terça-feira, 13 de março de 2018

Terapia Nutricional no Transplante de Intestino



O transplante de intestino pode ser realizado isoladamente ou em combinação com outros órgãos, sendo que o de intestino, geralmente, consiste em transplante de todo duodeno, jejuno e íleo. De todos os transplantes de intestino documentados até 2008, 44% foram de intestino isolado, 38% foram combinados com o fígado e 18%, multiviscerais.

As principais indicações para o transplante de intestino são síndrome do intestino curto, complicações com a nutrição parenteral total prolongada (NPT) (sepse relacionada ao cateter, distúrbios eletrolíticos, colestase, fibrose hepática), doença de Crohn, trombose mesentérica, traumas e tumores desmoides, insuficiência intestinal irreversível, doenças genéticas intestinais, neoplasias e degeneração maligna.

Os objetivos da terapia nutricional no pós-transplante de intestino são melhorar o trofismo intestinal, evitar a translocação bacteriana e otimizar a absorção de nutrientes, favorecendo, assim, a função do enxerto e a completa autonomia do órgão.

De acordo com alguns estudos foi possível verificar que o início da terapia nutricional realizada em pacientes submetidos a transplante intestinal foi a nutrição parenteral total (NPT). Alguns autores estabeleceram parâmetros máximos para a NPT em adultos de 20kcal/kg e velocidade de infusão de glicose em 4,0mg/kg/minuto, sendo continuada até a mobilidade intestinal normal em torno de 4 a 6 semanas de pós-operatório

Alguns autores recomendam NPT com início de dieta enteral polimérica, aproximadamente, no 5° dia da NP. Outros indicam dieta elementar e semielementar no 5°a 7° dia pós-transplante, com o objetivo de facilitar a absorção de nutrientes e limitar a sobrecarga de antígeno alimentar, que pode desencadear estímulo imune, aumentando o risco de rejeição aguda do enxerto. A dieta enteral deve ser cuidadosa, podendo-se utilizar sonda nasogástrica no pós-operatório imediato. A evolução para dieta polimérica ocorre conforme tolerância individual e quantidade de resíduos drenados pela ostomia.

A liberação da dieta via oral ocorre em tono do 7° a 14° dia, sendo que deve ser pobre em lipídios, devido à absorção prejudicada das gorduras causada pelas alterações anatômicas e funcionais da circulação linfática. Alguns centros ainda recomendam exclusões dietéticas no consumo de alimentos que contenham fibras (verduras, frutas), e carboidratos simples que podem induzir a diarreia osmótica ou síndrome de dumping.

Quando o suprimento das necessidades nutricionais atinge 50% por meio da dieta enteral e/ou via oral, sugere-se que a nutrição parenteral pode ser descontinuada. Dados referem que 80% dos pacientes que realizam transplante intestinal retornam às suas atividades regulares após a redução gradual da NP. Esse benefício terapêutico é mantido com a completa reabilitação e recuperação da qualidade de vida do paciente, porém, em casos de intolerância da dieta enteral e/ou oral, mantém-se a NP exclusiva.

A monitoração de medidas antropométricas (peso, estatura, circunferência braquial, área muscular do braço) é essencial em toda a fase do pós-transplante, assim como a avaliação da absorção intestinal e os parâmetros bioquímicos de albumina e micronutrientes no soro.
São necessários mais estudos sobre o tema, incluindo a presença de macronutrientes e micronutrientes essenciais na recuperação da mucosa intestinal, assim como imunonutrientes.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referência Bibliográfica:

Salgado, MLO; Oliveira, FLC; Piovacari, SMF; Nóbrega, FJ. Terapia nutricional no transplante de intestino. Rev Bras Nutr Clin 2013; v.28, n.3, p: 231-233.

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