quinta-feira, 29 de março de 2018

Chocolate


O sabor é tão marcante, a essência é tão doce e as sensações tão intensas que o chocolate foi elevado à "paixão nacional". Companheiro das mulheres durante suas crises intermináveis de TPM e amenizador de ansiedade, essa delícia muitas vezes acaba sendo consumida com exagero.

A três dias da Páscoa, é difícil passar em branco sem saborear um delicioso chocolate na manhã de domingo. O chocolate é amplamente consumido no Brasil. Atualmente o país é o 4° maior consumidor e o 2° em produção de cacau. Afinal, o chocolate, além de agradável ao paladar, é uma excelente opção de presente, difícil alguém não gostar de receber essa delícia.

A principal matéria-prima do chocolate, o cacau, era considerada pelos povos Incas e Maias como alimento dos deuses. Essa veneração pode ter surgido da dedução de que as sementes do fruto do cacaueiro escondiam propriedades belíssimas e divinas. Aproximadamente cinco séculos depois da descoberta, os espanhóis enriqueceram o paladar dos europeus com um dos sabores mais peculiares da nossa culinária, o chocolate amargo.

Diferentemente do chocolate branco e do ao leite, que são ricos em açúcares, o chocolate amargo, ao apresentar teores mais elevados de cacau vem de encontro com a filosofia da alimentação saudável, reduzindo a quantidade de açúcar e gorduras ingeridas, ao mesmo tempo em que desfruta de compostos benéficos a saúde.

O principal ingrediente do chocolate, o cacau, é uma fonte com alto poder antioxidante, inclusive sua atividade é maior que as encontradas nos chás e no vinho tinto, devido a sua composição rica em flavonoides como o resveratrol. Mas atenção: os benefícios advindos do consumo de chocolates se devem às substâncias presentes no cacau, chocolate ao leite, branco ou derivados possuem poucas ou nenhuma destas propriedades, não se deixe enganar. 

O chocolate deixou de ser inimigo da dieta e passou a amigo da saúde,  pois apresenta inúmeros benefícios, dentre os quais destaca-se  a redução dos sintomas de fadiga e estresse, que ocorre por meio da modulação da produção de neurotransmissores como a serotonina, feniletilamina e anandamida.

Uma vez ingerido, o cacau auxilia na redução de placas de gordura, beneficiando, assim, o funcionamento do coração e, consequentemente, reduzindo o risco de doenças cardiovasculares. Além da proteção cardiovascular, existem diversas outras propriedades biológicas associadas ao resveratrol, magnésio e antioxidantes presentes na semente do cacau, tais como atividade anticarcinogênica,anti-inflamatória e antioxidante.

Experimentos tem demonstrado que o resveratrol suprime o crescimento de várias linhagens de células cancerígenas, pois ele age regulando as três fases do processo de formação do câncer: o início, a promoção e progressão do tumor. O cacau também contém alto teor de magnésio, mineral que auxilia no funcionamento do coração, cérebro e sistema digestivo.

Mas lembrem-se sempre: tudo que é consumido em exagero acarreta prejuízos à saúde e o cacau não é uma exceção. Apesar de ser rico em compostos benéficos e apresentar teores reduzidos de açúcar, o chocolate amargo é um alimento gorduroso e calórico e, por isso, quando ingerido em demasia, pode acarretar malefícios a saúde, inclusive aumentando as placas de gorduras.

A Organização Mundial de Saúde não recomenda o consumo de nenhum tipo de doce, mas, para os chocólatras que não resistem a essa tentação, o ideal é não ultrapassar 50 gramas diárias, já que além de alguns benefícios, o chocolate com menor quantidade de cacau apresenta efeitos nocivos, como obesidade e aumento da glicemia, devido ao alto teor de açúcar e gordura.

Por fim, dê sempre preferência aos chocolates com maiores teores de cacau. Além de conterem mais compostos bioativos, têm reduzido teor de gorduras e açucares. E, ao contrário do que muitas pessoas pensam, não auxilia no desenvolvimento de espinhas e enxaqueca.

