quarta-feira, 6 de setembro de 2017

TPM e Alimentação



A síndrome pré-menstrual (SPM) ou, como é comumente chamada, tensão pré-menstrual (TPM) é um dos distúrbios mais comuns a afetar as mulheres. A maioria delas passa por algumas alterações durante o ciclo menstrual, mas somente quando estas mudanças tornam-se desconfortáveis, a ponto de interferir de forma importante em seu estilo de vida, diz-se que elas têm SPM. 

A TPM é caracterizada por: sensibilidade no seio, constipação ou diarreia, cólicas, retenção hídrica com ganho de peso, fadiga, alterações no humor, insônia, suor nas extremidades, tontura, desmaio, dor de cabeça, mudanças no apetite e no comportamento alimentar (compulsão alimentar), dificuldade de concentração, menor rendimento, entre outros.

A causa exata da SPM ainda é desconhecida, mas existem algumas hipóteses que a explicam. Como é possível observar na imagem abaixo, durante o ciclo menstrual há dois picos de secreção de estrogênio, um no momento da ovulação, e um na fase pré-menstrual e já é bem estabelecido na literatura que esse hormônio causa retenção de água e sódio, o que explicaria alguns dos sintomas como edema e mastalgia.

No entanto, essas alterações hormonais são fisiológicas e o porquê de algumas mulheres serem mais sensíveis do que outras a essa mudança, ainda não foi esclarecido. A hipótese predominante atual é de que as mulheres que desenvolvem SPM têm maior vulnerabilidade em sistemas de neurotransmissores no sistema nervoso central, sobretudo o sistema serotonérgico (libera ou é estimulado pela serotonina no processo de transmissão de impulsos), pois as alterações hormonais que ocorrem durante a fase lútea, amplificam a desregulação desse sistema. 



Há também alguns estudos que defendem outros possíveis mecanismos que relacionam a SPM com a nutrição, como a deficiência de vitamina B6, a hipoglicemia e níveis baixos de cálcio e/ou magnésio.

Alguns cuidados com a alimentação podem ser adotados para amenizar os sintomas, como reduzir a ingestão de açúcares e gorduras, reduzir a ingestão de sal e evitar a ingestão de alimentos industrializados e embutidos. Deve-se estimular a substituição de carboidratos simples por fontes de carboidratos complexos, como grãos integrais, e aumento na ingestão de água, verduras cruas e frutas oleaginosas.

Uma das compulsões mais relatadas é aquela por chocolate, parecendo estar ligada à composição em gordura e açúcar, à textura e ao aroma deste alimento. A fixação é episódica, aumentando imediatamente antes e durante o sangramento.

Permanece a ser elucidado se o surgimento de compulsão alimentar em alguma fase do ciclo menstrual pode ser explicado por mecanismos biológicos, psicológicos ou ambos. Sabe-se que ocorre envolvimento hormonal, podendo haver ainda a participação de outros componentes, como, no caso do chocolate, as metilxantinas e os ácidos graxos semelhantes a canabinoides nele presentes, embora ainda não se conheça o mecanismo exato da ocorrência.

A cafeína é um potente estimulador do sistema nervoso central, que aumenta o cortisol e diminui a produção de serotonina, consequentemente agravando sintomas como estresse, irritabilidade, dores de cabeça, tensão, ansiedade e compulsão por doces, e, portanto, seu consumo deve ser evitado nessa fase.

O consumo de bebidas alcoólicas pode favorecer o aumento no consumo de doces, pois pode levar à hipoglicemia, além da eliminação de importantes nutrientes envolvidos com os sintomas da SPM, como cálcio, magnésio e vitaminas do complexo B.

Estudos demonstram que a suplementação com cálcio (1.000 a 1.200mg/dia durante 3 ciclos), magnésio (200 a 400mg/dia por no mínimo 2 meses) e vitamina B6 (50 a 400mg/dia por no mínimo 3 meses) é capaz de reduzir em até 48% os sintomas da SPM.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

Cheng SH, Shih CC, Yang YK, Chen KT, Chang YH, Yang YC. Factors associated with premenstrual syndrome - a survey of new female university students. Kaohsiung J Med Sci. 2013; v.29, n.(2), p:100-105.

Chocano-Bedoya PO, Manson JE, Hankinson SE, Willett WC, Johnson SR, Chasan-Taber L, et al. Dietary B vitamin intake and incident premenstrual syndrome. Am J Clin Nutr. 2011; v.93, n.5, p:1080-1086.

Ebrahimi E, Khayati Motlagh S, Nemati S, Tavakoli Z. Effects of magnesium and vitamin b6 on the severity of premenstrual syndrome symptoms. J Caring Sci. 2012 Nov v.22; 1(4), p:183-189.

Ellen W. Freeman, Steven J. Sondheimer. Premenstrual Dysphoric Disorder: Recognition and Treatment. J Clin Psychiatry. 2003; v.5, n.1, p: 30–39.

Sampaio, HA. Ciclo menstrual e nutrição. Rev Nutr 2002; v.15, n.2, p: 309-317.

Tesser, A. O que é e qual é o papel da alimentação na síndrome pré-menstrual? Disponível em: www.nutritotal.com.br Acessado em: 03/09/2017.

TPM e Alimentação. Nutrociência. Disponível em: www.nutrociencia.com.br Acessado em: 28/08/2017.

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