terça-feira, 15 de março de 2022

Prisão de Ventre


 

A prisão de ventre é um problema desconfortável e inconveniente que atinge pelo menos 20% da população mundial. Constipação intestinal é um dos distúrbios de saúde mais relatados, afetando uma em cada cinco pessoas mais jovens e um em cada três idosos, de acordo com os órgãos de saúde. Mulheres são as que mais sofrem esta disfunção. A normalidade abrange movimentos intestinais entre três vezes por dia e três vezes por semana. Se for necessário um grande esforço para evacuar, com fezes duras, ressecadas ou em forma de pequenas bolinhas, isso também sinaliza constipação.

 

Sintomas desagradáveis

 

Embora seja normal ter problemas ocasionalmente, especialmente quando estressado ou viajando, outra coisa é experimentar uma diminuição na qualidade de vida devido ao baixo desempenho no banheiro. Além disso, diversos sintomas podem perdurar o dia todo, incluindo inchaço, gases, dor abdominal ou lombar, e até ansiedade ou fadiga. Muito dinheiro é gasto em laxantes e prescrições para ajudar a tratar esta questão digestiva, no entanto, a prisão de ventre é muitas vezes evitável e existem formas naturais para ajudar a melhorar a função intestinal.

 

Disbiose intestinal 

 

O tempo de trânsito é fator-chave em um sistema digestivo saudável – a comida tem que percorrer 8 metros de intestino até sair do outro lado. Quando os dejetos alimentares se movem muito lentamente ao longo do intestino grosso, o bolo fecal é excessivamente fermentado por micróbios e o longo tempo de trânsito pode favorecer a predominância de espécies bacterianas negativas. Essas espécies então liberam toxinas que aumentam os níveis de inflamação intestinal e sistêmica.  Este processo é conhecido como disbiose intestinal, levando ao “leaky gut” ou intestino permeável, permitindo o vazamento de bactérias e moléculas grandes para a circulação sanguínea, criando uma série de transtornos de saúde.

 

O peso da idade

 

O ato de defecar é um processo complexo e coordenado que integra múltiplos sistemas fisiológicos, incluindo sistemas neuromusculares, hormonais e cognitivos, com quatro fases (basal, pré-expulsiva, expulsiva e final) e começam até uma hora antes da eliminação final. Idosos sofrem mais com constipação por alterações na mecânica intestinal compatíveis com a idade, maior uso de medicamentos e presença de comorbidades.

 

Medicamentos 

 

Muitos fármacos podem atrapalhar a fisiologia intestinal e predispor à constipação: laxantes, sequestradores de ácido biliar (para reduzir o colesterol), analgésicos opioides, anti-inflamatórios, antiácidos (omeprazol e outros ‘prazois’), anti-hipertensivos (bloqueadores de canais de cálcio, betabloqueadores), diuréticos, antiarrítmicos, drogas para insuficiência cardíaca, anticonvulsivantes (gabapentina, fenitoína, pregabalina), drogas anti-Parkinson, antiespasmódicos (cólicas), antieméticos (náuseas, vômito), antidepressivos, ansiolíticos, antipsicóticos, lítio, anti-histamínicos, antibióticos, suplementos de ferro, quimioterápicos e outros mais.

 

Doenças e fatores associados

 

Dentre as enfermidades associadas e fatores psicossociais, as mais comuns são doença inflamatória intestinal, má absorção intestinal (doença celíaca, insuficiência pancreática), diverticulose, câncer colorretal, megacólon, malformações anorretais, Parkinson, esclerose múltipla, AVC, ansiedade, estresse psicológico e físico, depressão, abuso sexual, distúrbios alimentares, transtorno obsessivo compulsivo, diabetes, hipotireoidismo, hiperparatireoidismo, menopausa, gravidez, desidratação, inatividade física, má alimentação, falta de privacidade, falta de tempo.

 

Hábitos alimentares

Prisão de ventre crônica é um fator de risco que pode impactar a saúde, e os hábitos alimentares têm forte influência no tempo de trânsito do bolo fecal. Para aumentar a velocidade da passagem da comida pelo intestino, faça uma dieta rica em fibras (folhas, frutas, legumes, feijões, cereais integrais, sementes), consuma alimentos fermentados (kefir, kombucha, iogurte, chucrute) e beba muita água. Ingerir gorduras de qualidade é importante para ajudar a lubrificar o bolo fecal. A atividade física também contribui neste processo.

 


Texto elaborado por: Dra. Tamara Mazaracki. 

 

Título de Especialista em Nutrologia –  Associação Brasileira de Nutrologia;

 

Membro Titular da ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia;

 

Pós-graduação em Medicina Ortomolecular, Nutrição Celular e Longevidade – FACIS-IBEHE – Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo e Centro de Ensino Superior de Homeopatia;

 

Pós-graduação em Medicina Estética – Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino – IBRAPE.

 

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e exclusivamente, para seu conhecimento.

 

 

Referências Bibliográficas:

*Nature 2021.  Understanding the physiology of human defecation & disorders of continence & evacuation.

 

*Lancet 2020. Functional gastrointestinal disorders: advances in understanding & management.

*Neurogastroenterology & Motility 2021. Gut Microbial Dysbiosis in the Pathogenesis of Gastrointestinal Dysmotility & Metabolic Disorders.

 

*Journal of Applied Microbiology 2020. Gut dysbacteriosis & intestinal disease: mechanism & treatment.

 

*Nature 2021. Impact of commonly used drugs on the composition & metabolic function of the gut microbiota.

 

*European Gastroenterology Journal 2016. Chronic constipation & co-morbidities.

 

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