domingo, 26 de maio de 2024

Cérebro e Insulina

 

O cérebro utiliza uma vasta quantidade de energia para sustentar suas funções básicas e a maior parte desta energia é derivada da glicose. O cérebro era considerado um órgão "insensível à insulina" porque a captação de glicose cerebral parecia não ser afetada pela ação da insulina. No entanto, recentemente tornou-se claro que o uso da glicose no cérebro é regulado pela insulina e suas ações são essenciais no desenvolvimento e balanço energético cerebral, bem como na neuroplasticidade neuronal.

 

Cérebro produz insulina

Desde sua descoberta, há mais de 100 anos, a insulina tem sido reconhecida como um hormônio chave no equilíbrio da glicose. Resistência à insulina é um evento central para o diabetes e para muitos outros distúrbios metabólicos, incluindo doenças cerebrais. Descobriu-se depois que o cérebro é capaz de fabricar a própria insulina para que os neurônios possam absorver a glicose sanguínea. Há evidências substanciais demonstrando que a insulina cerebral é derivada do pâncreas, e também de células do cérebro, como neurônios e astrócitos.

 

Cérebro produz colesterol

Por sua alta demanda energética, o cérebro depende da glicose como seu principal combustível. Além disso, o cérebro é o órgão mais rico em colesterol no organismo, contendo aproximadamente 25% do colesterol corporal total. No cérebro o colesterol é importante na formação da mielina e na função da membrana neuronal. Uma vez que as lipoproteínas contendo colesterol no sangue não podem atravessar a barreira hematoencefálica, o cérebro depende da produção local de colesterol. A ação da insulina em condições glicêmicas normais induz a expressão de genes envolvidos na biossíntese de colesterol – na resistência à insulina este mecanismo pode ser afetado, causando distúrbios e doenças neurológicas.

 

Sinalização da insulina no cérebro

A insulina é essencial na regulação do metabolismo energético corporal e cerebral. Diminuição da ação da insulina no cérebro (ou resistência à insulina cerebral) pode ser observada na obesidade, diabetes tipo 2, outros distúrbios metabólicos, envelhecimento e doença de Alzheimer, indicando uma possível ligação entre saúde metabólica e cognitiva. A resistência à insulina é um estado em que as células não respondem mais a este hormônio. O cérebro é um tecido sensível à insulina, e a sinalização da insulina desempenha um papel fundamental nas células cerebrais: ela modula a função neuronal e glial, resultando em alterações no humor, cognição e comportamento.

 

Saúde do cérebro

A sinalização da insulina cerebral tem um impacto significativo na saúde e fisiologia do cérebro. A sinalização normal da insulina é importante para o funcionamento das mitocôndrias e ingestão alimentar. A resistência cerebral à insulina contribui para a obesidade e também pode desempenhar um papel importante na neurodegeneração. Evidências acumuladas mostram que a sinalização desregulada da insulina está presente no declínio cognitivo, em transtornos psiquiátricos (depressão), doenças neurodegenerativas e demências. Alzheimer é uma das doenças neurológicas mais associadas à resistência à insulina no cérebro, conhecida como ‘diabetes tipo 3’.

 


Sensibilizadores de insulina

Uma melhor compreensão das ações da insulina cerebral pode levar a novas terapias no tratamento de distúrbios cerebrais. O uso de sensibilizadores de insulina pode ter efeito neuroprotetor. Metformina é um deles, assim como vários fitoterápicos - berberina, quercetina, silimarina, canela, curcumina, gengibre, resveratrol, catequinas do chá verde e outros.

 

Resumo

Em síntese podemos dizer que:

1-       a insulina é um importante regulador do metabolismo cerebral;

2-       a sinalização de insulina do cérebro ajuda a regular o metabolismo do corpo todo;

3-       a sinalização cerebral da insulina pode desempenhar um papel importante na evolução da doença de Alzheimer e de outras desordens neurodegenerativas.

 

 

Texto elaborado por: Dra. Tamara Mazaracki. 

 

Título de Especialista em Nutrologia –  Associação Brasileira de Nutrologia;

 

Membro Titular da ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia;

 

Pós-graduação em Medicina Ortomolecular, Nutrição Celular e Longevidade – FACIS-IBEHE – Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo e Centro de Ensino Superior de Homeopatia;

 

Pós-graduação em Medicina Estética – Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino – IBRAPE.

 

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e exclusivamente, para seu conhecimento.

 

Referências Bibliográficas:

*Diabetologia 2024. The insulin resistant brain: impact on whole-body metabolism & body fat distribution.

*Trends in Neuroscience 2022. Insulin Action in the Brain: Cell Types, Circuits & Diseases.

*Molecular Metabolism 2021. The brain as an insulin-sensitive metabolic organ.

*J Public Health 2022. Is Alzheimer's disease a type 3 diabetes?

*Clinical Medicine 2021. Brain Glucose Metabolism in Health, Obesity & Cognitive Decline - Does Insulin Have Anything to Do with It? A Narrative Review.

 

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