Estatísticas
recentes apontam que aproximadamente 1 em 68 crianças apresentam sinais e
sintomas que levam ao diagnóstico de Transtorno do Espectro do Autismo. Mas,
você sabe dizer o que é o autismo? Clinicamente, esta doença é definida por
prejuízos na interação social e comunicação. Constitui-se como uma deficiência
crônica, incapacitante que compromete o desenvolvimento normal da criança e se
manifesta em geral antes dos 3 anos de idade, principalmente em meninos.
O
autismo se manifesta em diferentes graus segundo o comprometimento
psiconeurológico, social e linguístico, características estas que prejudicam a
interação social, a comunicação (linguagem é atrasada ou não se manifesta) e
podem induzir a reações não usuais a sensações como ouvir, ver, tocar, sentir,
equilibrar e deglutir.
A prevalência do autismo apresentou um aumento
exorbitante nas últimas duas décadas. De acordo com as pesquisas, esse aumento
no diagnóstico pode ser explicado por diversos fatores, como por exemplo, o
avanço nos diagnósticos dessa doença.
No
entanto, diversos estudos epidemiológicos mostraram que fatores ambientais,
como infecções pré-natais e exposição a poluentes do ar também podem ser
considerados como importantes fatores de risco. Além disso, pesquisas recentes
apontam que mudanças na composição dietética e o estresse oxidativo também
apresentam forte influência no desenvolvimento do autismo. Dentre as alterações
nutricionais que estão envolvidas nessa doença temos as alterações na ingestão
dos ácidos graxos insaturados, ou seja, os ácidos graxos ômega 3, 6 e 9.
As
mudanças nos hábitos alimentares, ocasionadas principalmente devido ao
desenvolvimento global, com maior oferta de produtos industrializados,
fast foods e mudança no estilo de vida, onde as pessoas se tornaram mais
sedentárias e com um ritmo de vida acelerado, acarretaram em um aumento
pronunciado no consumo de alimentos ricos em ômega 6, desbalanceando a
proporção ômega 6: ômega 3. Atualmente, segundo a Organização Mundial da Saúde
esta proporção se encontra na faixa de 20:1, muito distante do ideal, que segundo
este mesmo órgão é de 5:1.
Mas,
qual o papel desses ácidos graxos?
Diversos
estudos já confirmam que os ácidos graxos ômega 3 e 6 apresentam como função a
formação da estrutura das membranas das células e auxiliam no bom funcionamento
do nosso organismo. Além disso, são essenciais para manter as funções cerebrais
e a transmissão dos impulsos nervosos, participam da transferência de oxigênio
atmosférico para o plasma e divisão celular.
Outra
atividade dos ácidos graxos refere-se à sua atividade anti-inflamatória.
Diversos estudos já confirmam que uma dieta rica em ácidos graxos ômega 3 e
balanceada em ácidos graxos ômega 6 é capaz de reduzir uma resposta
inflamatória sistêmica. No entanto, se há o consumo exacerbado de ômega 6, esta
resposta fica comprometida e oposta. Por este motivo, é de fundamental
importância o consumo balanceado desses ácidos graxos, tentando sempre reduzir
o ômega 6 e aumentar o consumo de ômega 3.
Como dito anteriormente, os ácidos graxos
insaturados desempenham um papel importante no neurodesenvolvimento, e por este
motivo o consumo destes ácidos graxos pela mãe durante a gravidez é fundamental.
Durante o período gestacional, o último trimestre
da gravidez é uma fase crucial, sendo assim o consumo desses ácidos graxos são
extremamente necessários para a síntese de componentes que irão formar a
membrana para finalizar o desenvolvimento cerebral do feto e a neurogênese, ou
seja, a formação de novos neurônios. Além disso, a passagem destes ácidos
graxos através da barreira sanguínea do cérebro do feto depende da quantidade
de ácido graxo consumido pela mãe.
Por
todas estas razões a relação entres os ácidos graxos tem uma influência muito
significativa no desenvolvimento do autismo. Outro fato muito interessante, é
que a diferença de sexo também é um fator que predispõe a doença. Isso pode ser
explicado, pois os homens não conseguem converter o ácido graxo ômega 3 em
outros tipos de ácidos graxos fundamentais para o desenvolvimento cerebral,
como por exemplo, o ácido docosa-hexaenoico (DHA).Já as mulheres conseguem
fazer essa conversão em uma taxa de 9%, o que pode explicar o fato da taxa de
incidência do autismo ser de 3-4 vezes maior em homens do que em
mulheres.
Em
apoio à todas essas informações, vários estudos em humanos mostraram que
crianças autistas têm déficits nos níveis de ácidos graxos. Além disso, também
foi possível mostrar que o consumo de ácidos graxos ômega 3 por crianças
autistas pode melhorar significativamente a concentração, contato visual, o
desenvolvimento da linguagem e habilidades motoras. Os estudos ressaltam ainda
que o terceiro trimestre da gravidez e os primeiros 6 meses de vida são o
período mais importante para a absorção o ômega 3 pelo cérebro.
Sendo assim, diante de
todas as comprovações dos benefícios do ômega 3, vale a pena incluí-lo em sua
dieta. E se você está planejando engravidar ou já está grávida, o ômega 3 torna-se
ainda mais importante tanto para a sua saúde, mas como também para a saúde do
seu filho.
As informações
contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Bachiega, P. Conheça mais sobre o Autismo. Grupo
de Estudos em Alimentos Funcionais – GEAF, ESALQ/USP. Disponível em: www.grupoalimentosfuncionais.blogspot.com.br
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