A
Doença de Alzheimer é uma enfermidade incurável que se agrava ao longo do
tempo, mas pode e deve ser tratada. Quase todas as suas vítimas são pessoas
idosas. A doença se apresenta como demência, ou perda de funções cognitivas
(memória, orientação, atenção e linguagem), causada pela morte de células
cerebrais. Quando diagnosticada no início, é possível retardar o seu avanço e
ter mais controle sobre os sintomas, garantindo melhor qualidade de vida ao
paciente e à família.
Não se
sabe por que a Doença de Alzheimer ocorre, mas são conhecidas algumas lesões
cerebrais características dessa doença. As duas principais alterações que se
apresentam, são as placas senis decorrentes do depósito de proteína beta-amiloide,
anormalmente produzida, e os emaranhados neurofibrilares, frutos da
hiperfosforilação da proteína tau. Outra alteração observada é a redução
do número das células nervosas (neurônios) e das ligações entre elas
(sinapses), com redução progressiva do volume cerebral.
Estudos
recentes demonstram que essas alterações cerebrais já estariam instaladas antes
do aparecimento de sintomas demenciais. Por isso, quando aparecem as
manifestações clínicas que permitem o estabelecimento do diagnóstico, diz-se
que teve início a fase demencial da doença.
As
perdas neuronais não acontecem de maneira homogênea. As áreas comumente mais
atingidas são as de células nervosas (neurônios) responsáveis pela memória e
pelas funções executivas que envolvem planejamento e execução de funções
complexas. Outras áreas tendem a ser atingidas, posteriormente, ampliando as
perdas.
Estima-se
que existam no mundo cerca de 35,6 milhões de pessoas com a Doença de
Alzheimer. No Brasil, há cerca de 1,2 milhão de casos, a maior parte deles
ainda sem diagnóstico.
O
crescente número de casos, se deve ao fato mais marcante para as sociedades
atuais, que é o processo de envelhecimento populacional, observado em todos os
continentes. O aumento do número de idosos, tanto proporcional quanto absoluto,
está impondo mudanças profundas nos modos de pensar e viver a velhice, na sociedade.
De
acordo com o Ministério da Saúde, Envelhecimento populacional é definido como a
mudança na estrutura etária da população, o que produz um aumento do peso
relativo das pessoas acima de determinada idade, considerada como definidora do
início da velhice. No Brasil, é definida como idosa a pessoa que tem 60 anos ou
mais de idade, enquanto que nos países desenvolvidos idoso é aquele que tem 65
anos ou mais (OMS).
O
efeito combinado da redução dos níveis da fecundidade e da mortalidade no
Brasil, tem produzido transformações no padrão etário da população, sobretudo a
partir de meados dos anos de 1980. O formato tipicamente triangular da pirâmide
populacional, com uma base alargada, está cedendo lugar a uma pirâmide
populacional com base mais estreita e vértice mais largo característico de uma
sociedade em acelerado processo de envelhecimento.
Segundo
o IBGE, a população com essa faixa etária deve passar de 14,9 milhões (7,4% do
total), em 2013, para 58,4 milhões (26,7% do total), em 2060. No período, a
expectativa média de vida do brasileiro deve aumentar dos atuais 75 anos para
81 anos. As mulheres continuarão vivendo mais do que os homens. Em 2060, a
expectativa de vida delas será de 84,4 anos, contra 78,03 dos homens. Hoje,
elas vivem, em média, até os 78,5 anos, enquanto eles, até os 71,5 anos.
A
idade é o principal fator de risco para o desenvolvimento de demência da Doença
de Alzheimer (DA). Após os 65 anos, o risco de desenvolver a doença dobra a
cada cinco anos.
As
mulheres parecem ter risco maior para o desenvolvimento da doença, mas talvez
isso aconteça pelo fato de elas viverem mais do que os homens.
Embora
a doença não seja considerada hereditária, há casos, principalmente quando a
doença tem início antes dos 65 anos, em que a herança genética é importante.
