A
palavra “probiótico” é originária do latim e do grego e significa “a favor”
(pro) da vida (bios), sendo utilizada pela primeira vez em 1954 para descrever
substâncias necessárias para a vida saudável. Na verdade, podemos definir
probióticos como micro-organismos vivos não patogênicos que, quando consumidos
em quantidades adequadas, são capazes de sobreviver ao trato gastrointestinal e
estarem metabolicamente ativas exercendo efeitos benéficos à saúde do hospedeiro.
No Brasil, os probióticos são adicionados,
principalmente, em produtos lácteos como iogurtes e leites fermentados. Os
efeitos benéficos dos probióticos dependem do gênero, espécie e subspécie
(cepa) aos quais os micro-organismos pertencem. Os probióticos mais comumente
utilizados em alimentos e que são permitidos por lei são os gêneros
Bifidobacterium, Lactobacillus e, em menor escala, Streptococcus thermophilus e
Enterococcus faecium.
São
conhecidos diversos efeitos benéficos relacionados ao consumo de probióticos,
alguns bem conhecidos e outros nem tanto. Os mais conhecidos são alívio da
constipação, estímulo do sistema imunológico, controle das bactérias do
intestino e aumento da absorção de alguns minerais e vitaminas.
Um
estudo publicado em 2014 (Revista Hypertension da American Heart Association)
revisou diversos ensaios clínicos realizados em várias partes do mundo e
concluiu que o consumo regular de probióticos é capaz de reduzir, de forma
modesta a pressão arterial sanguínea.
As
fontes e espécies de probióticos consumidos entre os participantes variaram
entre iogurte, leite fermentado, suplementos probióticos em cápsula, bebidas
probióticas e queijo probiótico. Os estudos foram realizados no período de 3 a
9 semanas e a dose diária total de probióticos variou 109 até 1.012 unidades
formadoras de colônias (UFC). Os resultados indicaram que as reduções na
pressão arterial sistólica e diastólica foram de aproximadamente 3,5 e 2,4
mmHg, respectivamente.
Os
pesquisadores também observaram que há maiores reduções entre os indivíduos com
pressão arterial elevada no início do estudo e aqueles que consumiram várias
espécies de probióticos e não apenas um. Além disso, o estudo concluiu que,
para que haja resultados, o consumo de probióticos deve ocorrer por mais de 8
semanas e a dose diária de probióticos que apresentou melhores resultados
foi a acima de 1011 UFC. Os pesquisadores ainda destacam que mesmo uma
pequena redução da pressão arterial pode ter importantes benefícios para a
saúde pública e as consequências cardiovasculares, já que esta leve diminuição
na pressão sistólica e na diastólica foram associadas a uma redução relativa no
risco de mortalidade cardiovascular, infarto do miocárdio ou acidente vascular
cerebral. Sendo assim, os probióticos podem ser utilizados como um complemento
em futuras intervenções de forma a prevenir a hipertensão ou melhorar o
controle da pressão arterial.
Outro
achado interessante sobre o consumo de probióticos e a saúde foi a demonstração
de que o consumo de iogurte probiótico melhora a glicemia de jejum e a função
antioxidante em pacientes diabéticos tipo 2 (estudo publicado na revista
Nutrition). Neste estudo, os pesquisadores avaliaram 64 pacientes com diabetes
mellitus tipo 2, com idade entre 30 e 60 anos (estudo controlado, duplo-cego e
randomizado), divididos em dois grupos: intervenção e controle. O grupo de
intervenção foi constituído por pacientes que consumiram 300 g/dia de iogurte
acrescido de duas bactérias probióticas (Lactobacillus acidophilus LA5 e
Bifidobacterium lactis Bb12), durante seis semanas. Enquanto no grupo controle
os pacientes consumiram 300 g/dia de iogurte convencional durante seis semanas.
No início e no final do estudo foram realizados exames bioquímicos,
recordatório alimentar de 24 horas e medidas antropométricas. Os resultados
mostraram que a ingestão do iogurte probiótico diminuiu significativamente a
glicemia de jejum e a hemoglobina glicosilada. Além disso, houve aumento da
atividade das enzimas antioxidantes, como a superóxido dismutase e glutationa
peroxidase, bem como o aumento da capacidade antioxidante total, em comparação
com o grupo controle.
Os
mecanismos de ação dos probióticos para estes efeitos na glicemia ainda não
foram esclarecidos, mas podem estar relacionados com a diminuição do estresse
oxidativo pelos probióticos. Além disso, os efeitos no sistema imunológico e os
efeitos anti-inflamatórios dos probióticos e sua capacidade de modular a
microbiota intestinal podem ser considerados outros possíveis mecanismos.
O
consumo de probióticos também pode estar relacionado com a diminuição dos
sintomas causados pela intolerância à lactose. Pacientes que sofrem com a
intolerância à lactose não apresentam capacidade de digestão completa da
lactose (um conhecido tipo de açúcar presente principalmente no leite e
derivados) por apresentar deficiência ou falta da enzima responsável pela quebra
deste açúcar no intestino delgado, a lactase.
Quando
a lactose não é digerida, esta será fermentada no intestino grosso por
bactérias. As substâncias produzidas podem resultar em sintomas como cólicas,
flatulência, dor e diarreia. O que se sabe é que algumas cepas probióticas tem
efeito favorável e melhoram os sintomas de pacientes com intolerância a
lactose, pois acredita-se que os lactobacilos podem melhorar a digestibilidade
da lactose por meio de atividade enzimática semelhante a da lactase. As cepas
cujos benefícios em relação à intolerância à lactose foram observados foram L.
Bulgaricus, L. casei Shirota e Bifidobacterium breve. Estudos com outras cepas
bacterianas demonstraram diferenças entre os pacientes suplementados com
probióticos em relação ao grupo controle.
Sobre
a quantidade de probióticos que deve ser ingerida para obter benefícios em
relação à intolerância à glicose, ainda não há um consenso. Mas, um estudo
verificou melhora dos sintomas intestinais em pacientes que consumiram
Lactobacillus Casei Shirota (107 UFC) e Bifidobacterium Breve (109 UFC) por
quatro semanas, particularmente por que os efeitos benéficos persistiram após
três meses da suspensão do probiótico. Porém, é sabido que os efeitos benéficos
dos probióticos estão associados a sua presença no trato digestivo, e, portanto
podemos inferir que o consumo deve ser realizado de forma continuada.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referência Bibliográfica:
Schwarz,
K. O que há de novo sobre os probióticos e a saúde. Grupo de Estudos em
Alimentos Funcionais – GEAF, ESALQ/USP. Disponível em: www.alimentosfuncionais.blogspot.com.br
Acessado em: 02/03/2018.
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