O diabetes surge quando a produção
de insulina do corpo falha ou não atua como deveria, o que eleva a taxa de
glicose no sangue. O pâncreas produz insulina no corpo, e é ela que transporta
a glicose, fonte de energia, para as células. Quando o pâncreas não produz a
insulina ou está debilitado e produz pouco, há um aumento da glicose. Daí o
diabetes.
Em 1985, estimava-se haver 30
milhões de adultos com diabetes mellitus no mundo; esse número cresceu para 135
milhões em 1995, atingindo 173 milhões em 2002, com projeção de chegar a 300
milhões em 2030.
O número de indivíduos diabéticos
está aumentando em virtude do crescimento e do envelhecimento populacional, da
maior urbanização, da crescente prevalência de obesidade e sedentarismo, bem
como da maior sobrevida de pacientes com diabetes mellitus.
Como saber se você tem diabetes? Os
sintomas mais frequentes são cansaço, perda de peso, muita sede, vontade
constante de urinar e visão turva. Quando a doença não é bem cuidada, a pessoa
tem problemas nos pés, na visão (há caso de cegueira), no coração, nas artérias
e nas veias.
Diabetes
Tipo 1:
Geralmente diagnosticado na infância ou na adolescência. É preciso cuidar da
alimentação e usar insulina, já que o corpo não produz nada ou produz muito
pouca insulina.
Diabetes
Tipo 2: Costuma
surgir depois dos 40 anos, em indivíduos sedentários e normalmente bem acima do
peso, o que faz com que o corpo não utilize a insulina de forma adequada.
Então, deve-se perder peso e usar medicação adaptada a cada caso.
A evolução para o diabetes mellitus tipo 2 (DM2) ocorre ao
longo de um período de tempo variável, passando por estágios intermediários que
recebem a denominação de glicemia de jejum alterada e tolerância à glicose
diminuída. Tais estágios seriam decorrentes de uma combinação de resistência à
ação da insulina e disfunção da célula beta. No diabetes mellitus tipo 1 (DM1), o início geralmente é abrupto, com
sintomas indicando de maneira contundente a presença da enfermidade.
Atualmente são três os critérios
aceitos para o diagnóstico de diabetes mellitus com utilização da glicemia:
●
Sintomas de poliúria (urinar muito), polidipsia (aumento da ingestão de água),
perda de peso acrescidos de glicemia casual > 200mg/dl. Compreende-se por
glicemia casual aquela realizada a qualquer hora do dia, independentemente do
horário das refeições;
●
Glicemia de jejum ≥ 126mg/dl. Em caso de pequenas elevações da glicemia, o
diagnóstico deve ser confirmado pela repetição do teste em outro dia.
●
Glicemia de 2 horas pós-sobrecarga de 75g de glicose > 200mg/dl.
O teste de tolerância à glicose deve
ser efetuado com os cuidados preconizados pela OMS, com coleta para
diferenciação de glicemia de jejum e 120 minutos após a ingestão de glicose.
Quadro 1. Valores de glicose plasmática (mg/dl)
para diagnóstico de diabetes mellitus e seus estágios pré-clínicos.
Categoria
|
Jejum*
|
2
horas após 75g de glicose
|
Casual**
|
Glicemia normal
|
< 100
|
< 140
|
|
Tolerância à glicose
diminuída
|
> 100 a < 126
|
≥ 140 a < 200
|
|
Diabetes mellitus
|
≥ 126
|
≥ 200
|
≥
200 (com sintomas clássicos)***
|
* O jejum é definido como a falta de ingestão
calórica por no mínimo 8 horas;
** Glicemia plasmática casual é aquela
realizada a qualquer hora do dia, sem se observar o intervalo desde a última
refeição;
*** Os sintomas clássicos de diabetes mellitus
incluem poliúria, polidipsia e perda não explicada de peso.
Nota: O diagnóstico de diabetes mellitus deve
ser sempre confirmado pela repetição do teste em outro dia, a menos que haja
hiperglicemia inequívoca com descompensação metabólica aguda ou sintomas óbvios
de diabetes mellitus.
Fonte: Sociedade Brasileira de
Diabetes.
Terapia Nutricional
A terapia nutricional em diabetes
tem como alvo o bom estado nutricional, saúde fisiológica e qualidade de vida
do indivíduo, bem como prevenir e tratar complicações a curto e a longo prazo e
comorbidades associadas.
Embora o aparecimento do diabetes
mellitus tipo 1 não seja evitável, o diabetes mellitus tipo 2 pode ser
retardado ou prevenido, por meio de modificações de estilo de vida e atividade
física.
Os macronutrientes carboidratos,
proteínas e lipídios estão distribuídos nos alimentos e devem ser ingeridos
diariamente para assegurar uma alimentação saudável.
De todos os nutrientes, o que mais
eleva a sua glicemia é o carboidrato. Os carboidratos fornecem a maior parte da energia
necessária para manutenção das atividades das pessoas. A ingestão diária
recomendada de carboidratos é de 45% a 60% do valor calórico total. Eles são
encontrados nos amidos e açúcares e, com exceção da lactose do leite e do
glicogênio do tecido animal, são de origem vegetal.
O açúcar pode ser adicionado ou estar presente
naturalmente nos alimentos. Diferentemente dos demais macronutrientes (proteínas
e lipídios), os carboidratos (glicídios) transformam-se em glicose mais
rapidamente.
Os carboidratos são classificados em simples e
complexos. Glicose, frutose, sacarose e lactose são os carboidratos simples
mais encontrados nos alimentos, estando o amido entre os complexos.
