A fronteira do conhecimento em Nutrição tem mostrado que as
recomendações nutricionais não devem basear-se apenas em percentual
de macronutrientes, mas principalmente, em padrões alimentares saudáveis,
nos quais a “matriz alimentar” assume um papel fundamental. Entre os
padrões alimentares, destacam-se a dieta do Mediterrâneo e a dieta DASH
(Dietary Approach to Stop Hypertension), os quais mostraram-se eficientes
tanto na prevenção como no tratamento da obesidade, Diabetes Mellitus tipo
2 e doenças cardiovasculares. A dieta do Mediterrâneo é o padrão
alimentar de diversas populações de Países da Europa e é caracterizada
pelo consumo de alimentos como frutas, grãos, hortaliças, carnes magras,
produtos lácteos e azeite de oliva. Já o padrão DASH foi utilizado em
importante estudo clínico sobre o controle da pressão arterial e mostrou
que o consumo de frutas potencializou o efeito da redução de sal
sobre o tratamento da hipertensão arterial sistêmica. Este efeito foi ainda
mais pronunciado com a redução do percentual de gorduras e com a inclusão
de produtos lácteos desnatados. Estes dois padrões alimentares foram
avaliados em diversos estudos clínicos e epidemiológicos contribuem para a
prevenção e tratamento da Obesidade, Diabetes tipo 2 e Doenças
Cardiovasculares.
Outro estudo de muita relevância na área da Nutrição é o Interheart
(caso-controle), no qual se avaliou o consumo alimentar da população de 52
países. Os pesquisadores identificaram três padrões alimentares seguidos
ao longo do mundo. O primeiro, caracterizado por quantidade normal de
gordura e pequena quantidade de frutas, foi definido como Asiático o qual
não foi associado a aumento de risco, mas não conferiu proteção
cardiovascular. O segundo, denominado Ocidental, apresenta alto teor de
gordura na dieta e baixa quantidade de frutas e hortaliças e associou-se
a maior risco. Já o terceiro padrão, definido como
Prudente, assemelha-se ao Asiático com relação ao teor de gorduras,
mas apresenta maior quantidade de frutas e hortaliças. Este último
relacionou-se com menor risco para infarto agudo do miocárdio e conferiu
proteção cardiovascular.
Em comum, estes padrões alimentares saudáveis são caracterizados por
dieta rica em frutas, hortaliças, grãos, carnes magras, leite desnatado e
óleos vegetais. Além disso, possuem baixos teores de ácidos graxos
saturados e de açúcar. A recomendação do consumo adequado de alimentos
ricos em vitaminas, especialmente frutas e hortaliças, se justifica pela
possível sinergia entre micronutrientes e compostos bioativos,
contribuindo na prevenção contra DCV. A recomendação para o seguimento de
padrões alimentares Mediterrâneo e DASH está contemplada nas
principais Diretrizes preconizadas pela Associação Americana de Cardiologia
e de Diabetes e do Guia Alimentar Americano (2015-2020).
No panorama atual do Brasil, o consumo médio de frutas e hortaliças em
todas as regiões é insuficiente, não atingindo, na maioria das vezes, 30%
da meta, enquanto outros alimentos, como aqueles ricos em gorduras e
açúcares ultrapassam o limite recomendado. O baixo consumo de frutas e
hortaliças é evidente pela alta porcentagem de inadequação de consumo de
diversas vitaminas e minerais, conforme demonstrado pelo Inquérito
Nacional de Alimentação) POF 2008-2009 (IBGE).
Diante deste cenário, destaca-se a importância do comprometimento
dos profissionais da saúde em trabalhar para a implementação de
políticas de saúde adequadas, fundamentadas em evidências científicas,
visando alimentação saudável da população. Desta forma, é fundamental o
alinhamento com as 9 metas propostas pela Organização Mundial da Saúde
para a redução da incidência de novos casos de Doenças Crônicas Não
Transmissíveis, projetadas para o ano de 2025. Entres elas, a retirada de
ácidos graxos TRANS, redução de açúcar e de ácidos graxos
saturados, juntamente com a inclusão de quantidades adequadas
de frutas, hortaliças, grãos e óleos vegetais assume papel central.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referências
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Acessado em: 31/03/2018.
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