A nogueira da
índia (Aleurites moluccana) é originária da Indonésia, sendo cultivada em
diversas áreas do mundo com clima tropical, incluindo o Brasil. Seu fruto, a
noz da índia, ganhou bastante evidência como um ativo emagrecedor, permitindo
“perdas espetaculares de peso sem necessidade de fazer dieta”. Mais um produto
miraculoso no mercado! Entretanto, a noz pode ser tóxica se usada de forma
errada e causa diversos efeitos colaterais, o que levou a ANVISA a proibir sua
venda em território nacional, seguindo o veto em outros países, como Austrália,
Espanha e Chile.
Noz da Índia
Ela se parece
com a macadâmia, e é vendida em saquinhos com 8, 12, 30 ou mais unidades. A
recomendação de uso é de apenas 1/8 ou 1/4 da semente, tomada diariamente com
bastante água. Supostamente ela promove
a perda de peso “dissolvendo” os depósitos de gordura do corpo, acelera o
trânsito intestinal, reduz o apetite e a compulsão por alimentos, atua na celulite,
diminui o colesterol, combate hemorroidas, melhora a qualidade da pele e dos
cabelos. Será mesmo?
Propriedades medicinais
As frutas,
folhas e casca desta planta são usadas na medicina tradicional asiática para o
tratamento de dor de cabeça, náusea, febre, inflamação, gonorréia e para baixar
o colesterol. Extratos de Aleurites moluccana mostraram atividade
antibacteriana in vitro contra Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa.
No entanto, não há ensaios clínicos em humanos para avaliar seus potenciais
efeitos benéficos ou toxicológicos.
Gato por lebre
As sementes
de noz da índia contêm saponina e forbol, dois ativos levemente tóxicos quando
consumidos crus e em grande quantidade. O grande problema é que outra noz de
aspecto semelhante, derivada da Thevetia peruviana, uma planta conhecida
como chapéu de Napoleão, tem sido usada no lugar da noz da índia. A
Thevetia é altamente tóxica e perigosa para o consumo humano, podendo causar
dor abdominal intensa, vômitos, problemas cardíacos (arritmia) e respiratórios,
e até mesmo a morte.
Efeitos colaterais
Os efeitos
adversos da noz da índia incluem flatulência, sudorese aumentada, dor
abdominal, diarréia, dor muscular, dor de cabeça, desidratação, cãimbras,
desnutrição e óbito. A ação laxativa em algumas pessoas é tão forte que pode
ocorrer uma redução na absorção de água e de nutrientes como potássio e
magnésio. Sem água e minerais suficientes o sistema nervoso não funciona bem e músculos perdem tônus e
força. O coração é um músculo e pode começar a bater de forma irregular,
levando à arritmia cardíaca, uma grave condição médica.
Contraindicações absolutas
Como as nozes
podem ter uma ação laxativa intensa, elas não devem ser usadas em pessoas com
problemas intestinais, como colite (inflamação do intestino) ou síndrome do
intestino irritável. Portadores de doenças do fígado, coração ou rim devem
evitar o produto, assim como mulheres grávidas e na lactação, pessoas em estado
de convalescença, idosos e crianças. Alguns indivíduos podem ser alérgicos às
sementes desta planta. O uso simultâneo de outros medicamentos pode levar a
reações inesperadas. Não há estudos toxicológicos para estabelecer os possíveis
efeitos colaterais no consumo de noz da índia por períodos prolongados de
tempo.
Texto elaborado por: Dra. Tamara Mazaracki.
Título
de Especialista em Nutrologia – Associação Brasileira de Nutrologia;
Membro
Titular da ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia;
Pós-graduação
em Medicina Ortomolecular, Nutrição Celular e Longevidade – FACIS-IBEHE –
Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo e Centro de Ensino Superior de
Homeopatia;
Pós-graduação
em Medicina Estética – Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino – IBRAPE.
As informações
contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
*Nota: pesquisas sobre Aleurites moluccana na área medicinal são
feitos com as folhas e as cascas da árvore. Os estudos com as sementes (nozes)
e seu óleo mostram somente o uso industrial, como fonte de energia
(biocombustível), no manejo de animais e no controle de pragas, como cupim.
*Clinical Toxicology 2009.
Management of yellow oleander (Thevetia peruviana) poisoning.
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