A
quimioterapia, uma das mais importantes armas de que dispomos no tratamento
contra o câncer, surgiu durante a Segunda Guerra Mundial, nos Estados Unidos,
quando as pessoas que trabalhavam em pesquisas com gás mostarda (substância
utilizada na guerra química) começaram a apresentar alterações nos glóbulos
brancos, vermelhos e plaquetas e anemia. Isso chamou a atenção dos
pesquisadores que passaram a estudar o assunto, porque há doenças em
cancerologia, como muitas leucemias e alguns linfomas, que evoluem com o
aumento dos glóbulos brancos (leucócitos) e queda dos vermelhos (hemácias).
Realmente,
o gás mostarda foi o primeiro quimioterápico utilizado, a primeira droga
química que se mostrou capaz de destruir as células tumorais. Depois, vieram
outras que transformaram a quimioterapia num ramo da medicina que tem salvado
muitas vidas e aliviado o sofrimento dos doentes.
Além
dos efeitos indesejados que a quimioterapia pode causar, o paciente oncológico
também enfrenta uma série de dúvidas referentes ao que pode ou não comer
durante o tratamento. Pacientes costumam pesquisar muito sobre a própria
doença, e com tanto conteúdo contraditório na internet, ficam as perguntas.
Carne de porco faz mal? Chá verde prejudica a quimioterapia? Tem problema comer
alimentos ácidos? Tais questões não são irrelevantes, já que o risco de um
paciente com câncer ter desnutrição é três vezes maior que o observado em
portadores de outras doenças.
Dúvidas
e Respostas
Posso comer carne de porco durante o
tratamento, ou atrapalha o processo de cicatrização?
Não
há nenhuma base científica sobre a relação do consumo da carne de porco e o
processo de cicatrização. As alegações de que atrapalham o tratamento fazem parte
da cultura alimentar da população, mas sem evidências. A carne de porco, que é
a mais consumida no mundo, é rica em vitaminas do Complexo B, principalmente B6
e B12, A dica é que os pacientes prefiram carnes de porco magras, como o lombo,
e que ele seja assado.
E carne vermelha? Ela aumenta o tumor?
A
ingestão de carne vermelha tem sido relacionada à predisposição para o
desenvolvimento de alguns tipos de câncer, principalmente de intestino. As
nitrosaminas – compostos produzidos a partir de nitratos e aminas – são
conhecidas como agentes cancinogênicos e estão presentes em vários gêneros
alimentícios, como frutos do mar, queijos e nas carnes vermelhas.
No
entanto, durante a quimioterapia não há uma restrição específica para a carne
vermelha. Além disso, não existe essa ideia de ela aumentar o tumor. O que se
preconiza é o consumo moderado, sem a necessidade de retirar o alimento por
completo das refeições. Portanto, deve-se priorizar a variedade do que
ingerimos, enfatizando o consumo de frutas, legumes e verduras, assim como a
redução de açúcares e gorduras.
Dica: O
problema não é a carne vermelha, em si, mas a quantidade ingerida, que deve ser
de até 300g/semana, o que equivale a cerca de três bifes grandes. Atenção: por
semana!
Chá verde deve ser evitado durante a
quimioterapia?
O
chá verde é comumente consumido como forma de contribuir para a prevenção do
câncer por ser rico em flavonoides, atuando na ação antioxidante,
anti-inflamatória, antirreumática e anticâncer (protegendo o sistema de reparo
do DNA). Contudo, durante o tratamento quimioterápico o chá verde pode
prejudicar a eficácia de algumas drogas. É importante ressaltar que são
necessários mais estudos sobre este tema. Na dúvida, consulte seu oncologista
sobre a ingestão da bebida.
O paciente não pode comer graviola?
A
graviola deve ser evitada, pois o seu consumo durante o tratamento é tóxico
para o fígado e rins. Como qualquer medicamento, as plantas não devem ser
usadas indiscriminadamente, pois os princípios ativos que são benéficos para uma
determinada doença podem ser danosos ou sem efeito para portadores de outras.
Deste modo, a equipe médica e multidisciplinar deve ser informada e até mesmo
questionar os pacientes sobre o uso de ervas e plantas. O chá da folha da
graviola tem sido popularmente divulgado, sem que haja estudos científicos
relevantes sobre a utilização do mesmo.
Gengibre é recomendado para pacientes em
quimioterapia?
O
gengibre é um aliado do paciente em tratamento quimioterápico. Ele tem ação
antiemética (alivia enjoos, náuseas e vômitos) e anti-inflamatória. Estudos
corroboram com a indicação de que uma colher de chá de gengibre pode diminuir
as náuseas associadas ao tratamento da quimioterapia, efeito presente em torno
de 70% dos pacientes. É importante frisar que não há necessidade de consumir
gengibre em cápsulas, pois a própria raiz pode ser adicionada ao preparo de
chás, sucos e milkshakes, contribuindo na diminuição dos sintomas durante o
tratamento.
Deve-se retirar o cardápio os alimentos
ácidos?
Durante
a quimioterapia deve-se “evitar”, mas não é necessário “excluir”os alimentos
ácidos. A recomendação busca prevenir o surgimento de feridas na boca
(mucosite). Alguns alimentos e bebidas entram nessa categoria: álcool, café,
refrigerantes, abacaxi, morango, manteiga e queijos.
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas
por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos,
nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e
exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências Bibliográficas:
Lazzari,
NL; Pereira, DS. Mitos e verdades da alimentação do paciente em quimioterapia.
Instituto Vencer o Câncer. Disponível em: www.vencerocancer.org.br
Acessado em: 20/01/2017.
Quimioterapia:
principais medos e dúvidas. Instituto Vencer o Câncer. Disponível em: www.vencerocancer.org.br
Acessado em: 20/01/2017.
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