segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Outubro Rosa: Câncer de Mama



O mês de outubro é tradicionalmente marcado pelo movimento de conscientização ao combate do Câncer de Mama, simbolicamente representado pelo laço rosa. O câncer de mama é a segunda neoplasia mais comum entre as mulheres no Brasil e no mundo, respondendo por cerca de 25% dos casos novos a cada ano.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) adverte que, para se ter controle eficaz do câncer de mama, são necessárias medidas que garantam um diagnóstico da doença nas fases iniciais, ressaltando assim a importância das ações de detecção precoce. De fato essas estratégias de prevenção reduzem, significativamente, a mortalidade por câncer de mama e as repercussões físicas, psíquicas e sociais causadas por esse tipo de neoplasia. 

Relativamente raro antes dos 35 anos, sua incidência cresce progressivamente após os 50 anos e possui como principais fatores: histórico familiar; menstruação precoce (antes dos 12 anos); menopausa tardia (após os 50 anos); ausência de gravidez; reposição hormonal. Além disso, alterações no estado nutricional e na alimentação são fatores coadjuvantes ao desenvolvimento do Câncer de Mama.

O excesso de peso possui uma direta relação com o Câncer de Mama, sendo que o sobrepeso tanto pode influenciar no prognóstico da doença, como pode interferir de forma negativa no tratamento quimioterápico e aumento da morbimortalidade. Em relação aos fatores ambientais, dietas ricas em açúcares, gordura de origem animal e a deficiência sobre o consumo de frutas e verduras vêm causando impactos negativos notáveis na sociedade como aumento do sobrepeso e obesidade. Estes, por sua vez, elevam o nível de hormônios pró-cancerígenos que aumentam o risco de promover o processo de formação do tumor.

Em um estudo de caso-controle publicado na revista Nutrire, realizado com 43 mulheres com câncer de mama e 78 mulheres do grupo controle, foi encontrado que a incidência de câncer de mama é maior em mulheres que apresentam baixa escolaridade, pior condição socioeconômica, maior frequência de excesso de peso e qualidade da dieta ruim. 

Há evidências de que o efeito da gordura da dieta seja exercido depois do início da carcinogênese e que esse processo geralmente aumenta com a ingestão inadequada de gordura. Essa associação parece estar correlata ao consumo de gorduras saturadas ao invés de gorduras poli-insaturadas.

A manutenção de um peso saudável ao longo da vida, associado a uma alimentação equilibrada, pode ser uma das formas mais importantes de se proteger contra o câncer, além de também proteger contra diversas outras doenças crônicas comuns. Os fatores dietéticos e nutricionais desempenham papel relevante e influenciam a qualidade de vida após o diagnóstico do câncer.

Alguns estudos associam a elevada ingestão de vegetais, frutas, cereais, fibras, gordura insaturada (peixes, oleaginosas, ômega-3) e baixo consumo de gordura saturada (carnes gordurosas, embutidos, frituras) com baixos níveis sanguíneos de estrógenos. Há evidências sugerindo esse estilo de vida como um fator protetor contra o câncer de mama, apontando os micronutrientes e as fibras como protetores contra a neoplasia.
 
O Ômega-3, por exemplo, é um ácido graxo poli-insaturado n-3 que inibe a formação do câncer de mama, assim como as metástases, reduzindo a tendência à neoplasia mamária.

Um estudo avaliou a composição dos ácidos graxos no tecido adiposo mamário de 241 mulheres com carcinoma mamário não-metastático e de 88 pacientes com doença mamária benigna, a fim de investigar a hipótese de que os ácidos graxos ômega-3 protegem contra o câncer de mama. Encontrou-se uma relação inversa entre risco de câncer de mama e os níveis de ácidos graxos ômega-3 no tecido adiposo mamário. Portanto, o estudo evidenciou um efeito protetor dos ácidos graxos ômega-3 sobre o risco de neoplasia mamária. Dentre as fontes alimentares estão o óleo de peixe, salmão, atum, linhaça, castanha e nozes.

