Descrita
pela primeira vez em 1921, a endometriose é a doença ginecológica, caracterizada
pela presença do endométrio – tecido que reveste o interior do útero – fora da
cavidade uterina, ou seja, em outros órgãos da pelve: trompas, ovários,
intestinos e bexiga.
Todos os
meses, o endométrio fica mais espesso para que um óvulo fecundado possa se
implantar nele. Quando não há gravidez, esse endométrio que aumentou descama e
é expelido na menstruação. Em alguns casos, um pouco desse sangue migra no
sentido oposto e cai nos ovários ou na cavidade abdominal, causando a lesão
endometriótica.
CAUSAS
Ninguém sabe ao certo porque a doença aparece.
Existem algumas teorias que
tentam explicar o porquê do surgimento da endometriose. Uma delas analisa que,
durante o desenvolvimento embrionário,
surjam células endometriais em outros tecidos do corpo e que por algum
estímulo, normalmente associado a situações de estresse emocional e ansiedade,
a doença comece a ser desenvolvida.
Outra é ligada à “menstruação retrógrada”. Esta se
trata de um refluxo do sangue menstrual que volta para a cavidade abdominal. As células endometriais têm enorme poder de
aderência, especialmente com as do tecido ovariano, intestinal e
uterino. Toda mulher menstruada têm esse refluxo, mas apenas alguma liberam o estímulo para que essas
células endometriais continuem vivas, mas esse fator desencadeante ainda é um mistério para a medicina.
Também há estudos que relacionam a doença com o
desequilíbrio hormonal — aumento do nível de estrógeno no corpo,
geralmente associadas à teoria da “menstruação
retrógrada“ e que há um risco maior de 70% de desenvolver
endometriose se a mãe da paciente sofrer com a doença.
Um recente estudo encabeçado pela ginecologista
Dra. Rosa Maria Neme, e desenvolvido no Hospital
das Clínicas, em São Paulo, concluiu que o estresse emocional e a ansiedade são alguns dos maiores fatores de
risco da doença.
Por isso, é necessário que a mulher que esteja
apresentando os sintomas citados cuide bem de si, pratique atividade física, se
alimente bem, não se cobre tanto no trabalho ou nas relações afetivas. Porque
tudo isso diminui a possibilidade de recidiva (reaparecimento da doença), que é
altíssima, mesmo após a cirurgia, muitas voltam a ter a lesão, é uma doença bem
agressiva.
É
importante destacar que a doença acomete mulheres a partir da primeira
menstruação e pode se estender até a última. Geralmente, o diagnóstico acontece
quando a paciente está na faixa dos 30 anos.
Hoje, a
doença afeta cerca de duzentos milhões em todo o mundo e seis milhões de
brasileiras, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com a
Associação Brasileira de Endometriose, entre 10% a 15% das mulheres em idade
reprodutiva (13 a 45 anos) podem desenvolvê-la e 20% tem chances de ficarem
estéreis.
SINTOMAS
Os principais sintomas da endometriose são dor e
infertilidade. Existem mulheres que sofrem dores incapacitantes e outras que
não sentem nenhum tipo de desconforto. Entre os sintomas mais comuns estão:
• Dor pré-menstrual;
• Cólicas
menstruais intensas e dor durante a menstruação;
• Dor durante as relações sexuais;
• Dor difusa ou crônica na região pélvica;
• Fadiga crônica e exaustão;
• Sangramento menstrual intenso ou irregular;
• Alterações intestinais ou urinárias durante a menstruação;
• Dificuldade para engravidar e infertilidade.
• Dor durante as relações sexuais;
• Dor difusa ou crônica na região pélvica;
• Fadiga crônica e exaustão;
• Sangramento menstrual intenso ou irregular;
• Alterações intestinais ou urinárias durante a menstruação;
• Dificuldade para engravidar e infertilidade.
A dor da
endometriose pode se manifestar como uma cólica menstrual intensa, ou dor
pélvica/abdominal à relação sexual, ou dor “no intestino” na época das
menstruações, ou, ainda, uma mistura desses sintomas.
A endometriose é um problema crônico e que dificilmente receberá uma
cura definitiva.
Após o diagnóstico médico, são apresentadas opções de
tratamento para que a paciente decida a melhor alternativa. Além das diferentes
opções é importante que sejam levados em conta fatores com: idade, gravidade do
problema e a vontade da paciente de ter filhos futuramente.
Normalmente, são sugeridos procedimentos cirúrgicos (em situações mais
graves) ou o tratamento à longo prazo com o uso de medicamentos. Nesses casos é
provável que sejam recomendados: analgésicos e anti-inflamatórios (para
diminuir as dores frequentes) ou ainda o uso de métodos anticoncepcionais, como
pílulas ou DIU.
