Conhecida
como a doença que “tudo irrita”, caracteriza-se por dores tipo migratória (que
“andam” pelo corpo) que não comprometem as articulações, e sim, as fibras
musculares. Podendo estar associada ou não a outros sintomas.
É denominada
uma mitocrondriopatia e seu predomínio é no sexo feminino. A característica
básica das mitocrondriopatias é determinada pelo predomínio de DNA
mitocondrial, de propriedade exclusivamente feminina, uma vez que o DNA
mitocondrial é embutido no colo do espermatozóide e este é desprezado no
momento da Fecundação. Encontra-se uma história familiar em 30% dos casos, o
que sugere um componente genético.
O
início dos sintomas pode ser abrupto ou gradual e vários fatores podem
antecede-lo e geralmente muitas pacientes correlacionam com fatores emocionais
(alterações profundas na vida, principalmente com episódios de perdas,
separações ou situações que geram um grande estresse emocional). Percebo na
prática clínica que cada paciente abre o quadro com uma sintomatologia. Na
maioria das vezes começa com um ponto de dor localizado que vai se
generalizando, junto ao evento desencadeador. A dor varia de intensidade de
acordo com o paciente e geralmente é descrita com uma ardência, queimação,
picada e latejamento, pontada muscular profunda, pior de manhã, podendo ou não
ser associada a uma rigidez, porém sem comprometimento inflamatório. A paciente
deve apresentar dor difusa e localizada em 11 a 18 pontos, associado ás dores a
paciente pode apresentar:
●
Alterações emocionais (ansiedade, depressão, irritabilidade, preocupação
constante, perfeccionismo e exigência excessiva, incapacidade de dizer não,
tendência ao isolamento e perda de libido)
●
Alterações cognitivas: Dificuldade de concentração e falhas de memória;
●
Alterações de sono: insônia, sono não-reparador;
●
Fadiga Crônica;
●
Rigidez nas articulações ao acordar mas sem alteração, espasmos musculares,
palpitações, dormência em regiões da face;
●
Alterações do trato digestivo: diarreia, constipação, síndrome de intestino
irritável (SII);
●
Tensão pré menstrual (TPM);
●
Frio ou calor excessivo;
●
Enxaqueca, etc.
Cada
paciente é único e, portanto, a abordagem nutrição será individualizada. Muitas
pacientes apresentam o quadro clássico de fibromialgia, mas alguns negam
sintomas ligados ao sono e alterações emocionais. Na prática clínica, vejo uma
associação do hipotireoidismo com a fibromialgia também.
O
fator mais importante, definido até o momento, está vinculado na diminuição da
produção de energia (ATP) dentro do músculo, em decorrência de mudanças
químicas, morfologias e neurofisiológicas. A suplementação de creatina e a
prática de musculação traz uma melhora muito interessante para o paciente.
Quais os fatores que podem
levar a uma mitocondriopatia?
Intoxicação
por alumínio: o alumínio diminui as concentrações de magnésio, um mineral
importante para produção de ATP, além disto ele inibe a via metabólica que
produz ATP (energia) e inibe a fosforilação oxidativa. A contaminação por
alumínio pode ocorrer com o uso de panelas e utensílios de cozinha de alumínio,
utilização de medicações antiácidas, cremes para pele com alumínio, farinha
branca de trigo, fermento em pó, água gaseificadas, tubos para pasta de dente
que contém alumínio e desodorante antitranspirante.
Deficiência
de manganês: este oligoelemento participa da formação de uma enzima
mitocondrial com importante ação antioxidante SOD, superóxido desmutase, que
tem como função proteger nossas células do envelhecimento e morte celular
resultado da exposição ao oxigênio.
Deficiência
de tiamina e riboflavina: estas vitaminas estão associadas na produção de
energia. A aveia é uma fonte riquíssima em tiamina, assim como cereais
integrais e levedura de cerveja. A Riboflavina ou vitamina B2 é encontrada
tanto em alimentos de origem animal como vegetal, leite e derivados, carnes,
ovos, cereais, folhas verdes são suas principais fontes.
Deficiência
de Coq10, NADH, L-carnitina, ácido alfa lipoico e vitamina K: todas essas
substâncias são essenciais para cadeia respiratória mitocondrial.
Tratamento
Quase
que em sua totalidade pacientes com fibromialgia apresentam quadro de disbiose
intestinal, portanto tratar o intestino é a base inicial de qualquer
tratamento. O equilíbrio da flora intestinal e a introdução de probióticos e
prebióticos (leia mais neste post) na alimentação é o primeiro passo.
A
retirada de alimentos alergênicos é crucial ao tratamento e os mesmos serão
avaliados de acordo com cada paciente, porém os mais relacionados a
fibromialgia são leites e derivados, alimentos refinados e glúten. Tentar
sempre que possível consumir alimentos orgânicos, aumentar a ingestão hídrica e
de fibras alimentares. Suplementação a fim de “ressuscitar as mitocôndrias”
baseado nos nutrientes como coenzima Q10, L-carnitina, ácido alfa lipoico,
magnésio, vitamina D, riboflavina, tiamina, ácido málico e creatina são alguns
dos nutrientes que devem ser analisados.
Modulação
hormonal, principalmente serotonina e nutrientes que melhorem a qualidade do
sono.
Prática
de musculação supervisionada.
Introdução
de atividades que controlem estresse, como meditação, leitura, dança, etc.
Texto elaborado por: Priscila Di Ciero
Nutricionista formada em 2001, sou
pós-graduada em Nutrição
Esportiva Funcional e estou em formação para obtenção da
certificação do Functional Medicine Institute (USA). Sou self e professional
Coach formada pelo IBC e certificada pelo Internacional Society of
Sports Nutrition (USA). Atualmente curso pós-graduação em Fitoterapia e atendo
em consultório particular na zona sul de São Paulo (SP).
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
HAMMERLY, Milton.
Fibromialgia: uma abordagem integrativa. São Paulo, Gaya. 2006
Can coenzyme q10 improve
clinical and molecular parameters in fibromyalgia?
Cordero MD1, Alcocer-Gómez E,
de Miguel M, Culic O, Carrión AM, Alvarez-Suarez JM, Bullón P, Battino M,
Fernández-Rodríguez A, Sánchez-Alcazar JA.
Effects of physical exercise
on serum levels of serotonin and its metabolite infibromyalgia: a randomized
pilot studyV Valim, J Natour, Y Xiao, AFA Pereira… - Revista brasileira de …,
2013 - SciELO Brasil
Creatine Supplementation in Fibromyalgia: A
Randomized, Double?Blind, Placebo?Controlled Trial CRR Alves, BM Santiago, FR
Lima… - Arthritis care & …, 2013 - Wiley Online Library
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