Esses casos correspondem a 10% dos pacientes com Doença de Alzheimer.
Pessoas
com histórico de complexa atividade intelectual e alta escolaridade tendem a
desenvolver os sintomas da doença em um estágio mais avançado da atrofia
cerebral, pois é necessária uma maior perda de neurônios para que os sintomas
de demência comecem a aparecer. Por isso, uma maneira de retardar o processo da
doença é a estimulação cognitiva constante e diversificada ao longo da vida.
Outros
fatores importantes referem-se ao estilo de vida. São considerados fatores de
risco: hipertensão, diabetes, obesidade, tabagismo e sedentarismo. Esses
fatores relacionados aos hábitos são considerados modificáveis. Alguns estudos
apontam que se eles forem controlados podem retardar o aparecimento da doença.
O Brasil não é exceção à
tendência observada na maioria dos países. Desde a década de 60, observam-se os
processos de transição demográfica, epidemiológica e nutricional no país, que
resultam em alterações nos padrões de ocorrência das enfermidades. A transição
epidemiológica caracteriza-se pela mudança do perfil de morbidade e de
mortalidade de uma população, com diminuição progressiva das mortes por doenças
infecto-contagiosas e elevação das mortes por doenças crônicas.
Por isso, o
tema Geriatria, é sempre delicado, porque ao falar de envelhecimento, nos
deparamos com nossa própria idade e independente de qual quer que seja ela,
contabilizamos tempo, débitos e créditos de nossos desejos, realizações,
sucessos e insucessos. Nos deparamos com mudanças em nosso corpo, aparência e
funcionalidade, das quais não escolhemos e nem mesmo desejamos ou aceitamos,
porque o envelhecimento não é a mera passagem do tempo, mas sim, a manifestação
de eventos biológicos, que ocorrem ao longo de um período.
Não existe
uma definição perfeita para o envelhecimento mas, como ocorre com o amor e a
beleza, grande parte de nós o reconhece quando o sente ou vê. É um processo
dinâmico e progressivo, no qual há alterações morfológicas, funcionais e
bioquímicas, que vão alterando progressivamente o organismo, tornando-o mais
suscetível às agressões intrínsecas e extrínsecas que terminam por levá-lo á
morte.
É
muito comum que os sintomas iniciais da Doença de Alzheimer (DA) sejam
confundidos com o processo de envelhecimento normal. Essa confusão tende a
adiar a busca por orientação profissional e, não tão raro, a doença é
diagnosticada tardiamente. Recomenda-se que, diante dos primeiros sinais, as
famílias procurem profissionais e/ou serviços de saúde especializados para
diagnóstico precoce no estágio inicial da doença, o que favorecerá a evolução e
o prognóstico do quadro.
Nos quadros
de demência da Doença de Alzheimer, normalmente observa-se um início lento dos
sintomas (meses ou anos) e uma piora progressiva das funções cerebrais.
O
envelhecimento comum, está sujeito a fatores intrínsecos e aos extrínsecos,
como alimentação, meio ambiente, composição corpórea, aspectos psicossociais,
etc, que intensificam os efeitos do processo de envelhecimento.
Hoje, o
enfoque está no envelhecimento bem sucedido. Nesse caso, os fatores extrínsecos
não estão presentes ou, quando presentes, seriam de pequena importância. E
assim, trocamos a senilidade (envelhecimento patológico), pela senescência
(envelhecimento fisiológico).
O bem-estar
subjetivo é um critério essencial para a velhice bem-sucedida. A principal
característica do envelhecer saudável, é a capacidade de aceitação das mudanças
fisiológicas, decorrentes da idade. Quem envelhece de forma bem sucedida, tem satisfação
com a vida, longevidade (quanto viveremos com qualidade de vida), ausência de
incapacidade, domínio/crescimento, participação social ativa, alta capacidade
funcional/ independência.
É
reconhecida uma fase da Doença de Alzheimer anterior ao quadro de demência.