TRATAMENTO NUTRICIONAL
Ainda que a dieta não seja a
causa direta nem a cura para a Endometriose,
ela tem sem dúvida um papel importantíssimo no tratamento a esse mal. Estudos sobre o assunto têm demonstrado que uma dieta
balanceada, rica em vitaminas e minerais,
pode modular fatores inflamatórios ,analgésicos e hormonais e pode
prevenir a endometriose bem como apoiar o seu tratamento.
Vitaminas do complexo B, por exemplo, são imprescindíveis à manutenção de
adequados níveis de saturação das enzimas e do bom funcionamento das glândulas
endócrinas, produtoras de hormônios. Assim, as vitaminas do complexo B, junto
com colina e inositol, desempenham
papel vital na degradação do excesso de estrogênio.
Piridoxina (Vitamina B6): esta vitamina do complexo B, em particular tem uma
ação mais específica no controle ao estresse e ansiedade. Está presente com
sementes oleaginosas, banana, fígado de boi, leguminosas.
Vitamina C, se combinada com
bioflavonoides, como as flavonas
presentes nos vegetais folhosos, grãos e
as antocianinas, presentes nos alimentos arroxeados, como berinjela ,
frutas vermelhas e um preparado de enzimas proteolíticas (bromelina, papaína e
ficina), exerce potentes ações anti-inflamatórias e analgésicas, importantes
para o alívio dos severos sintomas da endometriose e o melhor: não apresentam
efeitos colaterais.
Ômega 3 – promove a
produção de prostaglandina PGE, que reduz
o nível de inflamação abdominal provocada pela endometriose. Peixes de água
fria, como sardinha, arenque, salmão (não de cativeiro), são as melhores
opções.
Semente de Linhaça: contêm lignanas, capaz
de modular os níveis estrogênicos, além disso, contêm ômega 3, que também
combatem a inflamação.
Ácidos graxos poli-insaturados, tais como óleo de linhaça, de prímula ou de fígado
de bacalhau, ricos em ômega 6, são fundamentais para organizar a família das
prostaglandinas (substâncias que causam dor e inflamação). O uso de ácidos
graxos poli-insaturados é importante, sobretudo nas mulheres que se alimentam
inadequadamente privando-se de fontes naturais, como os peixes de água gelada
ou cereais integrais.
Vitamina E: um potente antioxidante que auxilia no combate à
peroxidação lipídica (agressão à camada de gordura), que, por sua vez,
contribui para o surgimento e desenvolvimento de doenças inflamatórias, entre
elas a endometriose. Os alimentos fontes de vitamina E são as sementes
oleaginosas, em especial o amendoim, o abacate, e o azeite de oliva.
Índole-3-carbinol:
estão presentes nas crucíferas, como brócolis, couve flor, couve, repolho, este nutriente consegue remover os estrogênios a mais do fígado. Ideal é consumir 3 a 4
porções semanais.
Vitamina D e cálcio – possuem efeitos
protetores dos mecanismos que promovem a doença, sem contar que a
deficiência de vitamina D aumenta o risco de doenças inflamatórias.
Fibras solúveis (presentes em maçã, leguminosas,
ameixas e cereais integrais) – auxiliam o trânsito intestinal e garantem um bom
funcionamento intestino. A ingestão de
água também ajuda neste sentido. Garantindo uma microbiota intestinal
mais saudável.
Cúrcuma (açafrão da terra): tem um excelente poder
anti-inflamatório, muito indicado para ser consumido em carnes, frangos, arroz.
Uso diário de 1 colher de chá ao dia.
Ácido Fólico: importante para o bom funcionamento cerebral e
síntese de serotonina.
Magnésio: mineral importante para mais de 400 ações no organismo, entre elas vale
destacar nesta situação da endometriose a sua ação no relaxamento, aliviando a
dor e diminuição de ansiedade e estresse.
ALERTA
O glúten é uma proteína
encontrada nos grãos (incluindo trigo, centeio, espelta, cevada, e há quem
inclua a aveia) com que muitas das portadoras de Endometriose têm dificuldades de metabolizar. Um estudo recente mostra que 75% das
pacientes reduziram os níveis de dor seguindo uma dieta sem glúten.
Trata-se de uma proteína difícil de digerir, levando a vários sintomas ao nível
digestivo, inchaço abdominal e aumentos dos níveis de dor. Há pessoas que concluem que apenas não
toleram o trigo, mas ingerem outros cereais com glúten sem problemas. A chave
para uma dieta sem glúten é optar por alimentos sem este elemento, tais como
arroz integral ou selvagem, quinoa, milho-paínço, legumes e batata doce não têm
glúten, e evitar os alimentos tais como pão, massas, bolos, cereais de lanches, bolachas e outros, que apesar de indicarem que não têm glúten
acabam por serem alimentos muito processados, caindo na categoria de altamente
inflamatórios.
Também é importante saber que muitos condimentos contêm glúten, por isso
é importante ler os rótulos ou ainda melhor, fazer em casa os próprios molhos e
marinadas, evitando assim o glúten e outros ingredientes inflamatórios.
Os laticínios podem ser extremamente
inflamatórios, podem conter quantidades significativas de hormônios e podem ser
muito difíceis de digerir, levando a uma exacerbação dos sintomas
de inflamação. A lactose é um açúcar
encontrado no leite, que muitos adolescentes e adultos têm dificuldade em
assimilar, o que leva à dor, inchaço e outros sintomas, que ocorrem quando as
bactérias presentes nos intestinos começam a digerir este açúcar e a
fermentá-lo.
A caseína é uma proteína
encontrada no leite que pode desencadear graves reações alérgicas semelhantes
à intolerância da lactose. Um sistema
gastrointestinal inflamado pode “irritar” as lesões de Endometriose presentes
no intestino ou na cavidade pélvica em geral, levando a episódios de dor.
As vacas são alimentadas com antibióticos, o que além da crescente
resistência aos antibióticos pode levar a sintomas de síndrome de cólon
irritável. Além disto, muito do gado para produção é alimentado e/ou injetado
com hormônios de crescimento naturais e/ou geneticamente modificadas. Alguns
destes hormônios elevam os níveis IGF-1, causando o crescimento e aumento da
atividade de células (incluindo potencialmente células de Endometriose). Além disto, os
hormônios naturais das vacas aumentam os níveis gerais de estrógeno, o que
aumenta os sintomas de inflamação e dor. O consumo de laticínios magros e com
baixo teor de gordura foi associado à infertilidade ovulatória.
A escolha de alternativas aos laticínios tais como leite de amêndoa,
leite de coco ou de arroz, queijos de frutos secos são boas opções. Algumas
pessoas toleram bem o queijo de cabra e ovelha.
A carne vermelha é um
problema pelas mesmas razões que os laticínios. Pode ser bastante inflamatória,
difícil de digerir e levar a sintomas de má digestão e intestino irritável. O
gado é alimentado com ração de grão, às vezes geneticamente modificado, com
hormônios de crescimento. Se tolerar a carne vermelha, escolha carne de origem
certificada, alimentada em pasto ou com o selo biológico.
O álcool é extremamente
inflamatório, difícil de absorver para o fígado e um gatilho para desencadear
a dor. Considere eliminar por completo o
álcool da sua dieta e permitir-se apenas um copo em ocasião de festa.
A cafeína também aumenta a
dor assim como os sintomas de TPM, embora algumas mulheres consigam tolerar
pequenas quantidades de cafeína, como no chá verde ou branco, ou pequenas
chávenas de café.
Considere eliminar o café, refrigerantes, bebidas energéticas, chá preto, chocolate e outras fontes de cafeína durante um mês e veja como se sente.
Os alimentos
processados,ultraprocessados, refinados e sintéticos são a primeira
categoria de alimentos a evitar. Refeições e snacks pré-preparados,
refrigerantes, carnes fritas, defumadas e/ou processadas, cereais de pequeno
almoço, pastelaria, grãos refinados ou feitos com farinha branca, açúcar, soja,
adoçantes artificiais, gorduras saturadas, e uma série de aditivos, colorantes
e químicos, etc. Todos eles contribuem para a sobrecarga tóxica do nosso corpo.
Evitar estes alimentos, preferindo alimentos frescos e não processados
(biológicos, sempre que possível), com uma forte ênfase nos alimentos frescos
são a parte fundamental da dieta anti-inflamatória.
Como visto as mudanças de hábitos alimentares, sempre orientado e
planejado de forma individual por um nutricionista é um grande aliado no
tratamento da Endometriose e em promover o bem estar geral do organismo.
Texto elaborado por: Dra. Roseli Lomele Rossi - CRN 2084
Nutricionista
formada pelas Faculdades Integradas São Camilo (CRN 2084 /1983), com título de
Especialista em Nutrição Clínica concedido pela ASBRAN - Associação Brasileira
de Nutrição.
Pós
Graduada nos cursos de especialização de Planejamento, Organização e
Administração de Serviços de Alimentação; Fitoterapia Aplicada à Nutrição
Funcional e Nutrição Ortomolecular com Extensão em Nutrigenômica.
É
Diretora da Clínica Equilíbrio Nutricional e autora dos Livros: "Saúde
& Sabor com Equilíbrio" - Receitas Infantis, “Saúde & Sabor com
Equilíbrio” – Receitas Diet e Light Volumes I e II, Colaboradora do livro
Nutrição Esportiva – Aspectos relacionados à suplementação nutricional e autora
do Livro “As Melhores Receitas Light da Clínica Personal Diet”.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
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