domingo, 6 de março de 2022

Fezes Saudáveis

 


Quando o intestino está funcionando bem, 75% do volume do bolo fecal é água. Os outros 25% são uma mistura variada, contendo bactérias mortas e vivas, resíduos alimentares, partes não digeridas de frutas, folhas e legumes, fibras de sementes oleaginosas, cereais e leguminosas, e também secreções produzidas pelo intestino e fígado, como muco e bile. Muitos fatores podem afetar o conteúdo e a consistência das fezes, incluindo dieta, medicamentos, suplementos, presença de doenças, desequilíbrios ou inflamação do trato gastrointestinal.

 

Movimentos intestinais

É considerado normal ter movimentos intestinais entre três por dia e três por semana - mais de três vezes por dia está associado com diarreia, e menos de três vezes por semana sugere constipação. O ideal é que o excremento tenha cor marrom, seja longo, liso e macio, e que saia facilmente com um esforço mínimo. Bactérias intestinais produzem vários compostos contendo enxofre, que são os principais responsáveis pelo odor característico das fezes. A ingestão de carne produz cheiro mais intenso do que vegetais, assim como uma má absorção de gorduras.

 

Afunda ou flutua?

A maioria das fezes afunda porque o seu conteúdo tende a ser mais denso do que a água. No entanto, algumas fezes flutuam e, de modo geral, não é preocupante, pois pode ser causado pelo gás dentro da matéria fecal ou por uma alta ingestão de fibras. O excesso de gordura nas fezes (esteatorreia) também pode fazer com que as fezes boiem. Isso é especialmente comum em indivíduos com condições que afetam a absorção de gordura, como doença celíaca ou doença de Crohn, mas também pode ocorrer em indivíduos saudáveis que consomem grandes quantidades de gordura.

 

Cor das fezes                                 

O tempo de digestão varia muito para cada pessoa. A comida ingerida leva de 6 a 8 horas para passar pelo estômago e intestino delgado, depois entra no intestino grosso (cólon) para completar a digestão, a reabsorção de água e, finalmente, a eliminação dos resíduos não digeridos. Este processo todo leva em média 36 a 48 horas, mas pode durar de 1 até 5 dias, dependendo do indivíduo. Fezes saudáveis têm cor marrom, devido à presença de bile e bilirrubina, um subproduto de glóbulos vermelhos mortos sendo quebrados no intestino.

 

Claras ou verdes

Fezes claras ou pálidas podem resultar da redução da produção de sais biliares, de problemas no fígado ou na vesícula biliar. Fezes verdes podem indicar a ingestão de grandes quantidades de alimentos verdes, como verduras e legumes, ou o uso de suplementos de ferro. Elas também podem significar um tempo de trânsito intestinal muito rápido - a bile fica mais escura à medida que passa pelo intestino grosso, mas permanece verde quando passa de forma veloz.

 

Pretas ou vermelhas

Fezes pretas podem sinalizar uma hemorragia na parte alta do trato digestivo. No entanto, existem muitas causas benignas de fezes pretas, incluindo a ingestão de medicamentos como bismuto, carvão vegetal ativado, suplementos de ferro, e alguns alimentos de cor escura. Fezes de cor vermelha viva acusam sangramento na porção inferior do trato digestivo, por doença inflamatória intestinal, diverticulite, hemorroidas, fissuras, pólipos ou câncer colorretal. Alimentos como beterraba, cranberry e molho de tomate também podem colorir as fezes de vermelho intenso. Se houver um consumo excessivo de betacaroteno em suplementos ou alimentos, como cenoura, batata doce e abóbora, as fezes podem ficar alaranjadas.

 


Escala de Bristol

Há sete tipos diferentes de fezes, classificados com base no formato e consistência para facilitar o diagnóstico de constipação, diarreia ou normalidade, na tabela conhecida como Escala de Bristol. Os tipos 1 e 2 sinalizam prisão de ventre; os tipos 3, 4 e 5 mostram um trânsito intestinal normal; os tipos 6 e 7 indicam quadros diarreicos. Este método de avaliação foi desenvolvido na Universidade de Bristol em 1997.

 

Os sete tipos

*Tipo 1: fezes com formato de bolinhas (tipo cocô de cabrito) - constipação severa.

*Tipo 2: as bolinhas estão aglomeradas formando uma massa encaroçada - constipação leve e trânsito digestivo lento. 

*Tipo 3: as fezes têm formato de salsicha com fissuras na superfície - evacuação e trânsito intestinal normais.

*Tipo 4: as fezes se apresentam como uma salsicha regular, lisa e macia - evacuação normal e ótimo trânsito intestinal. 

*Tipo 5: as fezes saem em pedaços menores, mas com bordas bem definidas - trânsito normal com tendência à diarreia. 

*Tipo 6 fezes fofas, irregulares, sem bordas definidas - diarreia leve e trânsito intestinal acelerado. 

*Tipo 7as fezes são inteiramente aquosas, sem partes sólidas – diarreia severa e trânsito intestinal desregulado. 

 


Constipação e diarreia

Anormalidades do trânsito intestinal podem ser causadas pelo tipo de alimentação, hidratação inadequada, falta de atividade física, doenças inflamatórias do intestino, disbiose intestinal (alteração da microbiota), infecções bacterianas ou virais, diabetes, hipotireoidismo, doenças neurológicas, obstrução por tumores, intoxicação alimentar, intolerância alimentar, uso de determinados medicamentos, alterações anatômicas, malformações, cirurgias, e outros problemas.

 

Texto elaborado por: Dra. Tamara Mazaracki. 

 

Título de Especialista em Nutrologia –  Associação Brasileira de Nutrologia;

 

Membro Titular da ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia;

 

Pós-graduação em Medicina Ortomolecular, Nutrição Celular e Longevidade – FACIS-IBEHE – Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo e Centro de Ensino Superior de Homeopatia;

 

Pós-graduação em Medicina Estética – Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino – IBRAPE.

 

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

*Nature 2021.  Understanding the physiology of human defecation & disorders of continence & evacuation.

*Canadian Society of Intestinal Research – GI Society.

*Scandinavian Journal of Gastroenterology 1997. Stool form scale as a useful guide to intestinal transit time.

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