Tipos de Chocolate

Amargo: constituído por sementes de cacau, baixo teor de açúcar e sem adição de leite. O sabor amargo deve-se a uma maior quantidade de massa de cacau, compondo aproximadamente entre 70% à 85% do produto;

Ao leite: Tira-se uma parte da massa de cacau e adiciona-se leite em pó, açúcar. Contém menor teor de cacau, elevada quantidade de açúcar e um valor calórico muito maior que o chocolate amargo;

Branco: Contém leite, açúcar, manteiga de cacau e lecitina, as sementes do cacau não fazem parte da constituição desse produto.  Seu teor de gordura e valor calórico é mais elevado em comparação com os demais. Não apresenta nenhuma quantidade de antioxidantes por não apresentar semente de cacau em sua composição, alguns nem o consideram como “chocolate de verdade”;

Chocolate em pó: É o chocolate mais usado em receitas. Sua composição leva amêndoa de cacau, sem a manteiga. Pode ser amargo (recebe o nome de cacau em pó), meio amargo e doce;

Chocolate diet: sua composição é similar ao do chocolate ao leite, porém, ao invés de açúcar, leva adoçante.  Fique atento quanto a sua ingestão, pois devido à falta de açúcar, esse produto recebe uma quantidade maior de gordura para que ele fique semelhante ao chocolate tradicional. Indicado para diabéticos, muitas pessoas acabam consumindo acreditando que a ausência do açúcar faz com que ele tenha menos calorias. Devido a maior dose de gordura, o teor calórico é igual ou às vezes até maior do que o do chocolate ao leite tradicional;

LIGHT DIFERENTE DE DIET: Não confunda o chocolate diet com o light, pois o alimento light contém os mesmos ingredientes do chocolate normal, só que de forma reduzida, para diminuir as calorias;

Alfarroba: Considerada uma alternativa para celíacos ou intolerantes à lactose. Para seu preparo é utilizado uma vagem torrada que é moída e resulta em uma farinha que é utilizada para substituir o cacau. É pouco calórico, rico em fibras e não contém cafeína. O sabor é semelhante ao do chocolate amargo;

À Base de soja: 100% vegetal, sem glúten ou lactose, feito com extrato de soja.

 As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referência Bibliográfica:

Barankevicz, GB. Hoje é dia do chocolate. Grupo de Estudos em Alimentos Funcionais – GEAF, ESALQ/USP. Disponível em: www.alimentosfuncionais.blogspot.com.br Acessado em: 23/03/2018.

Nemen, D; Lemos-Senna, D. Preparação e caracterização de suspensões coloidais de nanocarreadores lipídicos contendo resveratrol destinados a administração cutânea. RevistaQuim. Nova, Vol. 34, n°3, 2011.

Shakibaei, M; Harikumar, KB; Aggarwal, BB. Resveratrol addiction: To die or not die. Molecular Nutrititon and food research, v.53, 2009.

terça-feira, 27 de março de 2018

Prevenção de Doenças Cardiovasculares na Infância


Obesidade, hipertensão e diabetes. Essas doenças, que estão cada vez mais presentes na vida da população adulta, também têm afetado as crianças, e os cuidados devem começar desde o nascimento do bebê. Nos seis primeiros meses de vida, o leite materno fornece todos os nutrientes que a criança precisa, sem a necessidade de alimentação complementar. Dos seis meses em diante é hora de agregar novos alimentos ao cardápio infantil. A dica é abusar dos alimentos naturais, como frutas, legumes, verduras, tubérculos e carnes, que devem ser introduzidos de forma lenta e gradual. Guloseimas e produtos industrializados estão fora da lista.

Mesmo com a alimentação complementar, a amamentação em livre demanda deve ser mantida até dois anos ou mais, conforme recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS). A alimentação complementar oferecida de forma inadequada também pode resultar em problemas como anemia, excesso de peso e desnutrição. Alimentos com grandes quantidades de açúcar, gordura e corantes devem ser evitados, pois podem prejudicar a qualidade da dieta, resultando no aumento do peso e na ingestão deficiente de micronutrientes.

