A
população idosa é um dos grupos etários de maior risco à desnutrição e às
deficiências nutricionais devido ao declínio das funções cognitivas e
fisiológicas que prejudicam o consumo e o metabolismo dos nutrientes. Dessa
forma, as ações de vigilância alimentar e nutricional têm sido cruciais para o
monitoramento e a caracterização das práticas alimentares e de seus
determinantes nessa população, com vistas à prevenção dos distúrbios
nutricionais e das doenças a eles relacionadas.
A
manutenção de um estado nutricional adequado e a alimentação equilibrada estão
associadas a um processo de envelhecimento saudável. O envelhecimento pode vir
acompanhado de mudanças que podem alterar a ingestão de alimentos e
consequentemente levar à deficiência de nutrientes e a quadros de desnutrição.
Quadro 1. Condições que afetam o estado
nutricional no idoso.
Fatores
socioeconômicos/psicossociais
|
Alterações
fisiolóficas
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Perda
do cônjuge
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Alterações
no funcionamento do aparelho digestório
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Depressão
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Alterações
na percepção sensorial
|
Isolamento
social
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Alterações
na capacidade mastigatória
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Capacidade
de deslocamento
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Alterações
na composição e no fluxo salivar e na mucosa oral
|
Capacidade
cognitiva
|
Alterações
na estrutura e função do esôfago, estômago e intestinos
|
Fonte: Magnoni, D; Cukier, C.
2005
O
zinco é um micronutriente essencial para a biologia humana. Sua ampla
distribuição pelos tecidos reflete sua grande atividade metabólica, estando
também envolvido em funções fisiológicas específicas, tais como, função visual;
crescimento e replicação celular; maturação sexual; fertilidade e reprodução;
funções imunitárias; cicatrização de ferimentos; paladar e apetite.
O corpo humano contém entre 1,5g a 2,0g de zinco que se encontram distribuídos
em vários tecidos, incluindo pâncreas, fígado, pulmões, músculos, ossos, olhos,
além das secreções da próstata e esperma.
O zinco pode estar presente na dieta associado a moléculas orgânicas
(proteínas, fitatos e carboidratos) ou na forma de sais inorgânicos (como em
suplementos ou em alimentos fortificados). A absorção de zinco ocorre
principalmente no intestino delgado, embora os resultados sejam conflitantes em
relação ao segmento do intestino delgado com maior capacidade de absorção desse
elemento. A presença da glicose no lúmen intestinal auxilia a captação.
Má-absorção, estresse, traumatismo,
perda muscular e medicamentos podem contribuir para a inadequação de zinco no
idoso. As deficiências comprometem linfócitos T e a imunidade celular. Alguns
autores sugerem que a deficiência de zinco pode elevar o limiar do paladar com
a idade. No entanto, ainda não está comprovado o benefício da suplementação de
zinco.
As principais fontes de zinco são os
produtos de origem animal como ostras, fígado, carne de boi, carnes escuras de
aves, carne de vitela, caranguejo e ovos. Os cereais integrais têm um alto
conteúdo de zinco, mas a presença de fatores antinutricionais diminui a
biodisponibilidade dessas fontes, enquanto os cereais refinados apresentam
teores muito baixos de zinco. A cota dietética recomendada de zinco para
indivíduos acima dos 51 anos é de 11mg/dia para o sexo masculino e 8mg/dia para
o sexo feminino.
Com o envelhecimento, pode ocorrer
diminuição da ingestão energética por causa da diminuição da taxa de
metabolismo basal, da redução do tamanho corporal e da atividade física. Em
consequência, muitos idosos apresentam risco de ingestão inadequada em
nutrientes essenciais.
Entre os principais problemas
relacionados à deficiência de zinco em idosos, tem sido relatada a redução da
imunocompetência e do sistema de defesa antioxidante. A deficiência de zinco
também pode levar à anorexia, que reduz a ingestão de alimentos com
repercussões na saúde do idoso, e a dificuldades na reparação de tecidos, que
aumenta o tempo de convalescença em estados de doença.
Apesar de o zinco plasmático ser o
indicador mais utilizado em estudos populacionais para avaliar o estado de
zinco corpóreo, ele é afetado por vários fatores, como os ritmos circadianos,
as refeições e o estresse. Por outro lado, a avaliação da quantidade de zinco
dietético por meio de tabelas de composição de alimentos não leva em
consideração a qualidade do composto mineral e as interações com outros
elementos da alimentação, que podem alterar sua biodisponibilidade.
Aspecto fisiológico relevante durante o envelhecimento é a modificação dos
níveis normais de metalotioneína, que está associada ao controle endógeno do
zinco corpóreo, e que pode, portanto, influenciar negativamente o metabolismo
do zinco.
Devido à importância funcional do
zinco durante o envelhecimento, os programas de atenção ao idoso devem incluir
orientação nutricional para alcançar níveis desejados de energia e equilíbrio
entre os macronutrientes, com participação de melhores fontes de zinco na
alimentação, ou ainda, recomendação do uso de suplementos a fim de alcançar
níveis adequados do micronutriente no sangue.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais
da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos
e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Cesar, TB; Wada, SR; Borges, RG. Zinco
plasmático e estado nutricional em idosos. Rev Nutr 2005; v.18, n.3, p:
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Gonsales, SCR; et al. Recomendações e
Necessidades Diárias. In: Magnoni, D; Cukier, C; Oliveira, PA. Nutrição na
Terceira Idade. Magnoni, D; Cukier, C; Oliveira, PA. 1. ed. São Paulo: Savier,
2005.
Mafra, D; Cozzolino, SMF. Importância do
zinco na nutrição humana. Rev Nutr 2004; v.17,n.1: p.79-87.
Pfrimer, K; Ferriolli, E. Recomendações
Nutricionais Para Idosos. In: Vitolo, MR. Nutrição: da gestação ao
envelhecimento. 1. ed. Rio de Janeiro: Ed. Rubio, 2008.
Yuyama, LKO; Yonekura, L; Aguiar, JPL;
Rodrigues, MLCFR; Cozzolino, SMF. Zinco. Biodisponibilidade de Nutrientes. 1
ed. São Paulo: Manole, 2005, p. 513-538.
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