O
mindful eating (ME), ou “comer com atenção plena”, é uma técnica meditativa que
“nasceu” a partir do Mindfulness (atenção plena), e envolve a habilidade de se
conectar com o momento presente.
A
vivência adequada do mindful eating não é só atenção, envolve meditação,
atenção às sensações corporais e às preferências alimentares, encarando-as de
forma neutra e sem julgamentos, assim como envolve o entendimento dos gatilhos
inconscientes que nos motivam a comer.
Nesse
sentido, antes de comer, é incentivado sentir o aroma dos alimentos, sua
textura e explorar o seu sabor mastigando lentamente. Para utilizar a técnica
do mindful eating, propõe-se que não haja distrações no momento da refeição,
como televisão, celular ou comer enquanto está trabalhando no computador, assim
como é treinado o não julgamento de sensações físicas e emocionais associadas a
alimentação.
Um
estudo piloto com 40 adolescentes em Richmond County, Georgia, mostrou que a
formação da consciência na alimentação baseada em mindfulness (atenção plena)
incentivou adolescentes a comer de forma mais saudável, e a se exercitar mais.
A
intervenção começou com técnicas mais fáceis, como a meditação baseada na
consciência da respiração, onde os alunos se concentraram no movimento de seu
diafragma como uma maneira de aprender a prestar mais atenção aos seus corpos.
As 12 sessões também incluíram o uso de chocolate para aumentar a consciência
sobre gosto, sabor e saciedade, explicando como as emoções podem provocar
excessos, bem como o benefício do movimento consciente, incluindo o uso de
pedômetros e meditação andando, podem ser benéficos.
A
maior parte dos adolescentes estava acima do peso; a maioria tinha maus hábitos
alimentares e eram de maioria negra. Cerca de 20% dos participantes de
intervenção relataram que não estavam conscientes do fato de que eles comiam
rápido demais ou que se sentiam desconfortáveis após as refeições. Quase 60%
relataram um problema de compulsão alimentar, que, infelizmente, a consciência
de alimentação baseada em atenção plena, nesse período de intervenção, não
reduziu.
Os
adolescentes do grupo de intervenção comeram melhor e se exercitaram mais.A
atividade física moderada para os participantes aumentou 1,4 dias por semana,
em comparação com o grupo controle, que diminuiu sua atividade durante o
período de estudo em cerca de meio dia por semana.
Os
participantes do grupo de intervenção ao final do estudo estavam consumindo uma
dieta saudável – com menos gordura e calorias – e relataram diminuição da fome
percebida.
Algumas características da
mente em atenção plena
Não julgamento: É
fundamento essencial para se tornar “testemunha imparcial da sua própria
experiência” e parte de observar de forma neutra sobre o que está acontecendo
internamente e ao redor de você, sem julgamento de valor, como “bom ou mau”,
“certo ou errado”. É comum na nossa vida diária o julgamento e a caracterização
automática de tudo, inclusive de nossos pensamentos e sentimentos. Na prática
da atenção plena, é importante reconhecer quando eles aparecem e
intencionalmente colocar-se como uma testemunha imparcial, lembrando-se de
somente observá-los. Não se deve também “julgar seus julgamentos”, ou seja, se
perceber que está se julgando, não se criticar ou se culpar por estar fazendo
isso.
Paciência:
Permitir e aceitar que se aprenda e se desenvolva por meio da meditação em seu
próprio ritmo. Devemos intencionalmente nos lembrar que não devemos ficar
impacientes, por exemplo, por percebermos que estamos julgando algum
pensamento, ou porque estamos praticando meditação há algum tempo e não
observamos ainda nenhum benefício. Essas experiências fazem parte do processo.
Confiança:
Acreditar em si mesmo e confiar na sua intuição, reconhecendo que você é a
maior autoridade no que diz respeito ao seu corpo e aos seus sentimentos. Mesmo
quando se busca ajuda profissional, é importante confiar em si mesmo e na sua
autoridade, mesmo que cometa “erros”. É por meio dos erros que adquirimos novos
aprendizados e reconhecemos melhor nosso funcionamento.
Aceitação: Ver
as coisas como elas realmente são no presente, não importando o que estiver
acontecendo ou como você estiver se sentindo. Isso não significa que devemos
gostar de tudo ou ter uma atitude passiva, mas simplesmente aceitar ser o que
se é. O não julgamento e a aceitação não significam passividade, e sim uma
atitude de tentar tomar consciência mais clara e menos reativa da realidade e,
assim, responder de maneira mais adequada às situações.
Desapego: Não se
agarrar ou não resistir a determinados pensamentos ou sentimentos. Em
meditação, praticamos intencionalmente deixar de lado a tendência de elevar
alguns aspectos de nossa experiência e rejeitar outros. Desapegar é uma forma
de deixar estar, aceitar as coisas como elas são.
As informações contidas neste
blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais
da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos
e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências Bibliográficas:
Atenção
plena pode ajudar na perda de peso. Meu Prato Saudável. Disponível em: www.meupratosaudável.com.br
Acessado em: 06/01/2018.
Mantzios, M; Wilson, J.C. Mindful, Eating Behaviours,
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v.4, p.141-146, 2015.
Meier, B.P. et al. The sweet life: The effect of
mindful chocolate consuption on mood. Appetite,
v.108, p.21-27, 2011.
Meurer, MC; Rocha, GDW.
Mindful eating. Instituto Ana Paula Pujol. Disponível em: www.institutoanapaulapujol.com.br
Acessado em: 06/01/2018.
Polacow,
V.; Costa, A.C.; Figueiredo, M. Comer com atenção plena (mindful eating).
In: Alvarenga, MS et al. Nutrição Comportamental. Barueri:
Manole, 2015.
Seguias, L.; Tapper, K. The effect of mindful
eating on subsequent intake of a high calorie snack. Appetite,
v.121, p.93-100, 2018.
Ter
atenção plena ao se alimentar poderia trazer benefícios para a perda ou
manutenção de peso. Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da
Síndrome Metabólica – ABESO. Disponível em: www.abeso.org.br Acessado
em: 06/01/2018.
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