O
transplante de intestino pode ser realizado isoladamente ou em combinação com
outros órgãos, sendo que o de intestino, geralmente, consiste em transplante de
todo duodeno, jejuno e íleo. De todos os transplantes de intestino documentados
até 2008, 44% foram de intestino isolado, 38% foram combinados com o fígado e
18%, multiviscerais.
As
principais indicações para o transplante de intestino são síndrome do intestino
curto, complicações com a nutrição parenteral total prolongada (NPT) (sepse
relacionada ao cateter, distúrbios eletrolíticos, colestase, fibrose hepática),
doença de Crohn, trombose mesentérica, traumas e tumores desmoides,
insuficiência intestinal irreversível, doenças genéticas intestinais,
neoplasias e degeneração maligna.
Os
objetivos da terapia nutricional no pós-transplante de intestino são melhorar o
trofismo intestinal, evitar a translocação bacteriana e otimizar a absorção de
nutrientes, favorecendo, assim, a função do enxerto e a completa autonomia do
órgão.
De
acordo com alguns estudos foi possível verificar que o início da terapia
nutricional realizada em pacientes submetidos a transplante intestinal foi a
nutrição parenteral total (NPT). Alguns autores estabeleceram parâmetros
máximos para a NPT em adultos de 20kcal/kg e velocidade de infusão de glicose
em 4,0mg/kg/minuto, sendo continuada até a mobilidade intestinal normal em
torno de 4 a 6 semanas de pós-operatório
Alguns
autores recomendam NPT com início de dieta enteral polimérica, aproximadamente,
no 5° dia da NP. Outros indicam dieta elementar e semielementar no 5°a 7° dia
pós-transplante, com o objetivo de facilitar a absorção de nutrientes e limitar
a sobrecarga de antígeno alimentar, que pode desencadear estímulo imune,
aumentando o risco de rejeição aguda do enxerto. A dieta enteral deve ser
cuidadosa, podendo-se utilizar sonda nasogástrica no pós-operatório imediato. A
evolução para dieta polimérica ocorre conforme tolerância individual e
quantidade de resíduos drenados pela ostomia.
A
liberação da dieta via oral ocorre em tono do 7° a 14° dia, sendo que deve ser
pobre em lipídios, devido à absorção prejudicada das gorduras causada pelas
alterações anatômicas e funcionais da circulação linfática. Alguns centros
ainda recomendam exclusões dietéticas no consumo de alimentos que contenham
fibras (verduras, frutas), e carboidratos simples que podem induzir a diarreia
osmótica ou síndrome de dumping.
Quando
o suprimento das necessidades nutricionais atinge 50% por meio da dieta enteral
e/ou via oral, sugere-se que a nutrição parenteral pode ser descontinuada.
Dados referem que 80% dos pacientes que realizam transplante intestinal
retornam às suas atividades regulares após a redução gradual da NP. Esse
benefício terapêutico é mantido com a completa reabilitação e recuperação da
qualidade de vida do paciente, porém, em casos de intolerância da dieta enteral
e/ou oral, mantém-se a NP exclusiva.
A
monitoração de medidas antropométricas (peso, estatura, circunferência
braquial, área muscular do braço) é essencial em toda a fase do
pós-transplante, assim como a avaliação da absorção intestinal e os parâmetros
bioquímicos de albumina e micronutrientes no soro.
São
necessários mais estudos sobre o tema, incluindo a presença de macronutrientes
e micronutrientes essenciais na recuperação da mucosa intestinal, assim como
imunonutrientes.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referência Bibliográfica:
Salgado,
MLO; Oliveira, FLC; Piovacari, SMF; Nóbrega, FJ. Terapia nutricional no
transplante de intestino. Rev Bras Nutr Clin 2013; v.28, n.3, p: 231-233.
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