Com o aumento das DCNT (Doenças Crônicas Não
Transmissíveis), principalmente obesidade, doenças cardiovasculares e diabetes,
pesquisadores buscam identificar propriedades funcionais dos alimentos que
sejam capazes de atuar na prevenção e controle destas doenças. Neste contexto,
diversos alimentos, popularmente definidos como funcionais, frequentemente
estão em evidência na mídia.
São exemplos as farinhas, que são divulgadas com
alegação de auxiliar no processo de emagrecimento e na diminuição dos níveis de
glicose e colesterol sanguíneo, como as de berinjela, maracujá e feijão branco,
devido ao seu alto teor de fibras.
A maioria
dos estudos relacionados à berinjela buscou comprovar seu efeito na diminuição
do colesterol sanguíneo. Entretanto, os trabalhos evidenciam apenas uma ligeira
diminuição em seus níveis.
A suplementação diária de 30g de farinha de
maracujá amarelo na alimentação, durante 60 dias, associou-se à redução dos
níveis de glicemia em indivíduos diabéticos após este período. Todavia, poucos
trabalhos foram realizados com humanos para comprovar este efeito. Ademais,
estudos mostram a toxicidade da casca de maracujá, que dependendo da quantidade
ingerida, pode ser prejudicial ao organismo.
Quanto à farinha de feijão branco, apesar de
possuir um elevado conteúdo de fibras, sua capacidade hipoglicemiante é
relacionada ao seu teor de inibidores de α-amilase, enzima responsável pela
quebra do amido, auxiliando na sua digestão e absorção. Porém, este alimento
também possui inibidores de proteases, em especial os inibidores de tripsina,
relacionados a efeitos danosos ao organismo, principalmente no que diz respeito
às funções metabólicas do pâncreas.
O consumidor precisa estar atento para o uso dessas
farinhas, que primeiramente devem passar pela inativação de suas substâncias
tóxicas, minimizando os riscos para saúde. Realça-se, sobretudo, que o consumo
diário de fibras pode ser alcançado por uma alimentação saudável, que inclua o consumo
diário de frutas e hortaliças, bem como de leguminosas e grãos integrais,
alimentos mais tradicionais da cultura alimentar brasileira.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
ANVISA. Resolução 18, de 30 de abril de 1999.
Diretrizes básicas para análise e comprovação de propriedades funcionais e ou
de saúde alegadas em rotulagem de alimentos. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Brasília, 3 dez. 1999. Seção 1.
CARVALHO, M. M. S.; LINO,
L. L. A. Evaluation factors featuring eggplant
(Solanum melongena L.) as a functional food. Nutrire,
v. 39, n. 1, p. 130-143, 2014.
CÓRDOVA, K.R.V. et al. Características
físico-químicas da casca do maracujá amarelo (Passiflora edulis flavicarpa
Degener) obtida por secagem. Centro de Pesquisa de Processamento de Alimentos,
v. 23, n. 2, p. 221-230, 2005.
DALL’ALBA V.; AZEVEDO, M. J. Papel das fibras
alimentares sobre o controle glicêmico, perfil lipídico e pressão arterial em
pacientes com diabetes melito tipo 2. Revista HCPA, v. 30, n. 4, p. 363-371,
2010.
DE CARVALHO, P. G. B. et al. Hortaliças como
alimentos funcionais. Horticultura Brasileira, v. 24, n. 4, p.397-404, 2006.
Desmistificando dúvidas sobre alimentação e
nutrição - material de apoio para profissionais de saúde. Ministério da Saúde.
Disponível em: www.saude.gov.br
Acessado em: 11/04/2018.
GONÇALVES, M. C. R. et al. Fibras
dietéticas solúveis e suas funções nas dislipidemias. Revista Brasileira de
Nutrição Clínica, v. 22, n. 2, p. 167-73, 2007.
HAUSER, C.; BENETTI, M.; REBELO, F. P. V.
Estratégias para o emagrecimento. Revista Brasileira de Cineantropometria e
Desempenho Humano, v. 6, n. 1, p. 72-81, 2004.
JANEBRO, D. I. et al. Efeito da farinha da casca do
maracujá-amarelo (Passiflora edulisf. flavicarpa Deg.) nos níveis glicêmicos e
lipídicos de pacientes diabéticos tipo 2. Revista Brasileira de Farmacognosia,
v. 18, p. 724-732, 2008.
NASCIMENTO, E. M. G. C. et al. Benefícios e perigos
do aproveitamento da casca de maracujá (Passiflora edulis) como ingrediente na
produção de alimentos. Revista Instituto Adolfo
Lutz, v. 72, n. 1, p. 1-9, 2013.
WORLD HEALTH ORGANIZATION.
Diet, nutrition and the prevention of chronic diseases: report of a WHO
consultation. Geneva, 2003. 149 p.
Nenhum comentário:
Postar um comentário