalhar no combate à fome e à pobreza, promovendo o desenvolvimento agrícola,
a melhoria da nutrição, a busca da segurança alimentar e o acesso de todas as
pessoas aos alimentos necessários, em quantidade suficiente e com alta
qualidade, para uma vida ativa e saudável. O tema este ano é “Preço dos alimentos – da crise à estabilidade“.O tema escolhido para este ano visa
esclarecer o assunto e o que pode ser feito para atenuar seu impacto sobre
populações mais vulneráveis.
Desde a invenção das máquinas,
os seres humanos começaram a abandonar os campos e a viver em cidades. A vida
moderna levou as pessoas a conviverem com processos de industrialização que nos
trazem conforto e comodidade.
Hoje em dia, com a industrialização, a alimentação se tornou muito mais acessível. Basta sairmos de casa e podemos encontrar uma grande variedade de alimentos nas feiras, supermercados, restaurantes e outros locais. Mas você já percebeu que alguns alimentos são mais caros que outros? Os alimentos industrializados, principalmente, exigem tecnologia e passam por todo um processo de fabricação, embalagem e distribuição. Além disso, as indústrias podem manipular os ingredientes dos alimentos que elas vendem, com o objetivo de torná-los agradáveis para seu consumidor, ou seja, nós. Por esse motivo, os alimentos industrializados são, em geral, mais caros.
Escolhas alimentares são processos complexos,
influenciadas tanto por fatores biológicos quanto por fatores sociais,
culturais e econômicos, com destaque, neste último caso, para a
renda familiar e o preço dos alimentos. Fatores econômicos parecem exercer
influência decisiva na ingestão de frutas e hortaliças. Estudos realizados em
países desenvolvidos indicam que dietas com alto teor de frutas e hortaliças
são mais caras do que as demais e que a imposição de restrições econômicas ao
custo da alimentação (como aquelas vivenciadas por famílias de baixa renda)
conduz a dietas com baixa participação de frutas e hortaliças e de alta
densidade energética (principalmente pelo alto teor de cereais processados,
óleo e açúcar).
Figura 1: Despesas com alimentação (% do orçamento domiciliar) segundo quintins de renda familiar no Brasil, 2002 - 2003 e 2008 - 2009.
A qualidade e a quantidade da alimentação, de modo
geral, tendem a ser bastante prejudicadas entre as faixas de renda mais baixas,
com melhoras significativas ao alcançar mais de dois salários mínimos per
capita. Dados da POF referentes à aquisição de
alimentos confirmam essa tendência, mostrando aquisição significativamente
menor de alimentos saudáveis, como hortaliças, frutas, carne e leite, entre a
classe de menor renda em relação à classe de maior renda. A quantidade (em
kg/pessoa/ano) de frutas adquirida por domicílios da classe de renda menor foi
de 1/4 da quantidade adquirida pelos domicílios de maior renda em 2009. Para
hortaliças, a proporção foi de um terço, e para leite e carne, cerca de 50%.
Por outro lado, os dados revelam alguns aspectos
mais saudáveis da alimentação em domicílios de renda menor. Em 2004 e 2009, a
quantidade adquirida de refrigerantes, energéticos e sucos em pó e envasados
foi muito menor entre a classe de menor renda em relação à classe de maior
renda, e a aquisição de arroz e feijão foi maior.
A mesma relação entre a faixa de renda e a
qualidade da alimentação pode ser observada nos dados referentes ao consumo alimentar
oriundos da POF 2008-2009. Foi constatada que o quarto mais pobre da população
consumia mais farinha de mandioca, arroz e feijão que o quarto mais rico e
menos salada crua e frutas como banana e laranja. Foi observada, também, uma
tendência de maior consumo de alimentos como refrigerantes, pizzas e salgados
com o aumento da renda. Dados da POF referentes à aquisição e consumo de
alimentos convergem ao revelar tendências pouco saudáveis na alimentação da
população brasileira em geral, com diminuição do consumo de arroz e feijão e
aumento no consumo de biscoitos, refrigerantes e refeições prontas entre
2008/2009 e 2002/2003. O consumo de frutas, legumes e verduras continua muito
abaixo do recomendado. Os dados referentes ao consumo alimentar mostram a
coexistência do padrão alimentar tradicional no Brasil (baseado no consumo de
arroz, feijão e carne) e o aumento no consumo de alimentos ricos em açucares,
sal e gordura.
Figura 2: Aquisição alimentar per capta anual de produtos selecionados (kg) - classe de renda menor a maior, Brasil 2003/2004 a 2008/2009.
O consumo elevado de alimentos ricos em açúcares,
sal e gordura na população brasileira é reflexo do aumento preocupante no
consumo de alimentos e bebidas industrializados e ultraprocessados.
