A
terapia com medicamentos originados de plantas é relatada em sistemas de
medicina milenares em todo o mundo como, por exemplo, na medicina chinesa,
tibetana ou indiana-ayurvédica. Também os curandeiros dos chamados povos
primitivos da África, Oceania, Américas do Norte e do Sul sempre utilizavam as
plantas.
O
termo fitoterapia descreve a profilaxia e o tratamento de doenças e distúrbios
da saúde através de plantas, bem como por partes de plantas, como folhas,
flores, raízes, frutos ou sementes, e pelas suas preparações. As plantas
apropriadas para este fim são também tradicionalmente denominadas plantas
medicinais. O importante é que as plantas ou suas partes, usadas
medicinalmente, sejam sempre utilizadas em sua integridade, ou seja, na forma
de fitocomplexos.
Para
a compreensão da fitoterapia parece ser indispensável entender a composição
específica de substâncias que fazem parte da mencionada integralidade de uma
determinada planta. Atualmente é possível através de procedimentos físico-químicos,
analisar uma planta ou uma parte dela até os últimos detalhes.
A
fitoterapia é somente uma parte do estudo mais abrangente das plantas
medicinais, o qual engloba a fitoquímica, a fitofarmácia, a fitofarmacologia e
a fitoterapia. A fitoquímica ocupa-se exclusivamente dos constituintes das
plantas. Seu objetivo é identificar a composição química, bem como controlar a
espécie vegetal em relação a este aspecto, e descrever possíveis compostos que
possam ser investigados quanto a sua ação farmacológica.
Já
a fitofarmácia é principalmente a droga vegetal, isto é, para cada medicamento,
a matéria-prima necessária, como por exemplo, aquela que pode ser utilizada sob
a forma de chá ou na forma de preparações farmacêuticas, obtidas através de
diferentes métodos extrativos.
A
fitofarmacologia, por sua vez, avalia a eficácia dos medicamentos
fitoterápicos. E por fim, a fitoterapia como o quarto elo do estudo das plantas
medicinais descreve as possibilidades e limites do tratamento com medicamentos
fitoterápicos nas indicações da medicina humana.
Deve
ser observado que, para a fitoterapia, ao contrário da homeopatia e da medicina
antroposófica, não existem teorias nem métodos científicos próprios. A
fronteira entre a fitoterapia e da homeopatia mostra-se, também, por exemplo,
nas áreas de aplicação. As plantas medicinais usadas na homeopatia são
destinadas, não raro, a indicações totalmente diferentes do que no caso da
fitoterapia.
A
questão sobre a comprovação da eficácia dos medicamentos foi discutida de forma
muito intensa e controversa nas últimas décadas, sem um resultado definitivo.
No
Brasil o uso da fitoterapia tem sido paulatinamente incorporado aos serviços
públicos de saúde. Na região de Campinas (SP), vem sendo utilizada e analisada
desde 1990, em Centros de Saúde pertencentes a região leste, onde médicos,
enfermeiros, dentistas e farmacêuticos são orientados sobre os procedimentos da
terapêutica e as formas de apresentá-la aos pacientes, como uma opção para
tratamento. Atualmente, alguns fitoterápicos padronizados são utilizados em
todos os Centros de Saúde de Campinas; em Hortolândia (SP), município próximo a
Campinas, a fitoterapia é largamente utilizada no Programa de Saúde da Família.
A
Organização Mundial da Saúde (OMS) já reconhece, na atualidade, a importância
da fitoterapia, sugerindo ser uma alternativa viável e importante também às
populações dos países em desenvolvimento, já que seu custo é diminuído.
Pesquisas realizadas nas universidades brasileiras já identificaram mais de 350
mil espécies vegetais, o que permite uma ampla variedade aos possíveis usos
medicinais. Entre tantas espécies, apenas dez mil têm algum uso medicinal
conhecido. No Brasil há cem mil espécies catalogadas, sendo apenas dois mil com
uso científico comprovado.
Desta
maneira, é importante a participação dos profissionais de saúde nesta área,
visando uma integração do conhecimento utilizado pelo sistema de saúde oficial
ao popular, pois as terapias alternativas têm muito a oferecer, podendo
contribuir com as ciências da saúde, além de possibilitar ao indivíduo relativa
autonomia em relação ao cuidado com a sua saúde.
Diante
da biodiversidade do Brasil e do objetivo de melhorar a saúde da população, o
Ministério da Saúde vem investindo no uso da fitoterapia como complemento para
o SUS. Entretanto, para que isso ocorra de forma correta e, principalmente,
segura é necessário profissionais capacitados, que compreendam a química,
toxicologia e farmacologia das plantas medicinais e princípios ativos sem
desconsiderar o conhecimento popular.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências Bibliográficas:
MEURER, MC; ROCHA, GDW.
Fitoterapia Instituto Ana Paula Pujol. Disponível em: www.institutoanapaulapujol.com.br
Acessado em: 21/11/2017.
REZENDE,
H. A.; COCCO, M. I. M. A UTILIZAÇÃO DE FITOTERAPIA NO COTIDIANO DE UMA
POPULAÇÃO RURAL. Rev Esc Enferm USP 2002; 36(3):282-8.
ROSA,
C.; CÂMARA, S. G.; BÉRIA, J. U. Representações e intenção de uso da fitoterapia
na atenção básica à saúde. Ciência & Saúde Coletiva, 16(1):311-318, 2011.
FINTELMANN, V.; WEISS, R. F. Manual de Fitoterapia. 11ED. Guanabara Koogan. 2010.
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