Essa fase é chamada de comprometimento cognitivo leve devido à Doença de
Alzheimer. Essa hipótese é feita quando ocorre alteração cognitiva relatada
pelo paciente ou por um informante próximo, com evidência de comprometimento,
mas ainda há a preservação da independência nas atividades do dia a dia.
Pode haver
problemas leves para executar tarefas complexas anteriormente habituais, tais
como pagar contas, preparar uma refeição ou fazer compras. O paciente pode
demorar mais para executar atividades ou ser menos eficiente e cometer mais
erros. No entanto, ainda é capaz de manter sua independência com mínima
assistência. Não é possível saber se pacientes que apresentam esse quadro
evoluirão para a demência.
A
alimentação e nutrição é um dos itens, bastante importantes, dentre os domínios
do envelhecimento bem sucedido, que é a saúde física. E, além disso, a
alimentação, também faz parte de um segundo domínio, muito importante no
envelhecimento bem sucedido, que é a integração social.
Até o momento,
não existe cura para a Doença de Alzheimer. Os avanços da medicina têm
permitido que os pacientes tenham uma sobrevida maior e uma qualidade de vida
melhor, mesmo na fase grave da doença.
As pesquisas
têm progredido na compreensão dos mecanismos que causam a doença e no
desenvolvimento das drogas para o tratamento. Os objetivos dos tratamentos são
aliviar os sintomas existentes, estabilizando-os ou, ao menos, permitindo que
boa parte dos pacientes tenha uma progressão mais lenta da doença, conseguindo
manter-se independentes nas atividades da vida diária por mais tempo. Os
tratamentos indicados podem ser divididos em farmacológico e não farmacológico.
Não
são incomuns prescrições de outras substâncias e medicações para o tratamento
da demência da Doença de Alzheimer. As evidências, até o momento, são de
ineficácia do tratamento com ginkgo biloba, selegilina, vitamina E, Ômega 3,
redutores da homocisteína, estrogênio, anti-inflamatórios e estatina. Sendo
assim, o uso dessas substâncias e medicações, com fim específico de tratamento
para a demência, não é recomendado.
Existem
muitas teorias clínicas, que explicam o processo do envelhecimento e, que podem
ser explicadas, também através da sua relação, com a alimentação ao longo da
vida:
–
Deterioração
imunológica:
–
Taxa
de reparação do DNA reduzida e Danos causados por Radicais livres: O elevado consumo dos elementos químicos na
alimentação diária moderna (xenobióticos), que levam à alteração da microbiota
intestinal, que acontece naturalmente no envelhecimento, e que piora com o
elevado consumo de medicamentos, alterações no hábito intestinal diário e baixo
consumo de fibras probióticas, levam à absorção de toxinas, fungos, bactérias,
vírus presentes naturalmente na luz intestinal, que provocam alteração
imunológica e a formação de radicais livres e alteração do DNA das células,
gerando doenças bastante comuns no processo de envelhecimento, como Alzheimer. Os
danos causados pelos radicais livre, podem levar às disfunções cognitivas e
outras, próprias e características do idoso.
–
Existem
marcadores bioquímicos do dano oxidativo e, por outro lado, existem alimentos/nutrientes,
que podem reduzir a formação desses marcadores, como a couve de Bruxelas, chá
Verde, tomate (licopeno), espinafre, azeite de oliva, soja e a vitamina C.
Os
xenobióticos, são contaminantes e substâncias tóxicas, de origem sintética, acumulativas
no organismo, presentes na água e nos alimentos em geral, que se ligam a sítios
celulares hormonais e tem efeitos imunotóxicos; neurotóxicos; e causam
inclusive, efeitos comportamentais negativos.
O
consumo de alguns fitoquímicos na alimentação do dia a dia, influenciam a
atividade do sistema de metabolização e destoxificação do nosso organismo, como
as isoflavonas da soja, os flavonoides do chá e dos cítrico, alho e cebola e as
Brássicas/ Crucíferas (cebola, repolho, brócolis, couve-flor, couve de
bruxelas, etc).