Observa-se, também, uma forte tendência no Brasil
no aumento da alimentação fora do domicílio. A parcela das despesas com
alimentação gasta fora de casa aumentou de 24% para 30,1% de 2002/2003 a
2008/2009.92 Segundo dados da POF 2008/2009 referente ao consumo alimentar, a
tendência de comer fora de casa e o consumo energético fora de casa aumentam
progressivamente com a renda. Enquanto a classe de menor renda consumia 12% das
calorias fora de casa, esse valor chega a 22,3% para a classe de maior renda.
Figura 3: Contribuição percentual para o consumo energético total e prevalência de consumo alimentar fora do domicílio, segundo as classes de renda per capta, Brasil 2008 - 2009.
Ao aprofundar a análise da alimentação fora de
casa, constata-se que a população brasileira consumia, em 2008/2009, uma
parcela significativa de arroz, feijão e carne bovina fora de casa – 12,5%,
12,2% e 16,6%, respectivamente. Cerca de 20% corresponde a legumes, verduras e
frutas , como couve, alface, salada crua, cenoura, batata e maçã (g/dia).
Contudo chama atenção o consumo diferenciado desses produtos segundo classes de
renda. Enquanto o consumo de arroz e feijão fora de casa foi de 8,1% na classe
de menor renda, esse valor sobe para pouco mais de 20% na classe de maior
renda. Foi constatado, também, um percentual significativamente menor de
consumo de carne bovina fora de casa entre a faixa de renda menor –13,8%
comparado com 22,9% na faixa de renda maior. O percentual de consumo de alface
e de salada crua fora de casa entre a faixa de menor renda foi menor, também –
7,5% e 12,7%, respectivamente, comparado com 28,5% e 24,2% na faixa de maior
renda.
Por outro lado, o percentual de consumo fora de
casa de alguns alimentos considerados, de modo geral, menos saudáveis – pizzas,
sanduíches, salgadinhos industrializados e salgados fritos e assados – não
mostrou diferenças marcantes entre as classes de renda. Em termos gerais, cerca
da metade desses alimentos foi consumida fora de casa. No que diz respeito a
refrigerantes, o percentual de consumo fora de casa entre a faixa de menor
renda foi de 37% se comparado com 46,3% entre a faixa de maior renda.
As tendências do estado nutricional da população
mostram claramente a transição nutricional no Brasil, caracterizada pela
redução na prevalência da desnutrição na população (evidenciada pela redução no
déficit de altura e de peso) e o aumento do sobrepeso e da obesidade.
Entre 1974-1975 (ENDEF) e 2008-2009 (POF), houve
aumento da prevalência do excesso de peso de quase três vezes para os homens e
de praticamente o dobro para as mulheres. Em relação à prevalência da
obesidade, os resultados são ainda maiores para os homens, com um aumento de
quase quatro vezes e maior do que duas vezes para as mulheres.
Figura 4: Prevalência de déficit de peso, excesso de peso e obesidade na população com 20 ou mais anos de idade, por sexo, Brasil - períodos 1974-75, 2002-03 e 2008-09.
A dieta ideal é aquela que fornece todos os
nutrientes necessários para o funcionamento perfeito do organismo. Devemos
lembrar também da qualidade desses alimentos, pois dar preferência a alimentos
naturais sem adição de substâncias químicas, como agrotóxicos e outros
aditivos, pode ajudar na prevenção de doenças. Você já sabe que uma alimentação
saudável não é composta somente por frutas e verduras, já que devemos comer os
alimentos de todos os grupos – carboidratos, verduras e frutas, leguminosas,
proteínas, leite e derivados, açúcares e gorduras –, além disso devemos variar
entre os alimentos de cada grupo. Assim, receberemos os benefícios de ter uma
alimentação saudável.
Ter uma alimentação saudável pode trazer uma série
de benefícios, pois o fornecimento de todos os nutrientes em quantidades
adequadas é essencial para a manutenção do peso saudável. Outra questão
bastante discutida é que a alimentação saudável aumenta a disposição para
realizar atividades intelectuais tanto na escola, proporcionado um melhor
aprendizado, como no trabalho, melhorando o desempenho do trabalhador.
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas
por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos,
nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e
exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências Bibliográficas:
Alimentação Saudável e Sustentável. Disponível em: www.portal.mec.gov.br Acessado em:
07/10/2014.
Claro, RM; Monteiro, CA. Renda familiar, preço de
alimentos e aquisição domiciliar de frutas e hortaliças no Brasil. Rev Saúde
Pública 2010; v.44, n.6, p: 1014-1020.
Dia Mundial da Alimentação. Conselho Federal de
Nutricionistas. Disponível em: www.cfn.org.br
Acessado em: 07/10/2014.
O Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no
Brasil. Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO),
2014.
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