domingo, 4 de março de 2018

Probióticos



A palavra “probiótico” é originária do latim e do grego e significa “a favor” (pro) da vida (bios), sendo utilizada pela primeira vez em 1954 para descrever substâncias necessárias para a vida saudável. Na verdade, podemos definir probióticos como micro-organismos vivos não patogênicos que, quando consumidos em quantidades adequadas, são capazes de sobreviver ao trato gastrointestinal e estarem metabolicamente ativas exercendo efeitos benéficos à saúde do hospedeiro.

No Brasil, os probióticos são adicionados, principalmente, em produtos lácteos como iogurtes e leites fermentados. Os efeitos benéficos dos probióticos dependem do gênero, espécie e subspécie (cepa) aos quais os micro-organismos pertencem. Os probióticos mais comumente utilizados em alimentos e que são permitidos por lei são os gêneros Bifidobacterium, Lactobacillus e, em menor escala, Streptococcus thermophilus e Enterococcus faecium.

São conhecidos diversos efeitos benéficos relacionados ao consumo de probióticos, alguns bem conhecidos e outros nem tanto. Os mais conhecidos são alívio da constipação, estímulo do sistema imunológico, controle das bactérias do intestino e aumento da absorção de alguns minerais e vitaminas.



Um estudo publicado em 2014 (Revista Hypertension da American Heart Association) revisou diversos ensaios clínicos realizados em várias partes do mundo e concluiu que o consumo regular de probióticos é capaz de reduzir, de forma modesta a pressão arterial sanguínea. 

As fontes e espécies de probióticos consumidos entre os participantes variaram entre iogurte, leite fermentado, suplementos probióticos em cápsula, bebidas probióticas e queijo probiótico. Os estudos foram realizados no período de 3 a 9 semanas e a dose diária total de probióticos variou 109 até 1.012 unidades formadoras de colônias (UFC). Os resultados indicaram que as reduções na pressão arterial sistólica e diastólica foram de aproximadamente 3,5 e 2,4 mmHg, respectivamente. 

Os pesquisadores também observaram que há maiores reduções entre os indivíduos com pressão arterial elevada no início do estudo e aqueles que consumiram várias espécies de probióticos e não apenas um. Além disso, o estudo concluiu que, para que haja resultados, o consumo de probióticos deve ocorrer por mais de 8 semanas e a dose diária de probióticos que apresentou melhores resultados foi a acima de 1011 UFC. Os pesquisadores ainda destacam que mesmo uma pequena redução da pressão arterial pode ter importantes benefícios para a saúde pública e as consequências cardiovasculares, já que esta leve diminuição na pressão sistólica e na diastólica foram associadas a uma redução relativa no risco de mortalidade cardiovascular, infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral. Sendo assim, os probióticos podem ser utilizados como um complemento em futuras intervenções de forma a prevenir a hipertensão ou melhorar o controle da pressão arterial.

Outro achado interessante sobre o consumo de probióticos e a saúde foi a demonstração de que o consumo de iogurte probiótico melhora a glicemia de jejum e a função antioxidante em pacientes diabéticos tipo 2 (estudo publicado na revista Nutrition). Neste estudo, os pesquisadores avaliaram 64 pacientes com diabetes mellitus tipo 2, com idade entre 30 e 60 anos (estudo controlado, duplo-cego e randomizado), divididos em dois grupos: intervenção e controle. O grupo de intervenção foi constituído por pacientes que consumiram 300 g/dia de iogurte acrescido de duas bactérias probióticas (Lactobacillus acidophilus LA5 e Bifidobacterium lactis Bb12), durante seis semanas. Enquanto no grupo controle os pacientes consumiram 300 g/dia de iogurte convencional durante seis semanas. No início e no final do estudo foram realizados exames bioquímicos, recordatório alimentar de 24 horas e medidas antropométricas. Os resultados mostraram que a ingestão do iogurte probiótico diminuiu significativamente a glicemia de jejum e a hemoglobina glicosilada. Além disso, houve aumento da atividade das enzimas antioxidantes, como a superóxido dismutase e glutationa peroxidase, bem como o aumento da capacidade antioxidante total, em comparação com o grupo controle. 

Os mecanismos de ação dos probióticos para estes efeitos na glicemia ainda não foram esclarecidos, mas podem estar relacionados com a diminuição do estresse oxidativo pelos probióticos. Além disso, os efeitos no sistema imunológico e os efeitos anti-inflamatórios dos probióticos e sua capacidade de modular a microbiota intestinal podem ser considerados outros possíveis mecanismos.

O consumo de probióticos também pode estar relacionado com a diminuição dos sintomas causados pela intolerância à lactose. Pacientes que sofrem com a intolerância à lactose não apresentam capacidade de digestão completa da lactose (um conhecido tipo de açúcar presente principalmente no leite e derivados) por apresentar deficiência ou falta da enzima responsável pela quebra deste açúcar no intestino delgado, a lactase. 

Quando a lactose não é digerida, esta será fermentada no intestino grosso por bactérias. As substâncias produzidas podem resultar em sintomas como cólicas, flatulência, dor e diarreia. O que se sabe é que algumas cepas probióticas tem efeito favorável e melhoram os sintomas de pacientes com intolerância a lactose, pois acredita-se que os lactobacilos podem melhorar a digestibilidade da lactose por meio de atividade enzimática semelhante a da lactase. As cepas cujos benefícios em relação à intolerância à lactose foram observados foram L. Bulgaricus, L. casei Shirota e Bifidobacterium breve. Estudos com outras cepas bacterianas demonstraram diferenças entre os pacientes suplementados com probióticos em relação ao grupo controle.

Sobre a quantidade de probióticos que deve ser ingerida para obter benefícios em relação à intolerância à glicose, ainda não há um consenso. Mas, um estudo verificou melhora dos sintomas intestinais em pacientes que consumiram Lactobacillus Casei Shirota (107 UFC) e Bifidobacterium Breve (109 UFC) por quatro semanas, particularmente por que os efeitos benéficos persistiram após três meses da suspensão do probiótico. Porém, é sabido que os efeitos benéficos dos probióticos estão associados a sua presença no trato digestivo, e, portanto podemos inferir que o consumo deve ser realizado de forma continuada.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referência Bibliográfica:

Schwarz, K. O que há de novo sobre os probióticos e a saúde. Grupo de Estudos em Alimentos Funcionais – GEAF, ESALQ/USP. Disponível em: www.alimentosfuncionais.blogspot.com.br Acessado em: 02/03/2018.

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