O
café é uma das bebidas mais apreciadas em todo o mundo, não só pelas
características organolépticas, mas pelo seu efeito estimulante. Os potenciais
efeitos na saúde causados por essa bebida provocaram o interesse da comunidade
científica.
A
composição química do grão verde de café é bastante complexa. Durante o
processo de torrefação ocorrem diversas reações químicas, através das quais se
formam diversos compostos químicos. Sendo assim, os efeitos do consumo de café
irão depender da qualidade e quantidade dos compostos químicos. Além do tipo de
processamento que os grãos são submetidos (via seca, úmida ou mista,
descafeinização) o grau de torra e de moagem, assim como o de preparação da
bebida (filtro, expresso, cafeteira, fervido) e respectivo volume, irá
contribuir para a variação química final da bebida.
O
principal componente psicoativo do café é, sem dúvida, a cafeína. Os efeitos
comportamentais mais notáveis ocorrem após a ingestão de doses baixas a
moderadas (50 – 300mg) deste composto, podendo ser observada uma melhora na performance cognitiva e
psicomotora do consumidor (melhoria do estado de alerta, da energia, da
capacidade de concentração, do desempenho em tarefas simples, vigilância
auditiva, do tempo de retenção visual e diminuição da sonolência e do cansaço).
A
cafeína é um nutriente amplamente utilizado por atletas que desejam otimizar
seu desempenho e está presente em diversos alimentos e bebidas. O consumo de
cafeína ocorre principalmente em competições onde predomina o metabolismo
aeróbico. Dentre os diversos mecanismos fisiológicos pelos quais a cafeína
poderia melhorar o desempenho, os mais estudados são o aumento no catabolismo
de lipídios e o antagonismo dos receptores da adenosina monofosfato cíclica
(AMP-c).
Essa
substância afeta a termogênese pela inbição da enzima fosfodiesterase. Essa
enzima degrada o aminomofosfato clínico intracelular. A fosfodiesterase
usualmente hidrolisa o AMPc a AMP, mas após o consumo da cafeína, a
concentração de AMPc eleva-se e a atividade do SNS aumenta e a lipase hormônio
sensível inativa é ativada, promovendo a lipólise.
A
atividade do SNS e a lipólise são dependentes do AMPc, visto que este ativa a
proteína quinase A (PKA). Além da inibição da fosfodiesterase, a cafeína também
afeta a termogênese por meio do estímulo de ciclos, tais como o ciclo de Cori e
o ciclo do FFA-triacilglicerol.
No
ciclo de Cori, o lactato move-se do músculo para o fígado, onde é convertido a
piruvato. O piruvato pode ser convertido à glicose por meio da enzima lactato
desidrogenase e circula de volta ao músculo através do sangue. Foi mostrado que
o turnover dos
ácidos graxos livres e a oxidação lipídica são aumentados após o consumo de
cafeína, mas isso necessita de um grande aumento na oxidação lipídica. O turnover lipídico não
oxidativo, a hidrólise e a re-esterificação do triacilglicerol são aumentados
em maior grau em comparação a oxidação lipídica. Além disso, a cafeína
antagoniza os efeitos inibitórios da adenosina sobre a lipólise pela adenilil
ciclase.
Além
disso, a cafeína parece ser benéfica aos indivíduos com Doença de Parkinson
(DP), além de prevenir o aparecimento da doença. A cafeína tem grande
semelhança à adenosina, ligando-se aos seus receptores, o que impede a ação da
mesma no SNC. A adenosina, por sua vez, bloqueia a dopamina. Dessa forma, o
consumo de alimentos ricos em cafeína como o café, chocolate amargo, chá preto,
chá mate, pode levar ao bloqueio da adenosina e ao aumento das concentrações de
dopamina, que estão diminuídas no indivíduo com DP.
Porém
deve-se ficar atento à ingestão de café pelas grávidas. O metabolismo da
cafeína é mais lento nas mulheres grávidas e no feto, resultando numa exposição
a este composto mais longa e, possivelmente, em teores mais elevados. Uma vez
que a cafeína atravessa facilmente a placenta e muitas mulheres consomem
cafeína durante a gravidez, grande parte dos recém-nascidos possui níveis
farmacologicamente ativos de cafeína no plasma. Por precaução, e porque são
necessários ainda mais estudos sobre estas questões, recomenda-se a interrupção
ou redução da ingestão diária de cafeína para o equivalente a uma ou duas
xícaras de café (<150 mg), durante a gravidez. Algumas investigações
demonstram um ligeiro aumento do risco de aborto espontâneo devido ao consumo
deste composto (através do café ou outras fontes), especialmente quando a sua
ingestão excede os 300 mg/dia.
O
consumo moderado de cafeína não parece de um modo geral, acarretar riscos para
a saúde. Porém, doses elevadas podem induzir efeitos negativos tais como
taquicardia, palpitações, insônias, ansiedade, tremores, dores de cabeça e
náuseas. Estes efeitos indesejáveis podem manifestar-se, igualmente, em alguns
indivíduos sensíveis à cafeína, mesmo sem o consumo de elevadas quantidades de
café.
As informações
contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Alves, RC; Casal, S;
Oliveira, B. Benefícios do café na saúde: mito ou realidade?. Quim. Nova 2009;
v.32, n.8, p: 2169-2180.
Meuer, MC; Rocha, GDW.
Alimentos Causadores de Alergia Alimentar. Instituto Ana Paula Pujol.
Disponível em: www.institutoanapaulapujol.com.br
Acessado em: 10/04/2017.
Moritz, B; Manosso, LM.
Nutrição Clínica Funcional: Neurologia. São Paulo: VP Editora, 2015.
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