É associada ao ácido fosfórico para tornar-se parte da
estrutura da flavina mononucleotídeo (FMN) e flavina adenina dinucleotídeo
(FAD), as quais são coenzimas das flavoproteínas que catalisam reações de
óxido-redução nas células. Também está envolvida na ativação da vitamina B6 e
na conservação do ácido fólico e suas coenzimas.
Com exceção de leite e ovos que contêm grandes
quantidades de riboflavina livre, a maior parte da vitamina presente nos
alimentos encontra-se sob a forma de FMN e FAD ligada a proteínas. A hidrólise
feita pelo suco gástrico libera a riboflavina e a absorção ocorre
principalmente no jejuno. O mecanismo é pouco conhecido, mas aparentemente a
absorção depende do número de transportadores no epitélio intestinal ou da
variação da atividade desses transportadores, regulados pela disponibilidade
corporal da vitamina. Embora pouco absorvida, a riboflavina pode ser produzida
pela flora bacteriana do intestino grosso.
Grande parte da riboflavina
absorvida é fosforilada na mucosa intestinal pela flavoquinase e entra na
circulação sanguínea como riboflavina fosfato. No plasma sanguíneo, liga-se de
forma inespecífica a proteínas como albumina e algumas imunoglobulinas, além da
ligação específica às proteínas transportadoras de riboflavina, especialmente
durante a gestação. A concentração sanguínea total é de cerca de 0,03 uM,
estando na forma de riboflavina livre (50%), FAD (40%) e em menor concentração
como FMN (10%).
O armazenamento corporal da riboflavina é restrito e
ocorre principalmente no fígado, baço e músculo cardíaco. Os mecanismos
homeostáticos não permitem grandes variações na concentração de riboflavina no
cérebro. Quando as necessidades metabólicas são atingidas, ocorre aumento da
excreção urinária da riboflavina e de seus metabólitos, até que a absorção
intestinal seja saturada. A concentração de coenzimas de riboflavina nos
tecidos parece estar sob controle da atividade da flavoquinase e da síntese e
catabolismo de enzimas dependentes de flavina. Em estados de carência, há
conservação muito eficiente e reutilização da vitamina nos tecidos.
Fontes
Alimentares
A riboflavina é distribuída amplamente nos alimentos, mas
em pequenas quantidades. Entre os alimentos fonte podemos destacar o leite e
seus derivados; as vísceras, como fígado e rins; vegetais folhosos verdes:
couve, brócolis, repolho e agrião; ovos e ervilhas.
Grupos
de Risco para Deficiência de Riboflavina
Pessoas com baixa ingestão de riboflavina constituem-se
no grupo de risco para deficiência, que são os idosos, as mulheres em uso
crônico de contraceptivos orais, as crianças e os adolescentes de baixo nível
socioeconômicos. Os quadros de deficiência podem ocorrer em pessoas com baixa
ingestão, no alcoolismo, em pacientes com doenças que cursam com estresse
orgânico grave (como queimaduras e no pós-operatório de grandes cirurgias),
além da má absorção intestinal. A deficiência de riboflavina tem sido também
observada em pacientes com doenças crônicas debilitantes (infecção pelo HIV,
tuberculose, endocardite bacteriana subaguda), diabetes, hipertireodismo e
cirrose hepática. Recém-nascidos sob fototerapia prolongada para tratamento de
hiperbilirrubinemia podem apresentar evidências bioquímicas de deficiência de
ribiflavina, devido à fotólise dessa vitamina.
Indivíduos que fazem uso crônico de algumas medicações
podem apresentar risco de desenvolver a deficiência de riboflavina, devido às
interações entre fármaco e vitamina. Medicamentos como o probenecide, a
clorpromazina, as fenotiazinas, os barbitúricos, o antibiótico estreptomicina e
os contraceptivos orais podem diminuir a absorção intestinal ou a reabsorção
renal, por mecanismos diversos, entre eles, a competição com a riboflavina, por
dificultarem a ligação da flavina com as flavoproteínas.
Recomendação
Estágio de vida
|
EAR (mg/dia)
|
RDA (mg/dia)
|
Recém-nascidos e
crianças
|
|
|
0-6 meses
|
-
|
0,3 (AI)
|
7-12 meses
|
-
|
0,4 (AI)
|
1-3 anos
|
0,4
|
0,5
|
4-8 anos
|
0,5
|
0,6
|
Homens
|
|
|
9-13
anos
|
0,8
|
0,9
|
14-70
anos
|
1,1
|
1,3
|
˃
70 anos
|
1,1
|
1,3
|
Mulheres
|
|
|
9-13 anos
|
0,8
|
0,9
|
14-18 anos
|
0,9
|
1,0
|
19-70 anos
|
0,9
|
1,1
|
˃ 70 anos
|
0,9
|
1,1
|
Gestação
|
1,2
|
1,4
|
Lactação
|
1,3
|
1,6
|
EAR: necessidade média estimada. / RDA: ingestão
dietética recomendada. / AI: ingestão adequada.
Fonte: Cozzolino, 2005.
Deficiência
A deficiência de vitamina B2 é relativamente comum, embora não
haja uma doença específica que possa ser atribuída a ela. A deficiência é
caracterizada por lesões nos cantos da boca e lábios, descamação dolorosa na
língua deixando-a vermelha, seca e trófica, e dermatite seborreica, afetando
partes nasolabiais com anormalidades de pele ao redor da vulva e do ânus. É
preciso uma ingestão insuficiente por vários meses para que apareçam os sinais
de deficiência, que se caracterizam por queilose (inflamação dos lábios),
estomatite angular (rachaduras na pele do canto da boca).
As lesões da boca podem responder
tanto à riboflavina quanto à vitamina B6.
Pode também haver conjuntivite com vascularização da córnea e opacidade do
cristalino.
O principal efeito da deficiência em
riboflavina é no metabolismo lipídico. Uma alimentação rica em lipídios provoca
redução marcante no crescimento e maior necessidade de riboflavina para
restaurá-lo. A deficiência de B2,
algumas vezes, pode estar associada à anemia hipocrômica microcítica, como
resultado da absorção diminuída de ferro nestas condições. A depleção de B2 também diminui a oxidação de vitamina
B6 alimentar para piridoxal. Na
deficiência de B2 pode haver também alterações no
metabolismo de triptofano.
Toxicidade
Devido à sua baixa solubilidade e à
limitada absorção do trato gastrointestinal, a B2
não tem toxicidade por via oral significativa ou mensurável. Em doses
parenterais extremamente altas (300-400mg/kg de peso corporal) pode haver
cristalização da riboflavina no rim devido à sua baixa solubilidade.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Dunker,
KLL; Alvarenga, M; Moriel, P. Grupo do leite, queijo e iogurte. In: Philippi,
ST. Pirâmide dos alimentos: fundamentos básicos da nutrição. 1. ed. Barueri,
SP: Manole, 2008.
Vannucchi,
H; Chiarello, PG. Vitamina B2
(Riboflavina). In: Cozzolino, SMF. Biodisponibilidade de nutrientes. 1. ed.
Barueri, SP: Manole, 2005.
Vannucchi,
H; Cunha, SFC. Vitaminas do Complexo B. São Paulo: ILSI Brasil-Internacional
Life Sciences Institute do Brasil, 2009.
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