quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Fitoterapia



A terapia com medicamentos originados de plantas é relatada em sistemas de medicina milenares em todo o mundo como, por exemplo, na medicina chinesa, tibetana ou indiana-ayurvédica. Também os curandeiros dos chamados povos primitivos da África, Oceania, Américas do Norte e do Sul sempre utilizavam as plantas.

O termo fitoterapia descreve a profilaxia e o tratamento de doenças e distúrbios da saúde através de plantas, bem como por partes de plantas, como folhas, flores, raízes, frutos ou sementes, e pelas suas preparações. As plantas apropriadas para este fim são também tradicionalmente denominadas plantas medicinais. O importante é que as plantas ou suas partes, usadas medicinalmente, sejam sempre utilizadas em sua integridade, ou seja, na forma de fitocomplexos.

Para a compreensão da fitoterapia parece ser indispensável entender a composição específica de substâncias que fazem parte da mencionada integralidade de uma determinada planta. Atualmente é possível através de procedimentos físico-químicos, analisar uma planta ou uma parte dela até os últimos detalhes.

A fitoterapia é somente uma parte do estudo mais abrangente das plantas medicinais, o qual engloba a fitoquímica, a fitofarmácia, a fitofarmacologia e a fitoterapia. A fitoquímica ocupa-se exclusivamente dos constituintes das plantas. Seu objetivo é identificar a composição química, bem como controlar a espécie vegetal em relação a este aspecto, e descrever possíveis compostos que possam ser investigados quanto a sua ação farmacológica.

Já a fitofarmácia é principalmente a droga vegetal, isto é, para cada medicamento, a matéria-prima necessária, como por exemplo, aquela que pode ser utilizada sob a forma de chá ou na forma de preparações farmacêuticas, obtidas através de diferentes métodos extrativos.

A fitofarmacologia, por sua vez, avalia a eficácia dos medicamentos fitoterápicos. E por fim, a fitoterapia como o quarto elo do estudo das plantas medicinais descreve as possibilidades e limites do tratamento com medicamentos fitoterápicos nas indicações da medicina humana.

Deve ser observado que, para a fitoterapia, ao contrário da homeopatia e da medicina antroposófica, não existem teorias nem métodos científicos próprios. A fronteira entre a fitoterapia e da homeopatia mostra-se, também, por exemplo, nas áreas de aplicação. As plantas medicinais usadas na homeopatia são destinadas, não raro, a indicações totalmente diferentes do que no caso da fitoterapia.

A questão sobre a comprovação da eficácia dos medicamentos foi discutida de forma muito intensa e controversa nas últimas décadas, sem um resultado definitivo.

No Brasil o uso da fitoterapia tem sido paulatinamente incorporado aos serviços públicos de saúde. Na região de Campinas (SP), vem sendo utilizada e analisada desde 1990, em Centros de Saúde pertencentes a região leste, onde médicos, enfermeiros, dentistas e farmacêuticos são orientados sobre os procedimentos da terapêutica e as formas de apresentá-la aos pacientes, como uma opção para tratamento. Atualmente, alguns fitoterápicos padronizados são utilizados em todos os Centros de Saúde de Campinas; em Hortolândia (SP), município próximo a Campinas, a fitoterapia é largamente utilizada no Programa de Saúde da Família.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já reconhece, na atualidade, a importância da fitoterapia, sugerindo ser uma alternativa viável e importante também às populações dos países em desenvolvimento, já que seu custo é diminuído. Pesquisas realizadas nas universidades brasileiras já identificaram mais de 350 mil espécies vegetais, o que permite uma ampla variedade aos possíveis usos medicinais. Entre tantas espécies, apenas dez mil têm algum uso medicinal conhecido. No Brasil há cem mil espécies catalogadas, sendo apenas dois mil com uso científico comprovado.

Desta maneira, é importante a participação dos profissionais de saúde nesta área, visando uma integração do conhecimento utilizado pelo sistema de saúde oficial ao popular, pois as terapias alternativas têm muito a oferecer, podendo contribuir com as ciências da saúde, além de possibilitar ao indivíduo relativa autonomia em relação ao cuidado com a sua saúde.

Diante da biodiversidade do Brasil e do objetivo de melhorar a saúde da população, o Ministério da Saúde vem investindo no uso da fitoterapia como complemento para o SUS. Entretanto, para que isso ocorra de forma correta e, principalmente, segura é necessário profissionais capacitados, que compreendam a química, toxicologia e farmacologia das plantas medicinais e princípios ativos sem desconsiderar o conhecimento popular. 



As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

MEURER, MC; ROCHA, GDW. Fitoterapia Instituto Ana Paula Pujol. Disponível em: www.institutoanapaulapujol.com.br Acessado em: 21/11/2017.

REZENDE, H. A.; COCCO, M. I. M. A UTILIZAÇÃO DE FITOTERAPIA NO COTIDIANO DE UMA POPULAÇÃO RURAL. Rev Esc Enferm USP 2002; 36(3):282-8.

ROSA, C.; CÂMARA, S. G.; BÉRIA, J. U. Representações e intenção de uso da fitoterapia na atenção básica à saúde. Ciência & Saúde Coletiva, 16(1):311-318, 2011. 

FINTELMANN, V.; WEISS, R. F. Manual de Fitoterapia. 11ED. Guanabara Koogan. 2010.

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