A carne vermelha por sua vez, quando reduzida sua ingestão poderia diminuir o risco de câncer de mama. Além disso, mulheres que consomem grandes quantidades de carne vermelha estão expostas a agentes mutagênicos e cancerígenos. Esse alimento cozido em altas temperaturas contém aminas heterocíclicas, que são mutagênicas para o câncer de mama.

O consumo aumentado de fibras pode reduzir o risco de câncer de mama, pela provável redução de estrogênios bioativos no sangue. As fontes alimentares de fibras são as frutas com casca, vegetais, grãos integrais, aveia. 

Entre os micronutrientes (vitaminas e minerais) com atuação quimiopreventiva no câncer de mama, destacam-se as vitaminas antioxidantes, folato e o selênio, os quais podem ser encontrados em frutas e vegetais de coloração alaranjada, vegetais folhosos escuros, frutas cítricas e oleaginosas.

Sobre as isoflavonas, as pesquisas sugerem que as elas exercem um papel protetor no desenvolvimento de tumores mamários. É visto que o consumo das isoflavonas permite que elas sejam absorvidas pela circulação e concorram com os sítios de receptores estrogênicos situados nas células mamárias. As isoflavonas podem ser encontradas na soja e seus derivados.

A atenção nutricional ao paciente neoplásico é um fator importante para o melhor prognóstico da doença. Aproximadamente 70% dos pacientes oncológicos apresentam alguma dificuldade para se alimentar; mais da metade necessita de aconselhamento nutricional e controle dos sintomas que interferem na ingestão de alimentos e cerca de 30% carecem de suplemento nutricional.

O consumo alimentar é fundamental após o paciente já ter desenvolvido o câncer. Pacientes em tratamento quimioterápico para CA de mama apresentam um índice muito baixo de desnutrição, sendo comum o relato de ganho de peso. Esse é um dos principais efeitos desagradáveis da quimioterapia, trazendo prejuízos ao prognóstico do paciente e aumentando o risco de reincidência do câncer.

Em um estudo observacional, transversal e analítico publicado na Revista Brasileira de Promoção de Saúde em 2014, teve como objetivo identificar o padrão alimentar a posteriori de mulheres com câncer de mama. Foram analisadas 100 mulheres com câncer de mama, submetidas à quimioterapia/radioterapia, atendidas em um centro de câncer. Os resultados demonstraram excesso de peso e circunferência da cintura acima do recomendado, além de um consumo de carne vermelha e processada, óleos, gorduras e cereais. Concluiu-se então que a o padrão alimentar das pacientes foi caracterizado por uma dieta de risco, que pode contribuir positivamente para a recidiva da doença.

O consumo alimentar habitual aponta tanto para uma potencial lacuna na abordagem educativa pregressa e atual dessas pacientes como para os aspectos que deverão ser priorizados em ações de intervenção. Especificamente, deve haver um incentivo ao maior consumo de hortaliças e frutas, considerando-se uma maior variedade delas, e à diminuição do consumo de cereais refinados, gorduras, açúcar e refrigerante.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

Câncer de Mama. Instituto Ana Paula Pujol. Disponível em: www.institutoanapaulapujol.com.br
 
PADILHA, P.C; PINHEIRO, R.L. O papel dos alimentos funcionais na prevenção e controle do câncer de mama. Revista Brasileira de Cancerologia. v. 50 n. 3, p. 251-260, 2004.

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA. Estimativa/2014: incidência de câncer no Brasil. Ministério da Saúde. Rio de Janeiro, 2014.

BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer: estimativa da incidência de câncer para 2010 no Brasil e nas cinco regiões; 2010.

ANDRADE, H. D. R. et al. Caracterização sociodemográfica, nutricional e dietética de mulheres com câncer de mama atendidas em hospital público de Minas Gerais. Nutrire. 2015 Aug;40(2):120-128.

SARKIS, K. S. et al. Padrão alimentar de mulheres com câncer de mama: um estudo a posteriori. Rev Bras Promoç Saúde, Fortaleza, 27(3): 365-373, jul./set., 2014.

SAMPAIO, H. A. C. et al. Consumo alimentar de mulheres sobreviventes de câncer de mama: análise em dois períodos de tempo. Rev. Nutr. vol.25 no.5 Campinas Sept./Oct. 2012.

Nenhum comentário: