A gota é uma anormalidade do
metabolismo do ácido úrico que resulta na deposição de cristais de urato de
sódio nas articulações, tecidos moles e no trato urinário. É uma doença
predominantemente incidente em homens, mulheres na menopausa, portadores de
doenças renais e indivíduos com histórico de abuso de álcool. Podendo evoluir
para artrite gotosa, tendinite ou cálculo renal (deposição de pedras de urato
no trato urinário).
O ácido úrico está entre as substâncias
naturalmente produzidas pelo organismo. Ele surge como resultado da quebra das
moléculas de purina (proteína contida em muitos alimentos) por enzimas. Depois
de utilizadas pelo nosso organismo, as purinas são degradadas e transformadas
em ácido úrico pelo fígado. Parte deste ácido úrico gerado permanece no sangue
e o restante é eliminado pelos rins e intestino. Níveis sanguíneos acima de
7mg/dL em homens e 6mg/dL em mulheres configuram quadro de Hiperuricemia.
O elevado teor de ácido úrico no sangue
(hiperuricemia) esta associado a 3 fatores principais: (1) superprodução de
ácido úrico pelo organismo, (2) disfunção na eliminação deste composto pela
urina, ou (3) uso de medicamentos capazes de interferir na produção ou excreção
desta substância. A ocorrência de níveis elevados deste composto no sangue tem
sido relacionada com o aumento da incidência de doenças renais, hipertensão,
doenças cardiovasculares, inflamações, diabetes, síndrome metabólica e é claro
a incidência de Gota. A gota é caracterizada pela formação de pequenos
cristais de urato de sódio semelhantes a agulhinhas, que se depositam em vários
locais do corpo, de preferência nas articulações, mas também nos rins, sob a
pele ou em qualquer outra região do corpo. Em geral a doença desenvolve-se em 4
fases principais:
Hiperuricemia
assintomática: NÃO há manifestação
dos sintomas, apesar dos níveis elevados de ácido úrico no sangue.
Ataques recorrentes de artrite aguda: Instalação da crise de forma abrupta, a qual atinge o seu máximo em
menos de 24 horas. Caracteriza-se por uma dor súbita, inchaço, pele ruborizada
e sensibilidade ao toque. Em geral as primeiras crises são monoarticulares,
isto é, ocorre em apenas uma das articulações do corpo. As articulações do
joelho, tornozelo, calcanhar e dedos do pé são as mais frequentemente
envolvidas durante os surtos. Com o avanço da doença, ou na ausência de
tratamento os ataques podem ocorrer em mais de uma articulação.
Gota intercrítica: corresponde ao período entre as crises agudas de gota com ausência total
de sintomas. A duração destes períodos é variável de acordo com o controlo da
doença, tornando-se cada vez menos frequentes com o avanço da doença.
E por fim Gota
tofácea crônica: estágio altamente destrutivo em que
ocorre acúmulo generalizado de cristais nos tecidos.
Historicamente, a gota é considerada
uma doença que acomete os ricos, visto que se desenvolve em geral pela ingestão
demasiada de alimentos ricos em purinas (proteínas) e/ou pela ingestão de
grandes quantidades de álcool. No entanto nos últimos 40 anos, em consequência
da mudança dos hábitos alimentares, do crescimento econômico e do avanço das
técnicas agrícolas a doença deixou de ser privilégio dos mais abastados, e
tornou-se cada vez mais incidente na população mundial.
As principais vias profiláticas para os
portadores são evitar o estresse físico, o uso de diuréticos e de
anti-inflamatórios, assim como a ingestão excessiva de alimentos e bebidas
ricos em purina como carne vermelha, frutos do mar, peixes como sardinha e
salmão, miúdos e bebidas alcoólicas como cerveja e uísque. A ingestão de carne,
especialmente carne bovina, suína e de cordeiro aumenta o risco de
desenvolvimento da gota em 40-50%, frutos do mar em 35-45% e o álcool em
30-250%.
Entre as bebidas alcoólicas, o nível de
ácido úrico aumenta significativamente com o aumento da ingestão de cerveja. Em
um estudo realizado com 730 participantes, todos diagnosticados com sintomas de
gota, foi avaliada a incidência da doença em relação ao consumo de cerveja,
destilados e vinho. A partir dos resultados os autores da pesquisa concluíram
que há uma forte correlação entre o consumo destas bebidas e o risco de
desenvolvimento de Gota. Contudo este risco irá variar substancialmente de
acordo com a bebida alcoólica ingerida. Dentre as analisadas a cerveja, 2 ou
mais latinhas, incrementou em 2,5 vezes o risco de desenvolvimento da doença em
relação aos indivíduos que não consumiram a bebida. Já em relação ao vinho
constatou-se que o consumo MODERADO, NÃO influencia o risco de desenvolvimento
da doença.
Curiosamente alguns estudos têm
comprovado que o resveratrol, substância naturalmente presente no vinho, uvas
(principalmente casca e sementes), amora e jabuticaba é na realidade capaz de
prevenir a gota, já que reduz os índices de ácido úrico através do aprimoramento
da função renal.
Outra bebida aliada na redução do ácido
úrico é o café. Em pesquisa realizada nos EUA constatou-se que o consumo desta
bebida reduziu significativamente os níveis deste composto no sangue tanto em
homens quanto em mulheres. No entanto, nenhuma correlação foi encontrada em
relação ao chá. Os autores desta pesquisa apontam que os benefícios da bebida
não estão relacionados à presença de cafeína e, portanto a ingestão de café
seja ele descafeinado ou não produz os mesmos efeitos benéficos.
Uma dieta rica em vitamina C e em leite
e seus derivados também são considerados alimentos aliados ao combate da Gota.
Pois assim com o café e o vinho tais alimentos são considerados, uricosúricos,
isto é, são capazes de aumentar a excreção do ácido úrico pela urina.
Em suma o tratamento e a prevenção da
gota dependerão da reeducação alimentar, estilo de vida adequado, cuidado com o
peso, e dieta com redução da ingestão de bebidas alcoólicas principalmente a
cerveja.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referência Bibliográfica:
Biazotto,
FO. Viva sem gota. Grupo de Estudo em Alimentos Funcionais – GEAF, ESALQ/USP.
Disponível em: www.grupoalimentosfuncionais.blogspot.com.br
Acessado em: 19/08/2018.
Nenhum comentário:
Postar um comentário