Os carboidratos simples são formados por açúcares
simples ou por um par deles; sua estrutura química faz com que possam ser
facilmente digeridos e mais rapidamente absorvidos. Como exemplo temos açúcar
de mesa, mel, açúcar do leite e das frutas, garapa, rapadura, balas, muitos
chicletes, doces em geral, refrigerantes, entre outros.
Já os carboidratos complexos são formados por
cadeias mais complexas de açúcares, podendo sua digestão e absorção ser mais
prolongada.
Alguns alimentos que contêm carboidratos complexos:
● Cereais e derivados, como arroz, trigo, centeio, cevada, milho, aveia,
farinhas (de trigo, de mandioca, de milho), massas, pães, biscoitos, tapioca,
cuscuz, macarrão, polenta, pipoca;
● Tubérculos: batata-doce, batata, inhame, cará, mandioca, mandioquinha;
● Leguminosas: feijões, ervilha, lentilha, grão-de-bico e soja.
Muitos alimentos contêm carboidratos e gordura,
incluindo-se aí os doces, como bolos, tortas, sorvetes e biscoitos. Algumas
combinações de alimentos compreendem os três nutrientes - carboidrato, proteína
e gordura -, como pizzas, ensopados e sopas. Esta característica é importante
na consideração do valor calórico da preparação e também no impacto que o alimento
pode ter na glicemia.
Alguns
alimentos ainda têm o poder de ajudar a equilibrar a absorção dos carboidratos,
que no corpo se transformam imediatamente em açúcar. Comendo fibras e fazendo
uma refeição balanceada, você consegue driblar o excesso de glicose, ou faz com
que ela demore mais tempo para ser absorvida no sangue, e ainda melhora sua
qualidade de vida.
Embora as fibras sejam também classificadas como
carboidratos, pertencem ao grupo dos oligossacarídeos, sendo eliminadas nas
fezes pelo organismo. Justamente por essa razão são importantes para a
manutenção das funções gastrointestinais e a consequente prevenção de doenças
relacionadas.
Devem constar do planejamento das refeições, sendo
facilmente encontradas em alimentos de origem vegetal, como hortaliças, frutas
e cereais integrais.
As fibras são classificadas em solúveis e
insolúveis, tendo as primeiras importante função no controle glicêmico
(especialmente as pectinas e as beta glucanas), e as insolúveis, na fisiologia
intestinal. A recomendação da ingestão de fibras é de 20-35g ao dia, valores
iguais ao da população em geral. É importante lembrar que os estudos demonstram
que o consumo rotineiro de fibras da população brasileira não atinge esta meta,
estando as pessoas com diabetes incluídas neste perfil. Portanto, o incentivo
ao consumo diário de fontes alimentares de fibras é prioritário para todos.
Dicas Para
Controlar os Níveis de Glicemia:
● Não consumir mel,
açúcar simples e doces preparados com açúcar. Substituí-los por adoçantes
artificiais e doces dietéticos, com moderação;
● Controlar o
consumo de massas, pães e cereais, evitando 02 carboidratos na mesma refeição,
como: arroz e macarrão, arroz e batata, macarrão e pão;
● Incluir as
fibras na alimentação, através do consumo de verduras, legumes, frutas e
cereais matinais sem açúcar. As frutas poderão ser consumidas até 4 unidades
por dia;
● Evitar o
consumo de sucos de frutas concentrado e refrigerantes. Substituí-los por
refrigerantes diet/light, sucos naturais diluídos e sucos artificiais sem
açúcar lembrando sempre de controlar as quantidades. Em vez de tomar
um suco de laranja, que concentra muito açúcar da fruta e faz sua glicemia
subir rapidamente, prefira comer uma laranja, tem menos açúcar (afinal, o suco
leva umas três laranjas de uma vez), e suas fibras fazem com que o organismo
demora mais para absorver a glicose;
● Evitar o consumo
de biscoitos amanteigados, recheados, waffles, polvilho, croissant, chocolate,
balas e sorvete;
● Evitar o
consumo de bebidas alcoólicas. Devemos lembrar que a ingestão de álcool em
portadores de diabetes deverá ser criteriosamente avaliada pelo profissional de
saúde e particularmente, alertar sobre os riscos de hipoglicemia;
● No preparo
dos alimentos, utilizar óleos vegetais como: soja, milho, girassol, canola e
oliva. Evitar bacon, banha , gordura de coco e azeite de dendê;
● Para temperar
os alimentos utilize: sal, alho, cebola, salsinha, vinagre, limão e ervas
aromáticas;
● Fracionar a
dieta em 5 a 6 refeições diárias, ou seja pouca quantidade e volume reduzido,
evitando assim quedas bruscas ou aumento da glicemia;
● Evitar o
consumo de gorduras de origem animal e frituras em geral. Procure manter os
níveis de colesterol e triglicérides normais, pois o risco de doença cardiovascular
no diabético é maior.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referências Bibliográficas:
Comida que cuida 2 – O prazer na mesa e na vida de
quem tem diabetes. Sanofi Aventis.
Costa, RP. Recomendações Nutricionais para Diabetes
Mellitus. Disponível em: www.omint.com.br
Acessado em: 29/10/2014.
Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes
2013-2014. Sociedade Brasileira de Diabetes, 2014.
Manual de Nutrição: Profissional da Saúde.
Departamento de Nutrição e Metabologia da Sociedade Brasileira de Diabetes,
2009.
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