Evite mel e embutidos:  apesar de suas excelentes propriedades medicinais, o mel também não deve ser consumido por crianças com menos de 1 ano. Se contaminado, ele pode levar ao botulismo, assim como o palmito e o picles em conserva, além de alimentos embutidos como salsichas, salames, presuntos e patês. Já o consumo de sal em excesso está associado ao aparecimento de hipertensão arterial, inclusive na infância, e consequente aumento no risco de doença cardiovascular, quando adulta. Há diversas opções de temperos que podem ser utilizados, como alho, cebola, ervas frescas, entre outros ingredientes.

Cuidando dos pequenos corações: para proteger o coração dos pequenos, é fundamental introduzir uma alimentação saudável desde cedo, começando com o aleitamento materno de forma exclusiva até o sexto mês, sem oferecer chás, sucos, água ou fórmulas artificiais.
A partir do sexto mês deve-se introduzir a alimentação complementar, além de manter o aleitamento materno até os dois anos de idade ou mais. A partir dos seis meses, atendendo ao desenvolvimento neuropsicomotor do lactente, é possível iniciar a introdução de outros alimentos de forma gradual (com todos os nutrientes) inteiros ou amassados, sob a forma de papas (alimentação de transição), oferecida com a colher.

A excessiva ingestão de sódio por lactentes está associada com o desenvolvimento de hipertensão arterial. Vale ressaltar que a preferência por determinados sabores (muito doce ou salgado, por exemplo) pode ser modificada pela exposição precoce a esse tipo de alimento. O sal não deve ser adicionado às papas, sendo suficiente o conteúdo de sódio intrínseco dos alimentos utilizados no preparo.

Abuse da criatividade: o período da primeira infância é o momento em que o visual da alimentação é de suma importância. Quanto mais estímulos uma atividade possui, seja cores, formas e sabores, melhor para os pequenos. Os pratos bem coloridos e divertidos são uma aposta incrível que pode transformar a hora das refeições.

Ingredientes saudáveis devem estar dentro dos pratos sempre. Por isso, o ideal é abusar da criatividade. Evite misturar uma variedade grande de alimentos, para não gerar confusão no paladar da criança. Seja para o lanche com frutas ou para as refeições principais com legumes e cereais. Montar um prato colorido e criativo vai conquistar os pequenos.

A criança deve ser apresentada a uma grande diversidade de alimentos e preparações, priorizando os de boa qualidade nutricional como frutas, legumes, verduras e carnes magras. Neste momento não se deve oferecer alimentos industrializados ou ultra processados, pois estes irão prejudicar a introdução de alimentos saudáveis.

Dicas Nutricionais Para uma Alimentação Saudável (crianças menores de 2 anos):

● Oferecer somente leite materno até os 6 meses, sem oferecer água, chás ou quaisquer outros alimentos;

● A partir dos 6 meses, introduzir de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo-se o leite materno até os 2 anos de idade ou mais;

● Após os 6 meses, dar alimentos complementares (cereais, tubérculos, carnes, leguminosas, frutas e legumes) três vezes ao dia se a criança receber leite materno e cinco vezes ao dia se estiver desmamada;

● A alimentação complementar deverá ser oferecida nos horários de refeição da família, em intervalos regulares, respeitando-se sempre a vontade da criança;

● A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida com colher. Começar com consistência pastosa (papas/purês) com alimentos amassados e, gradativamente, aumentar a consistência até chegar à alimentação da família; 



● Oferecer à criança diferentes alimentos todos os dias. Uma alimentação variada é, também, uma alimentação colorida;

● Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições;

● Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas nos primeiros anos de vida. Usar sal com moderação;

● Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos e garantir armazenamento e conservação adequados;

● Estimular a criança doente a se alimentar, oferecendo a alimentação habitual e seus alimentos preferidos e respeitando sua aceitação.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.


Referências Bibliográficas:

Souza, N. Nutricionista do Hcor orienta como prevenir doenças cardiovasculares em crianças. Hospital do Coração. Disponível em: www.hcor.com.br Acessado em: 21/03/2018.