O Recordatório de 24h, como o nome indica, consiste em definir
e quantificar todos os alimentos e bebidas ingeridos no período anterior à
entrevista, que pode ser as 24h precedentes ou, mais comumente, o dia anterior.
Esse método mostra-se útil quando se deseja conhecer a ingestão média de
energia e nutrientes de grupos culturalmente diferentes, isto é, o método
sensível às diferenças culturais, já que pode descrever um amplo número de
alimentos e hábitos alimentares.
A quantidade de consumo alimentar pode ser referida
por meio de medidas caseiras ou estimadas por modelos ou fotos. Os
recordatórios devem ser aplicados por entrevistadores devidamente treinados a
fim de que ocorra uma padronização dos dados. Eles devem ter conhecimento
prévio a respeito dos alimentos disponíveis e regionais e técnicas de preparo. Em
algumas situações, os próprios sujeitos entrevistados podem aplicar o
recordatório. Contudo, no caso de crianças ou pessoas que necessitam de
educação especial, a entrevista deve ser aplicada ao parente mais próximo. Para
obter maior precisão de dados, é necessário fornecer o nome comercial de certos
alimentos consumidos. Além disso, deve ser coletada a informação sobre o uso de
vitaminas, minerais e outros suplementos alimentares.
O Nordic
Cooperation Group of Dietary Researchers sugere alguns procedimentos para
facilitar a análise dos resultados obtidos:
1.Os
sujeitos não devem receber nenhum aviso anterior que serão entrevistados para
não alterar seus hábitos alimentares.
2.O
recordatório deve ser administrado como uma entrevista (pessoalmente ou pelo
telefone).
3. A
entrevista deve ser feita em um lugar tranquilo.
4.As
entrevistas devem ser distribuídas uniformemente durante os dias da semana.
5.A ordem
do recordatório deve começar pela primeira comida ou bebida ingerida no dia (ou
para os trabalhadores noturnos, de meia-noite a meia-noite).
6.O
entrevistador deve fazer perguntas sem induzir as respectivas respostas e estar
atento às combinações de comidas a serem ingeridas juntas, pois dessa maneira
será capaz de sondar efetivamente a ingestão de itens que o entrevistado não
mencionou.
7.Deve-se
ajudar na descrição de tamanhos de porção.
8.Uma
lista de alimentos pré-codificada pode ajudar num rápido registro e codificação
subsequente.
Vantagens
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Desvantagens
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●
Fácil e rápido de ser administrado
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●
Depende da memória
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●Baixo
custo
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●
Requer treinamento do investigador para evitar indução
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●Quando
realizado em série, fornece estimativas da ingestão usual do indivíduo
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●
A ingestão prévia das últimas 24 horas pode ser atípica.
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●
Não altera a dieta usual
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●
Bebidas e lanches tendem a ser omitidos
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●Pode
ser utilizado em grupos de baixo nível de escolaridade
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●
Não fornece dados quantitativos precisos sobre a ingestão de nutrientes
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●Pode
ser usado para estimar o valor energético da dieta e a ingestão de
macronutrientes.
|
●
Não reflete as diferenças entre a ingestão de dias de semana e o final de semana
|
●
Pode ocorrer sub ou superestimação.
|
Fonte:
Cuppari, 2002.
Por causa da diversidade na ingestão dietética
diária, propõe-se que pelo menos dois ou mais recordatórios sejam efetuados
para minimizar os erros. Eles podem ser ministrados em diferentes períodos do
ano para avaliar a média da ingestão habitual. Em algumas circunstâncias, apenas
um recordatório, coletado em uma grande amostra de sujeitos, pode ser
suficiente para avaliar a ingestão dietética populacional.
A
validade do recordatório de 24 horas tem sido estudada comparando-se as
respostas com as ingestões registradas, observadas ou pesadas por indivíduos treinados.
Em geral, a média estimada do recordatório tem sido similar à ingestão
observada, apesar de algumas vezes os entrevistados subestimarem e, em outras,
superestimarem a ingestão alimentar
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas
por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos,
nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e
exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Cuppari
L et al. Doenças renais. In: Cuppari L. Guias de medicina ambulatorial e
hospitalar UNIFESP/ Escola Paulista de Medicina -nutrição clínica no adulto. 1a
ed. São Paulo: Manole. 2002. p. 71-109.
Fisberg, RM; Slater, B;
Marchioni, DML; Martini, LA. Inquéritos Alimentares: Métodos e bases
científicos. Barueri, SP: Manole, 2005.
Holanda, LB; Filho, AAB.
Métodos aplicados em inquéritos alimentares. Rev Paul Pediatria 2006; v.24,
n.1, p: 62-70.
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