Devido
a essas explicações fisiopatológicas, durante o processo do envelhecimento,
experimentamos alterações celulares, teciduais e orgânicas (como alterações de
composição corporal, peso, altura, adiposidade, hormonal, intestinal, oral
etc), que comprometem o estado nutricional saudável. Algumas mudanças
fisiológicas ocorridas no processo de envelhecimento, predispõem ao
aparecimento de doenças e condições clínicas adversas.
As
causas da doença ainda não estão totalmente esclarecidas, mas já se sabe que
ela pode ter relação com: fatores genéticos, deficiências nutricionais, aumento
de homocisteína sérica, intoxicação por metais pesados ou alterações hormonais.
Estudos recentes mostram que a alimentação tem um papel importante, tanto no
tratamento quanto na prevenção do Mal de Alzheimer.
Alguns
nutrientes, podem ser importantes:
Fontes de ômega 3: Presente na linhaça e em alguns
peixes, esse ácido graxo é um anti-inflamatório que ajuda a preservar o sistema
nervoso, por isso, é importante tanto no tratamento como na prevenção da
doença.
Cúrcuma: Além de ter propriedades antioxidantes
e anti-inflamatórias que ajudam a preservar o sistema nervoso, ela ajuda a
reduzir a produção do peptídeo beta-amiloide (que tem efeito tóxico no sistema
nervoso no paciente com Mal de Alzheimer).
Frutas, verduras e
legume: O Mal de
Alzheimer causa produção excessiva de radicais livres no sistema nervoso. Para
tratar esse problema, é importante que o paciente mantenha uma dieta rica em
alimentos fontes de antioxidantes, como as frutas, verduras e legumes frescos
(de preferência, orgânicos).
Fontes de vitamina E: Muitos experimentos mostram que a
vitamina E em especial tem efeito antioxidante importante na diminuição dos
radicais livres no tratamento do paciente. Apesar da maioria dos experimentos
administrar esta vitamina em forma de suplemento, é importante saber que ela é
naturalmente encontrada no gérmen de trigo, em nozes e sementes como a de
girassol.
O excesso de gorduras
saturadas e trans, presentes nas carnes gordurosas, no leite integral e
seus derivados, e em produtos industrializados como sorvetes, bolachas
recheadas e outros (respectivamente) podem ser considerados fatores de risco;
A deficiência de
vitaminas do complexo B, especialmente a B1,
B6, B9,
encontradas nos grãos integrais e nas folhas verde-escuras, além da B12 encontrada nos ovos e outros
alimentos de origem animal, também parece estar relacionada à doença;
É por isso
que, consultar um Nutricionista na busca do envelhecimento bem sucedido, na
juventude ou a partir de qual idade for, é a melhor forma de adaptar mudanças
no decorrer da vida às necessidades nutricionais, em busca da autonomia,
independência e qualidade de vida.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Texto elaborado por: Dra. Evie Mandelbaum
Nutricionista Graduada pela Faculdade de Saúde Pública da
Universidade de São Paulo – FSP/USP há 20 anos;
Especializada em Nutrição Hospitalar em Cardiologia pelo
Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo - InCor-HC-FMUSP;
Gerontóloga pela Sociedade Brasileira de Geriatria e
Gerontologia – SBGG;
Especialização em Saúde da Mulher no Climatério pela
Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo – FSPUSP;
Autora dos livros: "Atendimento Sistematizado em
Nutrição", Ed. Atheneu – 2002 e "Cuidado, olha o crachá no prato
!", Ed. Alegro/ Campus, 2004;
Diretora da Clínica de Nutrição Especializada Evie
Mandelbaum.
Bibliografia consultada:
http://www.sdh.gov.br/assuntos/pessoa-idosa/dados-estatisticos/DadossobreoenvelhecimentonoBrasil.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_saude_pessoa_idosa_envelhecimento_v12.pdf
http://www.saudegeriatrica.com.br/medicina/saude/geriatria/gerontologia/idoso/glossago01.html
Abraz -
http://abraz.org.br/sobre-alzheimer/diagnostico
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