terça-feira, 24 de outubro de 2017

Carne Vermelha



No Brasil, o câncer em geral configura-se como problema de saúde pública de dimensões nacionais. Com o aumento da expectativa de vida do povo brasileiro e com a progressiva industrialização e globalização, as neoplasias ganharam importância crescente no perfil de mortalidade do país, ocupando o segundo lugar de causa de óbito. O câncer color-retal encontra-se entre os cinco primeiros cânceres mais frequentes e sua incidência não é homogênea em todo o país, prevalente nas regiões Sul e Sudeste, particularmente nos Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.

O câncer de cólon e reto (CCR) envolve os tumores malignos localizados no intestino grosso formado pelo cólon, reto e ânus, é uma doença tratável e curável quando não apresenta metástases para outros órgãos. Os fatores de risco tendentes ao desenvolvimento de CCR incluem: história familiar de CCR, dieta baseada em gorduras animais, baixa ingestão de frutas, vegetais e cereais integrais; assim como, etilismo, tabagismo, obesidade e sedentarismo.

Um aspecto desfavorável ao CCR trata-se do seu desenvolvimento silencioso e o seu diagnóstico tardio, devido ao longo período em que as lesões e o tumor permanecem assintomáticos. Geralmente, quando a localização da neoplasia situa-se no cólon direito, mais tardio será o surgimento dos primeiros sintomas.

Estudos experimentais e epidemiológicos têm demonstrado uma associação entre a nutrição e os alimentos no risco de câncer colorretal. Evidências científicas têm sido avaliadas e sumarizadas em recomendações por diferentes grupos de especialistas, nas quais concluíram que o consumo de carne vermelha está relacionado ao aumento do risco de câncer color-retal.

A constatação de que o consumo elevado de carne vermelha, mas não de frango ou peixe, pode estar associado com um risco aumentado de câncer de cólon foi primeiramente relatada em estudos prospectivos em 1990.

Há evidências da associação entre consumo excessivo de carne vermelha e processada e DCV, diabetes, câncer de cólon e reto, ganho de peso, infarto e maior risco de mortalidade, possivelmente devido a seus altos teores de ferro, gorduras saturadas, colesterol e substâncias potencialmente carcinogênicas formadas no preparo culinário, como as aminas heterocíclicas e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, além de sódio e nitritos, adicionados nas carnes processadas.

Estudos recentes demonstraram associações entre a ingestão de carne vermelha e o aumento do risco para CCR em 28% a 35%. As evidências indicam a carne vermelha e a carne processada como fatores de risco para o desenvolvimento de pólipos e CCR.

Na Irlanda, o alto consumo de carne vermelha e processada foi associado com menor ingestão de frutas e hortaliças, cereais integrais e peixes, e maior consumo de refrigerantes. Em mulheres japonesas, o maior consumo de carne vermelha em relação à carne branca foi negativamente relacionado com consumo de frutas, hortaliças e leite, e positivamente associado com refrigerante, óleos e gorduras. O World Cancer Research Fund recomenda um consumo máximo de 500g/semana de carne vermelha e processada. 



A carne é uma fonte primária de proteína, rica em vários minerais e vitaminas, e um fornecedor de gordura. Há vários mecanismos possíveis para explicar os efeitos cancerígenos de carne.

Primeiro, o ferro heme na carne vermelha tem mostrado relação com o aumento dos compostos endógenos N-nitrosos (NOCs) conhecidas como multisite cancerígenos. O ferro heme também pode induzir danos no DNA, o qual está envolvido na carcinogênese, e catalisam a formação de aldeídos citotóxicos e genotóxicos.

Além disso, NOCs são produzidas quando a carne é processada, levando ao aumento do risco de câncer. Em segundo lugar, os compostos cancerígenos como aminas heterocíclicas (HCAs) e os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAP) se formam durante o cozimento da carne a uma temperatura elevada ou em chama aberta. Em terceiro lugar, o consumo elevado de gorduras totais e saturadas em carne tem sido sugerida para aumentar o risco de CCR, aumentando a excreção de ácidos biliares, os produtos das quais têm sido mostrados para promover a carcinogênese.

Um estudo publicado em 2013 possui resultados que apontam que há uma baixa ingestão de alimentos considerados protetores contra o CCR, como cereais integrais, hortaliças, frutas, legumes e peixe. Dessa forma, é necessário desenvolver políticas públicas para conscientizar a população sobre os fatores de risco associados ao desenvolvimento do CCR, tornando-se imprescindível a atuação do nutricionista.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

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